Anoiteceu e Pedro voltou ao seu quarto.

Cansado daquilo, por um momento, passou em sua cabeça à vontade de contar à verdade e ir embora do país às escondidas.

Mas, e se o governador soubesse e o mandasse prendê-lo e deportá-lo?

Pensou nisto e ficou receoso em contar a verdade.

Cansado de mentiras, cansado daquela loucura que vivia intensamente e com aquele medo de descobrirem sua real identidade.

Entrou finalmente em seu quarto, trancou à porta de correr, jogou suas coisas sobre o seu futon e foi direto ao banheiro.

Tirou suas roupas e entrou debaixo do chuveiro, para relaxar e esquecer um pouco que está num país diferente do seu e que o governo pode te deportar ou te prender, sob à pena de morte. 

****

Rio de Janeiro, Brasil.

― O Pedro, meu neto, está aí? ― perguntava o velho avô de Pedro, em frente à sua mansão, dentro de sua BMW.

― Não senhor. Faz três dias que ele não o vejo. ― respondeu o segurança, pondo-se o meio de seu corpo para fora.

― Obrigado. ― agradeceu o homem e mandou seu motorista seguir em frente.

O homem não teve tempo de retribuir, pois o carro havia acelerado e ele não conseguiu falar a tempo.

― Onde será que aquele desgraçado está? E Danilo, aquele boiola? Onde será que esses dois se meteram? Às empresas vão falirem se eles não voltarem. ― falou para si.

Seu celular tocou.

― Alô.

Era sua esposa.

― Fala! Estou dentro do carro, indo para Advogados & CIA!

Ouviu um pedido.

― O quê? Tu quer me ferrar, Diana? Toda essa enrolação para me pedir joias novas? Ah, vai caçar o que fazer! Lavar uma louça, limpar à casa….

― Ah,  com tua amante, você compra até Iate, agora, joias para mim? Nada! Quero que se ferre! Vai comprar elas e vai depositar à mesada de seu filho sim! ― à mulher gritou e quase que surda o velho empresário.

― Está bem! Vou fazer isto! Só tenho que receber uma propina de um deputado lá de Brasília e já te passo o dinheiro em espécie. ― terminou de avisar e desligou seu celular. Pegou outro e mandou uma mensagem para sua amante.

Oi amor.

Avisando que ainda hoje, arrumo minhas malas, pego todo o dinheiro que tenho guardado e vamos embora do país e ir morar em Dubai. “

À amante responde logo em seguida.

E à bocó da sua esposa? “

“Ela que se vire. Estou cagando e andando para ela e para aquele moleque que ela diz ser meu filho. “

“Hum. “

“Já já estou chegando aí. Arrume suas malas e pegue seu passaporte. Papai vai te dar uma vida melhor a partir de hoje!

Está bem, meu amor. Te amo. “

*****

― Velho idiota. Quando ele menos esperar, o veneno vai escorrer pelo o seu sangue e vou ficar com todo o seu dinheiro. ― dizia para si mesma, à amante do avô de Pedro.

Olhou mais uma vez o veneno em um pequeno frasco de ponta arredondada e com um líquido transparente dentro de sua bolsa, pegou-o e o levantou até à altura de seus olhos.

Encarou-o e mais uma vez falou.

― Velho babaca. Não sabe o que te espera daqui há alguns dias.

Deixou o veneno no meio de suas roupas dentro da mala e já pegando roupas e um pouco do dinheiro que sobrara do outro amante que tivera. Que era um senador e ela o envenenou, depois pegou o dinheiro em espécie que ele havia recebido de uma empreiteira e desapareceu no mundo, retornando ao Brasil, somente quando o avô de Pedro pedira muito à ela, para ir com ele, ser sua amante e ela ter uma vida luxuosa, como antes tinha.

Um velho, já de idade avançada, ainda era ativo politicamente e ocupava cargo de Ministro da “Justiça” de um novo governo que havia se instalado no Brasil. Desde o começo de sua carreira na política, ele vem roubando e se corrompendo com doações gordas de empresas de faixada e os repasses que seu partido fazia para ele.

O partido era novo. Um tal de PBLD (Partido Brasileiro da Liberdade Democrática), ou na linguagem dele mesmo, Partido Brasileiro dos Ladrões Descontrolados.

À empresa que ia fazer o contrato de Marketing e o governo Japonês que ia pedir mais uma vez à aliança econômica do Brasil, para importar mais ferro e outros metais que o país não tinha, foi quebrado por culpa dele, sem saber que seu neto já estava nas mãos dos políticos e dos grandes empresários japoneses.

Uma coisa maluca, sem noção e sem escrúpulos, foi quase consumada. “Graças” ao velho Ministro, tudo foi desfeito e ele pegou à maior parte de tudo.

Só que mais tarde, isso lhe custará muito caro.

Às máscaras vão cair e não demorar de isso acontecer.

*********

Paris, França.

Danilo curtia sua vida libertada, enquanto às empresas e estatais de seu avô e de seus pais, iam à falência.

Era bebedeira e festas todos os dias.

Homens e mulheres, era o que não podia faltar em seu cardápio.

Passou-se uma semana, desde que saiu, às escondidas do país e foi viver, a sua tão sonhada “liberdade”, “busca de si mesmo”.

Os dias foram se passando e à vontade de reencontrar seu amigo, Pedro, foi aumentando.

Então, sua consciência começou a pesar e ele quis acabar com tudo aquilo e voltar ao Brasil. Mas, logo se lembrara de que teria que esperar por mais dois meses e meio para retornar ao país e acabar, de uma vez por todas, à vida patética que tinha na administração e gestão de empresas.

Como tinha seus próprios meios financeiros e de lucro, podia ter toda sua vida regado a luxo e tudo que se tem direito.

Já à família de Pedro, estava por um fio, os escândalos de corrupção, traição e vidas íntimas ao público quase vinham a tona. 

Às intermináveis doze horas se passaram, o velho avô de Pedro pediu demissão de seu ministério, enviou uma carta ao presidente, foi às escondidas para ao apartamento de sua amante e, de lá, fugiram para fora do país, em direção à Dubai.

Enfim, à amante do ex-ministro, vai poder executar seu plano de tomar o dinheiro dele, junto com seus funcionários que estavam mancomunados com ela.

Danilo voltou ao hotel, de onde havia se hospedado, depois de passar horas e horas comprando tudo o que podia nas lojas francesas e comendo os lanches em uma barraquinha numa esquina, em frente à Torre Eiffel.

Voltou ao hotel de a pé, subiu pelo o elevador, até o último andar, andou poucos metros e logo entrou em seu quarto. Já tirando suas roupas, ele as joga para um canto, ficando somente de cueca e vai até o refrigerador de bebidas de metal prateado, de um metro e quarenta de altura, com pés cromados e com somente uma porta, que estava recheado de doces e bebidas.

Pegou um litro de vodca, um prato cheio de cupcakes e doces, logo depois, voltou à sala. Ligou à TV e ficou vendo filmes, até comer todos os doces, misturados com o gosto forte de vodca.

Até que viu o presidente e o governador de Tóquio revelarem, que, não farão mais alianças econômicas com o Brasil, até que o país se reestabeleça sua economia e que não fará mais contrato nenhum com a estatal.

― Mas, cadê o Pedro? Era para ele ser entrevistado pelo o jornal de lá, ou ser filmado, pelo menos…. ― até que se lembra do desafio. ―, merda! Eles cancelaram o contrato e deixaram meu amigo preso lá no país se passando por mim! Merda, merda, merda, merda! ― diziam já se levantando e pegando seu Iphone em cima da mesa de centro e caçando o contato de Pedro.

Pedro, você saiu daí?” ― enviou e esperou por alguns segundos, mas nada dele responder.

Você está aí, Pedro?” ― começou a ficar impaciente e com medo de algo ter acontecido com seu melhor amigo.

Mandou várias mensagens, mas nada de retorno do seu amigo.

Então, à bebida começou a fazer efeito e ele se sentou, sentindo tonturas.

Não demorou muito e ele logo adormeceu, de cueca e quase bêbado, mas preocupado com à cagada que fez com o seu amigo.

******

Apartamento de Satoshi

 

Ficou alguns longos minutos senado o chão, perdido em seus próprios pensamentos e sem lágrimas para continuar o seu lamento. Do outro lado, Rômulo estava parado em frente a porta, em silêncio, apenas escutando os soluços de seu caso amoroso.

O seu peito ardia em angústia e tristeza. Não queria que aquilo chegasse a esse ponto. Ele sabe que o jovem asiático o ama, ele mesmo sabe que o ama também, que o amor entre os dois homens é recíproco.

Fazerá sua parte em defender Pedro que se passa por Danilo e, lutará por Satoshi.

Um amor verdadeiro não se deve largar ao primeiro obstáculo.

Decidiu fazer o que lhe foi conferido a cumprir, depois iria fazer de tudo o possível para trazer o jovem japonês novamente aos seus braços e o levar ao Brasil novamente.

Voltou ao hotel e deixou o seu caso amoroso de lado por enquanto.

Ouve-se uma notificação no celular de Satoshi. Levanta sua cabeça e enxerga que era uma mensagem do Procurador Takeo.

Pegou-o, o desbloqueou e abriu a conversa.

“Senhor Satoshi Masuzoe, encaminhei a denúncia e os documentos do dossiê para os investigadores sob sigilo. Ninguém sabe do teor da denúncia, além dos investigadores. Após isso, iremos instaurar um processo por corrupção contra o próprio Governador e iremos leva-la ao Supremo da justiça do Japão. Ou ele renuncia ao cargo e desiste de sua vida política fazendo que a denúncia seja arquivada, ou ele é julgado com pena de morte sendo a mais provável de suas sentenças no caso Masuzoe de corrupção em Tóquio. Muito obrigado pela a estadia temporária maravilhosa em sua residência e de sua boa acolhida. Toda vez que me lembro do que nós dois fizemos, há comichões pelo o meu corpo, a área erógena mais sensível e calorosa de meu corpo fica volumada em minhas calças sociais. O gosto de seus lábios agridoces ainda permeia minha boca, fazendo que eu perca minha atenção ao devido trabalho na área jurídica e só fique pensando em ti o dia todo. Obrigado por me fazer um “homem de verdade”. Você é o sonho de consumo que qualquer fetichista adoraria realizar. Voltando ao assunto…. para mais informações sobre o caso de seu pai, irei avisando-o de acordo com o que a investigação irá prosseguindo. Mais tarde irei visita-lo. Levarei vinho e preservativos. Tenha um bom-dia.”

Enojou-se do que se tornou. Enojou-se do que estava fazendo para derrubar seu pai e obter “justiça”.

Levantou-se, limpou o que sobrou de lágrimas em seu rosto, amarrou seu quimono que mostrava o corpo totalmente nu, limpou seu apartamento e foi tratar de fazer um jantar para o procurador Takeo.

*****

Já era o fim do entardecer e início do anoitecer, quando se ouve a campainha tocar. Satoshi vai a porta, a abre e era Takeo.

― Boa noite, Satoshi. Posso entrar?

― Sim.

― Aqui o vinho. Não trouxe saquê, porque acho o gosto horrível. Hoje você será agraciado com algo que nunca teve antes. ― entrou e foi indo a sala de chá.

― O que? ― perguntou já com seu coração acelerado de medo e agonia.

― Minha bunda.

******

Embaixada do Brasil no Japão.

 

― O Pedro está se passando por Danilo numa aposta entre Masuzoe e o governo desgraçado do Brasil?! ― o embaixador perguntou em tom de voz alterada.

― Sim. Há provas que Danilo está na França fixamente e viajando por outros países.

― Como isso está acontecendo e o governo do país ainda não descobriu?!

― Eles sabem, mas não vão admitir. Têm medo de seres descobertos e renunciarem forçadamente para não morrerem.

― Meu pai. Já tens todos os documentos para advogar em prol e para a deportação imediata?

― Sim. Quando a bomba estourar, rapidamente irei pedir a deportação de Pedro quando o foco estiver em Yoichi Masuzoe.

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