A fuga

 

 

 

Dona do Céu entrou no galinheiro e viu Ester agachada junto com Alfredo.

— Menina, enlouqueceu? — a puxou pelo braço. — O que faz aí? Se teu pai te pega aqui dentro com esse caba é capaz de…

— De me matar? Que a senhora fique sabendo que pouco me importo o que o pai possa fazer comigo. Eu vou ajudar esse homem…

— Tu não te mete, menina. Vá lá pra dentro que eu cuido desse fio de Deus.

Ester olhou para Alfredo e saiu.

— E tu nem um pio, entendeu? — agachou e ofereceu uma fruta.

— Ela não sabe, não é, o que seu marido e teu filho são?

— Não, ela não sabe. E se o doutor quer viver um pouco mais fique de bico fechado.

— A senhora é cumplice deles, tem consciência disso?

— Não entendo o que tu tá dizendo.

— Compreende…a senhora fingi que nada está acontecendo de tão grave…seu filho e o seu marido são homens perigosos que estão me prendendo neste galinheiro…pra depois…me matar a mando de alguém que quer me ver morto. O que estão fazendo comigo é cárcere privado.

— Acha que eu gosto disso? Nada posso fazer.

— A senhora pode. Conte a verdade a sua filha.

— O doutor não é ninguém pra me dizer o que tenho que fazer.

De repente Dario entrou no galinheiro.

— Mainha, eu já disse que não se meta nos meus assuntos. — se aproximou de Alfredo. — Quem tirou o pano da boca dele?

— Foi eu pra dar de comer ao doutor.

Vamo, caba, chegou tua hora porque já me deu trabaio demais.

Dario amordaçou Alfredo e o levou consigo para fora de casa e na varanda Ester os observava de longe. Os dois saíram por um atalho e chegaram no topo de uma pedreira.

— Se agacha, infeliz! — empurrou o jornalista que caiu no chão.

Alfredo tentava falar.

— Eu não tô é ouvindo nada. — tirou o pano da boca dele.

— Tem certeza que vai me matar? Sabe que se me matar vai perder a oportunidade de aprender a ler e a escrever.

— Pouco me importa. — apontou a arma para Alfredo. — Pode pedir perdão aos seus pecados…

— Espera!

— O que foi?

— Um último desejo…isso! Eu tenho o direito de ter o meu último desejo realizado.

Oxente, caba, não tem essas frescura comigo não e aceita que a tua vez chegou.

— Eu queria ver a Onélia pela última vez, mas a visão da sua irmã ontem sem toalha já me contenta pra sair dessa pra uma melhor.

— Tu tá tirando onda com a minha caba? Eu vou matar é você é agora, seu condenado! — colocou a arma no rosto de Alfredo.

— Não! Não estou porque eu sei que você não quer me matar e na verdade nunca quis, Dario.

— Eu mudei de ideia e não quero mais aprender a ler e nem a escrever. Você não me é mais útil, então vou te matar como o combinado.

— Mentira, isso tudo que você falou é mentira. Eu ouvi a tua discussão com teu pai e vi pela brecha da madeira do galinheiro o que ele fez com você o ferrou como se ferra o gado.

 — Não vai dar tempo de tu me ensinar antes que quem mandou te matar voltar.

 — Confessa que foi o Sargento que te contratou.

 — Posso aprender a ler e a escrever de outro jeito e com outra pessoa.

 — Sim, você pode, mas será que a Rita ainda vai continuar a esperar, ou melhor dizendo, ela ainda vai te querer quando souber que você matou alguém em troca de dinheiro?

— A Rita destruiu a minha vida e me tornei um caba covarde. Talvez eu tenha que matar o que sinto por ela pra voltar a ser quem eu era.

— Você não nasceu assim, Dario, foi essa vida difícil e os teus pais que o empurrou para o crime.

— Eu entendo painho e mainha apesar de não achar certo algumas coisas que fazem. Não é fácil botar menino no mundo e não saber o que dá. Painho caiu na pistolagem porque não aguentou perder o meu irmão Francisco.

— Do que morreu o teu irmão?

— De fome, o Francisco morreu de fome. Depois mainha deu Ester pra uma gente de São Paulo e depois de tanto tempo resolveu dar as caras por aqui.

— Vocês não tem culpa dessa sociedade corrupta, preconceituosa e maldita.

— Pode parar por aí, caba, não quero pena de Seu ninguém. Sou bandido, besta ferroz, coisa ruim e não presto. Se estou nesta vida foi porque eu quis.

— Você não teve escolha, Dario.

— Tive! Tive, sim!

— Eu posso te ajudar…já sei o que fazer: vou escrever um livro contando a sua vida, podemos ganhar muito dinheiro com ele. Você vai ficar famoso e todos conhecerão a estória de um homem que para alguns é bandido e para outros um justiceiro, o que acha? Foi o mesmo que fizeram com Lampião e é por isso que ele é tão conhecido.

— Aí eu vou mostrar a cara para os poliça me prender, oh! santa burrice.

— A sua prisão pode ser uma estratégia perfeita de marketing e você pode se titular o defensor dos pobres sertanejos que morrem de sede e de desnutrição…

— Macho, quem vai comprar essa de que um matador de alugué defende o povo?

— Podemos dizer que essas pessoas que você matou eram inimigos dos sertanejos que os oprimiam e cometiam atrocidades terríveis com eles.

— Viver de mentira? Esse caba não sou eu, é tudo é invenção da teus miolos mole.

— Dario, é essa a oportunidade de ouro para você conseguir se livrar dos crimes que você cometeu e dar a volta por cima. Você se tornaria um preso político, o líder que saiu da pobreza do sertão para o governar o país na defesa dos pobres e excluídos. Dario, você tem uma carreira política em ascensão, é só querer que eu faço o resto.

— Que resto?

— Articulação, manipulação da massa, sensacionalismo, tudo pra fazer o jogo ao seu favor. Dario, você é o personagem ideal para defender a extrema esquerda deste país e será o pai dos pobres, não, não, ainda é muito novo, então, será o filho, o neto, o irmão, o quem sabe o amigo dos pobres? E viva o vermelho! Viva o comunismo!

— Tu tá é doido mesmo, hein? Acho que o galinheiro tá deixando tu virado dos pensamentos, Alfredo.

— Não perca essa oportunidade de mudar de vida, é essa a sua chance de entrar pra história e ser o novo ídolo do Brasil.

— Chega de conversa fiada, eu não quero que escreva nada sobre mim e nem devo me preocupa porque eu vou te matar. — apontou a arma.

Ester corria pela estrada na direção a eles.

— Dario! Dario!

— E a Ester. Que diacho ela tá fazendo? Não fala nada, caba, senão já sabe.

— Sei, você me mata.

Ester subia entre as pedras e Dario guardava a arma no cós das calças.

— O que quer, Ester?

— Dario…por favor…— com voz cansada. — o que vai fazer com ele?

— Eu vou deixar esse caba aqui e quem sabe ele arruma o rumo dele.

— Não! — abraçou o jornalista. — Não faça isso. É maldade abandonar uma pessoa doente e perdida nesse fim de mundo. Ele vai morrer de sede, de fome ou algum animal pode o atacar.

— Tô achando estranho por demais esse seu chamego todo com esse doido.

— Só tenho misericórdia e amor ao próximo algo que nem você e nem painho tem.

— Tá bom, chega de conversa, vamo voltar pra casa e deixar esse doido aí.

— Já te disse que não!

— Tu acha que painho vai querer ele lá pra sempre é? Vamo pegar pra criar como se faz com cachorro?

Alguns minutos depois apareceram Dario, Ester e Alfredo, que permanecia em silêncio e mantendo o disfarce de desorientado, na varanda da casa enquanto Seu Romão e dona Do Céu os veem.

— O que esse estrupício tá fazendo aqui?

— Eu vou cuidar dele hoje, ele está muito fraco e sujo. Amanhã vou o levar para a cidade.

— Menina, tu não te mete!

— Romão, a nossa fia tem razão. Vamo cuidar do moço e amanhã damos um destino a ele.

— Isso é culpa sua, sujeito! — apontou para o filho e entrou na casa furioso.

— Não liga pro teu pai, fia.

— O pai me ameaçou com uma arma ontem e tenho que ficar bem atenta. Não pense que me esqueci, mãe.

— O Romão às vezes fica esquentado da cabeça e faz bobagens.

— Vem comigo, mudinho.

Oxente, vai levar ele pra onde, Ester? — a perguntou Dario.

— Vou dar um banho nele.

— Você não vai levar ele pra lugar nenhum. Eu vou botar ele de novo no galinheiro.

— De jeito nenhum. Eu vou cuidar do mudinho e você não se meta, Dario.

Fia, não é certo. Tu é moça e vai dar banho no homi que nem teu sangue é? Alguém pode maldar e você ficar mal falada por aí.

— Mãe, estamos isolados e ninguém irá saber e pouco me importo com a opinião alheia.

— Então, deixe que eu te ajudo, fia.

Ester e dona Do Céu levaram Alfredo para o banheiro, Dario entrou na sala e viu seu pai sentado na cadeira e ouvindo rádio.

— Já imagino o motivo de não ter acabado com raça daquele infeliz. Tua irmã se meteu, não foi?

— Sim. — parou em frente à janela e tragou um cigarro.

— Tu me decepciona muito, fio. Um dia pensei que poderia ser a minha continuação…estava enganado. — tragou o cigarro.

— Painho, as coisas mudam. O senhor nunca me perguntou o que eu queria da minha vida.

— E tu nunca pensou se era mesmo o que queria? Vai me culpar por tudo é, menino? — deu uma risada. — Já não tem mais idade pra rebeldias, é um homi feito e barbado pra ficar culpando pai e mãe por tuas burradas na vida.

— Não te culpo, pai. — sentou no sofá. — nem o senhor e nem mainha. As suas escolhas são probremas de vocês, as minhas escolhas eu assumo.

— Dario, nenhum pai quer em ter um fio bandido, mas o pobre quando nasce um fio em primeiro lugar: ele agradece porque uma criança é o presente de Deus, e em segundo lugar: vem o desespero de não ter condições de criar. A pior dor de um pai é ver o fio ficando fraquinho, fraquinho até morrer de sede e fome. — seus olhos enchem de lágrimas.

— Há de se ter um outro jeito de vevé. Vamo deixar tudo isso, pai e buscar vevé como gente de bem?

— Você pensa que gosto disso? Eu me acostumei e desde a primeira bala que saiu da minha arma estou marcado como você também está. Vai enfrentar os poliça e a justiça?

— Enfrento porque não sou covarde. Nem que preciso for me ajoelhar na frente dos santos de mainha pedindo perdão do que fiz, eu farei. Me arrependo, painho, me arrependo desta vida de bandido que levei a vida toda.

— Pois fique sabendo, Seu Dario, amanhã eu não quero ver esse caba aqui em casa, o leve com você e faça o que quiser. Se não anda nas minhas regras não come do meu pirão. Pode ir procurar o teu destino.

— Tá me botando pra fora de casa?

— Tô! Faça as tuas trouxas, pegue teus molambos, o seu cavalo e vai simbora daqui. Já não tenho mais fio homi e o único que tive foi Francisco.

— Vai fazer o que fez com Manuela?

— Eu proíbo falar o nome dessa perdida na minha casa!

— O senhor traiu o Cristiano em troca de dinheiro e matou o namorado da sua fia.

— Cala a boca, Dario! Me respeite ou vou marcar teu rosto com o ferro! — levantou.

— Não vai coisa nenhuma! — o empurrou fazendo Seu Romão sentar na cadeira de novo. — Manuela caiu na vida por sua culpa. Amanhã eu vou embora daqui e nunca mais o senhor vai me ver.

Fio ingrato!

Dario saiu de casa, subiu no cavalo em disparada e sem rumo estava confuso com todos esses acontecimentos principalmente por ter sido expulso de casa e assumido o arrependimento por seus crimes.

De tarde embaixo da catingueira, Ester alimentava Alfredo que permanecia em silêncio.

— Mudinho, o que será que aconteceu com você? Por que fugiu? Imagino que não deve ser fácil viver no lugar como esse. Por vários momentos da minha vida pensei o que poderia ter acontecido comigo se não tivesse sido dada.

Ela olhou para a gaiola pendurada na parede ao lado da porta da cozinha.

— A verdade é que minha vida não foi esse mar de rosas como pensam. Vivi presa igual aquele passarinho na gaiola.  Os padrinhos não me criaram como filha…em troca da comida, do estudo e das coisas que me davam eu tinha que trabalhar em casa. Passei por muita humilhação, não podia sair de casa além de ir à escola, me sentir uma prisioneira ou pior: uma escrava.

Um sabiá posou no galho da árvore.

— Às vezes um passarinho livre é mais feliz do que um ser humano. — uma lágrima caiu do seu olhar e Alfredo tocou em seu rosto a secando. — Você entende o que digo, não é, mudinho?

Alfredo virou o rosto e permaneceu sem nada a dizer.

No cemitério, Dario olhava para a cova de seu irmão Francisco, com uma cruz grande de madeira, e ele tirou o chapéu.

— Só vim dizer que painho me botou pra fora de casa. Não quero mais essa vida de bandidagem não. — um vento sopra seus longos cabelos. — Venho me despedir porque não vou mais voltar, vou pegar a Rita e ir simbora dessa cidade. — sentou na areia— Sei que tudo que fiz não tem como ser esquecido…não é que eu queira me meter o arrependido. Eu penso que só nascendo de novo pra esquecer o que fiz. Oxente, nascer de novo não dá, eu tenho que me contentar e aceitar quem fui e pensar no meu futuro. — levantou. — adeus Francisco, cuide de painho e de mainha. — saiu.

Entardeceu, Tereza com suas quatro crianças, três meninos e uma menina, que corriam pela varanda, são recebidos por e Dona do Céu e Ester.

— Assim que o menino de recado me disse que Ester estava em casa, eu peguei os menino e vim correndo pra cá. Como tu tá grande, irmã. — a abraço. — Não acredito que é você, Ester.

— Pode acreditar que Deus ouviu as minhas orações. Foram anos de joelhos no chão e por fim conseguir à graça.

— Tu nem se lembra de mim, né? Sou Tereza a tua irmã mais velha, nasci depois de Francisco.

— Não tenho lembranças, porém, nunca é tarde para se ter uma.

— Uma só não, mana, serão várias.

As três deram risadas.

— Vamo entrar, tomar um café e colocar as conversa em dia. — disse a matriarca.

— Oh! mainha, olha pro Klebinho jogando areia em mim! — gritou a menina choramingando.

Klebinho era um garoto de dez anos que se pendurava numa corda amarrada na árvore e chutava areia na irmã, e os outros irmãos corriam ao redor.

— Quieto menino! Saia daí! — gritou Tereza.

O menino se soltou da corda e saiu correndo para o quintal.

Na sala, dona Do Céu, Ester e Tereza acabavam de entrar.

— Onde tá painho?

— Saiu, fia Tereza. Teu pai anda meio mexido das ideias.

— Esperam só um minuto. Vou dá uma olhada se fechei a janela porque essa hora entram tanto mosquito. — falou Ester saindo.

Ao entrar no quarto, Ester viu Alfredo sentado no chão acuado na parede.

— Chegou visita e vim saber como você está, mudinho? Não faça barulho pra ninguém vim aqui e te encontrar. — saiu e fechou o quarto com chave.

— Eu tenho que sair daqui e o único jeito é pela janela. — levantou e viu pela brecha da janela as crianças correndo. — Tá cheio de menino ali não vai dar pra fugir.

Ester havia deixado o celular em cima da cama e Alfredo pegou o celular e ligou.

— O que mais que Ester esconde? — uma mensagem surgiu na tela e ele leu em voz alta. — Marlon? Quem é esse Marlon? Oi, amor como está sendo visitar os empregados dos seus pais? — o sinal da internet ficou off-line.Oxe! não consigo ver mais nada, o sinal aqui é péssimo. O que poderia se esperar de um fim de mundo desses? — deligou o celular e colocou no mesmo lugar que estava. — Agora é esperar a minha sorte e ela está nas mãos daquele pistoleiro.

De repente Milton invadiu a casa com um cinto na mão e demonstrava estar alcoolizado.

— Tereza! Onde você está?

As três mulheres se assustam com a chegada de Milton.

— Milton, por favor, volte pra casa. A gente conversa depois.

— Não! — deu uma cintada na mesa. — Tu vai voltar é comigo e é arrastada.

— O que é isso? Quem é esse homem?

— É o Milton, o marido da tua irmã Tereza.

— Quem você pensa que é pra falar desse jeito com a minha irmã?

— Sou marido dela! E você quem é?

— Ester! Eu sou Ester, a irmã da Tereza. Você não vai levar ela pra canto nenhum.

— Saia da minha frente! — empurrou Ester que caiu ao lado da mesa.

Fia Ester não se meta!

— A senhora não a defende, mãe?

Milton acurralou Tereza na parede e levantou o cinto.

— Para com isso, Milton, tu tá quente de cachaça, me bate e depois se arrepende.

— Assuma que você me trai com o irmão Claudionor! Assuma sua Salomé!

— Não! Isso é mentira! Você está criando, Milton!

— Mentirosa!

— Solte, ela! Solte a minha irmã!

— Não se mete, fia Ester! — impedia a filha de ajudar a irmã.

As crianças desesperadas entravam na casa e tentavam impedir que o pai batesse na mãe.

— Não, painho! Não bate na mainha! Não! — choravam.

— Saiam daqui seus filhos de chocadeira! Com certeza não são meus!

— Milton, não fala isso pro menino porque quando a cachaça passar não me venha pedi perdão.

— Tu vai aprender a me respeitar, Tereza. — levantou o chicote para bater nela.

— Não! — gritou Ester.

No quarto, Alfredo ouvia a confusão e parou ao lado da porta.

— Deve tá acontecendo algo muito sério lá fora.

Quando Milton descia o cinto para bater em Tereza apareceu Dario.

— Eu vou te matar, seu infeliz! — deu um soco em Milton que caiu no chão.

Os dois começaram a se socar e as três mulheres e as crianças gritavam em desespero.

— Para, fio! Para, Dario! Você vai matar ele! — gritou a mãe.

Ester, Tereza e as crianças choravam abraçadas.

— Não mate o painho, tio Dario! Não mata! — gritavam as crianças.

Dario pegou Milton, o jogou na mesa e apontou a arma no rosto dele.

— Eu te disse, caba, que se tu se metesse com a minha irmã de novo iria te matar.

— Dario, fio, não faça essa besteira na frente dos teus sobrinhos.

— Solte o Milton, Dario, eu te peço.

— Tu gosta de apanhar, Tereza, só pode!

— É o pai dos meus meninos.

— Péssima escolha, irmã.

— Vai Dario, me mata. — começou a chorar. — é desse jeito que vou ficar livre da cachaça. Estou cansado…de lutar…eu vou passar a vida toda lutando…não adianta…a bebida me venceu…que Deus tenha misericórdia de mim…

Seu Romão adentrou na sala e pegou na mão do filho que segurava a arma.

— Dario, para com isso. Já te disse que briga de marido e mulé não se mete a colé. Olha para os teus sobrinhos, os menino estão tudo tremendo de medo.

Dario olhou para os sobrinhos abraçados a irmã.

— Milton, eu te falei tanto que ficasse longe da cachaça…— o beijou. — eu te amo, meu marido, meu homi.

— Dario, me mata logo porque estou cansado de fazer Tereza e os menino sofrer.

— Tereza, é com você e a sorte. — disse Dario.

Se escutou um tiro e a escuridão se fez total na sala da casa.

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