Boa noite, querido leitor! Boa noite, querida leitora! O Observatório está no ar! Hoje tem uma resenha e uma dica gramatical. Vamos lá!
Neste último sábado (28), aqui na Cyber TV, foi ao ar o microconto Judas, escrito por Samuel Brito. Narrou-se a trajetória do personagem bíblico após entregar Jesus para a execução. Sinônimo de traição, Judas mostra um lado humano que mescla um fã incomensurável de Jesus e um homem arrependido e conformado de seu destino, ou seja, a morte seguida da ida ao inferno. Não ocorre nenhum didatismo, nenhum clichê bíblico, nenhuma doutrinação: é, na verdade, um homem escrevendo uma espécie de capítulo de um diário pessoal ou uma carta de despedida de um suicida. O julgamento de Jesus também é contado sob a ótica do personagem-título.
Ótima escolha narrativa feita por Samuel, a partir do narrador em primeira pessoa. Boa seleção vocabular, simples e compreensível por todo tipo de público; sem “esnobações” nem floreios. Também direto ao ponto é a obra em si. Única inadequação a considerar, também apontada por Cristina Ravela sobre outra obra do autor, numa recente postagem no Blog da Zih. Observe a frase abaixo, de Judas:
“Mas o entreguei e nesse momento deve está sendo julgado por Pilatos.”
Quando se montam locuções através da junção de um verbo modal (dever, querer, poder etc.) e um principal, este deve estar no infinitivo, ou seja, terminar em R. Refazendo o trecho:
“Mas o entreguei e nesse momento deve estar sendo julgado por Pilatos.”
Outra observação: a expressão temporal nesse momento pode estar entre vírgulas (ou não) — olhe o R aí novamente. Eu colocaria a pontuação, mas ela não é obrigatória na frase.
Por fim, se você ainda não leu o microconto, clique aqui e aprecie sem moderação. Na próxima semana, vou comentar sobre uma família muito amada que vai dar as caras no Mundo Virtual a partir de amanhã.
Se existe algo muito irritante para os ouvidos de muita gente, ele se chama gerundismo. Muita gente pode nem saber ou lembrar o que é gerúndio, mas se incomoda com construções do tipo “vou estar providenciando” tão típico de diversos profissionais do comércio, como os atendentes de telemarketing.
Como diz o nome, o gerundismo é o uso inapropriado do gerúndio, forma nominal na qual os verbos terminam em “-NDO”. A provável origem desse vício de linguagem está na tradução mal feita a partir do inglês, cujas estruturas formais utilizam mais o gerúndio do que a nossa língua. O resultado são construções que não se encaixam bem no português.
INCORRETO
Vou estar providenciando o reparo do seu aparelho.
CORRETO
Vou providenciar o reparo do seu aparelho. (forma mais utilizada)
Providenciarei o reparo do seu aparelho. (opção mais formal)
O gerúndio indica ideia de continuação, simultaneidade ou atividade em curso. Veja exemplos:
Ela continua tomando a medicação. (continuação)
Glória estava fazendo o bolo quando Simone telefonou. (simultaneidade)
Marcos está dando banho no cachorro. (ação em curso)
Estava chovendo de manhã. (fenômeno natural em curso, embora no passado)
Em outros casos, nada de usar o gerúndio; principalmente se for mais adequado trocá-lo pelo infinitivo, que é o nome do verbo e sempre termina em R, como no caso das frases de telemarketing. Tudo bem?
O Observatório da Escrita acaba aqui, mas daqui a pouco tem a lista dos vencedores do Destaques Backstage. Não perca!
E amanhã tem a volta do Vale a Pena Ler de Novo, com seis atrações. Até já!
Ah Delpkin, muito obrigado pela divulgação viu e erro anotado…espero não cometê-lo novamente rs Adorei s2
Eu que agradeço por seu feedback. E que venham novas histórias das suas mãos e do seu mundo de criatividade. Adorei Judas. 😉
Ah Delpkin, muito obrigado pela divulgação viu e erro anotado…espero não cometê-lo novamente rs Adorei s2
Eu que agradeço por seu feedback. E que venham novas histórias das suas mãos e do seu mundo de criatividade. Adorei Judas. 😉