Pessoas andavam de maneira apressada. Monitoravam outros equipamentos. Um assistente aproximou-se e disse:
– Não se preocupe. Não sentirá nada.
Agora tinha certeza de que aqueles seriam meus últimos dois minutos de vida. Com um algodão embebido em álcool, o assistente limpou meu braço direito e preparou-se para aplicar uma injeção. A agulha, assim que tocou meu braço, senti-me estranho. Ocorreu uma espécie vertigem e a respiração pesou. O ambiente tornou-se opaco e todos me observaram atentamente. Como da primeira vez, fui envolvido pela luz. O silêncio absoluto e a sensação de conforto trouxeram-me de volta o ânimo. Não saberia explicar como, não estava mais preso à maca, mas sim de pé. Senti alguém me observar. Lentamente tornei e deparei com o mesmo ser que há seis meses havia encontrado. Surpreso, uma avalanche de questionamentos invadiu minha mente.
– Tenho muito a perguntar e nem sei por onde começo. – Disse
– Certamente que sim. – Seu tom abrandava meus pensamentos confusos. Contudo, o ímpeto de questionar venceu o encanto:
– Gostaria de começar com duas perguntas: Quem é você e onde estou?
– Ambas difíceis de responder. Tentarei ser mais claro possível. Primeiro, deve se manter mentalmente aberto. O conhecimento pode causar desajustes na realidade atual onde se encontra.
– Tudo bem. Estou pronto. Quem é você?
– Represento uma civilização-correspondente que pesquisa planetas habitados. Há um grupo de rastreadores incumbidos de encontrar locais que possam sustentar vida.
– Onde está sua nave?
– Não existe nave. Nossa busca é mental. Quando o planeta é localizado, nos transferimos para lá.
– E onde estou?
– Há milhares de anos-luz de onde você estava.
– Impossível. Como fui deslocado para tão longe? Algum tipo de viagem na velocidade da luz, viagem no tempo?
– Nenhuma delas. Não há deslocamento. A técnica que usamos está além da física conhecida por vocês. A velocidade da luz, por exemplo, é muito lenta. Viagem no tempo… O tecido temporal é bastante instável. Se viajássemos no tempo, não sairíamos do lugar.
– É algo que os nossos cientistas buscam. Dizem eles que isso será possível algum dia.
– Eles um dia entenderão o transporte bi ou multilocado. Estamos em vários locais simultaneamente, sem sairmos do lugar. – Depois de me observar diretamente nos olhos, como se analisasse minha capacidade de compreensão, completou: – A bilocação é diferente. Pode-se criar outro corpo em qualquer parte do universo, desde que o ambiente sustente vida. Isso graças a Entidade Maior da qual todos fazemos parte. Existimos Nele e sem Ele perecemos. Estamos conectados por um processo de átomos-correspondentes. Depois que cumprimos a missão, abandonamos o mecanismo biológico. É como trocar de roupa. Então, a Entidade Maior nos encaminha para outro lugar.
– E por que nós não temos condições de fazer isso?
– Vocês são capazes. Afinal, também fazem parte Dele. O problema é que ainda não têm consciência disso. O cérebro não está capacitado para outras percepções. Ele filtra o que parece é estranho. Não percebe e não sente a transferência, portanto, nada disso existe em sua mente. Quando aprender sobre a Entidade Maior, isso passará a ser real.
– Você disse que os rastreadores têm a função de localizar planetas habitáveis. Nosso planeta já é habitado. Portanto, o que fazem é invasão.
– Buscamos somente planetas desabitados ou que ainda não existam formas de vida complexas.
– O que fazem em meu planeta, então?
– Trata-se de uma missão diferente. Restabelecemos contato com os nossos correspondentes.
Fiquei confuso. Calei-me. O silêncio se estabeleceu entre nós. Decidi quebrar a latência da conversa com mais uma pergunta, cuja resposta, revelou algo ainda mais surpreendente.
– Há quanto tempo vocês estão na Terra?
– Nossos rastreadores localizaram seu planeta há bilhares de anos, quando este ainda se encontrava em fase final de formação. O potencial de evolução foi, então, analisado e descobriram que, com o passar dos milênios terrestres, a vida biológica seria viável.
– Qual o interesse do seu povo em nossa forma de vida?
– Não nos interessamos pelo seu povo. Apenas por alguns de vocês.
– Com que objetivo, afinal?
– Informação. Um investimento de longo prazo que valeu a pena. Temos como premissa fundamental: a expansão de conhecimento.
– O que quer comigo?
– Lembra-se de quando expliquei sobre átomos-correspondentes?
– Sim…
– Muito bem: nossos corpos são formados por átomos e cada um deles possui seu correspondente. Isto significa que, seu corpo, meu corpo, possuem seus correspondentes, um corpo que sente o que o outro sente. Você é o meu correspondente. Somos na verdade um só, proveniente da mesma fonte.
Fiquei confuso:
– Quer dizer que eu sou você e você sou eu? Nossos corpos e mentes estão ligados?
– Pertencemos à mesma fonte. Você é tão importante para Ele que não deixou que se matasse. No momento do disparo da pistola, invertemos a trajetória do projétil.
O ser, ou melhor, meu outro eu, fitou-me por alguns instantes. Talvez procurasse amenizar a inquietude da minha (nossa?) alma. Por fim, achou melhor antecipar a resposta a minha próxima pergunta:
– Provavelmente pense que, por sermos superiores, o seu mundo não deveria estar como está. Parece desgovernado. Asseguro-lhe que isto não é obra Dele.
– Por que os agentes querem eliminar os removidos? Já que viemos da mesma fonte…
– Exatamente por serem pessoas especiais. Os removidos pensam de maneira diferente. O ser humano comum levará um tempo para atingir o estágio ideal. Há muito o que aprender. Já os removidos estão livres de padrões lineares e, portanto, não devem permanecer aqui.
– Não me considero um candidato assim tão especial. Nunca fui bem na escola. Aliás, meu desempenho sempre foi medíocre.
– É aí que se engana. O processo intelectual de um removido é diferente. O que há em seu coração é o que importa.
– Quem sabe se propagarmos esta informação, possamos ajudar…
– É o que devemos fazer, mas isso deve seguir um protocolo. Caso contrário, será considerado louco.
– Comigo será diferente.
– Já presenciamos tal iniciativa e todas foram desastrosas.
– Como faço para retornar? Tenho muito a fazer.
– Fernando, não tente isso sem estar capacitado. Não é o momento propício.
– Deixe comigo, sei o que devo fazer. Como eu, deve também existir centenas de outros removidos que necessitam de ajuda.
Insisti com o ser para que me guiasse na transferência de volta. O método era tremendamente simples apesar de o conceito ser bem complexo. O pensamento focado me entrelaçaria ao meu mundo imediatamente. E foi assim que retornei, não para o cativeiro onde a princípio me encontrava, mas para bem longe dali. Tal capacidade gerou em mim uma estranha e maravilhosa sensação.
Dirigi-me à estação de televisão WS. Ao colocar o pé hall do prédio, fui cercado por três seguranças. Confesso que tiveram todos os motivos para fazê-lo, pois, minha aparência não era das melhores: Roupas rasgadas, rosto sujo, barba por fazer e cabelos despenteados. Pedi para falar com o repórter Lucas Menezes, também chefe-editor do jornal televisivo. Sentia-me motivado por uma causa salvacionista, o que me dava ânimo para enfrentar o que viesse.
A recepcionista, bastante desconfiada, interfonou para a produção do jornal. Após longas horas de espera, René, um dos pauteiros do jornal, veio falar comigo:
– Seu nome é…
– Fernando, Fernando Menezes. Tenho algo urgente para relatar.
– Ok, Fernando. Vamos até a minha sala para conversarmos.
– Muito obrigado.
Ao chegarmos, puxou educadamente uma cadeira:
– Muito bem, Fernando, por favor, sente-se. Gostaria de um café?
– Não, obrigado.
– Fernando, como posso ajudá-lo?
– Sei que soará estranho, coisa de maluco e etc., mas gostaria que me ouvisse.
– Tudo bem. Pode confiar.
– Eu acabei de ter um contato com um ser. Ele me disse que a humanidade descende de uma Entidade Maior e que o mundo é manipulado por… – Fui abruptamente interrompido:
– Só um minuto… Veja, nosso jornal é sério. Não tratamos de assuntos sobre extraterrestres, chupa-cabra e coisas do gênero.
– Mas é que…
– Você tem alguma prova? Tirou foto do tal ser ou de sua espaçonave? Trouxe algum objeto estranho? Um aparelho esquisito talvez?
– Não. – Respondi sentindo-me ridículo.
– Fernando, agradeço a visita. Continue nos assistindo. Adeus! Segurança, por favor, acompanhe este cavalheiro até a saída.
Sem dizer uma palavra e sentindo-me péssimo pela minha ingenuidade, deixei o local. Cansado, sentei-me no banco da praça para refletir. Tinha que existir algum jeito de todos tomarem conhecimento do que estava ocorrendo. Como alguém acreditaria em mim?
Foi quando vi um pastor a pregar o evangelho. Seu séquito o ouvia exultante e atentamente. À minha maneira, decidi tentar fazer o mesmo:
“É isso! Vou botar pra fora tudo o que sei. Alguém deverá ser tocado pelas minhas revelações”. – Pensei.
Não perdi tempo. Subi no banco da praça, abri os braços e comecei a gritar tudo o que sabia, apesar de reconhecer que era algo bastante insólito:
– Meus amigos – disse em voz alta – a origem da humanidade é um mistério que aos poucos nos é revelado. Somos herdeiros de uma Entidade Superior e corre em nosso sangue a sua descendência. Se deixarmos que a sabedoria Dele desperte dentro de nós, poderemos nos libertar da tirania do sistema.
Pouco a pouco um renque de pessoas foi me rodeando. Algumas tentavam entender o significado daquelas palavras, outros tiravam o sarro.
– Por favor, acreditem! – Apelei – Não sei se ainda estarei vivo esta noite, mas preciso comunicar ao mundo o que vi. Estive imerso numa luz e dentro dela, surgiu um ser que, em sua magnitude, revelou-me nossas verdadeiras origens. O ser nos alerta que a humanidade se extinguirá caso continue da forma como está. Deixemos de ser escravos deste mundo que nos oprime com facilidades efêmeras…
Aquelas palavras incendiaram ainda mais a minha mente. Senti a força fluir das profundezas de minhas entranhas. Queria falar mais e mais. Aquela era a chance. Foi, então, que um indivíduo gritou:
– Hei, palhaço! Você deveria ser internado. Por que não para de inculcar ideias idiotas na cabeça das pessoas?
Intui que aquele poderia ser um agente do sistema tentando suprimir o livre pensar. O comentário dele inflamou os ânimos dos ouvintes contra mim. Um tumulto deu início. Alguns me defendiam outros me atacavam. A pancadaria começou. A polícia interviu. Foi o momento certo para fugir. Corri, corri e acabei me escondendo numa vala debaixo de uma ponte. Lá permaneci por horas até cair no sono.
Fui despertado pelo forte ruído do motor de um velho caminhão. Senti uma fome terrível. Muito embora tenha hesitado em sair daquele esconderijo, resolvi seguir por uma rua vazia. Porém, a tentativa colocou-me de cara com quatro rapazes mal-encarados que me atacaram. Um deles, sem dizer uma única palavra e olhos avermelhados, com uma rasteira me derrubou. Antes de tocar o chão, fui chutado na têmpora e desmaiei. Retomei a consciência e ainda tonto vi no chão marcas de sangue. Cambaleei por uns trinta metros e desmaiei novamente. Comecei a ouvir um sussurro melodioso:
– Acorde, você está seguro agora.
Abri lentamente os olhos. Estava num quarto e ao meu lado, uma moça, de olhos calmos, castanhos, penetrantes.
– Não se assuste. Está tudo bem. Precisa se alimentar.
– Que lugar é este? – Indaguei ao mesmo tempo em que tentava endireitar-me na cama.
– Estamos num albergue. – Respondeu ao arrumar os finos cabelos por detrás das orelhas. A alvura de sua pele ficou ainda mais evidente ao ver seus lábios vermelhos, entreabertos, a demonstrar preocupação com o meu estado de saúde.
– E você é…
– Ah, sim, meu nome é Ely. Sou assistente social voluntária. Vinha para cá quando o vi caído. Sangrava muito. Arrastei-o até meu carro e o trouxe.
– Você se arriscou demais. – Sua doçura exercia um poder hipnótico sobre mim. E continuou. – Nosso médico de plantão examinou-o. Aparentemente não houve traumatismo. Apenas lesões de menor importância. E você? Qual seu nome? – Seu tom delicado e a maneira como movimentava as mãos ao falar, davam-lhe uma característica especial. Minha admiração gerou um lapso na cadência de nossa conversa. – Não quer me dizer seu nome? – Insistiu e ao recobrar o raciocínio, num solavanco respondi:
– Fernando. Ainda bem que o chute na cabeça não me fez perder a memória. Bem, no meu caso não sei se isso seria melhor.
– Tome um pouco desta sopa, Fernando. Ainda está fraco. Levou sete pontos na cabeça. – Ely ofereceu um prato.
– Obrigado. O mundo precisa de pessoas como você.
– Faço minha parte. Não precisa me agradecer. Sei que é pouco, mas devagar é possível ajudar os necessitados.
– O importante é fazer. – Completei já revigorado.
– Fernando, existe alguém da sua família que você gostaria que fosse comunicado?
– Não, mas mesmo que existisse não gostaria que soubesse que estou aqui.
– Quer conversar sobre isso?
– Acho que não. – A desconfiança impunha reservas. Tinha de ter cuidado.
Ergui-me da cama com dificuldade. E como a minha cabeça doía! Não sei por que, mas apesar da desconfiança, aquela moça me atraía. Será que acreditaria em mim?
– Caso se sinta confortável em conversar, estarei por aqui.
– Não sei se devo… – Relutei.
– Tente. – Insistiu.
– Está bem. Entenda: O que relatarei foi a causa do problema que me fez chegar a esta situação. Devo preveni-la de que soará estranho.
– Estou receptiva. Fique à vontade.
Foi, então, que revelei a ela tudo o que havia acontecido. Ely era ótima ouvinte. Estranhei sua receptividade. Em nenhum momento demonstrou qualquer sinal de desconfiança em seu olhar. Quando terminei houve um breve silêncio que me agoniou:
– Não vai dizer nada? Que estou louco ou coisa parecida?
– Não estou aqui para julgá-lo. Já ouvi histórias semelhantes.
– Como assim? Você conhece outros como eu?
– Conheço alguns. Parece-me que o número de casos está aumentando.
– Você acha que poderíamos localizá-los? Quem sabe se pudéssemos nos unir…
– Infelizmente é impossível.
– Por quê?
– Fernando, estas pessoas vivem foragidas ou reclusas. Não querem ser contatadas ou estão sob tratamento psiquiátrico. Outras simplesmente desaparecem sem deixar qualquer vestígio.
Ely conteve a fala. Parecia querer me dizer alguma coisa, porém, relutava em fazê-lo.
– Existe alguma coisa que queira me dizer? Você poderia confiar em mim também.
– Eu, como você, fui designada removida.
Fiquei boquiaberto sem saber o que dizer. Tive que sentar. Abalado e com muita dificuldade para manter o raciocínio coerente, arrisquei perguntar:
– Co-como aconteceu? Quando?
– Foi há um ano. – Ao terminar a frase, ergueu as mangas da blusa e expôs as manchas escuras, bem semelhantes às minhas. – Vê? – continuou – Parecem aumentar a cada dia. Tento escondê-las; evito usar blusas de mangas curtas.
– O que aconteceu?
– Bem, estava em meu apartamento. Acabava de chegar do trabalho. Lembro que estava exausta e com muito frio. O inverno daquele ano estava de congelar os ossos. Como de costume, preparei-me para um banho antes de jantar. Enquanto relaxava sob a ducha quente, senti um arrepio súbito. A sensação foi tão forte que mais pareceu uma descarga elétrica que percorreu todo o corpo. Fiquei ainda mais apavorada quando caí contraída no chão e não conseguia mais me mexer. Depois, houve um silêncio profundo. Não ouvia mais o som da água cair, apesar de ainda senti-la sobre a pele. Tremia sem parar, mas não de frio. De repente, vi uma luz intensa que inundou todo o ambiente. Em meio dela, como que saído de uma neblina, surgiu um ser. Era delicado, transmitia calma, paz. Parou a uma distância de meio metro e falou comigo. No entanto, suas palavras ecoavam dentro da minha cabeça. Não o via mexer os lábios. Não fiquei assustada. Voltei a me mexer, mas ainda apresentava dificuldades de coordenação motora. Trêmula, consegui sentar. Foi então que aquele ser revelou o motivo do contato. Logo em seguida desapareceu, tão misteriosamente quanto havia surgido. Tudo voltou ao normal, com a diferença de que me senti eufórica e quis contar o ocorrido para os meus amigos. Peguei o telefone e liguei para todos eles. Você já deve imaginar o que aconteceu: Acharam que eu estava louca. Fui ridicularizada. Até minha mãe, veja bem, minha própria mãe(!), pensou em me internar num sanatório. Depois de muita discussão, foi exatamente o que aconteceu. Quanto mais argumentava para convencer os médicos de que aquilo foi real, para eles o mais evidente era meu desequilíbrio. A coisa piorou quando passei a prestar atenção ao meu reflexo no espelho. Era bem estranho. Sabia que aquela imagem era minha, mas algo dizia que aquela era outra pessoa. Você me entende? É difícil de explicar.
– Sim, entendo. Entendo perfeitamente. Por favor, continue.
– Via outro corpo, diferente deste meu aqui. Outra coisa interessante passou a ocorrer desde então: fiquei sensível demais ao som e à luz. Qualquer sussurro, mesmo o cair de um alfinete, repercute em meus tímpanos de maneira intensa. Isso acontece também com o olfato. Sinto um cheiro a centenas de metros de distância. Enfim, por ter comentado sobre isso em sessão terapêutica, permaneci internada por mais de seis meses. Neste período, tive contato com todos os tipos de doentes mentais. Acabei estuprada pelos próprios funcionários do sanatório. Nem pude falar nada, pois ninguém me daria ouvidos. Num período de seis meses, tive mais dois contatos. Precisei calar-me quanto a isso. Aliás, você é a primeira pessoa para quem conto esta experiência. Enfim, aprendi a jogar. Fiz o jogo do silêncio e da garota boazinha, bem-comportada.
– Nenhum agente apareceu para lhe interrogar?
– Um chegou a me contatar. Disse que eu permaneceria internada por muito tempo.
O seu relato deixou-me sem saber o que dizer. Um universo se abria diante dos meus olhos ao mesmo tempo em que o inferno tentava nos calar. Ely segurou-me pelo braço e advertiu:
– Fernando, precisamos ser cautelosos. Aprendi que o sistema criou mecanismos de proteção contra nós, removidos. Eles temem que possamos induzir ideias que desalojem a centralização do poder deste planeta.
Uma pessoa entrou no quarto. Ely fora requisitada para atender uma urgência. E sem dizer mais nada, cabisbaixa, retirou-se com um olhar arrependido. E eu mantive-me absorto pelo resto do dia.