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Relatos de Ying Solo: O Sequestro – Capítulo 10 – Luz e Sombra

– Princesa!!!

Fiz uma reverência.

Léia Organa Solo caminhou até o grupo de farristas, um sorriso sincero nos lábios.

– É bom saber que você está bem, Ying! – falou Léia adentrando a Sala das Mil Fontes. – É bom saber que todos vocês estão bem!

Kar-Ani parou e fez uma saudação.

Desculpe-nos, princesa…

– Venha cá, Ying. Deixe-me olhar para você. – falou Léia,

Kar-Ani deu um empurrãozinho para Ying ir.

Ai, já vou!!! – falei, entredentes.

Hesitante, me aproximei, devagar.

Léia pousou as mãos sobre os meus ombros e me olhou nos olhos.
– Você é jovem… Ainda mais jovem que eu quando assumi uma tarefa importante na minha vida. Eu tinha pouco mais que sua idade quando me tornei Senadora de Alderaan, Ying, e quando encarei Vader frente a frente, naquele dia, na Tantive IV.

Eu ouvia, atentamente.

– Sua história não é muito diferente da minha, Ying, você descobriu a verdade sobre sua mãe e eu, sobre meu pais. Mas sabemos que essa verdade pode levar a um final feliz ou a um final trágico. Qual você escolhe?

– Quero que seja feliz… Quero muito, senhora.

– Então vamos lutar para que esse final seja o melhor possível! – se ouviu uma  voz masculina.

Me voltei, surpresa.

General…

– Ela tem o seu brilho no olhar, Han… – disse a princesa Léia.

Eu sempre sonhara em ficar frente à frente com Han Solo. Ninguém podia imaginar o quanto me sentia emocionada.

– Olá, pequena! Olá a todos! – Han entrou sorrindo, cumprimentando a todos.

– Eh..Eu…Olá!! – consegui, enfim, responder, depois de segurar meu queixo com muito custo.

Kar-Ani fez outra reverência.

– Olá, General Solo.

– Ah, não!! Ora, por favor, deixemos as formalidades de lado, certo? Aqui eu sou apenas o bom e velho Han de sempre! Nunca me acostumei direito com essas coisas!

Ele se dirigiu a Ying.

Você passou por poucas e boas, não? Está tudo bem?

– Sim. Estou muito melhor agora, senhor. 

Tarsis se pôs de pé e finalmente falou, após conseguir controlar a emoção de momentos antes.
– Olá, Solo. Como vai? Senadora Organa…

Olá, Xander. Ora, vamos, rapaz, não me engana! Sei que estava chorando!

Han voltou-se novamente para mim, me olhando bem nos olhos.

Como é bom saber que há alguém do meu sangue ainda por aí!

Han me abraçou, carinhosamente e tão apertado que pensei que fosse quebrar minhas costelas outra vez! Ainda assim, senti um calor agradável percorrer-me inteira e retribui ao abraço.

De que ramo da família você é? – perguntou, testando-me.

– Meu pai se chamava Willian. Ele me contou que eram primos e que o viu pela última vez quando ainda eram crianças, depois perdeu contato. Ele também se tornou um contrabandista. Ouviu falar que assumira o sobrenome Solo e resolveu fazer o mesmo para se lembrar do único parente que sabia ter. 

Ah sim, Will!! – o rosto de Han se iluminou em reconhecimento e saudade, lembrando-se do garoto de cabelos escuros revoltos e olhar gentil e inquieto que era seu companheiro inseparável até cerca dos sete ou oito anos quando foram separados – Aquele malandro! E eu achando que alguém como ele nunca fosse se casar! Bem, eu mesmo nunca acreditei que fosse fazer isso! – ele riu, dando uma piscada pra Léia.

Sim, mas não durou muito… – repliquei, com um suspiro triste.

– Mas deste pouco tempo surgiu uma linda joia que é você, minha querida! – disse Léia sorrindo pra mim.

Corei, sorrindo pra ela, extremamente sem-graça.

Ele encontrou minha mãe durante uma de suas viagens, pelo que contava. – comecei a falar, meu olhar se tornando vago e distante. – Mas ela, Seléne, uma jedi, me abandonou depois que eu tinha sete meses de nascida. Foi ela quem mandou me sequestrar agora.

Notei meu irmão Kar me observando, preocupado:

– Não, Kar, agora estou bem. De verdade – disse, sorrindo pra ele. deduzindo que ele pensara que eu tornaria a cair em depressão.

A idade da Ying nos diz que ela nasceu durante a época em que o Imperador formou seus últimos Emperor Hands. – diz Léia. – E acreditamos que sua mãe, Seléne, possa ser uma deles…

– O que são Emperor Hands? – perguntei, curiosa.

– Eram servos sensitivos que serviam secretamente apenas ao Imperador, não? – pergunta Kar.
– Exatamente, meu padawan! Então faz sentido! Mas Seléne talvez não fosse Emperor Hand à época do nascimento da Ying e sim poderia estar sendo caçada por outros Emperor Hands! Acabou ferida e encontrada por William! Temeu pela segurança dele e então fugiu após dar à luz Ying! – falou Tarsis, andando de um lado para o outro enquanto falava e concluía.

– Então pode ter sido capturada pelos Emperor Hands e corrompida pelo imperador…– ponderou Kar-Ani, coçando o queixo.

– Possivelmente, esta é a história mais plausívelfalou Han olhando de volta para mim.
Estremeci com a conclusão chegada. Isso mudava tudo.

– Então..Então…Ela realmente nos amava… – Senti como se criasse alma nova com essa hipótese.
– Antes do Imperador e Vader ou Hethrir a corromperem? – cogitou Léia. – Eu não tenho dúvidas. E agora, acho que você é tudo o que resta de um passado bonito que ela possa ter tido com alguém…
Lágrimas surgiram meus olhos novamente, mas de alegria.

– Ela não quer perder você, mas Tarsis e os outros frustraram o plano dela. E isso a está amargurando muito. Mas ela falou que você tinha um destino ao lado dela, não? – perguntou Léia.

– Sim, foi o que ela disse…

– Deixe-me tirar uma dúvida, minha jovem, venha cá.

Léia estendeu os braços para mim. Confiante, eu me aproximei.

Ela, então, afastou meus cabelos, revelando minhas orelhas.

Veja, Han. Olhe essas orelhas pontiagudas. O que isso lhe diz?

Han Solo coçou o queixo e então falou, dando de ombros:

– Bem, não tenho nenhum parente que tenha orelhas assim!

– Ah, homens! – falou Léia, revirando os olhos.

– Minha mãe é uma sephi1.

Quando escutou o que eu disse, a princesa sorriu.

– É por isso que eu tomo as decisões finais! Exatamente, minha querida!

Olhei curiosa pra eles, imaginando o que vinha a seguir.

– Sua mãe lhe deixou, provavelmente, a melhor herança que poderia ter deixado: a longevidade de um Sephi!! E com isso, a paciência e teimosia deles também!

Léia, continuou, arrumando meus cabelos. Não estava acostumada com todo aquele carinho. Me sentia tão feliz…

– O que significa que ela não vai desistir tão facilmente. O que nos leva ao outra questão: Será que quando a hora chegar, você estará preparada para olhar nos olhos dela e ver a Seléne que você um dia conheceu? Ou será que irá ver apenas a Lady Venom?

Léia me encarou seriamente depois de perguntar isso.

Abaixei a cabeça um instante, pensativa.

– Não sei ainda…Espero que sim…Eu… Eu quero poder vê-la assim…Como sempre a vi através dos olhos e palavras do meu pai…

Léia abriu um grande sorriso ao escutar as palavras da jovem.

Cerrei os punhos, resoluta.

– Farei de tudo pra trazê-la de volta!

– Fico feliz em saber, minha querida, que você não guarda rancor. o que nos leva a você, Tarsis Xander! – Léia lançou-lhe um olhar penetrante.

– Eu? O que seria? – perguntou Tarsis, como se já soubesse a resposta.

Léia aproximou-se do Jedi.

– Luke me contou o ocorrido na Estação Crseih e espero que você também não guarde rancor, meu amigo, não importando os dissabores do passado.

“Rancor”. Aquela palavra o atingiu como um soco no estômago. Tarsis não era uma pessoa de guardar rancor, mas de Venom, ele guardava e muito…

– Não me peça para não guardar rancor de alguém que fez mal a uma menina que só queria ter o amor da mãe, não dor e sofrimento!

Tarsis não era capaz de olhar Léia nos olhos ao falar isso.

Han aproximou-se de Tarsis e deu dois tapinhas no seu ombro, dizendo:

– Ah, claro… Então quer dizer que Luke deveria guardar rancor de seu próprio pai, que caçou e matou tantos Jedis, inclusive o bode velho do Obi Wan, que foi mais pai para o Luke que o próprio Vader?

Tarsis apertou as mãos, em sinal de constrangimento, mas as palavras de Han Solo foram mais verdadeiras que um blaster apontando para a cabeça.

Deliah se aproximou de Han com o dedo em riste e cara de poucos amigos.

– Ah, também não precisa falar assim com o Tarsinho, Han! Não vê que foi difícil para ele também? Você não tem uma gota de sensibilidade!

Deliah encarou Han, curvando-se levemente para frente e com uma das mãos nos quadris, ainda com o dedo em riste.

– E também você não esteve lá vendo o que aquela bruxa da Venom estava fazendo com a Yinguizinha! Não viu o estado que a pobrezinha estava!

Abaixei os olhos por um momento, incomodada.

Han foi recuando, a cada passo que Deliah dava em sua direção, aturdido com a reação da Zeltron.

– Ei, calminha aí, moça! Falar a verdade não é crime!

Han olhava para Léia, esperando que ela tomasse alguma atitude em relação a Deliah.
– Não olhe para mim, Han! Você que provocou a fera!

Falei, timidamente.

– Deliah, por favor, fique calma…

Deliah se empertigou, indo abraçar Tarsis, na tentativa de consolá-lo.

Suspirei, aliviada, e também o abracei, carinhosamente.

Tarsis levantou a cabeça, no olhar brilhando a chama da vingança.

– Muito bem. Se não devo guardar rancor, então não guardarei. Mas fiz uma promessa, e eu costumo cumprir o que prometo. Se Venom não se redimir e não voltar a ser a mãe que a Ying merece e precisa, eu não serei piedoso.

– Mestre…

– Sim, Espoleta? – respondeu Tarsis.

– Por favor…Não quero que se entregue a sentimentos tão negativos por minha causa..Isso…me deixa muito aflita… Eu…Eu vou ficar forte…Vou conseguir ter discernimento um dia para trazê-la de volta! Eu preciso resolver isso, entende?

Deliah pegou Tarsis pelos ombros e o fez olhá-la nos olhos, dizendo:

E se for o caso, Tarsinho, A Yinguizinha não vai ficar desprovida do carinho de mãe! Eu não sou mãe, mas eu me esforçaria para a ser a mãe que ela sempre precisou! Isso eu prometo!
– E vou precisar de sua ajuda…Meu pai… – o abracei forte e falei, emocionada, corando por lembrar que não estávamos sós.

– E de você também, Deliah… – Olhei, emocionada, pra Deliah. – De todos…

– Todos nós, Ying, seremos sua família! – falou Han. – Principalmente eu, que sou um Solo!
Sorri, radiante.

– Obrigada!!!

Nesse momento, escuto uns grunhidos juntamente com uma série de assobios e bips. R2D4, meu querido dróide babá e meu amigo Wiki chegam correndo à minha procura, e protestando que também podia contar com eles.

Han ficou surpreso.

– Ora, mas então você também tem um amigo Wookiee, Ying?

– E um dróide bem parecido com o R2! – fala Léia, sorrindo. – Aliás onde eles estão, Han?
– Devem estar junto com 3PO. Eles pararam na sala de treinos do younglings, e depois iam falar com Luke mas já devem estar vindo pra cá.

Feliz, eu os apresentei a eles.

– R2D4, Wiki, estes são o general Han Solo, primo de meu pai e a princesa Léia, sua esposa. Han, Léia…Estes são meus amigos R2D4, o dróide que meu pai montou pra cuidar de mim quando era pequena… – acrescentei, baixinho. – E nunca mais largou do meu pé… – E este é meu grande amigo Wikibahckra, ele me ajudou muito na estação Crseih…

Wiki grunhiu um protesto e me puxou pra um abraço.

– O que? Ela salvou sua vida? – disse Han, erguendo as sobrancelhas. – É, parece que isso é de família mesmo… – Ele riu satisfeito com a coincidência. – Chewie vai adorar te conhecer, amigo!
Léia se adiantou, afagou meus cabelos e falou:

Bem, acho que é isso. Vamos todos pôr nossas cabeças no lugar e abrandar nossos espíritos, pois, como já dizia Yoda, “Medo leva à raiva, raiva leva ao ódio, ódio leva ao sofrimento, e o sofrimento leva ao Lado Sombrio”…

– Eu agradeço muito por terem vindo aqui. – falei, emocionada.

Léia abriu os braços para mim.

– Venha cá, meu amor! Dê-me um abraço!

Confiante, fui até ela e a abracei bem forte.

Obrigada…muito obrigada…

Assim é melhor! E você, Tarsis, sei do valor que você tem, e agora você sabe da responsabilidade que você tem. Você tem alguém que lhe considera como um pai. Então dê-lhe o exemplo que um verdadeiro pai daria a sua filha. Ás vezes, o verdadeiro valor de um guerreiro não é demonstrado no campo de batalha, mas fora dele…

Tarsis curvou a cabeça, sabendo que Léia tinha total razão em suas palavras. Nem mesmo seu pior inimigo o deixou sem ação como Léia fez naquele momento.

– Mestre, perdoe-me por minha indisciplina. Prometo que não me colocarei mais em perigo como fiz…

Tarsis acariciou meus cabelos, e, pela primeira vez em muito tempo, esboçou um sorriso franco.

Também sorri, aquele famoso sorriso maroto, e acrescentei: – Prometo…ao menos tentar me comportar…
– Está perdoada, Raiozinho de Sol! E se sair da linha, já sabe! Serão mil repetições dos exercícios de sabre!

Arregalei os olhos.

Mil?!?!! Mas, mestre!… – choraminguei em protesto.

Todos riem com a minha reação.

Corei, envergonhada mas acabei rindo também junto com todos que me cercavam de carinho. Feliz por finalmente me sentir em casa.

Uma nuvem se movia no céu de Coruscant, revelando um dia claro e ensolarado, prometendo novos tempos menos nublados no futuro…

******************

Num ponto do espaço, não muito distante da Estação Crseih, num pequeno sistema artificial, constituído de um planetóide e uma estrela. Um homem alto e esguio, de cabelos pálidos e negra túnica esvoaçante, ameaçador em sua aparente tranqüilidade olhava para Lady Venom, ajoelhada aos pés dele, num salão luxuoso.

– Você falhou outra vez, Venom…Estou decepcionado com você… Disse que me traria sua filha, mas no entanto, ela não está aqui e minha estação de pesquisas foi destruída… Me dê um bom motivo para não puni-la…

Lady Venom experimentou a mesma sensação de terrível sufocamento que fizera sua filha experimentar dias antes. Um filete de sangue chegou a escorrer de sua boca.

– Me-Mestre..Perdoe-me…Não falharei novamente…Juro! Ela é minha filha! A voz do sangue é forte nela… Sei que acabará vindo ao meu encontro… Mais uma chance, eu suplico!

Após minutos angustiantes, a sensação de estrangulamento diminuiu um pouco.
– Sim, meu senhor… – ela suspirou, aliviada, discretamente. – Ela acredita que pode me “regenerar”… Pobrezinha… – Venom sorriu, maligna. – É apenas questão de tempo. Ela estará em minhas mãos novamente, ainda que leve tempo…É inevitável. Ela será inteiramente nossa… Para a glória do Império Renascido!!

O ex-Procurador da Justiça sorriu.

– Sim… Pelo Império Renascido… Que seja…Esta será sua última chance…Seléne… – ele estendeu a mão fina e bem feita pra ela. – Agora venha comigo… Quero “conversar” mais com você em meus aposentos… Quero que me mostre suas outras habilidades, para que eu decida se ainda me tem serventia…

Ela ficou olhando um instante pra ele, no fundo de sua mente vinha à tona uma lembrança quase esquecida…Um outro homem…Alto, com lindos cabelos escuros revoltos, gentil, sempre sorridente … Alguém que lhe ajudou e amou quando estava fraca e indefesa…Alguém que fez parte de uma época diferente e feliz de sua vida…E um lindo bebê com grandes e doces olhos violetas, que a olhava com adoração… Sua vida? Aquilo teria acontecido mesmo com ela?
Por fim, ela aceitou a mão que lhe era oferecida e eles se afastaram para o interior do faustoso edifício.
Após trancar a porta de seus aposentos, Hethrir se aproximou por trás de Venom, as longas presas (Hethrir é um firrerreano e eles têm essa característica) perigosamente próximas da espinha dela enquanto a despia devagar.
– Estava pensando nele, não estava?Aquele estúpido humano…Aquele corelliano a quem deu em pouco tempo o que há anos se nega a dar a mim… Depois de tudo que lhe dei, de tudo que lhe ensinei… – o tom suave e hipnótico da voz dele era algo de verdadeiramente assustador. – Você fugiu de mim naquela época, mas eu a encontrei…Sabia que eu o matei? Sim, o matei pessoalmente… Fiz questão disso…Não foi uma infeliz fatalidade… – ele a derrubou de costas na cama king size, segurando-lhe os braços acima da cabeça com força, cravando as unhas neles. – Você é minha, Seléne. Você me deve, sabe disso…Aquela sua preciosa bastarda..,Você a trará para mim… O poder dela será meu…Quer ela queira … Ou não…
Venom permaneceu impassível, embora algo fervesse por dentro dela, bem no fundo do seu ser…
– Sim…meu senhor…

—————– FIM ————————

1 Sephi: uma espécie de humanoides nativos do planeta Thustra . Apesar de terem sido membros da República Galáctica e amigos da Ordem Jedi durante séculos. (N.A; fonte wikipedia)

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