CENA 1. INTERNA |DIA |HOSPITAL DRA. ANITA BARRETO. (CONTINUAÇÃO DO CAPÍTULO ANTERIOR).

Helô então se levanta da cama com dificuldades ainda e com a ajuda de Adna ela declara:

HELÔ (Séria) – Eu exijo saber do que a minha filha morreu. E eu quero vê-la agora… Também quero pedir que seja feita uma autópsia imediatamente.

BIA – Calma Helô vamos pensar direito… Você acabou de perder a sua filha, não tem que tomar nenhuma atitude precipitada agora.

HELÔ – Atitude precipitada Bia? Nós estamos falando da minha filha. Um bebê que embora tenha havido uma pequena complicação no parto, nasceu saudável… Eu cheguei pegar ela no colo, antes de levarem ela para o berçário. E agora eles estão me dizendo que ela morreu? Então não me venha pedir pra ter calma! (Grita).

MÉDICO – Olha dona Heloísa, eu entendo pelo que a senhora esteja passando agora, mas mantenha a calma, por favor. O que ocorreu com a sua filha é raro, mas acontece. Foi uma fatalidade. O fato de o cordão umbilical estar muito enrolado no pescoçinho dela comprometeu a sua circulação sanguínea e conseqüentemente reduziu a freqüência cardíaca. Apesar de nós termos socorrido ela a tempo, ela ficou muito fraquinha e precisou ser levada pra UTI neonatal, onde ela respirava melhor com a ajuda de aparelhos. Mas os danos já estavam lá e eram irreversíveis. O sangue não estava circulando como devia e o coração foi afetado, parando de bater durante a madrugada. Nós tentamos de tudo, mas nada adiantou e a enfermeira já a encontrou sem vida, hoje de manhã.

Informou o médico olhando para o outro do lado e em seguida para enfermeira, como que dizendo que eles tinham que confirmar a história toda. Já que a enfermeira havia encontrado a bebê morta e ninguém sabia o que de fato havia acontecido. E eles tinham que zelar pela imagem do hospital, além de evitar um processo e conseqüentemente um escândalo.
HELÔ – Mesmo assim, eu exijo a confirmação dessa história toda através de uma autópsia. Se foi isso o que realmente aconteceu, eu quero que a causa da morte seja confirmada. Eu tenho esse direito ou não tenho? (Indaga intimidadora).

BIA – Por favor, nos dêem licença um minuto. A minha irmã esta muito nervosa e nós precisamos ter uma conversa em particular, só entre a família.

Os médicos e enfermeiras saíram do quarto. Helô começou a chorar descontroladamente e não falava coisa com coisa… Enquanto tia Adna a consolava, Bia tentava convencer Helô a não dar seguimento com a autópsia.

BIA – Helô pensa bem minha irmã… Eu sei a revolta que você deve estar sentindo, sem contar a dor da sua perda e eu respeito isso, de verdade. Mas eu acho que você não deveria ir adiante com a autópsia… Isso pode lhe causar mais sofrimento ainda. A sua filha morreu, e esse tipo de exame é muito invasivo, ainda mais pra um recém nascido… Eles vão abrir ela toda e sem necessidade nenhuma. Primeiro porque ela já esta morta e não há mais nada que possamos fazer… E depois porque os médicos já explicaram tudo o que houve e nós já sabemos qual foi a causa da morte dela. Deixa isso pra lá, por favor! E evite mais um sofrimento desnecessário.

Helô só chorava e não falava mais nada. Ela estava completamente sem forças.

ADNA (Emocionada) – A Bia tem toda razão minha querida. Você esta de cabeça quente, ainda abalada com a notícia… O que você precisa fazer agora é descansar um pouco. Você ainda esta com os pontos, se exaltou demais. Não faça nada do que você possa vir a se arrepender depois…

Nesse momento a enfermeira entrou e trouxe um calmante e um copo de água para Helô. Tia Adna a fez tomar e em seguida deitou ao seu lado na cama e enxugou o rosto da sobrinha. Depois ficou abraçada a Helô e lhe fazendo um carinho até que ela pegasse no sono, o que não demorou muito para acontecer e só assim, ela pode finalmente descansar.

CORTA DIRETO PARA: SALA DO MÉDICO.

Bia e a tia conversavam com o médico que deu mais detalhes do que poderia ter ocorrido com a menina durante a madrugada. Por fim, Bia decretou:
BIA – Esta decidido Doutor Furtado… Não haverá autópsia. A minha irmã já concordou que é o melhor a se fazer. E eu gostaria de aproveitar que ela esta dormindo e providenciar o enterro dessa criança, antes que ela acorde.

ADNA – Mas Bia, não seria melhor ela ver a filha, se despedir dela? A Helô tem esse direito.

BIA – Eu sei o que eu estou fazendo tia Adna. A Helô não tem estrutura emocional pra ver essa criança morta. Frágil do jeito que ela é, isso acabaria com ela. Depois eu explico tudo pra Helô e digo que foi melhor assim, confia em mim.

ADNA – Bom, se você diz…

O dia foi longo e Bia tomou contou de tudo. Ela conversou com o médico e resolveu deixar o bebê lá mesmo para eles usarem nas aulas de anatomia com os internos. Mas para a irmã e a tia, ela falaria que enterrara o bebê. A noite chegou e Helô finalmente acordou mais calma.

HELÔ – Oi… (Disse ao ver Bia e a tia no quarto) – Cadê minha filha, eu quero ver meu bebê…

ADNA – Calma Helô, esta tudo bem minha querida. A Bia já cuidou de tudo.

HELÔ – Cuidou de tudo o que? (Indagou se sentando na cama com a ajuda da tia).

BIA – Eu não queria que você sofresse com enterro e tudo, enfim… Eu mesma enterrei o bebê nas terras lá da fazenda. Eu fui pra lá mais cedo e cheguei tem quase…

HELÔ (Nervosa) – Você o que? (Disse interrompendo-a) – Com que direito você decide o que é melhor pra mim hein? (Grita) – Eu tinha o direito de me despedir da minha filha… Eu nem cheguei a vê-la depois de morta e até isso você tirou de mim… Você fez tudo sem me perguntar, sem se quer me dar uma opção, você é um monstro Bia… (Furiosa).

ADNA – Se acalma Helô. Ela fez o que achou que fosse certo. Você estava transtornada, ela quis te poupar de mais sofrimento só isso…
HELÔ – Eu odeio você… Eu odeio você! (Grita e parte pra cima de Bia e a esbofeteia).

Bia fica atônita, pois não esperava isso da irmã. Adna entra no meio e separa as duas, segurando Helô.

BIA – Muito bem… Eu te ajudo, eu faço tudo por você e em troca ganho isso? (Diz fingindo estar emocionada) – Eu não merecia isso, Helô… Sua ingrata.

Bia vai embora do hospital e pega a estrada de volta para o Rio. Helô sofre muito e tem o apoio e o carinho da tia. Ela passa os dias triste e chorando, mas por fim vai se reerguendo novamente, apesar do buraco e o enorme vazio que ela sente no peito e que nada é capaz de suprir.

[Legenda: Três semanas depois…]

CORTA PARA:

CENA 2. INTERNA |DIA |RIO DE JANEIRO |COBERTURA DOS BITTENCOURT – SALA.

Bia desliga o telefone e fica pensativa. Celina chega e percebe.

CELINA (Preocupada) – Aconteceu alguma coisa Bia?

BIA – A Helô… Ela acabou de me ligar da casa da minha tia e pediu que eu fosse pra lá agora, que ela quer muito falar comigo, disse que é importante. Na certa vai me pedir desculpas pelo que fez…

CELINA – Vai sim minha filha. Vocês duas sempre foram tão unidas, tem que acabar com essa briga. A Helô passou por muita coisa ultimamente e não foi nada fácil pra ela, enfrentar as perdas que ela sofreu… Perdoa a sua irmã. Eu queria tanto ir até lá e ver ela, mas se o seu pai descobre eu nem sei… Eu to morrendo de saudades da Helô… Diz pra ela voltar pra casa, que o lugar dela é aqui… Sempre foi.

BIA – Ta bom. Eu vou lá antes que fique tarde. Até mais Celina…

Anselmo que estava escondido atrás da porta do seu escritório, ouviu quase toda conversa e decidiu seguir Bia e descobrir o paradeiro de Helô de uma vez por todas. Ele aproveitou que Celina fora até a cozinha, pegou as chaves do carro.

ANSELMO – É hoje que eu tiro essa história a limpo. (Disse e saiu de mansinho, sem fazer barulho).

CORTA PARA:

CENA 3. EXTERNA – INTERNA |DIA |PONTE RIO – NITERÓI |CASA DE ADNA – SALA.

A campainha toca e Adna vai atender. Helô sai do quarto e vem para a sala ansiosa.

ADNA (Simpática) – Oi Bia. Entra minha filha… Como você esta?

BIA – Eu estou bem obrigada. (Fala e vai entrando. Logo ela da de cara com Helô).

As duas se encaram por alguns segundos… Depois Helô começa a falar.

HELÔ (Sem graça) – Como vai Bia?

BIA – Bem graças a Deus e você?

ADNA – Bom eu vou lá pra dentro, qualquer coisa que precisarem é só chamar.

HELÔ – Eu estou bem na medida do possível… Senta um pouco. Você quer tomar uma água, um suco ou aceita uma xícara de café?

BIA (Séria) – Não obrigada. O que eu quero mesmo é saber por que você me chamou aqui?

HELÔ – Pra te pedir desculpas… Enfim, eu queria que você me perdoasse por aquele dia no hospital. Eu acabei perdendo a cabeça e te falei coisas que não devia, acabei te dando até um tapa… Eu sei que nada justifica o que fiz, mas eu estava fora de mim com a perda da minha filha. E tudo o que eu mais queria naquele momento, era poder ver ela e me despedir dela… (Helô se emociona e lágrimas caem de seus olhos) – E você tirou isso de mim.

BIA – Eu fiz o que eu achei que fosse certo naquele momento. Eu só estava querendo te poupar de mais sofrimento, Helô. Entenda isso e me desculpa ta… De certo modo eu também agi sem pensar.

HELÔ – Ta perdoada… Hoje eu entendo que você fez o que era melhor pra mim. Acho que se eu tivesse visto ela daquele jeito, a minha menina… Talvez eu não tivesse suportado o baque. Pensando bem, foi melhor assim… Você me perdoa?

BIA – Você ainda pergunta Helô? É claro que sim!

As duas sorriem e depois vão de encontro uma da outra, e se abraçam…

HELÔ – Eu não poderia ir embora com esse peso no coração, sem que você me perdoasse…

BIA (Surpresa) – Como assim ir embora? Do que você esta falando Helô?

Nesse momento a campainha toca e Adna que observava emocionada as duas sobrinhas fazendo as pazes, vai atender a porta. Ela fica sem reação quando da de cara com Anselmo.

ANSELMO (Furioso) – Então é aqui que você vem se escondendo esse tempo todo minha filha?

HELÔ – Pai… Olha só eu posso explicar tudo…

ANSELMO (Bravo) – Poupe o seu latim comigo. Eu não quero saber de mais nada. Você saiu de casa há meses, sem me dar nenhuma satisfação do que estava acontecendo… Trancou até a faculdade. Não me deu oportunidade nem de te estender a mão e te ajudar. Chegou a falar que ia passar uns tempos na casa de uma amiga e olha aqui aonde você se enfiou? Na casa dessa mulherzinha que eu repudio mais que tudo nessa vida.

ADNA – Olha Anselmo, eu quero que você saiba que…

ANSELMO (Grita) – Cala a boca, sua maldita!

HELÔ – Espera ai pai, o senhor não tem o direito de invadir a casa da tia Adna e maltratar ela assim não. Foi ela quem me ajudou quando eu mais precisei…

ANSELMO – Você tem toda razão. Aliás, eu nem devia ter colocado os pés aqui dentro. Mas eu já estou de saída e vou ser curto e grosso… Você, a sua vida e o que você faz dela de agora em diante dona Heloísa, não me interessa mais. Você me traiu, mentiu pra mim e me excluiu da sua vida… Você pra mim morreu! Eu vou pedir a Celina que pegue todas as suas coisas lá de casa e mando o motorista trazer até aqui. Eu não quero te ver nunca mais, você esta me entendendo? Nunca mais! Pra mim você esta morta e enterrada!

Bia estava adorando aquilo tudo e mesmo se contendo deixou um sorriso escapar no canto da boca.

HELÔ – Pai, por favor! Não. Me perdoa pai… (Fala e se joga aos pés dele de joelho e implorando o seu perdão) – Eu sei que eu errei, mas me perdoa, por favor! Eu vou contar tudo pro senhor, e o senhor vai me entender… Me escuta pai.

Anselmo olha bem para cara de Helô que esta chorando e suplicando de joelhos agarrada aos seus pés e puxa a perna com tudo, deixando Helô cair no chão aos prantos.

ANSELMO – Vem Bia, vamos embora antes que eu resolva te deixar para trás também e para sempre.

Anselmo saiu sem nem olhar pra trás. Bia olhou para Helô toda falsa e chorando também. Depois foi embora atrás do pai. Agora Helô estava mesmo decidida. Ela perdera tudo e só lhe restava mesmo ir embora. Adna correu para o tapete e amparou a sobrinha que estava aos prantos, e também acabou chorando.

[Legenda: Duas semanas depois…]

CORTA PARA:

CENA 4. EXTERNA |DIA |RODOVIÁRIA DE NITERÓI.

Helô estava de partida e Adna triste, ainda tentava convencê-la a não ir embora.

ADNA – O minha filha não vai embora não, eu te peço. Fica morando comigo lá em casa. Logo tudo isso passa, o seu pai volta atrás e te perdoa…

HELÔ – Não da tia. O meu pai não vai voltar atrás e nós duas sabemos bem disso. Depois eu preciso ir embora. Eu não consigo mais viver no Rio… Eu fui muito feliz lá, mas também fui muito infeliz. Perdi o homem que eu amava, a minha melhor amiga… Perdi a minha filha e agora o meu pai também. O melhor que eu faço agora é ir embora e tentar recomeçar uma vida nova, em outro lugar… Só assim eu irei conseguir.

Nesse momento o motorista do ônibus começa a recolher as passagens e a chamar os passageiros com destino a São Paulo.

HELÔ – Eu tenho que ir… Entrega essa carta pra Bia. Diz que eu amo ela e que um dia a gente se vê. Eu vou fazer uma parada em São Paulo e depois eu irei pra uma cidade mais tranqüila, onde eu possa respirar ar puro e me reencontrar… Vem cá me dá um abraço…

{Começa a tocar: I’ll Stand By You – Pretenders}

Nesse momento Pedro aparece correndo…
PEDRO (Ofegante) – Helô espera…

Os dois se encaram por um momento e os olhos de ambos chegam a brilhar… Adna se afasta um pouco para que eles conversem.

HELÔ (Confusa) – Que você ta fazendo aqui Pedro? Como você sabia que eu estava indo embora?

PEDRO – Parece que alguém achou meu número na sua agenda e o resto você já sabe né? (Disse olhando para Adna, que disfarçou) – Eu estava morrendo de saudades, faz meses que não nos vemos meu amor… Eu nunca te esqueci, eu sofri muito esse tempo todo. Vamos ficar juntos de novo, me perdoa, por favor!

HELÔ – As coisas não são tão simples assim… Tem coisas que não da pra voltar atrás Pedro. O que a gente viveu foi lindo, mas faz parte do passado agora… E eu estou de olho no futuro.

PEDRO – Eu te juro por tudo que há de mais sagrado nessa vida, que eu não trai você com a Lenita. Foi tudo um mal entendido, no fundo você sabe que nem eu e nem ela seriamos capazes disso.

O motorista chama Helô, que é a última passageira que falta entrar no ônibus.

HELÔ – Adeus Pedro… O melhor que você faz agora é me esquecer, porque eu já te esqueci. (Disse com o coração dilacerado).

Helô abraçou Adna mais um vez e subiu no ônibus… Tia Adna ficou acenando para ela. E Pedro chorando, viu sua amada partir para sempre… Só então ele guardou a caixinha com a aliança que ele pediria Helô em casamento no bolso…

CORTA PARA:

CENA 5. EXTERNA |DIA – NOITE |CLIPE DE IMAGENS.

{Começa a tocar: Esquecimento – Skank}

Cam fade in – Mostra o Cristo sobre a Guanabara… Barcos no mar, casais no pedalinho, praia, mar… Anoitece – Trânsito, calçadão, prédios, um avião no céu, pista de pouso no aeroporto… Amanhece – Pessoas correndo e fazendo caminhada no calçadão, surfistas pegando onda no mar, crianças brincam na areia, mulheres tomando sol… Vendedor de sanduíches naturais passa pela praia com a caixa de isopor pendurada no braço… Leblon, Gávea, Ipanema…

[Legenda: Um Mês Depois…]

CORTA PARA:

CENA 6. INTERNA |DIA |PRÉDIO – GAROTA DE IPANEMA.

Bia foi até o prédio da marca garota de Ipanema para falar com Leonel sobre Helô. Ela o aguardava na sala, quando ele a chamou.

LEONEL – Desculpa a demora Bia. Eu estava no telefone. Como você esta?

BIA – Imagina, eu cheguei tem só dez minutos. Eu vou bem Leonel e você?

LEONEL – Eu confesso que estaria melhor se eu conseguisse falar com a Helô. O que aconteceu? Ela sumiu…

BIA – A Helô passou por muitos problemas ultimamente…

LEONEL – Sim eu fiquei sabendo da gravidez. Mas ela já teve o bebê?

BIA – Sim, mas ela teve complicações no parto e a criança morreu.

LEONEL – Meu Deus! Coitada da Helô… E ela esta bem?

BIA – Ela surtou, ficou bem abalada. Ela foi até embora do Rio e eu não sei quando ela volta.

LEONEL – Também não é pra menos. Eu imagino tudo que ela tenha sofrido. A gente iria renovar contrato agora, depois que ela tivesse o bebê. A marca caiu muito com o afastamento dela. As vendas, os desfiles, a divulgação, nada mais andou pra frente sem a Helô. O povo já estava acostumado a ter ela como Garota de Ipanema. A Helô era simpática, passava confiança, credibilidade… Realmente é uma pena que tudo tenha terminado assim… E agora eu não vejo alternativa, a não ser fechar a empresa e acabar com a marca.

BIA – Mas por que acabar com a marca? Vocês podem ver outra modelo, fazer um novo concurso pra escolher outra Garota de Ipanema. De repente contratar uma estilista melhor, que faça uns modelos arrasadores, sei lá…

LEONEL – Eu não creio que vá resolver nada que a gente fizer… As garotas da praia querem vestir o que a Helô veste, o que ela desfila. Sem ela a marca não existe. Mas eu entendo que ela não queira mais ser a Garota de Ipanema e com isso, a marca acabou.

BIA – E se eu entrasse de sócia com você? Eu corro atrás, faço o que for preciso para alavancar a marca de novo. Hoje mesmo eu deposito um cheque na sua conta e me torno sócia da Garota de Ipanema. O que me diz?

(Close no rosto de Leonel pensativo).

CORTA PARA:

CENA 7. INTERNA |NOITE |TEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO.

Era noite da formatura de Pedro e ele seria o orador da turma. O teatro estava lotado de pais, convidados e formandos. E Pedro tinha além dos amigos e da família presente, também Bia toda orgulhosa e apaixonada na primeira fila. Depois de entregue os diplomas, ele subiu ao palco e fez o seu discurso:
PEDRO (Emocionado) – Distintos convidados, pais e formandos. Eu gostaria de lembrar hoje uma citação de William Shakespeare que no momento me parece apropriada:

“Existe uma maré na vida dos homens a qual, levando á inundação, nos encabeça á fortuna. Mas se omitidos, a viagem das vidas deles estará restrita a sombras e misérias… Em um mar tão cheio estamos agora a flutuar. E nós devemos pegar a correnteza quando ela nos for útil, ou perder as aventuras á nossa frente.”

PEDRO – Eu acho que o que Shakespeare quis dizer com essa citação, é que a vida é curta e as oportunidades são raras. E que nós temos que ficar de olhos bem abertos e protegê-las… E não só as oportunidades de sucesso, mas as oportunidades de rir, de ver todo o encanto e beleza do mundo, e de viver. Porque a vida não nos deve nada, na verdade eu acho que nós devemos algo ao mundo. E se nós apenas acreditarmos nisso e fizermos a nossa parte, nós não só seremos felizes, como também seremos realizados… Um futuro melhor depende de nós mesmos e a partir de hoje, com todos os ensinamentos que recebemos durante todos esses anos com os nossos mestres e doutores, eu poso dizer com muito orgulho: Que nós estamos preparados. Agora é a hora de nós brilharmos. A hora em que nossos sonhos estão ao nosso alcance e as possibilidades são vastas. Agora é a hora de nos tornarmos pessoas que sempre sonhamos ser… Seres humanos melhores, capazes… Orgulho de nossos pais e exemplo para os nossos filhos. Parabéns para todos nós formandos e Muito Obrigado a todos os nossos mestres.”

Pedro foi ovacionado de pé e lágrimas caíram dos seus olhos quando ele se lembrou de Helô e sentiu muito por ela não estar ali presente, e nem fazer mais parte de sua vida… Depois da festa, ele e Bia, passaram a noite na praia muito bem acompanhados de uma garrafa de champanhe e duas taças, sob a luz do luar…

{Começa a tocar: Azul Da Cor Do Mar – Ivete Sangalo}

 

BIA – Eu fiquei muito orgulhosa de você hoje… O seu discurso foi lindo e inspirador.

PEDRO – Que bom, eu fico muito feliz com todo o apoio que você tem me dado.

BIA – Eu sempre irei te apoiar Pedro. E também ficarei sempre do seu lado, pro que der e vier. (Disse olhando séria e amorosa para ele. Depois tomou o último gole de champanhe e pegou a sua taça e a de Pedro e colocou na areia ao lado da garrafa de champanhe).

Bia foi chegando mais perto dele que não ofereceu nenhum tipo de resistência. Ele a olhou dentro dos olhos e tocou o rosto dela carinhosamente… Eles foram chegando cada vez mais perto um do outro e o primeiro beijo que ela tanto sonhara, finalmente aconteceu… Logo vieram outros e cada vez mais quentes e cheios de desejo. Bia se afastou e se levantou. Olhando para Pedro com desejo, ela desceu o zíper do longo vestido preto, tirou as alças pelos ombros e deixou o vestido cair sob seus pés, ficando apenas de calcinha… Em seguida ela tirou a calcinha lentamente e a jogou de lado. Pedro a olhou de cima a baixo, admirando sua beleza e nudez, enquanto Bia mordia os lábios e o chamava para si… Ela deu as costas para ele e correu para o mar, onde mergulhou e se virou novamente o chamando com a mão, era possível ver os belos seios dela sobre a água e o reflexo da lua sobre o mar. Pedro se levantou e começou a se despir… Completamente nu, ele correu para o mar de encontro a Bia. Lá eles se renderam aos beijos e carícias… Pedro sentia a rigidez dos mamilos de Bia nas pontas dos dedos e os colocou na boca, arrancando-lhe suspiros e arrepios por todo corpo. Eles tinham pressa e fome, e foi entre beijos quentes e molhados que Bia sentiu a rigidez do membro de Pedro a penetrando com força e precisão, fazendo-a gemer de dor e prazer ao mesmo tempo… Ela nunca sentira tanto prazer na vida. E como ela amava aquele homem… E foi com ajuda do balanço do mar e o movimento ritmado de seus corpos que ambos chegaram ao clímax e finalizaram se olhando, sorrindo e com um forte beijo…

 

CORTA PARA:

[Legenda: Duas Semanas Depois…]

CENA 8. EXTERNA |DIA |PRAIA DE IPANEMA.

Bia foi ver Pedro na praia e estava furiosa com ele…

BIA (Séria) – Oi Pedro. A gente pode conversar?

PEDRO (Sem graça) – Oi Bia, como vai?

BIA – Como você pode ver, eu estou bem… Apesar das duas semanas de gelo que você vem me dando. Por que isso hein Pedro?

PEDRO – Me desculpa Bia. Eu comecei a trabalhar em um escritório de arquitetura renomado e isso tem tomado muito o meu tempo…

BIA (Grita) – Mentira! Não mente pra mim… Eu sei muito bem porque você se afastou de mim. Foi desde aquela noite na praia, depois da sua formatura. Nós fizemos amor Pedro… Eu me entreguei pra você de corpo e alma… Você sabia que eu perdi a minha virgindade naquele dia com você? Eu me guardei para o homem que eu amo. Eu cheguei a pensar que seria diferente depois, que nós íamos ficar juntos e você me descarta assim? Sem nenhuma explicação? Como quem joga fora o lixo de um banheiro? Eu amo você Pedro, sempre amei… Será que você não percebe isso?
PEDRO – Me desculpa novamente Bia. Eu não tive a intenção e sinto muito, mas eu não posso corresponder a esse seu amor… Aquela noite eu bebi demais, estava carente, com a cabeça na Helô, sentindo muito a falta dela e você estava ali tão atenciosa e carinhosa comigo… Eu errei. Aquilo nunca devia ter acontecido… Aquela noite foi um erro.

BIA – Mas o bebê que eu to esperando não é um erro. Eu to grávida Pedro. Nós vamos ter um filho.

PEDRO (Surpreso) – O que? Não pode ser… Você tem certeza disso Bia?

BIA – Quase absoluta. Eu estou atrasada há mais de dez dias, então eu resolvi fazer o teste de farmácia hoje cedo e deu positivo nos dois testes. Na segunda mesmo eu vou ao médico e confirmo… Esquece a Helô de uma vez por todas Pedro. Ela não te ama mais, e deixou isso bem claro quando foi embora do Rio. Ela não vai voltar mais… O seu futuro agora esta aqui, do meu lado e do lado dessa criança que esta crescendo dentro da minha barriga. (Fala sorrindo, enquanto acaricia a própria barriga).

Pedro fica atônito, sem saber o que falar… Os dias passam, e Bia que nunca esteve grávida, consegue um exame de gravidez falso, tudo para poder amarrar Pedro que, decide esquecer Helô e formar uma família ao lado de Bia e do filho que ele pensa que vai nascer. Ele mais uma vez enfrenta Anselmo, pai de Bia e juntos eles contam para a família que Bia esta grávida e que eles irão se casar. Todos ficam surpresos e Anselmo reluta em aceitar essa realidade, já que Pedro era namorado de sua outra filha até pouco tempo atrás e agora se casaria com Bia. Mas devido as atuais circunstâncias, ele aceita o casamento e abençoa Bia, que agora é a sua única filha… O tempo passa e o tão sonhado dia acontece…

[Legenda: Dois Meses Depois…]

{Começa tocar: Marcha Nupcial}

Chega o dia tão esperado para Bia… Pedro a espera no altar, mas a cara dele é de tristeza. Ela entra na igreja linda e alegre, com um vestido que mais parece de uma princesa e que foi feito exclusivamente para ela, pelo grande estilista Sebastian Santorini. Anselmo que a conduzia até o altar também não estava feliz. Ele entrega Bia para Pedro e o cumprimenta de cara fechada… Depois da cerimônia realizada, os noivos se beijam. Bia e Pedro tornam-se marido e mulher… Eles passam a morar com Anselmo e Celina no início, e vivem como irmãos, já que Pedro respeita Bia como a mãe do seu filho, mas decide não consumar o casamento, para desespero de Bia, que o ama e se sente humilhada…

[Legenda: Um Mês Depois…]

CENA 9. INTERNA |DIA |COBERTURA DOS BITTENCOURT – QUARTO DE BIA E PEDRO.

Bia esta deitada na cama inconsolável por ter perdido o bebê… Ela sofreu um aborto espontâneo durante o fim de semana que eles passaram na casa da família em Angra. Ela chegou a gritar Pedro no banho, dizendo que havia perdido muito sangue e estava com fortes dores na barriga… Ele imediatamente a levou para o hospital que ela mesma sugeriu, para passar com o médico que a acompanhara desde o início da gravidez. O Dr. Furtado já estava combinado com Bia que lhe pagara muito bem, para ajudar ela na farsa da gravidez. Ele também a ajudou a mentir sobre o aborto, fazendo com que todos, além de Pedro, acreditassem na história desde o começo. E com isso, Bia conseguira o seu objetivo: Casar-se com Pedro.

PEDRO (Triste) – Não fica assim não Bia… Eu não tenho agido certo com você desde o começo. Eu detesto pensar que eu possa ter alguma coisa a ver com a perda do nosso filho. (Diz com lágrimas nos olhos) – Eu te prometo que de hoje em diante vai ser tudo diferente, e nós iremos formar uma família… Diz pra mim meu amor, o que eu posso fazer pra ver um sorriso no seu rosto de novo…

BIA – Eu quero adotar um bebê… Uma menina. Eu sei que nós podemos ter outros filhos e nós iremos ter com toda certeza, mas eu não quero esperar mais nem um pouco para ser mãe. Eu preciso dessa alegria agora, e o nosso casamento precisa disso… União e amor. Eu vou cuidar de tudo, eu sei de um lar de crianças onde eu posso adotar a nossa filhinha… E ela será muito feliz tendo nós dois como pais dela.

Pedro sorriu e assentiu com a cabeça e Bia o abraçou e beijou com amor…

[Legenda: Uma Semana depois…]

Amanhecera um dia lindo de sol e Bia fora cedinho para Niterói… Ela queria fazer uma surpresa para toda família, e em especial para Pedro, que ela tanto amava… Depois de rodar quase uma hora na estrada, ela finalmente chegou. Bia desce do carro num bairro pobre, em frente a uma casa simples e bate palmas… Uma mulher sai da casa e parece não reconhecê-la…

BIA – Mas que coincidência encontrar você por aqui… Não esta se lembrando de mim, Enfermeira?

ENFERMEIRA – Claro que eu estou lembrada de você madame. E como eu poderia esquecer de uma mulher que é capaz de tirar a filha da própria irmã, e ainda armar pra essa irmã pensar que a filha morreu?

BIA – Olhando assim, sob esse ângulo, até parece que você é santa né? Você me ajudou, foi minha cúmplice desde o começo, me informou direitinho cada passo que deu naquele hospital e de como as coisas funcionam por lá… (Começa a rir) – Não… Eu fico só me perguntando quantos anjinhos, você não matou, roubou e até mesmo vendeu, naquele hospital horroroso que a saúde pública já deveria ter fechado há muito tempo. Você é tão culpada quanto eu, portanto não se faça de tonta.

ENFERMEIRA – Tudo bem, eu assumo a minha parcela de culpa sim. Mas eu agi pensando no bem da minha irmã, na felicidade dela, por que eu a amo. Muito diferente de você, que fez o que fez porque odeia a sua.

BIA (Bate palmas) – Muito bem. Se isso te ajuda a dormir melhor a noite, que bom pra você não é mesmo? Agora sinceramente, eu não vejo diferença nenhuma entre nós duas… Pra mim, é a suja falando da mal lavada. E depois minha querida de boas intenções o inferno esta cheio e eu não acredito nem um pouco nas suas. Agora chega de mi mi mi, que o papo agora é sério, e eu vou ser curta e grossa… Eu vim buscar a minha sobrinha e não saio daqui sem ela.

Nesse momento a enfermeira começa a rir descontroladamente…

ENFERMEIRA – Você surtou? Depois de tudo o que eu fiz? Você acha mesmo que eu vou devolver a criança? Jamais!

BIA – Ai ai… Você não sabe mesmo com quem esta falando né? Eu sou Beatriz Bittencourt! E poderia até rir da sua cara também, ô enfermeirazinha de hospital desativado. Mas eu estou sem paciência hoje… Presta bem atenção. Eu não estou pedindo a menina de volta, eu estou exigindo. E vou ti falar os motivos pelos quais você vai me entregar ela por bem ou por mal… Primeiro porque eu sou rica, posso processar você e aquele hospital fuleira, só apontado mil irregularidades que existem por lá. Eu lhe garanto que você ia apodrecer na cadeia. Segundo, eu sou muito boa de lábia e consigo inverter a história a meu favor num piscar de olhos e no fim você sabe e já deve ter ouvido o famoso ditado pop, que a corda sempre arrebenta pro lado mais fraco. Agora eu te pergunto… Você vai mesmo querer medir forças comigo, ou vai lá dentro buscar a menina pra mim agora?

A enfermeira diante de tanta pressão não teve alternativa a não ser entregar a criança para Bia. No fundo ela sabia do que ela era capaz e tinha medo de que até sua irmã que não tinha nada a ver com a história fosse prejudicada. Bia pegou a sobrinha toda alegre…

BIA – Mas como você ta linda meu amor… Vem com a titia vem… Mas agora não é titia, é mamãe. Eu serei sua mamãe e vou te levar com o papai, e juntos nós seremos uma família linda e feliz. Toma enfermeira, é pra você. (Disse jogando um pacote para ela) – Ai dentro desse pacote tem mais do que suficiente pra você e a sua irmã viverem muito bem pro resto das suas miseráveis vidas. E nunca mais eu quero te ver na minha vida, fui clara? Se você pensar em cruzar o meu caminho de novo pode ter certeza de que será a última vez… Porque eu mato você! Agora esquece que eu existo e adeus.

Bia foi embora sem olhar para trás. Ela carregava a sobrinha que agora era sua filha e de Pedro, que iria criá-la com todo amor, sem nem imaginar que ela era na verdade a sua filha de sangue com Helô. No meio do caminho, Bia lembrou que tinha de passar na casa da tia, que havia lhe telefonado dizendo que Helô tinha deixado uma coisa para ela antes de ir embora…

BIA – Olha seja o que for que a Helô tenha me deixado me entrega logo, porque eu não posso demorar. Eu quero chegar no Rio o quanto antes. (Fala entrando feito um furacão, assim que Adna abre a porta).

ADNA (Surpresa) – Que bebê é esse Bia?

BIA – Minha filha não ta vendo? É claro que não é minha de nascença, mas é minha de coração… Eu adotei. Vai me entrega logo o que a Helô deixou…

ADNA – Toma… É uma carta, já que você não pode ir no dia se despedir dela, enfim, por causa do seu pai e toda situação.

BIA – E você acha mesmo que meu pai me segura? Eu não fui simplesmente porque eu não quis ir. Depois eu já estava cansada da lamúrias da Helô… Graças a Deus que ela foi embora. Segura ela pra mim… (Diz entregando a bebê para a tia). – Olha eu nem devia ter vindo até aqui, porque sinceramente não me interessa saber mais nada da Helô. Eu agora tenho a minha vida e a minha própria família pra me preocupar. (Fala enquanto rasga a carta da irmã em pedacinhos e coloca no cinzeiro).

ADNA (Chateada) – Não faz isso Bia… A Helô gosta tanto de você. (Nesse momento Adna repara em uma mancha no bracinho da menina e fica cismada).

BIA – Chega desse assunto, eu não quero mais saber da Helô e ponto.

ADNA – Que mancha é essa no braço da menina? É uma marca de nascença… Aonde foi que você pegou essa menina Bia?

BIA – Que isso? Que interrogatório é esse? Eu não devo satisfações da minha vida pra você não…

ADNA (Espantada) – Essa menina é a filha da Helô! Como isso é possível? O que foi que você fez Bia?

BIA – Me da minha filha… Você só pode estar louca ou voltou a beber de novo, o que eu acho mais provável, só pode. A filha da Helô morreu naquele hospital meses atrás, e você estava lá, não se lembra?

ADNA – Eu me recuso a acreditar nisso agora… Eu conheço, eu sei do que eu estou falando. Essa mesma marca a sua mãe, minha irmã também tinha… Assim como a Helô também tem. É de nascença, é de família… Essa menina só pode ser a filha da Helô que não morreu. Quantos meses ela tem? Parece ter sete meses… Exatamente a idade que a filha da Helô teria se tivesse viva. Meu Deus do céu! É a Paloma…

Bia nesse momento perde a cabeça e toma a bebê do colo da tia e a coloca deitada no sofá encostada em uma almofada. Ela sai louca gritando e revirando toda a casa da Adna…

BIA – Cadê, onde foi que você escondeu a bebida hein? Você voltou a beber de novo né sua miserável, viciada desgraçada… Você é uma vergonha. Eu tenho vergonha de você…
ADNA – Não Bia, eu não voltei a beber eu juro minha filha… (Implora chorando) – Confia em mim, por favor!

Bia vai até a cozinha e encontra uma garrafa de vodka dentro do armário…

BIA – Ah mais eu sabia… Ta aqui a prova! Vai continuar negando na minha cara, sua ordinária? (Grita).

ADNA – Eu não bebi eu juro… Olha ela ta fechada. Na última recaída que tive, eu jurei pra mim mesma que não ia beber mais, e guardei essa garrafa ai dentro e desde então eu me mantenho sóbria. Mesmo olhando pra ela, eu resisto… Isso já faz três anos… Três anos que eu estou sem beber.

BIA – Eu não acredito nisso. Pra mim não parece que você deixou de beber… Aliás, contando ninguém acredita nisso e nem em nada que saia dessa sua boca imunda! (Nesse momento, Bia abre a garrafa e sai despejando todo conteúdo em cima da tia) – Toma sua viciada, bebe… Eu to alimentando o seu vício e vou alimentar pro resto da sua curta vida… Sim porque eu tenho certeza que com esse fígado de bucha, encharcado de álcool você não vai muito longe. Toma, abre a boca que eu to mandando! (Bia abre à boca da tia a força e despeja a bebida sem dó. Adna quase se engasga e implora chorando a Bia).

ADNA – Para, por favor! Eu te imploro, não faz isso comigo… Eu to sóbria há três anos, eu não quero voltar a beber… Para…

Nesse momento, a menina começou a chorar e Bia solta a tia, a deixando largada no chão, toda molhada e cheirando a álcool, chorando e aflita… Depois joga a garrafa na cozinha, quebrando-a no mesmo instante. Depois pega a sobrinha no colo e sai…

BIA – Não esquece sua maldita. Essa menina agora é minha filha, eu adotei… Ela é só minha. Entendeu? E ai de você se algum dia disser o contrário… Eu te interno numa clinica de reabilitação e providencio pra que você morra por lá mesmo. Passar bem! (Saiu batendo a porta).

Adna chorou até não conseguir mais. Ela chorou até que suas lágrimas secassem… Bia lhe machucara profundamente com suas atitudes e palavras. Ela não esperava isso da sobrinha que ela mais amava… Bia era só alegria dentro do carro na companhia da filha. Como era possível amar tanto uma criaturinha tão pequena daquelas? (Pensou sorrindo). Ela não via a hora de chegar em casa e apresentar a mais nova integrante da família Bittencourt… Quando finalmente chegaram todos a esperavam na sala.

{Começa a tocar: Instrumental – Sentimental}

BIA – Olha só meu amor, que casa bonita você vai morar… É a casa da mamãe e do papai… (Diz com a menina no colo que olha pra ela e sorri).

Todos na sala sorriem e ficam encantados com aquela princesinha linda. Bia apresenta ela ao pai e a Celina. Ela e Anselmo abençoam a menina e o avô faz questão de pegar a neta no colo. Bia vai até Pedro e o abraça e beija.

BIA (Feliz) – Essa é a nossa filha meu amor… Eu consegui adotar ela provisoriamente. Agora é só dar andamento nos papéis da adoção e aguardar a decisão final da juíza. Mas eu tenho certeza de que ela nos dará a guarda definitiva dela, se Deus quiser… Ela não podia ter pais melhores do que nós meu amor… Agora minha felicidade esta completa. Com você, a nossa filha e eu como empresária, e dona da marca Garota de Ipanema… O que esse garoto ta fazendo aqui de novo? (Indagou ao ver Edu, o filho de Juvenal entrando na sala).

PEDRO – Deixa o menino Bia. Você sabe que duas vezes na semana ele vem passar o dia com o seu pai… Ele se sente responsável pelo garoto agora. E vai ajudar ele. Pelo menos o delegado não encontrou nada que comprovasse um possível assassinato, nem mesmo aquele mecânico que foi visto saindo daqui naquele dia fatídico e deu o caso por encerrado… O que nos leva a crer que ele foi vitima de um acidente mesmo. Graças a Deus!

Bia foi até o pai e pegou a menina no colo e a levou até Pedro, que a recebeu de braços abertos e emocionado… Bia chorou ao ver pai e filha juntos pela primeira vez… E ela não cabia em si de tanta felicidade. Para ela a família estava completa agora: Ela como mãe e esposa, Pedro como marido e pai e a menina como filha dos dois e sem a Helô por perto para atrapalhar a vida deles…

BIA – Essa é… Paloma Bittencourt Gouveia. Bem vinda ao lar e a sua nova família minha filha.

Pedro continuou com a filha no colo e feliz, ele rodopiava com ela pela sala, enquanto chorava de alegria… Pedro, Bia e Paloma foram felizes da maneira que foi possível… A menina cresceu ao lado de Edu, o filho de Juvenal. Os dois se tornaram amigos inseparáveis. E não demorou muito para que se tornassem namorados na adolescência… Um namoro puro e inocente, que logo Paloma achou melhor terminar tudo e ficar mesmo só na amizade. E assim o tempo foi passando desde que Paloma chegara no Rio de Janeiro, em Ipanema, na cobertura dos Bittencourt, pela porta da frente e fazendo parte da família que já era mesmo dela por direto, e que Bia a privara disso desde o começo, afastando ela de Helô… Sua verdadeira mãe biológica…

[Legenda: Vinte e Dois Anos Depois… 2017! Dias Atuais…]

CENA 1. INTERNA |DIA |ESCRITÓRIO – GOUVEIA ARQUITETURA & ASSOCIADOS.

Cam abre fade in – Vemos um escritório amplo e bem decorado, com uma secretária sentada a mesa, ela atende um telefonema. Em volta alguma salas. (Off) – Cam chega dentro de uma sala e vemos um homem sentado de costas, olhando a paisagem lá fora… Ele abre uma gaveta e pega uma foto e fica olhando para ela e vai passando os dedos, como que acariciando a fotografia, onde uma bela jovem parece ter posado exclusivamente para ele, pois na foto ela manda um beijo… Ao fundo vemos a janela do escritório e lá embaixo a praia de Ipanema.

FIM DO CAPÍTULO.

(A imagem congela. Depois se transforma em um cartão postal, jogado sobre Ipanema).
{O capítulo se encerra com a música: The Girl From Ipanema – Melim}.

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