Rodrigo observa sua filha por alguns segundos após as fotos queimadas da esposa virarem cinzas.

Laura: Sabe que estou do seu lado pai, faça o que achar melhor.

Laura vai para o quarto, ajeita o cabelo com o pente, dá um retoque na maquiagem e passa um batom nos lábios em frente ao enorme espelho que revela seu decote ousado e o short curto, além do salto alto provocante nos pés. Ela também vê a imagem do pai que entra tranquilamente no quarto que estava com a porta encostada.

Rodrigo: Para onde vai vestida desse jeito Laura? – ao vê-la pegando a bolsa.

Laura: Vou dar uma volta. Cadê a chave do carro?

Rodrigo entrega a chave, porém encobre a saída.

Rodrigo: Pensa que me engana? Eu sei muito bem que vai encontrar o inútil do Carlos no laticínio!

Laura: E daí?

Rodrigo: E daí? Falta menos de uma semana para se casar com o Roberto, não coloque tudo a perder por causa desse romance com aquele miserável! Estamos atolados de dívidas, se as coisas continuarem assim vou ter que vender o carro e a casa, nós podemos parar debaixo do viaduto, é isso que você quer? – Rodrigo a deixa ir, Laura desce as escadas e tenta ligar o carro com dificuldade na garagem, é um carro antigo, bastante detonado e pintura encardida.

Laura: Vamos lata velha! Que desgraça! – sai do veículo e põe as mãos sobre o rosto, encosta os ombros na lataria. Em alguns segundos tenta dá partida por duas vezes até conseguir, vai para o asfalto, em poucos minutos chega ao laticínio. Um tempo depois ela entra no escritório e fecha a porta por dentro.

Carlos: Laura? O que está fazendo? Está louca? O Jorge ou Roberto podem aparecer a qualquer momento! – diz o rapaz que está com as pernas encostadas em cima da mesa mexendo no celular quando vê Laura.

Laura: Fica calmo gatão, eu não vi nenhum dos dois no laticínio, morrendo de carência e queria te ver. – ao puxá-lo pela gola da camisa e os dois se beijam.

Laura: Sempre tive vontade de transar no escritório, sabia?

Carlos: Também gostaria minha loira safada, mas aqui é arriscado, você sabe!

Laura: Kkkkk! É um covarde, fala sério! – aperta suas bochechas.

Carlos: Ei, não é covardia, tenho coragem pra muita coisa, mas tudo tem seu momento certo.

Laura: Então? Está ok a festinha na sua casa mais tarde?

Carlos: Claro que sim. Estava agora convidando uma galerinha pra noite, te espero!

Laura: Não vou perder! – ela se despede com um selinho lento, manda um beijo com as mãos e uma piscada de olho antes de abandonar o escritório.


Roberto e Jorge pisam no aeroporto, eles notam a movimentação de pessoas no local.

Jorge: Onde será que está a maluca da sua mãe, hein? Ela não responde as mensagens no celular.

Roberto: No painel confirma que o voo dela chegou. Deve tá por aí pai em alguma lanchonete talvez.

Jorge: Ai, ai! – diz Jorge ao levar duas bolsadas na cabeça por trás pela esposa.

Helena: Agora que você veio me buscar? Horas que estou te esperando Jorge!

Jorge: Eu só atrasei alguns minutos, pare de drama, velha chata! Se estava com tanta pressa por que não pegou um táxi?

Helena: Porque prometeu que vinha me buscar! Não me chama de velha chata, senão vai levar outra bolsada! – ajeita o longo bigode do marido.

Roberto: Vocês mal se encontraram e começam discutindo, né? – se aproxima dos dois.

Helena: Meu filhinho lindo, que saudades de você! – ela enche o filho com beijos e o abraça fortemente.

Roberto: Também mãe, eu também.

Jorge: E eu não mereço nenhum beijinho?

Helena dá um selinho rápido no marido e entrega suas malas nas mãos dele enquanto vai com os braços apoiados em Roberto. 

Jorge: Depois de tantos meses de viagem, é o que recebo?

Helena: Cala a boca Jorge! Você tinha me chamado de velha chata, esqueceu?

Jorge: Sim, uma velha chata, mas eu te amo mesmo assim, fazer o quê? Ai! – na última palavra Jorge leva uma bofetada da esposa na cara.


De volta à cidade de São Roque, no encerramento das aulas na escola pública aparecem vários alunos ao toque do sinal, entre eles está Gustavo, Guilherme, Catarina e Melissa. O grupo de estudantes não esperava por outra pessoa que aguarda encostado na parede do muro.

Juca: Cadê o meu dinheiro moleque? Hein? Cadê a minha grana? – puxa Gustavo pela gola do uniforme escolar que vinha na frente do grupo.

Gustavo: Fica Calmo Juca, calma aê!

Guilherme: Ei, o que você quer com o meu irmão?

Juca: Não se mete frangote!

Gustavo: Olha, sei que você precisava do dinheiro hoje, mas prometo que arranjo amanhã, tá? Amanhã, beleza?

Juca: Amanhã? Você tá de onda com a minha cara? Eu quero o meu dinheiro hoje, entendeu? Nem tenta me enrolar, senão você já sabe!

Guilherme: Melhor cair fora seu noiado, a polícia tá chegando. – diz o menino ao avistar a viatura da polícia que encosta próximo dali.

Juca: Até parece que tenho medo daqueles vermes, preciso me livrar desses fardados de uma vez por todas. – ao falar as últimas palavras, Juca solta a gola de Gustavo e retira um revólver da cintura, aponta para um dos policiais que sai da porta do motorista, nesse momento o mesmo policial percebe a mira de Juca e ao tentar pegar sua arma, leva dois tiros, um no ombro e outro em seguida na cabeça.

Nessa hora começa a gritaria de vários alunos que correm desesperados. Juca rapidamente vai para trás de um poste quando observa que o outro policial se desloca da porta do passageiro dando um disparo em sua direção, mas que passa longe. Enquanto os meninos se abaixam, o desespero dos alunos e pais continuam. Catarina tenta se afastar do local, porém acaba agarrada pelas mãos de Juca.

Juca: Larga a arma ou ela morre! – pronuncia com o revólver apontado na cabeça de Catarina.

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Música de encerramento: Imagine Dragons – It”s time Tema: Livre

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