Boa noite, querido(a) leitor(a)! Vamos dar continuidade, no programa de hoje, ao Manual do Roteiro.

 


 

Nas edições anteriores, definimos o gênero roteiro, descrevemos seus principais elementos e analisamos as partes estruturais mais importantes — cabeçalho, descrição, fala e transição.

Hoje daremos foco a alguns efeitos técnicos que podem ser utilizados por você para dar um aspecto mais sofisticado ou cinematográfico à sua obra. Antes de apresentá-los, alguns lembretes importantes:

  • Se estiver inseguro(a) com a funcionalidade de um ou mais efeitos, prefira não utilizá-los;

  • Cuidado para não encher o texto de comandos: menos é mais. A roteirização não é a arte de esbanjar efeitos mirabolantes, mas uma forma prática de escrever dramatizações a fim de ser interpretada por atores, diretores e membros da equipe técnica.;

  • Por isso um roteiro não é inferior aos outros porque não faz uso de dollys e motions. Na verdade, isto depende das necessidades da história em si e do veículo que vai transmiti-lo. Um roteiro de cinema fará muito mais uso dessa linguagem específica do que um de novela. Um filme pode exigir muito mais recursos visuais do que outro, dependendo do gênero.

  • Roteirista não é diretor, lembra?

 

Vamos às ferramentas? Na listagem abaixo, a palavra objeto indica pessoa (personagem ou figurante), animal ou coisa.

 

  1. ÂNGULO ALTO: a câmera foca um objeto de cima pra baixo;

  2. ÂNGULO BAIXO: o mesmo, porém de baixo pra cima;

  3. ÂNGULO PLANO: a filmagem é feita em plano horizontal em relação à posição da câmera;

  4. CÂMERA (ou CAM) OBJETIVA: a cena é filmada do ponto de vista de um público imaginário;

  5. CÂMERA (ou CAM) SUBJETIVA: a lente capta as imagens como se fossem os olhos de um personagem;

  6. DESFOCAR: a câmera muda o foco de um objeto para outro;

  7. DOLLY ou GRUA: é um veículo que transporta a câmera e o operador, a fim de facilitar determinadas tomadas. Os movimentos são geralmente suaves. Tem quatro tipos básicos:

    1. DOLLY IN: movimento de aproximação da grua em relação ao objeto da cena;

    2. DOLLY BACK: movimento de afastamento;

    3. DOLLY OUT: movimento de afastamento e de saída da cena;

    4. DOLLY SHOT: qualquer movimento de aproximação ou de afastamento da grua na cena, podendo ocorrer na horizontal ou na vertical.

  8. FREEZE, CONGELA ou CONGELAMENTO: a imagem “paralisa” graças a uma repetição de frames iguais. Muito comum em fechamento de capítulos de novelas ou em shots de maior impacto em filmes;

  9. PANORÂMICA: a câmera se move de um lado a outro, dando uma visão geral do ambiente;

  10. PLANO: área sobre a qual a câmera faz o enquadramento. Alguns tipos:

    1. CLOSE ou PLANO DE DETALHE: foca num detalhe específico, como os olhos de um ator ou uma caneta sobre a mesa;

    2. PLANO PRÓXIMO: enquadra o personagem do tórax pra cima;

    3. PLANO MÉDIO: enquadra-o da cintura pra cima;

    4. PLANO AMERICANO: enquadra-o dos joelhos pra cima;

    5. PLANO GERAL: enquadra uma área praticamente completa do cenário;

    6. PLANO DE CONJUNTO: enquadramento um pouco mais fechado que o plano geral, mas ainda assim bem amplo.

  11. PONTO DE VISTA (POV): a câmera mostra o ponto de vista do personagem. Neste caso, a câmera é subjetiva;

  12. QUICK MOTION: câmera acelerada. Muito utilizado em cenas com ação;

  13. SLOW MOTION: câmera lenta. Utilizado para dar mais impacto às cenas que envolvam ação ou tensão;

  14. TRAVELLING: a câmera acompanha o andar de um ou mais atores;

  15. ZOOM: aproximação (zoom in) ou afastamento (zoom out) repentino em relação aos detalhes de um objeto. O que se movimenta é a lente e não a câmera.

 

Existem muitos outros efeitos de câmera, mas com estes já é possível fazer um trabalho mais cinematográfico à sua obra se assim ela exigir. Eu, por exemplo, uso apenas os PLANOS e somente quando quero realmente destacar algum enquadramento. Em novelas, por exemplo, o uso desses recursos é muito raro e depende das opções do roteirista. Por isso, deixe o “trabalho sujo” para o diretor — ou, no caso do Mundo Virtual, para a imaginação dos leitores.

Vamos falar rapidamente sobre a sonoplastia. Ela trata dos efeitos sonoros e da trilha sonora (música e temas incidentais). Como colocá-los num roteiro? Seguem duas dicas básicas:

 

  • Efeitos sonoros: sons diversos como passos, bipes, toques de telefones e campainhas, “vozes” de animais, o jorrar da água de uma torneira e até o silêncio (!). Neste caso, você pode dar instruções ao sonoplasta na própria descrição da cena, usando elementos simples de destaque, como letras maiúsculas, sublinhado ou parênteses. Exemplos:
    Cândida dorme na cama, totalmente coberta. O celular TOCA. A moça acorda, move-se lentamente e atende o telefone.
    Sentado no sofá, Juca lê o jornal. (Sonoplastia: canto de pássaros) Juca para de ler e presta atenção ao som que vem de fora.

  • Temas musicais: são músicas colocadas para “enfeitar” as cenas, podendo representar personagens, situações ou stock shots (sequências que ilustram cenários e locações entre uma cena e outra). Elas geralmente vêm na descrição, destacadas com negrito e/ou itálico, geralmente isoladas dos outros parágrafos da cena.
    Exemplo de Anti-Herói:
    SONOPLASTIA: Welcome To The Jungle – Guns N’ Roses

  • Temas incidentais: são músicas instrumentais que dão ênfase às cenas de acordo com a intenção — suspense, tensão, romance, erotismo, terror, comédia etc. Alguns autores preferem descrevê-las do mesmo jeito que os efeitos sonoros, enquanto outros os tratam como os temas musicais.
    Exemplo:
    SONOPLASTIA: música cômica.

 

Os temas musicais e os incidentais, por terem certa duração, podem/devem ser interrompidos a um dado momento do capítulo. Para isso, usa-se um comando do tipo:
FIM DA SONOPLASTIA

 

Na próxima semana, vamos analisar, com o que vimos até hoje, trechos de quatro histórias em roteiro, uma de cada emissora. Você não perde por esperar. Vai ser muito bom vivenciar essa experiência.

 


O Observatório fica por aqui, mas daqui a pouco tem o Cyber Backstage. Fique ligado(a). Até já!

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