Kapittel én

I – Em busca de respostas

Vila de Gudwangen

E Kaira, cabelos de fogo, caminhava por aquelas colinas debaixo de uma neblina corpulenta acompanhada de seu escudo e de seu machado. Estava tudo vazio e silencioso, quando ela avistou uma estranha figura debaixo de uma árvore no topo. Era um homem de chapéu pontudo e longas vestes negras, rodeado de corvos e carregando seu cajado torto. Por um momento, Kaira sentiu seu corpo estremecer e ficou sem reação alguma. Então, aquele homem se virou para ela e ela pôde notar que ele tinha apenas um olho. Lembrou-se das histórias que Thórin e Freya lhes contaram ao redor da fogueira nas noites geladas. “É Odin! Mas o que ele quer comigo?” – pensou Kaira. Foi quando em um piscar de olhos aquele homem se parou bem na sua frente e a jovem de cabelos vermelhos arregalou seus olhos sentando na cama.

Freya, uma mulher guerreira, perto dos seus 40 anos de idade, loira e de olhos azuis com uma enorme cicatriz abaixo do olho esquerdo, entrou no recinto usando um longo vestido branco amarelado e carregando uma bacia de água.

– Que cara é essa, jovem Kaira? – perguntou Freya.

Ela largou a bacia de água sobre uma mesa de carvalho e depois sentou-se ao lado de Kaira na cama.

– Mais um pesadelo daqueles? – questionou Freya acariciando os cabelos vermelhos da jovem.

– Era Odin! Eu tenho certeza! – disse a jovem.

Kaira estava com a expressão assustada. Olhou dentro dos olhos azuis de Freya.

– O que os deuses têm pra me dizer? Eu sempre desperto antes que eles possam me falar. Foi assim com Njord quando adormeci na praia. Foi assim com Thor na noite da tempestade e foi assim agora com Odin.

Freya possui um enorme apreço por aquela jovem ao seu lado. Kaira está com 19 anos de idade, mas está na vila viking desde os seus 12 anos, quando Thórin, marido de Freya, a capturou em um dos ataques às vilas cristãs. Era para ser apenas uma escrava, mas o casal se afeiçoou de uma maneira inexplicável com aquela menina que a criaram como uma filha. Aprendeu à ser uma guerreira escudeira e, segundo Thórin, já estaria apta a lutar nas próximas batalhas, caso este fosse o desejo do earl da vila. Freya encarou àquele olhar assustado e cheio de dúvidas:

– Chegou a hora, jovem Kaira. Você vai ir comigo. Vamos fazer uma visita ao oráculo.

Todos na vila estavam ocupados com seus afazeres quando Freya e Kaira cruzaram o caminho de pedras indo na direção da tenda do oráculo.

Dentro da tenda estava tudo enfumaçado devido às ervas queimadas que exalavam um cheiro exótico que se espalhava por todo o recinto. O oráculo, um ancião de longos cabelos brancos e rosto desfigurado usava uma capa preta e estava de costas para a entrada observando o ambiente hostil do lado de fora através das frestas nas paredes. Ao ouvir as cortinas de paus estremecerem, o ancião se virou colocando o capuz de sua capa.

– Bem vindas, Freya, filha de Lur e Kaira, cabelos de fogo. – disse o ancião ajoelhando-se sobre um joelho, baixando a cabeça e reverenciando as duas.

Freya já o conhecia, mas Kaira não conseguia esconder o seu espanto ao ver aquele ser “diferente” de quem ela apenas ouvira falar por tantos e tantos anos. O oráculo levantou o olhar dirigindo-o à jovem de cabelos vermelhos.

– Você tem muitas perguntas, não é mesmo? – perguntou o ancião.

Kaira não conseguia responder, tamanho era o seu espanto. Então, Freya a cutucou com o braço e ela engoliu à seco.

– Desculpe ela, meu ancião. Ela nunca…nunca tinha vindo até aqui. – respondeu Freya.

Freya sentou em um banco feito do tronco de uma árvore em frente ao oráculo. Kaira sentou ao seu lado, sempre olhando as deformidades na face daquele ancião na sua frente.

– Kaira tem algumas questões sim. Ela quer saber o que os deuses…

– O que os deuses querem tanto dizer à ela! – interrompeu o oráculo.

O oráculo sorriu encarando a jovem de cabelos vermelhos revelando seus dentes amarelados.

– Dizer algo sobre sua mãe, os deuses querem. – disse o oráculo despertando um olhar arregalado da moça na sua frente.

– Viva pode estar…a sua mãe…mas…

O oráculo estendeu o braço na direção de Kaira. A manga da capa preta subiu e revelou a mão enrugada que alcançou as pontas dos cabelos ruivos da jovem.

– O medo precisa ser deixado de lado, jovem Kaira. Relaxar e deixar os deuses completarem a sua missão você deve.

Kaira se assustou com as palavras e com a sabedoria do oráculo. Sentiu um ar gélido percorrer todo o seu corpo. Freya queria questionar mais alguma coisa mas foi interrompida pela gargalhada do ancião.

– Agora, jovem Kaira, esperar lá fora você deve. – disse o oráculo lançando seu olhar misterioso para Freya.

Freya entendeu o recado.

– Aguarde lá fora, jovem Kaira. – disse ela.

Kaira levantou-se e o oráculo estendeu seu braço para ela com a palma da mão virada para cima. Kaira não entendeu e olhou para Freya.

– Você deve lambê-la antes de se retirar.

O oráculo sorriu encarando a jovem de cabelos vermelhos. Ela, com a sua mão trêmula, apoiou-a debaixo da mão enrugada do ancião e inclinou-se com a cabeça na direção da mão do oráculo. Sua língua inocente percorreu aquela palma de mão debaixo até em cima. O oráculo olhou dentro dos olhos de Kaira.

– Abra sua mente e o seu coração e as respostas você terá! – disse ele.

Kaira endireitou o corpo e saiu daquela tenda, pois era tudo o que ela mais desejava. O oráculo voltou a encarar Freya.

– Agora somos eu e você…filha de Lur. Você pode pedir o que quiser.

– Eu não tenho nada para pedir. Vim aqui só por causa da jovem mesmo.

O oráculo soltou mais uma alta gargalhada. Pegou algumas pedras coloridas em um canto e jogou-as no chão espalhando-as e passando a mão aberta sobre elas.

– Tem certeza que não quer saber sobre o corcel negro indomável?

Freya arregalou os olhos encarando o ancião à sua frente.

II – Preparada para a batalha

Na estrada de terra batida em frente aos casebres de madeira, a poeira era levantada com os passos compassados de dois pares de botas pretas como se fosse uma dança.

A espada veio de cima e atingiu o escudo de cor verde escura com símbolos nórdicos. Na sequência, um machado teve o mesmo destino. Então, o escudo se foi para o lado e outro espadin se chocou na espada que antes fôra bloqueada. Duas respirações cessaram aquela luta. Era Kaira, cabelos de fogo, de calças de couro suja, blusa com tiras de couro e cabelos presos em um coque alto. A outra respiração vinha de uma outra jovem, esta loira, de olhos azuis e cabelos presos em uma longa e perfeita trança única. As duas começaram guardar suas armas.

– Acho que você evoluiu muito Kaira.

– Isso é um grande elogio vindo de alguém como você: uma verdadeira guerreira. Já esteve em batalhas…e já eu…

A jovem loira é Dimithria, filha de um dos líderes vikings. Ela embainha sua espada nas costas, prende o machado na cintura e segura a haste do escudo preso ao braço. Se aproxima de Kaira.

– Escuta, ouvi meu pai falando do cerimonial do earl esta noite. Ele vai instruir um novo ataque e tenho certeza que tu terás novidade.

Kaira encarou surpresa as palavras de Dimithria.

– Mas você não sabe de nada. Ninguém pode saber que te falei. – disse Dimithria cochichando no ouvido de Kaira.

A jovem loira se afastou entrando em uma das ruelas que rodeiam o local. Kaira ficou pensativa, soltou seus cabelos e ajeitou suas armas. Do alto de uma janela de um casebre, Thórin observava a jovem de cabelos vermelhos. Freya então, surgiu ao seu lado se aconchegando em seu braço.

– Ela está pronta para a batalha, Freya. Precisa conhecer este lado. Seu sangue de guerreira escudeira está fervilhando por um combate de verdade.

– O oráculo disse que ela precisa perder o medo dos seus sonhos…não acredito que esteja pronta para rios de sangue.

Thórin abraçou a mulher. Encarou o céu carregado.

– Os deuses sabem o que fazem. Vão olhar por ela nas decisões. – diz ele.

Thórin olhou para Freya. Acariciou seus cabelos. Ahhh, como ele admirava aquela mulher…

– Hoje vamos levá-la ao cerimonial. O Earl vai promovê-la. Na próxima invasão ela vai com nós. Na linha de frente porque é assim que os deuses querem.

Freya sorriu sem jeito.

– Mas meu verdadeiro medo é outro.
Freya encarou os olhos brilhantes e misteriosos de Thórin.

– O que me preocupa é o que o oráculo me falou…

Ela baixou o olhar. Parecia ter medo até de expressar o que pensa e sabe.

– O oráculo disse que meu fim está próximo…que a Valquíria pode vir no momento em que o corcel negro indomável pastar em nossos quintais…

Freya, chorando, enfiou a cabeça nos pêlos do agasalho de Thórin.

– E ele está certo, Thórin. À cada dia que passa vejo ele chegar mais perto.

Ouviu-se gritos de crianças na ruela lá embaixo brincando com espadas de paus sob os olhares de Thórin e Freya.

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  • ótima estreia. envolta em mistério. Kayra aparece como heroína pronta pra crescer com uma aventura.

    • Obrigado Hugo Martins. Continue acompanhando, a história traz pontos cruciais da cultura nórdica. Ahhh, este você já tinha lido, se não me engano né?

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  • Gostei da estréia. Achei que o final poderia ter um gancho melhor mas nada que comprometa. Parabéns, querido s2

    • Obg meu amigo. Optei por episódios curtos nesta série. Tô achando que o pessoal lê mais, sei lá. Vamos ver. Nem todos os episódios na sequência possuem ligações, então ao longo da série, alguns ganchos podem não ser tão chamativos assim. Continue acompanhando, espero que goste! Abraços

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  • Gostei muito da narrativa, fiquei curioso sobre como vai ser o caminho da Kayra. Parabéns, meu amigo!

    • Obrigado pelo comentário. Que bom que gostou. Continue acompanhando que vem muita coisa boa por aí ainda!

  • Gostei muito da narrativa, fiquei curioso sobre como vai ser o caminho da Kayra. Parabéns, meu amigo!

  • Boa noite meu querido amigo…demorei mas com ler sua história. Já sabe que achei essa ideia maravilhosa e como você sou fã de Histórias assim. Gostei muito do capítulo inicial de conhecer mais Kaira e de toda cultura e crença que colocou nas cenas. Estou ansiosa para que Kaira parta para sua jornada e nos basta esperar para ver o que os deuses planejam para ela.

    • Obrigado pelo comentário. Que bom ter começado a acompanhar. Continue. Tem muita coisa pra acontecer ainda.

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