Boa noite, querido(a) leitor(a)! O Observatório da Escrita está de volta com uma nova resenha. Atendendo a pedidos, vou fazer algo que nunca pensei antes: falar sobre um programa de resenhas. Ficou curioso(a)? Aproveita pra lavar as mãos com água e sabão rapidinho e volta pra cá.

 


Há alguns dias, pelo WhatsApp, apareceram alguns escritores do Mundo Virtual com comentários sobre um dos programas de críticas e resenhas mais famosos da internet. A maioria falou sobre questões gramaticais, parcialidade e até defesa de ideologias nas avaliações feitas pela apresentadora, em detrimento à construção das obras por ela analisadas. Mandaram-me links e mais links de diversas edições da atração. Resolvi averiguar essa história, ler alguns conteúdos e tecer meu olhar sobre o que me foi apresentado.

Érika G é conhecida tanto pelas polêmicas que costuma protagonizar com autores diversos quanto pelo tom ácido de escrever no blog próprio e também na coluna AdoroWeb, da DiggTV. Separei dois links pra hoje.

No primeiro, integrante da DiggTV, Érika analisa um dos maiores sucessos virtuais de 2018: a novela Talismã, de Édy Dutra. Sinopse curta (feita por mim, Delpkin): Lívia é uma ex-prostituta que herda uma fortuna do galãzão Tarcísio após a morte deste; um precioso talismã que veio no “pacote” deixa um monte de vilões com olho grande, e aí começa a perseguição contra a pobre moça.

Érika faz o mesmo com as palavras dela e anuncia em seguida: “E é aí que o desastre se inicia!”. A primeira crítica é feita ao número grande de personagens, além da falta de conteúdo e de necessidade de vários deles na trama. Alguns podem considerar a crítica muito pesada até aqui, mas eu não vejo problema algum. Só mesmo detalhes pequenos, nada que comprometa a leitura, numa frase que envolve a cantora Taylor Swift: uma vírgula desnecessária separando o sujeito do predicado e uma letra i a mais no sobrenome da cantora (“Swifit”). Continuando…

Nem a protagonista escapa: Lívia é considerada apagada, apática e incapaz de mover o enredo; fora a troca-troca romântica entre ela e os três pretendentes: Tarcísio, Jonas e Rafael. Em seguida, Lívia tem uma pequena e irrelevante reviravolta no meio de planos vilanescos lentos como uma lesma. Nessa parte, o nome do Chapolin Colorado foi grafado com letras minúsculas (cuidado!). Érika conclui elogiando o autor pelo empenho em construir a arquitetura dramática de Talismã, mas que ele teria tido um desempenho melhor se tivesse utilizado poucos personagens e lhes dado mais força e carisma, reforçando o que escreveu no começo da resenha. Para ela, um talismã sem brilho e com nota 1,5 de 5.

Érika apontou vários elementos que considerou como falhas, mas houve pouca menção aos aspectos positivos da trama. Esse é o estilo dela, o que assusta vários escritores e é normal. Ninguém gosta de que “falem mal dos filhos”. Cada crítico tem seu jeito de dar o feedback sobre o que lê. Uns são mais exigentes, outros mais incentivadores, e vários ficam no meio termo. Érika tem suas impressões sobre Talismã, eu também tenho as minhas. Concordo com alguns pontos que ela colocou, e penso diferente em outros. Mais do que isso: identifiquei erros que eu mesmo cometo nas novelas, como na atual Escândalo. É uma oportunidade de eu me corrigir na construção das próximas histórias.

Quanto à questão da escrita, destaco a questão das pontuações. Ela tem um bom repertório de sinais (usa o ponto de exclamação, o ponto-e-vírgula, os parênteses etc.), mas às vezes se atrapalha na colocação deles, como no excesso de pontos de exclamação (eles aparecem em muitas linhas) e na separação de sujeitos e predicados com a vírgula. De positivo, Érika aproveita bastante os sistemas de coesão, não repete palavras, apresenta bastante vocabulário; enfim, nada compromete a leitura. Uma revisão básica nos pontos, e o texto fica perfeito como um diamante lapidado. Aliás, já li críticas com defeitos de escrita beeeeeeeeeem maiores, mas isso fica pra uma próxima.

Vamos ao segundo link, sendo este do blog da Érika. Aqui o “sabor limão” está mais presente. Separei uma postagem sobre prêmio Tomate Webs 2020 com destaque para as obras de destaque da lixeratura (ri muito com esse neologismo). Ela conta rapidamente uma paródia de Mil e Uma Noites em que o sultão mata Sherazade (ou Sheherazade, em algumas versões do livro) depois que ela simplesmente termina a história a ser enrolada por… já sabe; e atribui o formato àqueles que considerou autores das piores histórias lidas e criticadas por ela no ano passado. A novela Destino de Viver é associada por ela a uma comédia louca e nonsense de tão mal escrita; do mesmo jeito, descreve A Torre Inversa. O texto de Lei da Colheita é considerado mais infantil que uma turma de jardim de infância (eita!). Nada acontece em Linha da Vida, e Incognoscível se tornou incognoscível mesmo com falas vazias, personagens sem carisma e situações sem sentido. A única que li da lista até agora foi a minissérie de Hugo Martins, mas fiquei curioso pra conferir os outros títulos.

Desta vez, a pontuação está mais eficiente, embora ainda haja inadequações, como o excesso de pontos de exclamação. No mais, tudo ótimo. Ácida, sim; barraqueira, às vezes; exigente, sempre. Érika prova que tem um jeito bem peculiar para dar sua opinião sobre o MV. Quem lhe pedir resenha deve se preparar pra tudo. Quem quiser só elogios, esqueça-a; ainda assim pode se tornar alvo de uma das próximas edições do AdoroWeb.

PS: Que vontade de pegar a vovozinha de Caramelo das Paixões e dar uns sacodes pra ela prestar mais atenção à neta do que à bendita da novela. A mocinha foi estuprada! ES-TU-PRA-DA!!! Chama a polícia! — as exclamações são intencionais.

 


O Observatório fica por aqui, mas daqui a pouco tem o Cyber Backstage com as novidades da programação de quarentena. É o tempo de lavar as mãos de novo, tomar um bom banho e voltar pra cá. A saúde em primeiro lugar. Xô, coronavírus!

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  • Ela é uma humorista nata, amo ler as críticas dela, pois, me entretém. Sonho com uma critica de A CESAREIA pelas mãos dela kkk Iria rachar!

      • Nossa! Não acredito que estou vendo este texto somente agora! Muito obrigada pela análise, é sempre importante recebermos o feedback sobre nosso trabalho!
        Eu me considero uma eterna aprendiz, pois, da mesma forma como cobro em minhas resenhas, estou sempre cobrando a mim mesma para evoluir sempre. Estudo literatura e amo escrever, mas há tanto a aprender nesse ramo, que sempre me vejo aprendendo algo que não sabia antes e, assim, passo a todos os meus leitores.
        Mais do que uma crítica me considero uma incentivadora, afinal, o que sempre reitero nos artigos é a necessidade de que os autores busquem o aprendizado, e, de fato, muitos crescem de uma maneira tão impressionante que me emociona!
        Parabéns pelo tom neutro e gentil, gostei muuito das suas criticas, você parece entender muito do ramo, tenho certeza que aprenderei muito com você! Você ganhou uma fã!
        Beijo Marcelo. ❤

        • Olá, Erika! Penso da mesma forma que você. A gente aprende todos os dias. Uma novidade aqui, algo a corrigir ali; é assim que a gente se aperfeiçoa mesmo, concordo com você. Também me considero um aprendiz, um iniciante, alguém que gosta de trocar “figurinhas”. Fico feliz que curta meu trabalho. Estou te acompanhando nas resenhas nos blogs. Um abração!

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        Eu me considero uma eterna aprendiz, pois, da mesma forma como cobro em minhas resenhas, estou sempre cobrando a mim mesma para evoluir sempre. Estudo literatura e amo escrever, mas há tanto a aprender nesse ramo, que sempre me vejo aprendendo algo que não sabia antes e, assim, passo a todos os meus leitores.
        Mais do que uma crítica me considero uma incentivadora, afinal, o que sempre reitero nos artigos é a necessidade de que os autores busquem o aprendizado, e, de fato, muitos crescem de uma maneira tão impressionante que me emociona!
        Parabéns pelo tom neutro e gentil, gostei muuito das suas criticas, você parece entender muito do ramo, tenho certeza que aprenderei muito com você! Você ganhou uma fã!
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