CENA 1. EXTERNA |DIA – AMANHECENDO |CLIPE DE IMAGENS.

{Começa a tocar: A Vida Quis Assim – Oswaldo Montenegro}

Cam fade in – Mostra o mar, a praia, calçadão, o trânsito… Prédios, o corcovado, o pão de açúcar, a Lagoa, Barra, Leblon… Ipanema. Fachada do Edifício Bela Vista.

CORTA DIRETO PARA:

CENA 1. INTERNA |DIA |COBERTURA DE BEATRIZ – SUÍTE MASTER.

{Começa a tocar: Dindi – Maria Bethânia}

Beatriz acorda e procura Pedro do lado dele da cama, e só o que ela encontra é a cama vazia… Beatriz então se levanta e vai até o banheiro, se olha no espelho, escova os dentes e depois vai tomar uma ducha… E é durante o banho que ela pensa em Pedro e relembra de épocas felizes em flashbacks… A primeira noite de amor deles na praia, o dia do casamento… E quando ela trouxe Paloma para casa, os primeiros passos da filha, o primeiro dia na escolinha, a festa de quinze anos, a formatura… Tudo com Pedro ao seu lado e com eles felizes de certo modo. Ela sorri embaixo do chuveiro…

CORTA DIRETO PARA:

CENA 2. INTERNA |DIA |COPA.

BEATRIZ – Bom dia Chica. (Diz sentando-se a mesa de café, muito bem servida).

CHICA – Bom dia, dona Beatriz.

BEATRIZ – Você sabe se o Pedro saiu muito cedo? (Diz servindo-se de uma xícara de café).

CHICA – Tem uma hora mais ou menos. Ele nem quis tomar café da manhã. Foi só café puro mesmo e sem açúcar, como ele gosta.

BEATRIZ (Pensativa) – E as meninas, já acordaram?

CHICA – A Liah já sim senhora, ela já esta descendo para tomar café e ir para o colégio. A Paloma ainda esta dormindo.

BEATRIZ – Você prepara uma bandeja com tudo o que a Paloma gosta que eu vou levar o café da manhã dela na cama. Mas não demora que eu tenho compromisso viu. Pode ir agora… (Off) – Vamos ver se eu consigo amansar a fera…

CORTA PARA:

CENA 3. EXTERNA |DIA |CALÇADÃO.

{Começa a tocar: O Barquinho – Paula Toller}

Anselmo e Celina fazem a sua caminhada diária pelo calçadão de mãos dadas…

CELINA – Eu fico tão preocupada com a Liah, ela não esta nada bem coitada… A Beatriz pega muito no pé dela, não deixa a menina nem respirar direito…

ANSELMO – E eu não sei? A Beatriz sempre foi metida a sabe tudo, mandona, exigente… Ela se acha a dona da verdade. Mas pra cima de mim, ela não cresce.

CELINA – Você não acha que deve falar com ela, meu amor? Sim por que se o que a Maroca disse for verdade, bulimia é uma doença muito séria. E nós não podemos fechar os olhos pra isso. A Liah é muito nova ainda e pode estar precisando de ajuda médica e psicológica pra sair disso tudo.

ANSELMO – Agora você disse tudo meu amor… Ajuda psicológica é o que ela mais precisa com uma mãe daquelas. Vamos esperar mais um pouco e observar a Liah melhor, conforme for eu falo com a Beatriz e levo a Liah ao médico eu mesmo se for preciso.

Nesse momento, um conhecido de Anselmo passava pelo calçadão e foi falar com ele.

HOMEM (Sorridente) – Bom dia Anselmo! Quanto tempo meu amigo, como vai?

ANSELMO – Eu vou bem e você meu amigo? A família… (Pergunta enquanto da um abraço no amigo).

HOMEM – Vai bem obrigado. Como vai a senhora? (Indaga a Celina).

CELINA (Sorri) – Bem obrigada.

HOMEM – E as sua filhas Anselmo, como estão? Eu nunca mais ouvi falar da Garota de Ipanema… A Helô era linda e uma menina de ouro, até hoje eu e minha esposa nos lembramos dela.

Anselmo e Celina se olham sem jeito, já que Anselmo não gosta de lembrar-se de Helô e muito menos falar dela…

ANSELMO (Ríspido) – Ta tudo bem graças a Deus meu amigo. Bom eu vou indo que eu tenho um compromisso. Foi um prazer revê-lo, dê lembranças a sua esposa por mim… Vamos pra casa Celina, a caminhada pra mim acabou hoje…

CORTA PARA:

CENA 4. INTERNA |DIA |INSIGHT PUBLICIDADE – SALA DE LENITA.

LEILA (Bate na porta) – Oi Lenita, será que você poderia me fazer grande um favor amiga?

LENITA (Sorri) – Se eu puder ajudar, mas quando você diz um grande favor, eu já sei que é um abacaxi daqueles pra eu descascar né?

LEILA (Ri) – Bom de certa forma é sim, mas acho que você vai até gostar. Um cliente me ligou e quer mudar algumas coisas na campanha urgente, ele viaja amanhã pra Grécia e quer deixar tudo certo hoje ainda. O problema é que eu tinha que receber outra cliente aqui no escritório… Será que você a recebe pra mim? Ta tudo certo já em cima da minha mesa é só apresentar o projeto pra ela…

LENITA – E você ainda pergunta? Claro que sim amiga. Quem é a cliente?

LEILA (Sorri) – Beatriz Bittencourt… Tudo bem pra você?

LENITA – Tudo ótimo. Será um prazer receber a rainha da cocada preta. (Sorri) – Há anos que eu espero esse reencontro.

LEILA – Ta bom, obrigada. Eu fico te devendo essa, mas vê se trata ela bem hein Lenita, afinal ela é uma cliente apesar de tudo… Esse também é o último trabalho que faremos para ela e a marca Garota de Ipanema, depois estaremos livres.

LENITA – Deixa comigo Leila, pode ir sossegada, que com a Beatriz eu me entendo. (Sorri sarcástica).

CORTA PARA:

CENA 5. EXTERNA |DIA |FACHADA DO EDIFÍCIO BELA VISTA – COBERTURA DE BEATRIZ – COPA.

Beatriz ainda toma o seu café calmamente, enquanto lê o jornal e Liah chega e se senta.

LIAH – Bom dia mãe.

BEATRIZ – Bom dia. (Responde sem nem olhar para a filha e continua lendo o jornal) – Mas essa mulherzinha é mesmo ridícula… Onde já se viu falar mal da Garota de Ipanema?

LIAH (Curiosa) – Quem mãe?

BEATRIZ (Irritada) – E quem mais poderia ser… A venenosa da Teodora Pamplona. Olha só o que ela publicou na coluna de modas do Diário Carioca: “A marca Garota de Ipanema terá a sua última chance de brilhar no desfile da nova coleção moda praia verão 2017, que acontecerá no Espaço Plaza Shopping no próximo dia vinte e três. Será que a Garota de Ipanema depois de tanto nadar e nadar irá morrer na praia? É aguardar para ver.” – Miserável! Cretina! (Diz atirando o jornal para longe) – Parece que esta até torcendo contra.

LIAH – Ai mãe que bobagem… A senhora não deve dar tanta importância pra essas coisas. Amanhã ela publica sobre outro assunto e todo mundo esquece essa nota, relaxa.

BEATRIZ – E do que você entende hein Liah, pra querer me dar aulas de como as coisas são na vida? Você mal saiu das fraldas, se enxerga garota… E vê se para de comer besteira na casa do seu avô ou no colégio, que você engordou de novo. Acha que eu não percebi as dobras da sua barriga? Ta parecendo um colchão amarrado no meio… Não sei como você pode ser minha filha de sangue. Você é relaxada não se cuida, credo. Homem nenhum gosta de mulher gorda assim não. Os que estão com uma é porque gostam, afinal como dizem tem gosto pra tudo na vida. Depois esse tipo de homem normalmente também não vale muito à pena, isso quando também não são gordos. (Risos) – Semana que vem eu vou te levar na nutricionista e você começar a fazer uma dieta urgente. Não, filha de Beatriz Bittencourt gorda? Chega a ser um insulto a minha pessoa… Eu não posso admitir isso.

CHICA – Dona Beatriz ta aqui a bandeja com o café da Paloma que a senhora me pediu.

BEATRIZ – Mas que demora hein criatura… Até que enfim. Deixa ai em cima da mesa e pode sair. (Beatriz limpa a boca com o guardanapo, depois se levanta e pega a bandeja) – E você Liah, aprenda uma coisa de uma vez por todas filha… O mundo é dividido em duas categorias de mulheres, as lindas e as gordas. Eu e a sua irmã estamos na primeira, você pode não chegar lá, mas sempre pode melhorar um pouquinho né? Coragem… É disso que você precisa. (Fala e sobe as escadas).

Liah começa a chorar e depois pega a mochila e vai para o colégio.

CORTA DIRETO PARA – QUARTO DE PALOMA.

Beatriz bate na porta do quarto da filha e vai entrando…

BEATRIZ – Bom dia minha filha… Eu trouxe o seu café na cama. Ué cadê essa menina? Paloma você ta no banho filha? (Indaga batendo na porta do banheiro).

PALOMA (Grita) – To mãe, eu já vou sair…

Beatriz deixa a bandeja em cima da cama e começa a abrir as cortinas do quarto. Quando ela olha em cima da escrivaninha ele vê uma pasta aberta com vários desenhos de moda praia e fica boquiaberta…

BEATRIZ (Feliz) – Mas que garota danada… Escondendo o jogo de mim esse tempo todo. Esses desenhos da nova coleção estão maravilhosos. Agora eu tenho certeza de que a Garota de Ipanema vai arrasar nesse desfile e ressurgir das cinzas, como a fênix. (Sorri) – A Teodora vai ter de engolir tudo o que disse.

De repente Beatriz ouve a porta do banheiro se abrir e deixa os desenhos onde os encontrou e disfarça…

PALOMA (Seca) – Bom dia.

BEATRIZ (Sorridente e cínica) – Bom dia minha querida. Dormiu bem?

PALOMA – Como um anjo… Não é assim que se diz?

BEATRIZ (Sorri) – Dizem que sim, mas sinceramente eu não saberia te responder, por que eu durmo sempre como uma pedra, é o jeito que eu prefiro e inclusive descanso melhor, porque acordo sempre pronta pra outra… Bom eu trouxe o seu café da manhã na cama hoje, como oferta de paz. Eu estou levantando bandeira branca… Nós somos mãe e filha, eu amo você e acho que a gente deve parar com essas brigas freqüentes, isso não faz bem nem pra mim e nem para você.

PALOMA – Muito bacana da sua parte essa oferta de paz… Mas só pra te lembrar, quem esta sempre em guerra comigo e o mundo é a senhora e não eu.

BEATRIZ – Ah não… Pelo amor de Deus! Senhora não. Você sabe que eu odeio ser chamada assim, não me representa nenhum um pouco. Eu prefiro que me trate de você, ou até mesmo pelo nome…

PALOMA – Ok Beatriz. O que mais você veio fazer aqui, além de me trazer uma bandeja de café como oferta de paz? Diz logo, porque eu tenho que sair e já estou atrasada…

BEATRIZ – Muito bem, vamos direto ao ponto então… Você já deve saber que essa campanha publicitária da Garota de Ipanema com a Insight, será a última. A Leila conversou comigo ontem e deixou isso bem claro. Enfim, é uma pena, mas eu acho que é um direito dela, assim como é o meu direito continuar com a marca ou não. E eu irei procurar outra agência publicitária assim que eu e a Leila assinarmos o nosso distrato de parceria… E eu gostaria de saber sobre o nosso acordo agora, se você continua desenhando para a marca ou desfilando…

PALOMA – Bom como eu já havia dito, não. Eu não pretendo continuar como estilista da marca, que é o que eu mais amo fazer na vida, uma vez que é você quem leva os créditos por isso. Quando eu era menor de idade, era diferente, eu não podia assinar os croquis e só por isso eu aceitei que você os assinasse por mim. Agora tudo mudou, eu sou adulta, responsável pelos meus atos, e definitivamente eu não quero e não preciso continuar vivendo no anonimato. Eu quero assinar os meus próprios modelos e ser uma estilista famosa, reconhecida… Quem sabe até ter a minha própria marca futuramente. Eu decidi fazer faculdade de moda e começar a me dedicar a isso de agora pra frente… Agora quanto a desfilar, nós duas sabemos que eu nunca gostei, foi mais uma imposição sua, na verdade uma tentativa de fazer com que eu me interessasse por outra coisa, que não fosse desenhar, mas que eu continuasse desenhando mesmo assim para que você levasse a fama. E pra mim não dá mais, eu cansei…

BEATRIZ – Tudo bem, se você vê as coisas dessa forma, eu não posso fazer nada. Acredite você ou não tudo o que eu sempre fiz e ainda faço, é pensando no bem da nossa família. Eu verei outra estilista para a marca também…

PALOMA (Terna) – Ah… E quanto aos croquis da próxima coleção, pode ficar sossegada que eu já os tenho prontos e você poderá usar sem problemas, pela última vez… Sabe, eu gostaria de entender o porquê dessa sua fixação com a marca Garota de Ipanema? O porquê de você não acabar de vez com essa bomba que esta prestes a explodir na sua mão… Há anos ela não da lucro, a crítica e a mídia estão sempre esculachando a marca, que só tem dado prejuízo, mas que continua de pé, aos trancos e barrancos, graças a sua insistência e a gorda mesada que o vovô te da até hoje e que você acaba investindo tudo nesse furada… Por que esse sadomasoquismo gratuito, mãe?

BEATRIZ (Rancorosa, emocionada) – Você não entenderia, por mais que eu explicasse… O titulo Garota de Ipanema e tudo o que ele trouxe com ele, eram para ter sido meus desde o começo, só meus. Mas ela tirou isso de mim…

PALOMA (Curiosa) – Quem? A tia Helô? O que aconteceu de fato nessa história toda, que até hoje é um tabu aqui em casa e na casa do meu avô? Eu não entendo mãe… As únicas que ainda falam um pouco disso é a vó Celina e a Maroca, que parecem amar a tia Helô…

BEATRIZ – Nem queira entender minha filha. Isso tem muito tempo, já ficou no passado e como todo passado, ele deve continuar morto e enterrado… Só o que eu posso te dizer é que o destino depois de todos os seus revezes, arrumou um jeito dessa marca vir parar na minha mão. E finalmente parte do que eu sonhei a minha vida toda era meu, e ainda é… E eu não vou desfazer daquilo que eu mais amo na vida e que agora é meu por direito. Eu ainda tenho fé, que a Garota de Ipanema vai voltar a fazer sucesso como no começo…

Paloma sorri para a mãe e elas se abraçam. No fundo, apesar de tudo, Paloma tinha pena da mãe.

CORTA PARA:

CENA 6. EXTERNA |DIA |FACHADA HOTEL HILTON – BARRA |LOBBY DO HOTEL.

{Começa a tocar: Tigresa – Luana Mallet}

Cam pega as pernas de uma mulher entrando no hotel… Vemos as sua pernas coladas a um vestido preto abaixo do joelhos, e sapatos vermelhos de salto… Depois o celular dela toca e ela o procura na sua bolsa preta de grife. – Close na mão dela bem feita com esmaltes vermelhos, ela atende a chamada e só então vemos o seu rosto se revelar, ela tira os óculos de sol e começa a falar e ir à direção do Lobby do Hotel.

TEODORA (Ao Celular) – Que foi Zilu? Eu não estou acreditando que você me ligou outra vez para perguntar o que você deve fazer pro almoço? Se vira criatura. O Rodrigo ficou de almoçar com a Débora em casa hoje e você já sabe do que eles gostam, eu e o César vamos almoçar fora… O que? Quem foi que me ligou? Ah e ela disse pra eu retornar… Sei, pediu pra você anotar o número dela pra eu ligar de volta? Sabe o que você vai fazer com esse papelzinho Zilu minha querida… Vai rasgar em pedacinhos e jogar no lixo que é o lugar dele… Onde já se viu, retornar ligação? Eu sou Teodora Pamplona e não sou mulher de retornar ligações, sejam elas até do papa. Quem quiser falar comigo, que fique ligando até me achar. Agora eu vou desligar que estou entrando em reunião, tchau.

Teodora desligou e se encaminhou para o lobby do hotel. Ao passar por um homem aparentando quarenta e poucos anos, ela o olhou e deu um meio sorriso, enquanto ele a comeu com os olhos. Sentados de frente um para o outro, eles trocavam olhares, e Teodora vez por outra, cruzava as pernas…

CÉSAR – A senhorita esta hospedada aqui?

TEODORA (Ri) – Quem, eu? Não e também não sou senhorita. Eu sou uma mulher casada, portanto pra você, sou senhora. Eu estou esperando o meu marido, a nossa casa esta em obras e estamos passando uns tempos aqui no hotel. Ele esta em uma reunião de negócios, é empresário.

CÉSAR – Sei… Me desculpa pelo constrangimento. É que você é uma mulher muito jovial, bonita e elegante, não me pareceu ser casada. Eu sou noivo, a minha futura esposa e eu somos de São Paulo e estamos de férias no Rio. Nós vamos passar o dia fora, visitando os cartões postais da cidade, enfim… Tem dez minutos que eu desci, ela estava saindo do banho e me disse pra esperar quinze minutos… Ai eu resolvi descer e esperar ela aqui no lobby, já que eu sei que esses quinze minutos irão se transformar em pelo menos meia hora. (Conclui rindo).

TEODORA (Sorri) – Olha cuidado com esse tipo de comentário viu, nós mulheres somos uma máfia e não gostamos que falem mal da nossa irmandade… Vocês homens em dez minutos estão pronto mesmo, tem muito pouco o que arrumar. Agora nós mulheres não… Quando saímos temos que marcar presença, atrair olhares e elogios, no fundo todas nós gostamos disso.

CÉSAR – Sei… Se arrumam para os homens…

TEODORA (Ri) – De maneira alguma meu querido. Isso é o que vocês pensam e nós permitimos claro. Afinal todo homem precisa ter o seu ego elevado às vezes… Na verdade nós nos vestimos bem para outras mulheres. Sim a concorrência é desleal e nenhuma de nós quer estar menos maravilhosa que a outra…

CÉSAR (Sorri) – Vivendo e aprendendo… Prazer, eu me chamo Marcelo.

TEODORA – Verônica…

Os dois dão um aperto de mão demorado e se encarando o tempo todo…

TEODORA – Bom acho que eu vou subir e esperar o meu marido lá em cima… Acho que ele ainda deve demorar. Foi um prazer.

CÉSAR – O prazer foi todo meu. Mas espera, eu vou subir também e lhe faço companhia no elevador.

{Continua tocando: Tigresa – Luana Mallet}

Os dois foram juntos pegar o elevador e conversavam animadamente… Quando finalmente entraram e a porta se fechou, eles continuaram a se encarar e Teodora puxou o botão do elevador para pará-lo. Ela não perdeu tempo e partiu pra cima dele. Eles se beijavam loucamente, enquanto se despiam… Ele tirou a blusa dela e apertou os seus seios, enquanto a beijava muito, descendo pelo pescoço e o colo. Ela tirava o cinto dele, depois abriu o botão e zíper da calça, deixando a mesma cair aos seus pés…

CORTA PARA:

CENA 7. EXTERNA |PRAIA DE IPANEMA |PEDRAS DO ARPOADOR.

{Começa a tocar: Como Vai Você – Daniela Mercury}

Pedro esta sentado em cima de uma das pedras do arpoador e pensativo, ele suspira fundo e olha para o mar e suas ondas… (Off) – Que saudades de você Helô… Quanta falta você me faz até hoje meu amor. A gente tinha tantos planos, porque você tinha que ir embora, me deixando com esse imenso buraco no peito? Hoje nós poderíamos estar casados, e com os nossos seis filhos… (Sorri) – Nada na minha vida faz sentido sem você, minha Garota de Ipanema, nada. (Com os olhos lacrimejados) – Nem mesmo esse mar, tem mais graça sem você… Eu vou te amar pra sempre… Eu daria tudo pra te ver de novo, tudo…

CORTA PARA:

CENA 8. EXTERNA – INTERNA|DIA |CIDADE DE AMERICANA – HOSPITAL – CONSULTÓRIO DE HELÔ.

Helô esta sentada e pensativa… Sua cabeça parece estar a mil, com um turbilhão de pensamentos e longe dali. Ela só volta a si quando ouve baterem na porta…

HELÔ – Pode entrar…

DANIEL (Bate na porta) – Você mandou me chamar, Helô?

HELÔ (Sorri) – Mandei sim… Senta aqui Daniel. (Diz abrindo um espaço para ele no sofá) – A gente precisa ter uma conversa séria e definitiva… Eu pensei muito essa noite, não consegui nem pregar os olhos direito depois de tudo que aconteceu… O Bruno sendo preso, o fato de ele estar envolvido com drogas e nos culpar por isso, a briga feia que eu e ele tivemos ontem à noite, o tapa que eu dei na cara dele… Tudo foi a gota d’água pra mim, Daniel.

DANIEL – Eu entendo. E confesso que também fiquei perdido, sem chão mesmo. O nosso filho precisando de ajuda esse tempo todo e nós não percebemos… Fomos egoístas, relapsos mesmo eu diria. Quem sabe a gente poderia ter evitado tudo isso de alguma maneira? É só o que eu consigo pensar agora… Mas de verdade, eu acredito que vai passar, é só uma fase. Ele só tem dezoito anos, é um menino ainda. O que nós temos que fazer agora é nos unirmos pra ajudar ele… (Diz enquanto pega na mão da esposa).

HELÔ (Se solta da mão dele) – Eu não penso assim Daniel, na verdade eu acho que o nosso casamento, a nossa relação em família é que tem prejudicado o Bruno. De uns anos pra cá, nós não vivemos mais como uma família de verdade. Nunca estamos em casa com ele, quando chegamos do hospital, ele já saiu… Existe pouca atenção, pouco diálogo, sem contar na nossa relação que esta saturada, e o fato da gente estar insistindo numa coisa que não tem mais futuro, tem refletido nele também. O nosso casamento acabou faz tempo Daniel, e a gente errou em levar isso adiante… O Bruno me culpa por você ser infeliz, imagina? Ele me jogou isso na cara ontem… Eu sei que você me ama muito e acredite, eu te amei também no começo, quando nos casamos, mas eu não te amo mais. Ficou um carinho, um respeito muito grande e uma amizade que eu quero levar por toda vida, afinal nós temos um filho e esse laço irá nos unir pra sempre. Mas ele não é feliz, você não esta feliz e nem eu também estou… E nós não podemos continuar vivendo desse jeito.

DANIEL – O que você esta querendo dizer com tudo isso?

HELÔ – O óbvio… Que o nosso casamento acabou e que nós devemos para o nosso bem e principalmente para o bem do Bruno, oficializar isso de uma vez. Eu quero a separação Daniel. Eu acho que vai ser melhor assim pra todos nós, inclusive pra melhora do nosso filho, que também acha que nós devemos nos separar. Eu já estou decidida, vou contatar minha advogada e dar entrada nos papéis, quem sabe assim o Bruno melhore e volte a ser aquele menino alegre e responsável de um ano atrás…

DANIEL – Não, eu me recuso a aceitar isso. (Fala se levantando) – É justamente agora que o Bruno mais precisa de nós dois juntos e unidos. Será que você não vê que a separação pode piorar tudo?

HELÔ – Eu não vejo dessa forma. E depois nós vamos estar do lado dele o tempo todo. Só que como amigos e pais dele, e não mais como marido e mulher… Ah tem outra coisa também, eu decidi passar uns tempos no Rio ou até quem sabe voltar a morar lá…

DANIEL – Ah mais agora eu entendi, tudo faz sentido. Você quer se separar de mim pra voltar correndo para os braços do seu amado. Deveria ter nos poupado tempo, ao invés de gastar todo o seu latim com conversa fiada e ido direto ao ponto. Você nunca conseguiu esquecer ele não é mesmo? Admite! (Grita)

HELÔ (Tom) – Isso não tem nada a ver com o passado e você sabe muito bem disso. Acontece que eu amo o Rio, eu vivi boa parte da minha vida lá… Tenho pai, madrasta, uma irmã, enfim… Uma família que eu deixei pra trás e nunca mais vi. Eu tenho saudades, e quero revê-los há muito tempo, eu sempre te falei isso. Você esta sendo injusto comigo.

DANIEL – Será mesmo que estou? Você nunca esqueceu aquele surfistinha que eu sei… Agora vem dar uma de boa samaritana pra cima de mim?

HELÔ – Pense o que quiser, eu não irei mais discutir com você sobre esse assunto. Já esta decidido, eu já pedi minhas contas no RH, vou falar com o Bruno e amanhã mesmo eu estou voltando para o Rio. Vou morar com a Flávia, trabalhar com ela e as portas da minha casa estará sempre aberta pra você e o nosso filho. Todos nós estamos precisando desse tempo agora e vai ser melhor assim. E ao contrário do que você possa estar pensando, eu não estou abandonando o nosso filho, eu estou salvando ele de nós mesmos. Agora me da licença, por favor! Eu tenho uma paciente daqui cinco minutos. (Diz abrindo a porta pra ele).

DANIEL – Você ainda vai se arrepender de tudo isso, ah vai… (Sai batendo a porta).

FIM DO CAPÍTULO.

(A imagem congela. Depois se transforma em um cartão postal, jogado sobre Ipanema).

{O capítulo se encerra com a música: Sorte & Azar – Cazuza}.

 

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