“O DRINK DO SONO ETERNO”

CENA 01. LOJA DE BRINQUEDOS. BANHEIRO MASCULINO. TARDE. INT.


Samuel continua observando a frase escrita em vermelho no espelho. Ele olha para todos os lados do local, sem entender o que está acontecendo. Seu coração acelera. Esfrega os olhos para ver se não está delirando. Olha para o espelho e a frase continua lá. Outro funcionário entra no banheiro e repara o estado de Samuel.


BRENO

Tudo bem, cara? 


Caminha até a pia, lava as mãos. Samuel olha para ele, em seguida para o espelho e a frase havia desaparecido.


SAMUEL (assustado)

Cadê? (aponta para o espelho) Cadê a frase que estava escrita aqui?


Breno olha e não vê nada.


BRENO

Não tem nada no espelho. (fecha a torneira) Você está bem? Fome não é, porque você acabou de almoçar. 


Caminha até uma das cabines, abre o zíper da calça, urina. Samuel continua com sua atenção fixada ao espelho.


SAMUEL

Eu tenho certeza do que eu vi. (toca no espelho) A frase estava aqui.


BRENO (responde da cabine)

Acho melhor você voltar para a loja, cara. Teu horário de almoço acabou.


SAMUEL (tom baixo)

Eu não entendo. 


Breno puxa a descarga, sai da cabine. Caminha até a pia, lava as mãos novamente. 


BRENO

E o que é que estava escrito que fez você ficar assim?


Samuel pensa em contar para o colega, mas acaba desistindo.


SAMUEL (sério)

Nada.


BRENO (sorri)

Anda, se você se atrasar, o Douglas vai pegar no seu pé. 


Breno desliga a torneira e sai do banheiro. Samuel observa seu reflexo no espelho, se questiona se está ficando louco. Pega sua mochila e caminha até a saída. 


Com o banheiro vazio, a entidade surge no local onde Samuel estava antes. Seu rosto vira para o espelho e reflete a sua verdadeira face. Uma criatura demoníaca, com chifres, ferimentos no rosto e assustadora. 


CAM destaca brevemente a face original da criatura, em sequência registra a entidade desaparecendo do local.


CORTA PARA


CENA 02. CASA DE SAMUEL. COZINHA. NOITE. INT.


Samuel e sua mãe jantam em silêncio. Regina percebe o filho estranho, tenta puxar assunto.


REGINA

Como foi o trabalho hoje, filho? 


Samuel não responde. Regina não repete a pergunta, volta a comer em silêncio. Segundos depois Samuel retorna à realidade.


SAMUEL (a Regina)

Falou comigo?


REGINA

Eu perguntei como foi o trabalho hoje. Mas pela a sua cara, não deve ter sido um bom dia.


SAMUEL

Foi normal. (foca em seu prato) Estou apenas pensando em algumas coisas estranhas que têm acontecido comigo.


REGINA

Que coisas estranhas?


Samuel olha para sua mãe, se questiona se poderia confiar nela. Olha para o prato novamente.


SAMUEL

Nada. Esquece isso.


REGINA (preocupada)

Eu sou sua mãe, Samuel. Você pode confiar em mim. Se tem alguma coisa te perturbando, é só me dizer. (segura a mão dele)


SAMUEL (aflito)

É que… não sei se a senhora acreditaria.


REGINA

Talvez se você me contar.


Samuel a encara por alguns segundos. Fica em silêncio, se questiona se realmente poderia contar o que estava acontecendo.


SAMUEL (sério)

Nos últimos dias, algumas coisas estranhas têm acontecido comigo. Tenho ouvido e sentido coisas, me entende? 


Regina lança um olhar estranho para o filho. Solta a mão dele.


SAMUEL

E hoje, no trabalho eu meio que vi algo que não sei se era real ou não.


REGINA (preocupada)

E o que você acha que viu?


SAMUEL

Eu vi uma frase escrita no espelho do banheiro. Só que não havia ninguém lá, além de mim. E logo em seguida a frase desapareceu. Simplesmente, não sei se isso foi algo da minha cabeça ou se realmente aconteceu.


REGINA

E o que dizia essa frase?


SAMUEL (receoso)

Eu não lembro. Fiquei tão assustado na hora, que não fiz questão para o que estava escrito.


Fica atento a sua mãe, à espera de que ela pudesse dar alguma resposta do que está acontecendo. Regina fica alguns segundos em silêncio. Não sabe o que dizer, por ter receio de que o filho esteja ficando louco, igual o pai dele.


REGINA

Acho que deveria falar com a sua tia.


SAMUEL (sério)

Eu não estou louco, mãe.


REGINA

Eu não estou dizendo isso, só que… pelo o que você me falou… 


Uma fúria súbita percorre o corpo de Samuel, ele se levanta e soca a mesa com força. 


SAMUEL (tom alto)

Eu não estou louco!


Essa reação inesperada assusta Regina, que se afasta do filho. Samuel vê a reação da mãe e o que fez, tenta ficar calmo novamente.


SAMUEL (respira, tom baixo)

Eu não estou louco!


REGINA (preocupada)

Só marca uma visitinha, filho. Ela deve ajudar você, mais do que eu.


SAMUEL

Quer saber. Eu não devia ter contado nada pra senhora. 


Sai da cozinha. Regina fica sozinha, apreensiva pelo filho. Segura o crucifixo em seu pescoço, começa a orar.


CORTA PARA


CENA 03. RUA. NOITE. EXT.


No ponto de prostituição, Milu e outra garota, estão em uma conversinha bem íntima com um homem. Ela está apoiada na janela do veículo, exibe seu decote.


MILU (provocante)

Então, vai querer brincar conosco ou não? 


Passa a mão no peito do homem, acaricia. A garota ao lado, faz carinho na cabeça dele. 


CARA (animado)

Depois de um dia longo de trabalho como esse, o que eu mais quero é uma diversão. Entrem aí. (destrava as portas do carro)


Milu desencosta da janela. Olha para Sindy que estava a poucos metros dali e pisca para a colega. Ela e a outra garota dão a volta no veículo, entram em seguida. Milu está ao lado do motorista. Eles saem dali rumo a um lugar mais confortável. 


Sindy caminha um pouco pela calçada, à espera de algum cliente. Um carro na cor prata vem em alta velocidade e para ao lado dela. Brevemente assustada, ela recua para a calçada. Gabriel (23 anos, pardo, alto) abaixa o vidro do veículo.


GABRIEL (sorri)

Oi, gata. Sentiu saudades? 


Ao pensar que era um cliente, se aproxima. Ao reconhecer que é um de seus estupradores, fica furiosa.


SINDY (furiosa)

Seu filho da puta! 


Tenta jogar a bolsa na cara dele, mas o vidro do veículo sobe rapidamente.


SINDY (grita)

Seu covarde. Sai daí se você é homem.


Ao perceber aquela gritaria, algumas garotas começam a se aproximar. Dentro do carro, Gabriel ri da cena. Acelera em sequência.


SINDY (grita)

Vai fugir, né?! Seu covarde, desgraçado.


Joga sua bolsa no veículo, mas não o acerta.


SINDY

Vai pro inferno, desgraçado!


LINDA

Quem era, Sindy?


CASSANDRA

Era algum dos caras que te violentou?


SINDY

Era sim, meninas. Veio zombar de mim.


LINDA

Porque não nos chamou. Todas nós iríamos adorar dar um jeitinho nele.


SINDY

Tudo bem. Espero que aquele ali não volte nunca mais aqui.


Pega sua bolsa do chão e volta para a calçada. As demais garotas começam a se dispersar. Do outro lado da rua, a entidade observou o que aconteceu. Seus olhos vermelhos brilham, desaparecendo na sequência.


CORTA PARA


CENA 04. BOATE. NOITE. INT.


Gabriel e o primo entram em uma boate bem animada. Caminham até o bar, observam algumas garotas dançando na pista. Ele e o primo sentam em alguns banquinhos.


JAIME

Não sei por que você foi até aquelas garotas novamente. Imaginou se elas cercam o carro? 


GABRIEL

Eu passaria por cima de todas elas. (vira-se para pista)


JAIME

Vai querer o que?


GABRIEL

Por enquanto, estou caçando a nossa diversão da noite. 


Sorri para uma garota dançando com outras duas bem próximas ao bar. Ela retribui o sorriso. Jaime vira-se para a pista e também vê a garota para quem o primo sorriu.


JAIME

Gostosa, hein.

 

GABRIEL

Né. 


JAIME

Trouxe a parada lá?


GABRIEL

Você já me viu esquecer disso alguma vez? 


Vira-se para o bar. Tira do bolso da calça um vidrinho com um líquido transparente dentro. Esconde segundos depois.


JAIME

Queria que o Dan estivesse aqui com a gente.


GABRIEL

Também. Deixa eu descobrir qual foi a vadia que fez isso com ele, que ela vai me pagar.


JAIME

A polícia tem alguma pista?


GABRIEL

Nenhuma. Esses corruptos não trabalham não, cara. Estão nem aí pra população. 


Vira-se para a pista novamente. Atenta sua atenção para a garota dançando, continua flertando com ela.


GABRIEL

Por enquanto, precisamos honrar a memória do nosso amigo, não é não? (cutuca o braço do primo, sorri)


JAIME (a garota)

Oh, se é. 


GABRIEL (vira-se para o bar)

Deixa eu preparar o terreno antes. (chama o barmen) Amigo, um mojito aqui! 


Vira-se para a pista, volta a flertar visualmente com a garota. De longe, os dois estão sendo observados pela a entidade. Embora esteja na pista de dança, ninguém consegue vê-la.


CORTA PARA


CENA 05. CASA DE SAMUEL. QUARTO. NOITE. INT.


Samuel está deitado em sua cama. Observa o teto, pensativo. Tem dúvidas, se realmente está ficando louco. Pega o celular, procura o contato de sua tia. Hesita em mandar uma mensagem. Bloqueia o celular, joga ao lado e volta a observar o teto.


CORTA PARA


CENA 06. BOATE. NOITE. INT.


Com sua bebida em mãos, Gabriel convida a garota que estava flertando para o acompanhá-lo no bar. Gabriel se aproxima do ouvido do primo.


GABRIEL

É melhor você esperar lá fora.


Jaime se levanta e caminha até a pista. Segundos depois, a garota senta-se no banco onde ele estava.


GABRIEL

Aceita? (sorri, oferece a bebida para garota)


ELISA

Aceito, sim. 


GABRIEL (ao barmen)

Amigo, mais um, por favor. (a Elisa) Como se chama?


ELISA

Elisa!


GABRIEL

Prazer, Gabriel. Uma garota bonita como você, deve estar acompanhada, certamente?!


ELISA (ri)

Só vim com algumas amigas mesmo. E o rapaz que estava do seu lado, quem é?


GABRIEL

Aquele cara é o meu primo. Ele tá de passagem na cidade, então decidi mostrar um pouco alguns locais divertidos, antes dele ir embora amanhã.


ELISA

Ah, é. Que atitude bacana a sua.


GABRIEL

O que não fazemos pela a família, não é mesmo?! 


Toma um gole de sua bebida, sem tirar os olhos de cima da garota. Uma garota se aproxima de Elisa, diz algo no ouvido dela. Na sequência, a puxa do banquinho, em direção ao banheiro feminino.


ELISA (a Gabriel)

É já que eu volto.


Gabriel sorri, pois era a oportunidade que ele estava esperando. A bebida que ele pediu para Elisa chega.


GABRIEL

Obrigado, amigo.


Espera o barman se afastar, puxa o copo para perto. Presta atenção ao redor da boate, verifica se não tem alguém olhando. Rapidamente puxa o vidrinho dentro do bolso da calça. Pega o copo, leva para debaixo do balcão, entre suas pernas. Vira o líquido transparente do vidrinho no copo e mistura com a bebida. Verifica mais uma vez se não tem ninguém olhando. Coloca naturalmente a bebida sobre o balcão. Guarda o vidrinho em seu bolso. Aguarda tranquilamente Elisa voltar do banheiro.


CORTA PARA


CENA 07. CASA DE SAMUEL. QUARTO. NOITE. INT.


Após sair do banho, Samuel fica de frente para o que sobrou do espelho de seu guarda roupa. Observa fixamente seu reflexo. Tem medo de que assim como o pai, acabe terminando em um manicômio. Ao lado de seu reflexo, uma frase começa a ser escrita. Isso o deixa assustado mais uma vez.


Frase:“Eles não aprendem!”


Samuel recua do seu guarda roupa, apavorado.


CORTA PARA


CENA 08. BOATE. NOITE. INT.


Minutos depois, Elisa retorna para o bar. 


ELISA (senta-se)

Desculpe a demora.


GABRIEL

Sem problema. Aí está sua bebida. 


Aponta para o copo em frente dela, vira-se e a observa.


GABRIEL (sorri)

Espero que goste.


ELISA

Estava pensando em irmos dançar um pouquinho, o que acha?


Empurra o copo para o lado, se aproxima de Gabriel.


GABRIEL

Antes… (pega seu copo) … um brinde. A família e amigos. 


Elisa o observa por alguns segundos. Pega o copo que empurrou para o lado e brinda junto com Gabriel. Ele a observa beber tudo de uma vez. Na sequência, ele bebe de uma vez o seu.


ELISA

Vamos pra pista agora?


GABRIEL (sorri)

Vamos! 


Segura na mão dela e os dois vão para a pista de dança. Os dois começam a dançar por um tempo. Minutos depois Elisa vai diminuindo seu ritmo.


ELISA

Uau… (se apoia em Gabriel) As coisas começaram a girar de repente.


GABRIEL

Tudo bem? 


Mantém um sorrisinho no rosto ao perceber que o que ela tomou está fazendo efeito.


ELISA (tonta)

Eu não sei. Por favor, me leva até a minha amiga. Ela deve estar por ali. 


Aponta para o lado esquerdo, se apoia no ombro de Gabriel.


GABRIEL

Calma… 


Coloca o braço dela ao redor de seu pescoço. A segura pela cintura.


GABRIEL

Vamos sair um pouco daqui. Talvez essa multidão não esteja te fazendo muito bem.


ELISA (sonolenta)

Não. Eu quero minha amiga. Sara! (tenta falar alto) Sara! 


GABRIEL

Calma. Vamos para um lugar mais tranquilo. 


Com ela apoiada em seu ombro, os dois vão em direção a saída.


ELISA (fraca)

Sara! Sara! 


Tenta virar seu corpo para trás, na direção que apontou, mas sente o corpo pesado.


ELISA (sonolenta)

Sara!


GABRIEL

Eu tenho quase certeza de que eu a vi indo lá pra fora.


Gabriel consegue passar por meio das pessoas naturalmente. Elisa está apoiada em seu ombro, praticamente desacordada.


CORTA PARA


CENA 09. RUA. NOITE. EXT.


Ao sair da boate, Gabriel disfarça ao passar pelo segurança.


GABRIEL

Ela bebeu um pouquinho, amigo. Sou o namorado dela. (sorri, tenta ser simpático)


O segurança olha estranho para aquela situação. Gabriel continua levando-a para o carro, a poucos metros dali. O carro está ligado. Jaime abre a porta traseira do veículo.


JAIME

Ela apagou?


GABRIEL

Sim. 


Coloca o corpo da garota primeiro, a ajeita no banco de trás. Entra em seguida no veículo e fecha a porta.


GABRIEL (sorri)

Isso é tira e queda.


JAIME

E a amiga dela? Ela não te viu.


Gabriel acaricia o rosto da garota desacordada.


GABRIEL 

Acho que não. Mas assim que perceber a nossa falta, começará a nos procurar. (acaricia as pernas da garota) Imagina só esse corpinho sem roupa?!


JAIME (olha para garota)

Ela parece ser bem gostosinha. 


GABRIEL

Anda, vamos sair daqui. 


JAIME

Claro. 


Acelera o veículo e saem rapidamente de frente da boate. O segurança estranha o modo que o carro saiu. Pega o celular na sequência e faz uma ligação.


CORTA PARA


CENA 10. CARRO. NOITE. INT.


Jaime está um pouco além da velocidade, tenta se afastar o máximo da boate.


JAIME

Aonde vamos?


Gabriel abre o zíper de sua calça e a retira. 


GABRIEL

Só vai dirigindo aí, enquanto me divirto aqui com ela. 


Coloca as pernas dela sobre as suas. Tira a calça da garota. Jaime bisbilhota pelo retrovisor.


JAIME

Essa é lisinha?


GABRIEL

Calma, eu ainda não vi. 


Observa a calcinha da garota, em um olhar doentio.


GABRIEL

Mas pela marca da calcinha, sim. (sorri)


Gabriel ri junto com o primo. Ele retira a calcinha de Elisa. Em seguida, tira sua cueca. Se ajeita um pouco na traseira do carro, abre as pernas da garota e começa o abuso. Jaime dirige e bisbilhota o que está acontecendo atrás. 


CORTA PARA


CENA 09. ESTRADA DESERTA. NOITE. EXT.


Jaime estaciona o carro em local distante da cidade, com bastante árvores ao redor. Sua calça está com o zip aberto, tira ela ali mesmo. Sai somente de cueca do veículo, indo até a porta traseira.


JAIME (abre a porta)

Tá, bom cara. (tenta puxar o primo) É a minha vez agora. Você veio o caminho inteiro se divertindo.


GABRIEL

Já estou terminando aqui. Espera, estou quase lá. 


Elisa começa a acordar, porém ainda sente seu corpo pesado.


ELISA (sonolenta)

Sara! 


Sente um incômodo abaixo de sua cintura. Abre brevemente seus olhos.


ELISA (sonolenta)

O que você está fazendo?


GABRIEL (sorri)

Acordou bem na hora, bebê.


Elisa tenta manter os olhos abertos, ao perceber o que está acontecendo.


ELISA (assustada)

O que é isso? O que vocês estão fazendo? Para, por favor.


Tenta empurrá-lo, mas seu corpo continua pesado.


GABRIEL

Parar porque, se tá tão gostoso aqui? 


JAIME

Anda, cara. O efeito da droga está passando. Logo ela vai recobrar a consciência e vai ser difícil continuar. É a minha vez agora.


Elisa aos poucos vai recobrando as forças em seu corpo. Tenta tirar Gabriel de cima dela, mas seus braços continuam pesados. Começa a chorar.


ELISA (chorando)

Para, por favor. Me deixa ir embora. 


Tenta empurrá-lo mais uma vez, sem sucesso. Tenta gritar, mas sua voz não sai tão alto assim.


ELISA (grita)

Socorro! Sara! Sara!


Jaime se irrita pela demora do primo, o puxa pela camisa e o joga para fora do veículo.


JAIME

Chega, sou eu agora.


GABRIEL (irritado)

Tá, maluco, Jaime! (se levanta) Eu disse que estava terminado.


JAIME

Você é lerdo demais. 


Entra no veículo só de cueca. Abre as pernas de Elisa. A garota tenta se livrar dele, mas sem sucesso.


JAIME

Aprende como é que se faz. 


Inicia o abuso. Elisa continua chorando, tenta reunir forças para empurrá-lo.


ELISA (chorando)

Não, para, por favor. Me deixem ir. 


Ao fundo do local a entidade aparece entre as árvores.


ELISA (chora)

Me deixem ir! Parem, por favor. Parem!


JAIME

Calma, isso vai acabar logo. 


GABRIEL

Isso não vai durar nem 30 segundos. 


Escutam um barulho vindo logo à atrás, em meio às árvores. Gabriel se assusta, se afasta do veículo em direção ao som.


GABRIEL (tom alto)

Tem alguém aí?


Jaime para o abuso, olha pela janela.


JAIME

O que foi?


GABRIEL

Ouvi algo ali. (volta para o veículo) Me dá aí minha cueca.


JAIME

E eu lá sei onde está sua cueca.


GABRIEL

Tá aí no chão, do teu lado. 


Jaime olha para baixo, pega a cueca do primo e joga nele.


JAIME

O que você vai fazer?


GABRIEL

Eu ouvi algo vindo dali. (veste a cueca) Vou ver o que é.


Gabriel dá a volta no veículo, caminha em direção de onde ouviu o ruído. Jaime sai do carro, observa o primo. Elisa aproveita a oportunidade, tenta reunir forças e começa a se vestir.


JAIME (preocupado)

Será que é alguém?


GABRIEL

Eu que vou saber. Você que nos trouxe pra cá. Você devia ter verificado se não havia ninguém na área. 


Jaime pega sua calça no banco do motorista. A veste e se aproxima até a traseira do veículo.


JAIME 

Eu vou com você.


GABRIEL 

Só vou até aquela árvore ali, trouxa. Fica aí.


Caminha em direção de onde veio o barulho. Seu primo fica ao lado do carro, observa.


GABRIEL (tom alto)

Tem alguém aí? Oi? 


Dentro do carro, Elisa consegue vestir sua calça. Ao olhar para fora, percebe um ser escuro em pé, ao lado de Jaime. Seus olhos se arregalam de medo.


ELISA (apavorada)

O… o que… o que é isso? (grita)


Gabriel e Jaime viram-se rapidamente ao ouvir o grito da garota. Jaime se apavora com aquele ser ao seu lado. 


JAIME (tom alto)

Que porra é essa! 


A entidade rapidamente segura o pescoço de Jaime e o ergue a poucos centímetros do chão. Gabriel se assusta com a criatura enforcando o primo.


GABRIEL (apavorado)

Caralho! 


A entidade olha em direção a Gabriel. Seus olhos vermelhos brilham e os três desaparecem dali. Elisa sai do veículo, ainda com o corpo mole. Olha para todos os lados e não vê ninguém. Ela grita assustada. 


CORTA PARA


CENA 10. GALPÃO ABANDONADO. NOITE. INT.

Gabriel e Jaime estão pendurados a poucos metros do chão por um gancho de ferro, perfurando suas mãos, semelhantes a carnes em açougue. Ambos estão desacordados. O ser demoníaco está à frente deles, observando-os atentamente. Eles começam a acordar, sentem um incômodo em suas mãos.


GABRIEL (olha para cima, apavorado)

Mas que porra é essa? O que está acontecendo aqui, caralho?


Começa a se movimentar, ferindo ainda mais suas mãos. Olha para a entidade logo abaixo, fica imóvel. Jaime desperta ao lado, olha para entidade e tem a mesma reação do primo.


JAIME (apavorado)

O que é aquilo? 


A entidade exibe o frasco vazio que estava na calça de Gabriel. Em seguida, aponta para uma palavra escrita na parede, logo acima.


PALAVRA:“Abusadores!”


JAIME (apavorado)

O que essa coisa vai fazer com a gente? 


Começa a urinar de medo, molha sua calça. Gabriel se contorce pendurado, tenta sair dali. Ignora que os movimentos estão ferindo cada vez mais suas mãos.


GABRIEL (grita)

Socorro! Alguém me tira daqui! Socorro! 


Jaime também começa a gritar. 


JAIME (grita)

Eu quero sair daqui. Me tirem daqui. Socorro! Socorro!


Os olhos do demônio brilham, fazendo as bocas deles se fecharem e seus corpos ficarem imóveis. Jaime e Gabriel tentam falar, mas só conseguem gemidos. A entidade caminha até uma mesa ao lado. Observa dos galões com rótulos enormes: ÁCIDO SULFÚRICO. A entidade olha para os rapazes pendurados, pega os galões e flutua até eles. 


Os olhos de Jaime e Gabriel ficam arregalados, ao observar aquele ser flutuando vindo em sua direção. Os olhos da entidade brilham, obrigando-os a ficarem de boca bem aberta. Eles tentam fechar suas bocas, mas sem sucesso. A entidade se aproxima dos dois. Ao perceber o que ela pretende, os garotos se desesperam. 


Gabriel e o primo tentam fechar seus lábios, mas continuam abertos. Calmamente, a entidade vira o líquido dos galões na boca de cada um. O ácido corrosivo imediatamente começa a queimá-los por dentro. Em questão de tempo, suas gargantas ficam avermelhadas. Suas bocas começam a sangrar. Os dois se desesperam, ao sentir o ácido os corroendo por dentro. Gemidos de dor e desespero é a única coisa que eles conseguem emitir. Sentir os dois agonizando, deixa a entidade satisfeita. 


Além dos olhos, nariz e orelhas na face escura da entidade, uma boca começa a se formar. Com bastante líquido inserido, os peitos e abdômen dos rapazes começam a se avermelhar. O ácido queima tanto o interior deles, que começam a soltar excrementos. Ambos já estão mortos. 


A entidade se afasta, solta os galões no chão. Vê-los mortos daquele jeito, a deixa feliz. Isso é nítido pelo sorriso em seu rosto. Agora que sua face tem uma boca, a entidade emite uma gargalhada demoníaca. 

FIM DO EPISÓDIO.

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