Olá, leitor! Olá, leitora! Como vai o seu domingo? Espero que fique ainda melhor agora com o Observatório da Escrita no ar.

A resenha de hoje é sobre uma série muito bem comentada nos corredores do Megapro. Vamos em frente!

 


 

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RESENHA

 

Nas últimas semanas, João Monteiro estreou a série Confissões – Um Lugar Melhor no Megapro. Na trama, o surfista Thiago e a ex-modelo e empresária Vera se apaixonam à primeira vista, mas, para ficar juntos, devem enfrentar a resistência da filha dela, Júlia, uma espécie de Lacto-Purga humana de tão chata. A menina ainda vai rivalizar com Marina, filha do futuro padrasto, porque não aceita a presença dela, ainda mais quando tomar o trabalho que a vilãzinha acredita ser um direito seu. Boa parte da ação ocorre na Escola Caetano Veloso, de propriedade de Tereza, mãe de Vera e avó de Júlia. Vamos às emoções do primeiro capítulo.

No Guarujá, após ver mais um show de Thiago no mar, Marina o avisa de que terão que se mudar para o Rio de Janeiro, onde ela conseguiu uma bolsa na escola de Tereza. Enquanto isso, ela conversa com a filha por telefone sobre uma entrevista com a futura professora de Artes — o autor, português, nomeia a disciplina como Artes Plásticas. Aliás, muito interessante e rica a variação linguística entre os países. Em outro trecho, por exemplo, aparece uma “saia de lenço”, a qual nós brasileiros chamamos de “canga”.

Voltando ao capítulo, Vera é casada com Ruy, mas nem imagina que ele mantém um caso com a irmã dela, a espevitada Carlota. No passado, ele a largou no altar em prol de Vera… ou, pelo menos, por interesse no dinheiro e na fama. Mais tarde, Vera e a amiga Patrícia conversam sobre o retorno de Lígia. Logo começa a tocar uma música do irmão da última, Alex, e comentam sobre a péssima relação dele com a ex-mulher, Virgínia. O motivo da briga da vez é a viagem do filho de 20 anos para Angra sem a autorização dela — como assim?

Na cena seguinte, Júlia descobre que Vera procura uma nova modelo para a próxima coleção e fica furiosa por não ter sido escolhida. Fica o resto do capítulo com cara de limão azedo por causa disso. Marina e Thiago chegam ao Rio e já querem aproveitar a praia e as ondas. Mal compra um sorvete, e a mocinha tropeça em Júlia, sujando-a. A antipatia é imediata. Mais tarde, a garota mais chata da série reclama de ter que usar uniforme na escola — um “modelito” que julga cafona — e fica uma arara (pra variar) quando vê que Marina vai estudar na mesma escola que ela. Júlia ameaça usar o “poder” de herdeira para expulsar a rival da Escola Caetano Veloso. Fim do capítulo.

 

O maior conflito visualizado neste episódio foi mesmo o da vilã juvenil: mimada, incontrolável, arrogante, fútil, insuportável, tudo de ruim que faz uma filha de Helena do Maneco se tornar um anjo de candura. Até mesmo a Joyce de História de Amor. Júlia rivaliza com Marina, com a mãe, com a escola, com o uniforme, com as outras modelos e com tudo que vê pela frente. Vera e Tereza não sabem como dar um basta nos caprichos da garota; aliás, Vera só reclamou, mas não saiu do lugar ainda. O carisma a salvou de ser uma protagonista apagada. Deve mostrar a que veio após o primeiro encontro com Thiago ou algum conflito mais sério com Ruy e Carlota, no decorrer dos capítulos.

Thiago, por sua vez, parece apenas um surfistão de quarenta anos, despreocupado com a vida, mas tem cenas ótimas e cheias de carinho com a filha, Marina, uma jovem doce, sonhadora e empoderada. Já quero ver o primeiro tapa dela na cara da “jujuba estragada”. Aliás, um soco logo de uma vez. Senti falta de um conflito, de um clima que entregasse um pouco mais da trama principal e que atraísse um pouco mais o leitor, mas gostei de como o ambiente de apresentações foi preparado, mesmo não sentindo ainda todo o potencial de Vera.

Quanto ao roteiro, apresenta-se uma escrita organizada das cenas e das descrições, além de bons diálogos. Não há excessos nas cenas nem frases de efeito mexicanizadas ditas pelos personagens. Tudo está escrito como deve ser, com eficácia e fluidez. Também gostei da discussão sobre os temas sociais da atualidade em tom natural e cotidiano, sem apelar para o discurso politicamente correto vazio e para a “lacração”. Por exemplo, a cena em que Tereza cita o uniforme escolar como um modo de trazer igualdade entre os alunos e depois diz que cedeu bolsas a estudantes carentes como uma iniciativa para fazer a diferença na sociedade com ações práticas. Parabéns pra ela!

Há algumas inadequações ortográficas que não deveriam estar presentes, como em “consiência”, mas que não comprometem a leitura. Por outro lado, o autor se inspirou na fala carioca e inseriu formas coloquiais como “tar” e “tamos” nas falas dos personagens. Muito interessante, gostei. Porém, um par de cenas me preocupou. Segue a de número 13:

A recomendação é, mesmo que seja apenas a imagem da fachada de uma casa, não deixar a cena vazia, apenas com um cabeçalho. A equipe que vai decupar e gravar precisa de uma base para poder fazer o trabalho. Se o autor não especifica, pois acredita que assim está óbvio, pode se chocar caso um diretor entenda que é para criar em cima do que não foi escrito. Nunca se sabe como alguém pode interpretar seu texto por mais claro que esteja. Quem sabe, queiram filmar um beat no qual alguma figurante coloca um despacho nos fundos da mansão do Alex por ordem da Virginia (risos), só de deboche… Se eu pensei isso, imagina um diretor… O mesmo ocorre na cena 33, com uma externa da mansão de Ruy e Vera.

 

Bem, é isso. Gostou da premissa da série de João Monteiro? Corra lá e acompanhe os episódios. Depois conte o que achou aqui embaixo nos comentários, está bem?

 


 

DICIOCYBER

 

Fonte: dicio.com.br

 

A palavra acima foi usada no Cyber Backstage de hoje para se referir ao escritor Carlos Mota. Ele mesmo a utiliza bastante nas entrevistas e nas redes sociais.

 


O Observatório da Escrita termina por aqui, mas o Cyber Backstage de hoje já está no ar. Que tal uma leitura? Tenha uma ótima semana!

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