Explicando tudo corretamente, Danilo (Pedro) irá cumprir um desafio, em que se ele vencer, irá importar minério de ferro para o Japão e, em troca, receberá Marketing de uma empresa terceirizada da estatal e uma aliança econômica industrial. Basta ele cumprir com o que foi lhe ordenado.

Danilo recebeu informações e algumas dicas de como efetuar alguns atos ilegais para poder ganhar à licitação. De forma bem clara, TRAPACEAR.

Ele teria que dar o velho “jeitinho brasileiro” para poder ganhar o desafio e acabar com isso.

Mas, porém, tudo o que ele vai passar, vai servir de mudança para ele mesmo. E essas mudanças já começaram, no exato momento em que ele a olhou, pela primeira vez.

Entrou em seu quarto, jogou suas coisas sobre o futon e foi à pequena varanda que havia logo ao fundo de seu quarto. Se aproximou da mureta que chegava a sua cintura e olhou o grande campo verde, com o jardim todo florido e bem cuidado.

― Senhor! O que eu vou fazer para essa mulher e como vou me safar desta, sem ninguém desconfiar de quem eu sou? ― disse, em voz baixa, para si mesmo.

Virou-se para trás e viu uma mesa de madeira toda detalhada em flores de cerejeiras e bancos de madeira acolchoados. Foi até o banco e se sentou, repousando seu braço direito sobre à mesa.

******

Shiro estava arrumando os seus materiais escolares sobre sua mesa de estudos, quando escuta uma voz doce, quase que divina o chamar.

― Shiro?

O garoto olhou para trás e logo sorriu.

― Kami! ― falou alto, já indo em direção à mulher.

― Shi!!! Fala baixo, senão os outros vão saber que estou aqui. ― aconselhou ela, enquanto se sentava sobre à cama dele e o encarando logo em seguida. ― E aí? O que anda fazendo?

― Vou estudar sobre à segunda guerra mundial aqui no nosso país, Kami. ― respondeu, já se virando e abrindo os livros e começando a ler o conteúdo. ― Kami, você já esteve lá?

― Lá aonde?

― Onde houve à explosão das bombas.

― Na verdade, Shiro. Estive em toda a Tóquio e nas cidades vizinhas.

― Então por que não salvou aquelas pessoas, Kami?

― Shiro, posso tudo. Mas, às vezes, acontece algo em nossa vida…. Podendo ser uma tragédia impactante ou algum acontecimento marcante, para mudarmos. Mudar nosso jeito, mudar nossa visão, mudar nossa própria vida, enxergar à realidade e saber que ainda existo na vida de todos nesta terra. Foi horrível o que eu tive que presenciar. Pessoas inocentes morrendo, para que o país, futuramente, entendesse o motivo pelo qual aquilo havia acontecido. Sei que às bombas e mortes são trágicas, mas elas servem para mudar à nação.

― Então por que és tão nova, já que presenciou tudo lá do céu?

Shiro via uma mulher, mais ou menos uns trinta anos de idade, de cabelos morenos, magra, olhos amendoados, cabelos lisos e que sempre andava de blazer e uma saia justa, de cor preta até os joelhos.

― Shiro, sou nova para você, porque tive que tomar esta forma para conversar com você. Tendo uma ligação direta para mim. E olhe para mim, não gosto que fiques de costas para mim. Não te quero assustar na minha verdadeira forma, que resplandece luz celestial. E sobre às bombas, não pude dar solução aquela guerra, porque foi consequência do livre arbítrio que dei aos humanos e eles mesmos sofreram às consequências. Quero dizer, os inocentes que morreram em Hiroshima e Nagasaki. Mas, esses anos que se passaram, pensei que o Japão ia mudar, mas, vi que alguns dos governadores não estão agindo conforme a lei dos homens.

― O que é que está acontecendo, Kami? ― virou sua cadeira de rodas e a encarou em espanto.

― Quando souber, já vai estar comigo.

― Kami?

― Fala querido. O que é? ― o encarou com seu rosto, quase que inexpressivo.

― Quando eu vou morrer? ― aqula pergunta a pegou de surpresa, mas ela já sabia.

― Você só vai morrer, quando cumprir tua missão aqui na terra.

― E o que é esta missão?

― Você vai mudar à vida de uma pessoa, vai mudar ela por completo, fazendo-a acreditar que o amor ainda existe e vai mudar outra, que ainda não descobriu o amor e que sua alma está presa em uma gaiola, precisando decolar e bater suas asas. Esta é sua missão, Shiro. Bem, tenho outros afazeres. Sou uma pessoa muito ocupada, mas tenho todo o tempo do mundo para te atender. ― Levantou-se e foi em direção a ele, segurou com suas mãos o rosto dele e deu um cálido beijo em sua testa. ― Que eu te abençoo e fique comigo. Está bem?

― Tá. ― A abraça por cintura e encosta sua cabeça ao corpo dela.

― Chega a ser engraçado o que eu acabei de falar. “Que eu te abençoo”. ― Enfatizou, fez cafuné nos cabelos de Shiro e se afastou dele. ― Vou ficar sempre te olhando, meu filho. Não esqueça que tem eu e outras pessoas que te amam. Tchau. ― Seu corpo foi desmanchando e se transformando em milhares de borboletas que voavam em direção à janela do quarto, pousando sobre às flores, logo depois, indo embora para qualquer canto do mundo, atender outras pessoas necessitadas.

Ele voltou aos seus estudos, mas sua mente não. Agora, ele sabia que era sua mãe à primeira pessoa a mudar.

Mas, e a segunda?

Decidiu parar de pensar nisso e continuar com seus estudos.

Não poderia perder o foco dos seus estudos, senão não passaria de ano e não ia cursar Administração, como ele e sua mãe queriam.

Sabia que tinha uma missão a se cumprir e ir embora, para sempre…

Há alguns dias ele via Deus em forma de mulher o acompanhando, tendo conversas com ele, como se fosse uma amiga de longa data. Ela, o aconselhava, aconchegava-o em seus braços, dando conforto a ele em momentos difíceis.

Ela estava preparando ele para ir morar com ela, já num futuro próximo.

Não sabia o motivo de Deus estar conversando com ele e o porquê de ele morrer tão cedo. Mas estava conformado com seu destino.

Já viveu o bastante que queria, mas tinha algo que ele queria realizar, fazer antes de morrer, que era voltar a andar.

Tinha a possibilidade de voltar a andar, só não podia fazer à cirurgia, por conta de sua mãe que não podia pagar um preço tão alto para um tratamento que surgiu a pouco tempo.

Porém, ele era feliz do jeito que nasceu. Mas esta era e é um sonho para ele e para Jin, sua mãe.

Terminou sua lição e foi logo limpando sua mesa e já empurrando às rodas da cadeira em direção à porta, para ir à cozinha, para ver o que Hiro e Saki fizeram.

********

Apartamento de Satoshi

 

— Me responda, Satoshi?!

— Eu posso explicar…. eu…. queria….

— Eu o amo, porra! Como você pode fazer isto comigo?!

— Porque eu precisava, Rômulo! Eu não tenho certeza sobre nosso relacionamento! Por isso fiz aquilo! Eu não posso me arriscar num relacionamento agora.

— Então é isso? Você não me queria e não tinha outra desculpa? Ficou aquele tempo todo comigo apenas por curtição e não por amor?!

— Sim! — aquilo doía dizer, mas era preciso. Ele não podia falar o que realmente estava acontecendo.

— Você não tem noção do que eu sinto? Você não sabe o quanto me machucou vendo-o com outro homem? Sabe disso?

— Rômulo, você não pode me prender. Eu nem o conheço muito profundamente. Não sei muito sobre você!

— Como?! Eu me abri pra você! Satoshi! — ele parou e logo arregalou os olhos. — Você é um garoto de programa?! É isso?

O jovem asiático deu-lhe um tapa, o homem afastou-se assustado com a atitude do rapaz.

— Você me respeite, Rômulo! Você não sabe da terça metade do que estou passando aqui por dentro…. eu…. estou lutando sozinho em prol de uma causa que pode causar grandes problemas aqui em Tóquio. Eu preciso de um tempo.

— Como assim, Satoshi?! Que tempo?! O que você quer? Eu lhe amo, porra!

— Eu também! Mas eu não posso…. por favor, Rômulo…. vá embora.

— É isso que realmente quer?

— Sim. Precisamos de um tempo até eu ver o que realmente sinto por você. Não posso alimentar suas esperanças.

— Se eu lhe der tempo, vai continuar se encontrando com outros homens?

— Você que fará e saberá. Foi preciso. Agora… vá para o seu hotel, descanse, porque amanhã terá que advogar em prol da deportação de Danilo e acabar de uma vez por todas com essa história.

— Você quer que eu o deporto e o deixo aqui? O esqueço? — revoltou-se e sentiu seu coração partir-se.

— Se puder…. sim. É o necessário a se fazer no momento.

— Mas…. mas…. mas… Satoshi….

— Chega Rômulo! Vamos acabar com isso. Eu preciso de um tempo para organizar a minha vida, organizar minha cabeça e esperar o mar acalmar-se. Não quero mais problemas em cima de minhas costas.

— Satoshi… — estava praticamente implorando para ele desistir daquilo e voltar ao que era antes.

— Rômulo, o que tivemos ficou no passado. Volte para o seu hotel. Me esqueça. Este amor que sente por mim é apenas carência. Guarde este tal “amor” para outro homem. Bom dia, Rômulo. — o jovem asiático deu às costas, mas, o brasileiro pega pelo o seu braço, o gira e o gruda em seu corpo beijando-o logo em seguida. Satoshi se desvencilhou, correu para o apartamento, entrou, trancou a porta, repousou suas costas na parede, escorregou suas costas até sentar ao chão. Logo depois caiu em prantos abraçado as próprias pernas.

Estava ferrado.

Enxergou que amava aquele homem e que tinha caído feito um pato nas garras de Rômulo. Sabia exatamente que não era carência vinda de seu caso amoroso, e sim um amor que transcendia verdade. Advertiu-se a si mesmo sobre aquele amor estranho, porém verdadeiro.

*****

Depois de ficar longos minutos, enfim, levanta-se, toma um banho, se arruma e vai trabalhar na procuradoria.

Ficou até o anoitecer, quando Takeo voltou junto dele ao apartamento para terminar o assunto sobre o tal dossiê-bomba Masuzoe.

Entraram no apê de Satoshi, trancou-se a porta e sentara-se na sala de chá novamente.

— Eu terminei de ver tudo antes de trazê-lo de volta ao seu apartamento.

— E aí, procurador Takeo?

— Eu não sei, Satoshi… seu pai me indicou…

— Você está com o rabo preso com ele?

— Não!  Graças a Deus, não!

— Então por que não queres uma denúncia-bomba dessas?!

— Porque isso pode abalar as estruturas do governo de Tóquio!

— Foda-se o governo. Estou pouco me lixando ao meu pai.

— Por que este ódio todo?!

— Justiça, Procurador Takeo. Justiça é o que quero. E o senhor vai o responsável por abrir esta denúncia. Não podemos deixar meu pai superfaturar os contratos para as olímpiadas daqui há quatro anos! Ele vai afundar a capital em dívidas! Devemos impedir meu pai!

— Sinto muito, Satoshi…

— Você vai aceitar esta denúncia… ou…

— Ou o quê?

— Vazarei as imagens da manhã erótica que tivemos na internet. E de quebra, faço mesmo a denúncia contra meu pai. Ou você aceita a denúncia e meu pai renuncia ao governo, ou eu terei que expor os segredos junto dos momentos mais íntimo do procurador-geral mais desgraçado que meu país do sol nascente já teve. E aí? Vai arregar e fazer o que deve ser feito, ou vai queimar tudo e esquecer de tudo que nós dois fizemos nesta manhã? — sua mente tornou-se branca, sem pensamentos e só era preenchida pela a concentração em convencer por livre e espontânea pressão.

— Quando é para eu dar entrevista acerca do caso?

— Quando for preciso. Logo após o caso estourar e meu pai estiver acuado, sem saída, sem a canetada do executivo e sem o apoio do parlamento junto do primeiro-ministro. Meu pai vai estar sozinho, afundando-se no próprio mar de lama que ele mesmo criou e está nele.

— E o que ganharei em troca?

— O cargo da chefia do ministério federal ou ministro da justiça. Você que escolhe. E eu também. Só que neste momento e nunca mais teremos algum outro relacionamento sexual. Estamos entendidos?

— Sim. Uma excelente proposta que aceitarei de bom grado.

— Trarei vinho tinto antes de nossos afazeres. Com licença.

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