Olá, leitor! Olá, leitora! Espero que tenha tido uma semana muito proveitosa entre os livros físicos, os digitais e as obras do Mundo Virtual (passando pela Cyber TV, claro, rsrs). O programa de hoje é todo dedicado à pontuação dos diálogos nas obras.

 


Hoje vou falar sobre um tema que deixa muitos escritores preocupados, desde os iniciantes até os mais experimentados. Afinal, existe uma forma correta de pontuar diálogos num texto? Sim, existe. Para trazer uma luz a mais, trago aqui as principais regras envolvidas nesta parte tão essencial de uma narrativa.

Antes de citar tais normas, você sabe o que são verbos de elocução? Eles fazem toda a diferença nas regras de pontuação. Por isso é muito interessante e necessário saber quais são esses verbos, para fazer a escolha correta ao expressar suas ideias em palavras.

Os verbos de elocução podem indicar tanto um ato oral (categoria dicendi) como uma expressão emotiva ou psicológica (grupo dos sentiendi) vinda do personagem representado por uma fala. Segue uma amostra de alguns deles:

falar – dizer – divertir-se – arguir – concluir – alegar – afirmar – deplorar – denunciar – espantar-se – exclamar – perguntar – expor – crer – acreditar – gabar-se – rezar – revelar – murmurar – narrar – exagerar – sonhar – pensar – prever – imaginar – rir – supor – limitar-se a dizer – indagar – prometer – vociferar – emocionar-se – sintetizar.

Agora, sim, podemos abordar sobre a pontuação em si. Citarei somente regras e exemplos relacionados a textos escritos em discurso direto, em que as falas são apresentadas através de travessões ou de aspas. Nos links deixados ao final do programa há explicações relacionadas ao discurso indireto e ao indireto livre.

 

1) A cada mudança de interlocutor, um novo parágrafo precisa ser iniciado.

Observe:

— Cláudia passou vários meses louca para achar e resgatar as apólices do seguro da mansão, a fim de pagar o resgate de sua filha. Onde elas estavam? — perguntou Lídia.
— Escondidas no armário antigo do porão — respondeu Mário.

 

2) Travessão, hífen e traço médio não são a mesma coisa.

O hífen ou traço de união é uma linha curta que serve para unir palavras compostas (como em beija-flor) e apresenta um botão próprio no teclado brasileiro, ao lado do botão do 0; o traço médio tem comprimento um pouco maior que o hífen e é usado para separar valores extremos de uma série (0–50) ou início e fim de um trajeto (Rio–São Paulo).

Já o travessão, representado pela risca maior, é o único dos três sinais que pode demarcar um diálogo.

— O que você fez para o almoço, Zilda? — perguntou Leiloca, feliz da vida.

O sinal também pode ser usado para destacar ou explicar algum termo, assim como vírgulas, parênteses e colchetes.

D. Pedro II — o último imperador do Brasil — nasceu no Rio de Janeiro.

No Windows, o traço médio pode ser obtido ao digitar o atalho Alt+0150; o travessão é feito com Alt+0151. Alguns processadores de texto já transformam dois hifens automaticamente em um travessão.

 

3) As aspas também podem demarcar falas.

Embora a tendência maior no Brasil e na América Latina seja usar o travessões para tal função, as aspas também têm boa serventia. Eu, particularmente, gosto mais dos travessões. A escolha fica a critério do autor. Não há o sinal certo ou o errado, desde que o use corretamente, ok? Veja um exemplo com cada sinal:

— Gostei muito do novo conto da E. E. Soviersovski — alguém dizia.
“Gostei muito da nova novela do Henzo Viturino”, alguém dizia.

Vale lembrar que as aspas também podem ser usadas para destacar uma palavra em uso incomum, incorreto, pejorativo ou em sentido figurado:

Matilde comprou um “carrão” para mostrar para as amigas. [sentido irônico ou pejorativo]

 

4) Se a fala for seguida de um verbo que não seja dicendi/sentiendi, pontue-a normalmente e inicie a rubrica (ação pós-fala) com letra maiúscula.

Veja os exemplos:

— Já que parou de chover, volto a casa agora.Ele despediu-se de todos e deixou o recinto.
“Como começou a chover, esperarei aqui.Ela sentou-se no sofá mais largo e conversou com as demais presentes.
Note, na segunda frase, que não há pontuação após as aspas de fechamento.

 

5) Se a fala for iniciada por travessão e seguida de um verbo dicendi/sentiendi, a rubrica fará parte do diálogo e será iniciada com letra minúscula. Se a fala terminar originalmente com um ponto, este deve ser omitido. Já o ponto de interrogação, o de exclamação e as reticências são mantidas.

Observe:

— Houve um engavetamento naquela rua, devido à passeata dos caminhoneiros.disse Natália. [Elimina-se o ponto no fim da fala]
— Sabrina, gostaste daquele filme que é exibido no cinema?perguntou Lia.

 

6) Se a fala for delimitada por aspas e seguida de um verbo dicendi/sentiendi, use uma vírgula entre a fala e a rubrica. Se a primeira terminar originalmente com um ponto, este deve ser omitido. Já o ponto de interrogação, o de exclamação e as reticências são mantidas.


“Raul foi contaminado pelo vírus da dengue. O médico lhe indicou repouso absoluto” , disse seu irmão.
“O que é aquilo piscando no céu?”, indagou a vendedora de doces.

 

7) Se a rubrica vier antes da fala, use dois-pontos.

Exemplos:

Aliviado pela volta de Jasmim, Petrônio lhe disse:
— Até que enfim! Não me aguentava mais de tanta ansiedade para ver-te mais uma vez.

— Até que enfim! — Petrônio ficou aliviado com a volta de Jasmim e lhe disse: — Não me aguentava mais de tanta ansiedade para ver-te mais uma vez.

 

8) Se o parágrafo não for iniciado com a fala em aspas, mas esta estiver presente, pontue a fala antes e depois das mesmas.

Exemplo:

O dia de trabalho terminava mais uma vez, quando Pedro se esbarrou com Glória e lhe perguntou: “Gostaste das flores que te enviei?.

 

9) Ele disse ou disse ele? Qual é o correto?

Tanto faz. Numa rubrica, o sujeito pode vir antes ou depois do verbo. Se ele já for conhecido de um trecho anterior, pode ser suprimido. Veja os exemplos:

— O gato mia no telhado — disse Carla.
— O cachorro late no telhado — ela disse em seguida.
— Um morcego sobrevoa o telhado — disse ao final.

 

Para saber mais sobre estas e outras regras, acesse as páginas abaixo:

  1. http://curtaficcao.blubrry.com/2018/05/10/dica-de-escrita-como-pontuar-dialogos/#11

  2. https://pt.scribd.com/doc/59855248/Verbos-Dicendi-e-Sentiendi

 

Se você conhece outras regras de pontuação de diálogos que sejam interessantes e deseja compartilhar conosco, aproveite o campo de comentários no final da página. Suas palavras serão muito bem-vindas.

 


Por hoje o Observatório termina, mas na próxima semana tem programa novo com uma resenha sobre mais um episódio de Saber Amar. Não perca!

Tenha uma ótima semana! Um forte abraço!

nova série de GERALDO MEDEIROS JR
estreia em julho

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