Olá, leitor(a) do Observatório! No programa passado citei um novo quadro, mas decidi lançar três! Um deles é o Direto do Wattpad, no qual comento as tendências da famosa plataforma que mistura escrita literária e rede social. O segundo é Diário de Leitura, no qual comento sobre minhas leituras na semana, faço indicações de leituras que fiz ou de trabalhos de colegas. O último é Pérolas!, com as maiores bobagens escritas no ENEM, além de vestibulares e concursos. E o veterano Nossa Língua traz um pouco sobre concordância verbal.
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No programa 38, comecei a série de abordagens sobre a concordância. A verdade é que, sem ela, um escritor não consegue escrever um texto bem apresentado e comover os leitores. Do mesmo jeito, um estudante não consegue aprovação para uma faculdade na tão temida prova de redação. Hoje o destaque vai para a concordância verbal. Afinal os verbos também precisam estar de acordo com os substantivos a que se referem, através de ações, estados ou fenômenos.
Nove manifestantes comentáveis revoltados no Blog da Zih, enquanto Cristina Ravela fazias nova resenha contra uma história que Failon Teixeira escrevo.
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Frase bem feita, só que não. Os verbos não acompanham os substantivos em pessoa, em tempo nem em número a que estão ligados. Consertando a frase:
Nove manifestantes comentavam revoltados no Blog da Zih, enquanto Cristina Ravela fazia nova resenha contra uma história que Failon Teixeira escrevia.
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Viu a diferença? Vamos às principais regras:
1) Regra geral: o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.
Wellyngton Vianna fundou a Cyber TV em fevereiro de 2017.
Felipe Veiga escreve a novela “Custe o que Custar”.
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2) Se o núcleo for uma palavra coletiva no singular, o verbo também vem no singular.
A matilha latia para os visitantes a fim de adoção. (= coletivo de cães)
A biblioteca daquele escritor está disponível para visitação. (= coletivo de livros)
Se o coletivo estiver especificado, o verbo pode vir no singular ou no plural.
A multidão de tietes gritava(m) por Natiare.
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3) Se o sujeito contiver palavras partitivas, como metade, maioria ou parte, o verbo pode vir no singular ou no plural, embora haja a tendência de concordar-se com tais palavras:
A maioria dos presentes votou/votaram em Sylvana Camello como melhor autora contista da atualidade.
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4) Se o sujeito contiver pronome de tratamento, o verbo vem na 3ª pessoa.
Vossa Majestade é fã das histórias macabras de Melqui Rodrigues?
Vossas Senhorias se opuseram ao comportamento machista de Peter Blackwell.
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5) Mais de um, mais de dois, menos de três…: o verbo concorda com o numeral.
Mais de uma pessoa foi contaminada pela dengue.
Mais de duzentas pessoas leem Excelsior.
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6) “Fui eu que” escrevi que, neste caso, o verbo concorda com o antecedente do pronome que.
Fui eu que escrevi o texto.
Foi ela que bebeu o resto do vinho que havia na garrafa.
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7) “Fui eu quem” escreveu que o verbo fica na 3ª pessoa quando este vem depois do pronome quem, embora também se aceita a concordância com o antecedente.
Fui eu quem escreveu o conto da boneca mortal na antologia 00:00. (maneira mais formal)
Fui eu quem escrevi a novela O Leão. (forma também aceita, embora “menos correta”)
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8) Se o sujeito é formado de duas ou mais pessoas gramaticais diferentes, o verbo concorda com a forma simplificada equivalente.
Débora Costa e eu somos escritores de webnovelas. (ela + eu = nós)
Digo-te algo, Marion: Lubyanka, Giane, Solange, Alicia e tu sois vilãs. (elas + tu = vós)
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9) Se o sujeito apresentar núcleos ligados pela conjunção E, o verbo vem no plural. Se a conjunção for OU, o verbo vem no singular (se houver escolha entre os núcleos) ou no plural (se todos os núcleos influenciarem no contexto do predicado).
Aster TV, Cyber TV, Megapro, OnTV e WebTV são emissoras virtuais.
Bolsonaro ou Lula pode ser escolhido o político mais amado do Brasil na enquete. (um deles)
Água contaminada ou alimento com agrotóxico causam males à saúde. (ambos)
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10) Se os núcleos vierem apresentados numa gradação, o verbo pode vir no singular ou no plural.
Um olhar, um gesto, uma palavra a emocionava(m).
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11) Quando ocorre a palavra SE apassivadora ligada ao verbo, este concorda com o sujeito a que se liga.
Vende-se uma casa. (Uma casa é vendida.)
Vendem-se casas. (Casas são vendidas.)
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12) O verbo no infinitivo deve ser flexionado, a não ser que haja algum pronome que indique sua pessoa.
Ramon Silva postou um capítulo novo sem notarem. (Nenhuma palavra sinaliza a pessoa do verbo notarem)
Ramon nos avisou pelo Facebook para ler(mos) o capítulo. (O pronome nos sinaliza a pessoa do verbo ler)
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No próximo programa, continuarei com as regras de concordância verbal, desta vez com foco especial nos verbos impessoais (ter, haver, fazer) e no ser.
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O mais famoso portal de literatura digital teve origem no Canadá, no fim de 2006. Desenvolvido por Ivan Yuen e Allen Lau, pode-se acessá-lo via computador ou aplicativo de celular/tablet. Milhões de escritores anônimos e famosos, profissionais e amadores, que escrevem como hobby, arte ou trabalho, encontram-se em meio a histórias de todos os assuntos possíveis e impossíveis da face da Terra (e de qualquer mundo imaginário). Criar um perfil é muito fácil e rápido. Com a mesma velocidade, você pode postar sua história e receber leituras e comentários.
Algumas das temáticas mais comuns são: amor LGBT no melhor estilo Eu, Kadu; terror com muito sangue, lotados de vampiros; romances e contos eróticos mais ardidos que pimenta, de tão explícitos (rsrs); gravidez masculina; sextilhões de tons de cinza em mulheres e gays à beira de ataques de pelanca com o tesão que sentem por CEOs e donos de morro — todos cretinos, claro; e assuntos mais delicados como a pedofilia e o incesto. Mas também há poesias, romances cor-de-rosa, fanfics, dramas pessoais, contos singelos, (auto)biografias, diários, manuais de escrita no Wattpad, cursos de idiomas e até livros de culinária. Tem livro pra todo mundo.
Neste quadro, como escrevi no início do programa, analisarei obras e comentarei as tendências e as novidades do Wattpad, além de indicar livros. Assim, a primeira obra que escolhi para analisar se chama Uma Escritora de Webnovelas, fanfic de UnaFenixFanfics. Na capa está a atriz e cantora Anahí, que “interpreta” a protagonista da história. Débora Costa e Tai Andaluz, corram aqui!!! O General da Minha Vida, romance gay de Rip.P, vem em seguida. Acompanhe os próximos programas.
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Neste quadro quinzenal, vou contar um pouco do que tenho lido. E o primeiro homenageado é A Sutil Arte de Ligar o F*da-se, vendido como água em tudo que é livraria ou loja. O meu foi comprado nas Lojas Americanas daqui da cidade. O autor é Mark Menson. Ele dá dicas de como mudar sua vida pra melhor, livrando-se de valores escrotos e pouco produtivos. Por exemplo, hábitos burgueses como a obrigação de sorrir apenas para ser “social e educado” e o consumismo. Muitos veem a obra como um conjunto de dicas pouco úteis e embasadas vindas de um coach, enquanto outros levam os ensinamentos de Menson para a vida. No momento da escrita deste quadro, estou para ler o penúltimo capítulo. Embora tenha gostado de alguns trechos, reajo bastante quando o autor nivela o ser humano por baixo, como se fosse uma grande m*rda, usando sua linguagem “engraçadamente” afiada e crítica. Livro interessante, mas para ler uma só vez.
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Agora começa o quadro mais divertido da história do Observatório da Escrita. Vamos rir com o festival de bobagens que estudantes e aspirantes de concursos cometem nas provas.
Direto do Exame Nacional do Ensino Médio, lá vêm as primeiras sete bombas:
1) “A natureza foi discuberta pelos homens a 500 anos atrás.”
Em itálico destaco os erros ortográficos. Mas antes fosse só isso. O estudante demonstrou total falta de conhecimento da história e da lógica ao escrever a pérola. A descoberta, na verdade, foi do Brasil pelos navegantes portugueses.
2) “O maior problema da floresta Amazonas é o desmatamento dos peixes.”
Bem antes de Bolsonaro se tornar presidente, alguém disparou esta frase bem ecológica… com atentados pra lá de escatológicos à Biologia e à Geografia.
3) “Pois eu luto para atingir os meus obstáculos.”
Pois eu prefiro ultrapassá-los e não, nunca, JAMAIS, utilizar a primeira pessoa numa dissertação argumentativa. Estudantes de 2019, atenção: não cometam esse erro.
4) “Na Amazônia está cendo a maior derrubagem e extração de madeira do Brasil.”
Eu çou, nós çomos, eles ção, eu cerei, tu cerás… O verbo ser se escreve com S, beleza?
5) “Não preserve apenas o meio ambiente, mas sim todo ele.”
Não é? Esta até que é criativa, mesmo mal escrita.
6) “Ateísmo é uma religião anônima praticada escondido. Na época de Nero, os romanos ateus reuniam-se para rezar nas catatumbas cristãs.”
Imagine se o autor da frase inventa histórias no Wattpad… Estamos perdidos.
7) “Fidel Castro liderou a revolução industrial de 1917, que criou o comunismo na Rússia.”
Outro estudante fez esta indigesta gororoba histórica. Avelino, dá um teco nele!
BÔNUS: “O Brasil não teve mulheres presidentes, mas várias primeiras-damas foram do sexo feminino.”
Obviamente escrita antes da posse da Dilma Rousseff, a frase rendeu o meme abaixo:
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O Observatório da Escrita termina por hoje, mas daqui a pouco tem Cyber Backstage. Fique ligado! Na próxima semana tem mais. Um abraço!
[…] Backstage fica por aqui, mas não deixe de ler o Observatório de hoje, aqui. Tenha uma ótima semana de muitas leituras. […]