Boa noite, leitor(a)! Trago hoje a primeira parte sobre estrutura e formatação de roteiros, conforme adiantei no Cyber Backstage de semana retrasada. Também a participação muito especial de Débora Costa, que bate um papo com a também escritora Letícia Mariana. Vamos lá?

 


Os livros são geralmente escritos na forma de narrativa, de descrição ou de poesia, dependendo do objetivo que querem atingir com a expressão. Assim são os contos, os almanaques e antologias de poemas, por exemplo. E as novelas, os filmes e as séries que vão ao ar pela TV, pela internet ou no cinema? As peças de teatro? Será que utilizam esse tipo de estrutura textual?

Na verdade, não. Como são gêneros que dependem da interpretação dos atores, da intervenção do diretor e da participação de técnicos diversos — desde cenógrafos até figurinistas, passando por sonoplastas e continuístas, entre muitos outros profissionais —, a forma de escrevê-los tem a necessidade de ser mais técnica e legível por todos de forma direta e eficiente. Essa forma se chama ROTEIRIZAÇÃO ou simplesmente ROTEIRO e é caracterizada por um manual escrito de forma única e que pode ser lida de formas diversas por cada pessoa, dependendo de sua função na arte ali escrita.

Como é possível pensar e escrever em “várias linguagens” num único texto? Parece coisa de outro mundo, mas existem inúmeras ferramentas e rotinas que auxiliam o autor nessa hora. Aprendê-las exige tempo e prática, mas é um ótimo exercício para pensar de forma estruturada e organizada cada cena, sequência ou capítulo da trama. De certa forma, é como treinar programação de computadores ou de aplicativos através dos algoritmos.

Assim, basicamente, um roteiro descreve o que acontece nas cenas: as falas dos personagens, as ações e emoções deles, detalhes do cenário ou do figurino, efeitos de câmera ou de edição, a música utilizada e assim por diante; pelo menos o que há de imprescindível e que faça parte das intenções do autor, sem excessos nem faltas. A função principal do roteiro é colocar o elemento dramático da história, ou seja, o enredo. Os elementos técnicos, formados por comandos específicos, entram mais para dar intensidade visual ou auditiva àquilo que acontece aos personagens ou às locações, apenas isso. Não devem prevalecer sobre o drama, até porque a análise técnica mais profunda é tarefa do diretor e não do roteirista. Portanto não é necessário se preocupar tanto em decorar e usar termos especiais. Roteiro é bem mais simples do que isso (ainda bem!).

Estruturalmente, um roteiro é dividido em cenas. Por enquanto, não vou entrar em conceitos como plots e atos. Cada cena tem um formato básico. Observe um exemplo da novela Partes de Mim, aqui da Cyber.

 

  • Cabeçalho: fica em destaque. Usualmente vem em negrito, sublinhado e com letras maiúsculas (caixa alta). Nele deve conter o cenário, a localização, o período e, por vezes, o número da cena.

    • Cenário: deve estar o mais específico possível. Se a cena se passar numa casa, é importante citar também o cômodo; se for num hospital, colocar a seção;

    • Localização: indicar se a ação ocorre numa externa (lugar aberto) ou numa interna (cenário, seja em estúdio ou não);

    • Período: tempo em que se passa a ação — amanhecer, dia, tarde, anoitecer, noite etc.;

    • Número da cena: recomenda-se usá-lo por questões de organização da cena e do roteiro como um todo, mas é opcional.

  • Descrição: como o nome diz, cita a sequência de ações e emoções dos personagens. Também pode ser usado para descrever os cenários, os sons, a luz, o figurinos e a aparência dos próprios personagens. Importante ser claro e sucinto, como no exemplo acima. O alongamento nessa parte pode deixar seu roteiro com um ar “literário”, o que nem sempre é adequado e agradável.

  • Falas: são introduzidas pelo nome dos personagens. Há inúmeros estilos de formatá-las, o que será abordado nos próximos programas. Ramon Silva opta por seguir as falas ao lado dos nomes; outros, como Cristina Ravela, colocam-nas abaixo. É comum também colocar pequenos trechos explicativos das emoções ou de pequenas ações no meio das falas, as chamadas rubricas. Elas vêm entre parênteses. Exemplo:

SOLANGE
(com raiva)
Quem a Lilian pensa que é? Mete um processo em cima dela, Wilson!

  • Efeitos de imagem: são sinalizações feitas para os editores. Por questões de simplicidade, alguns roteiristas preferem usar poucos ou nenhum desses efeitos. Além disso, esses comandos são bem mais comuns em séries e filmes do que em novelas. Seguem os dois tipos básicos:

    • de transição: as mais comuns desse tipo são os cortes simples, os cortes descontínuos e os fades (a tela escurece até ficar toda preta ou o contrário, “abrindo”);

    • de transporte: nesse tipo há a dissolução e a fusão, por exemplo.

Existem outros blocos integrantes em um roteiro, como as informações relevantes e os efeitos de câmera, luz e som, mas estes podem ficar para mais tarde. O importante agora é introduzir você no universo do roteiro.

Observe agora um exemplo da novela Ilha dos Vampiros:

 

Aqui ocorrem dois problemas.

  1. A cena começa com a personagem Maria do lado de fora da casa. Então a cena deveria ter sido marcada como externa. O autor também poderia ter especificado o lugar, que é a frente da casa, o que situaria melhor o diretor e a atriz, se fosse o caso de uma gravação real. Observe como ficaria:

    CENA 1. CASA DE MARIA. FRENTE. EXT. NOITE.

  1. Maria só entra na área interna da casa na parte destacada com a linha. Como haveria mudança “brusca” de cenário, ou seja, de uma externa para o estúdio (locações não contínuas), seria o caso de abrir uma nova cena. Assim:

    CENA 1-A. CASA DE MARIA. QUARTO. INT. NOITE. (ou CENA 2)

    Inseri o “quarto” como cômodo porque uma cama foi citada nessa cena.

     

Olha o macete: mudou de um cenário a outro e não há continuidade espacial entre eles, abriu cena nova.

Pra fechar o episódio de hoje, uma pergunta muito comum entre os roteiristas de primeira viagem… ou várias. Que formatação de letra pode ser usada num roteiro?

Segundo o padrão profissional brasileiro, as fontes mais utilizadas são Courier New, Times New Roman e Arial. O primeiro dá um acabamento mais técnico e mundialmente reconhecido, embora alguns escritores optem pelos outros dois por questões de praticidade e/ou de estética. Eu, por exemplo, formato minhas novelas em Courier no PDF, mas posto em Arial aqui na Cyber TV por questões estéticas. Compare:

A faixa grossa no meio da imagem da direita veio da mudança de uma página pra outra.

 

Os cabeçalhos, como dito mais acima, vêm em negrito, em caixa alta e alinhados à esquerda; às vezes aparecem sublinhados. As descrições e as falas vêm em estilos variados e dependem das preferências do autor ou das normas da mídia à qual a obra é submetida.

Em roteiros profissionais, a fonte sempre deve ser preta. Outras cores, no máximo, para destacar elementos como cabeçalhos e efeitos e aprimorar um pouco o aspecto visual. Nada de excessos! Roteiro com verde fluorescente ou rosa-choque não rola! O tamanho costuma variar entre 10 e 12, dependendo da fonte.

Na próxima semana, vou continuar abordando sobre a formatação de roteiros, agora com mais profundidade sobre os elementos integrantes.

 


Olá! Eu sou Débora Costa e estou aqui para entrevistar a escritora Letícia Mariana.

1 – Você sempre gostou de escrever ou isso foi algo que aconteceu com o tempo? Com quantos anos você começou a escrever?
Letícia: Eu comecei a escrever poesias para o extinto jornal “O Globinho” aos 7 anos, desde criança amo a literatura e a escrita!

2 – Seu primeiro livro publicado, Entre Barbantes, está sendo um sucesso de crítica e vendas. Você esperava isso?
Letícia: Eu confesso que esperava, sim. Ainda não posso ser considerada best-seller, mas esperava um pequeno sucesso e boas críticas. Quem sabe mais? Divulgo todo dia para tal.

3 – Conta um pouco sobre o livro e como veio a inspiração para essa história.
Letícia: Entre Barbantes é um suspense entremeado de poemas, romance que se conecta com belos versos. Eu tive um sonho inusitado, sonhei com uma menina desesperada, pintando belos quadros num cativeiro. Resolvi transformar na história da personagem Vitória, maltratada pelo pai Max. Claro que criei outros personagens que a envolvem.

4 – Sei que está escrevendo um novo livro. O que podemos esperar dele?
Letícia: Muito suspense, crimes ainda mais sombrios e o dobro de poesia, mistério dobrado, também. Muitos acrósticos, garanto. Uma obra nada convencional.

5 – Soube que você está estudando muito recentemente. Qual é o seu objetivo?
Letícia: Eu quero cursar a faculdade de Direito, então estudo bastante para conseguir. Eu amo estudar!

6 – Você é Acadêmica da Alcibras (Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil) e passou a ser patronesse. Como tem sido isso?
Letícia: É algo maravilhoso! Muita honra, sou eternamente grata ao meu Patrono Maestro Caaraura, pessoa nobre. Eu me sinto honrada em ser Patronesse de Acadêmicos.

7 – Letícia, quero agradecer pela entrevista. Eu adorei! Deixa um recado para os leitores.
Letícia: Eu que agradeço, também adorei e vi que pesquisaram bastante, ficou sensacional! Leitores, já deixo claro que eu não seria nada sem vocês. Pode parecer clichê, mas é a realidade. É sublime todo carinho que tenho. Apenas gratidão!

 


Obrigado a vocês, Letícia Mariana e Débora Costa, pela participação no programa! A entrevista ficou incrível!!!

O Observatório da Escrita fica por aqui. Hoje não tem Cyber Backstage, mas amanhã tem mais Rapidinhas no Plantão. Anderson Silva e Tales Dias são os convidados.

Tenha um ótima semana com muita saúde. Um abraço!

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  • A entrevista ficou maravilhosa! Você vai longe nessa carreira linda e tão brilhante que escolheu! Super parabéns! <3 <3 <3

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