CENA 1. PORTA DA PRISÃO. DIA

Estamos de volta ao presente. Salvador está sentado no meio-fio em frente à prisão. Aonde deveria ir? A quem recorrer agora? Não podia deixar barato a traição dos seus ex-companheiros.

Pegou um ônibus lotado e foi à casa do tio de um amigo seu da prisão, o Cebolão. Cebolão é o chefe do tráfico em toda a região da cidade. Um dos bandidos mais perigosos do Brasil. Perfeito para o momento atual de Salvador!

 

CENA 2. CASA DE CEBOLÃO. DIA

Chegando no cafofo do Cebolão, deu para sentir o clima de lá. Armamento pesado ostensivo nas ruas, revistas quase constantes. Chegando lá:

CEBOLÃO – Então você é o grande Salvador, conhecido do Tiago.

SALVADOR – Tiago?

CEBOLÃO – É, do Tiago. Ah, é, você chamam ele de Caldo Knorr, né.

SALVADOR – Então ele chama Tiago?

CEBOLÃO – Vamos parar com essa conversinha de comadre! O que você veio fazer aqui?

Salvador conta toda a história da traição dos parceiros para Cebolão.

CEBOLÃO – Deixa eu ver se eu entendi bem, você quer se vingar de seus amigos depois de 16 anos? Acho uma bobagem sem tamanho.

SALVADOR – É porque não foi você que ficou preso num inferno sozinho, por causa da traição deles.

CEBOLÃO – Mas você é um tapado! Como queria assaltar um banco sozinho? Eu não dou conta desses amadores, viu! Tá, eu entendo essa sua sede de vingança. Um dia um parceiro meu comprou a última coxinha de pato da venda da esquina.

SALVADOR – E…

CEBOLÃO – Cara, você já comeu a coxinha de pato da dona Wilma? O que eu tô querendo dizer é que eu me vinguei dele.

SALVADOR – E o que você fez?

CEBOLÃO – É o Zé Bode! Vem aqui, Zé Bode. Eu fiz ele ficar igualzinho nosso amigo Lula. Mostra a mãozinha aí.

Zé Bode mostra a mão direita com o dedinho faltando.

CEBOLÃO – Só esqueci que a mão certa era a esquerda. Mas tá bom, né. Quem sabe ele não vira presidente da República.

SALVADOR – (um pouco incomodado) Ok. Vamos voltar ao assunto principal.

 

CENA 3. LUMUS TECNOLOGY. NOITE

É tarde da noite. Um coquetel para 1000 convidados anuncia a mais nova novidade no mercado de tecnologia. A empresa brasileira mais bem-sucedida do ramo teve um crescimento meteórico. Lançada em 2008, a Lumus Tecnology faz 12 anos de mercado lançando o mais novo smartphone da linha Pegasus, o Pegasus Prime 3. O presidente da firma, Carlos Mendonça, começa o discurso.

 

CARLOS – Boa noite! (aplausos, muitos aplausos irrompem o auditório) Eu fico muito feliz e honrado em estar aqui apresentando a nova linha Pegasus. Essa linha que tanto orgulha o país e o põe em pé de igualdade com as maiores empresas de tecnologia do mundo. Um produto 100% brasileiro de uma empresa 100% brasileira. Há 12 anos atrás, a Lumus Tecnology era apenas um sonho de um universitário. Mas esse sonho cresceu e hoje graças à visão da minha amada esposa, Cristina Mendonça, que se manteve sempre ao meu lado nos momentos de loucura do passado, essa companhia é hoje a terceira empresa no ramo de Telefonia Móvel do mundo! Eu quero chamar ao palco ela, que sempre me apoiou e hoje é a primeira vice-presidente da companhia: Cristina Mendonça!

 

Aplausos quase colocaram o prédio abaixo de tão intensos. Cristina faz uma cara de lisonjeada e sobe ao palco, arrastando seu vestido assinado pelo maior estilista da América do Norte.

 

CRISTINA – Eu fico muito agradecida pelos comentários lisonjeiros a mim. Quero dizer que a vontade de fazer essa empresa crescer está no coração meu e do Carlos desde a sua concepção. Um dia, eu fui ofendida por um amigo em comum com o Carlos. Ele disse que eu era uma, com o perdão da palavra, uma cagona. Uma maria-mole que não gosta de arriscar. Desde então eu mudei minha visão de mundo e disse a mim mesma: vou crescer e aparecer. Daí nasceu esse sonho que se tornou realidade e hoje, 12 anos depois, apresenta o Lumus Pegasus 3. Vocês devem estar se perguntando: o que aconteceu com o seu amigo que disse aqui a você? Eu respondo: foi preso por um crime bárbaro e hoje deve estar morto ou apodrecendo na cadeia… Bem, mas isso é coisa do passado e não vamos perder tempo. Com vocês, o novo Lumus Pegasus 3!

 

CENA 4. CASA DE CEBOLÃO. NOITE

A apresentação da Lumus Tecnology estava sendo transmitida na televisão. Salvador viu tudo.

SALVADOR – Eu vou mostrar pra vocês quem vai apodrecer. Mas não é na cadeia, não, é debaixo da terra. Já tenho meu primeiro alvo!

 

CENA 5. RUA EM FRENTE À LUMUS TECNOLOGY. DIA

CEBOLÃO   – É isso mesmo que você quer? Não acha melhor deixar pra lá?

SALVADOR – Falou o cara que cortou o dedo do parceiro só porque ele comeu a sua coxinha de pato!

CEBOLÃO – Mas isso é totalmente diferente!

SALVADOR – Você vai me ajudar ou não?

CEBOLÃO – Vou sim, cara!

SALVADOR – Beleza!

Eles estavam em frente a Lumus Tecnology. Armado, Salvador saiu de dentro do carro e entrou, confiante na empresa.

 

CENA 6. RECEPÇÃO DA LUMUS TECNOLOGY. DIA

RECEPCIONISTA – Bom dia, em que posso ajudá-lo?

SALVADOR   – Para com esses protocolos ridículos! Eu não estou aqui pra ser simpático com você. (abaixa a voz) Estou aqui pra fazer um acordo com você.

RECEPCIONISTA – Acordo?

SALVADOR   – Sim, um acordo. Tenho certeza que você ganha tão pouco que se quiser comprar um celular daqui tem que passar fome três meses, não é?

RECEPCIONISTA – Eu não lhe devo satisfações! Se continuar incomodando a passagem vou chamar a segurança.

SALVADOR – 20 mil dólares. O que acha disso?

A recepcionista fica balançada.

RECEPCIONISTA – Como eu posso confiar em você?

SALVADOR – Eu não pareço confiável?

RECEPCIONISTA – De maneira nenhuma! Como posso garantir que você não é um louco assassino?

SALVADOR – Ah! Por favor! Vamos parar de mimimi.

RECEPCIONISTA – Cansei de você. Segurança! Tirem esse homem daqui!

SALVADOR – O quê?

Os seguranças tiram Salvador a força da empresa.

SALVADOR – Você vai se arrepender! Você e os desgraçados donos disso tudo!

 

CENA 7. CARRO, EM FRENTE À LUMUS TECNOLOGY. DIA

De volta ao carro.

CEBOLÃO – Mas você é burro mesmo, vou te contar. Achou que ia entrar assim, matar os donos da terceira maior empresa de tecnologia do mundo e sair, como se tivesse ido ao shopping? Fala sério!

SALVADOR – Você está certo. Eu preciso de um plano melhor. E você precisa ajudar também, se quiser tomar uma graninha pra ti.

CEBOLÃO – Diferente de você, eu tenho cérebro. Já tenho um plano pra acabar com eles e ainda descolar meus milhões.

SALVADOR – (irônico) Nossa! Que plano revolucionário é esse, ô ganhador do Nobel da bandidagem?

CEBOLÃO – (mostra o jornal de hoje para ele) O plano está aqui.

SALVADOR – O quê, você quer que eu faça uma guerra jornalística com eles? Eu tenho uma ideia mais selvagem de vingança.

CEBOLÃO – Não, caralho! Olha aqui. O filho deles. Vamos sequestrá-lo.

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