É noite Em Curitiba – PR, Isadora Novaes, bela mulher de meia idade, 37 anos, cabelos castanhos e lisos, olha o horizonte da cidade na varanda do apartamento quando avista um carro se aproximando da entrada de seu prédio, ela retira o celular do bolso e vê que há duas chamadas perdidas. Isadora então manda mensagem de texto para o número que havia ligado:

“Não posso falar agora, ele acabou de chegar. Depois te ligo. ”

   Enquanto o carro acessa o portão do estacionamento, Isadora se dirige ao quarto e de sua bolsa retira um envelope. Ao chegar na sala coloca-o em cima da mesa, próxima ao sofá e senta-se.

No envelope está escrito: “Para Luigi Villar”. Ela observa a encomenda com certo nervosismo e ansiedade.

Luigi, senhor de 81 anos, com cabelos em avançado estado grisalho, porém com certa disposição, ao deixar seu automóvel no estacionamento, entra no elevador.

Luigi parece estar tranquilo, apenas um pouco cansado após um longo dia de trabalho, ele observa o marcador de andares que se altera até parar sinalizando o 11° andar. Ao abrir-se o elevador, Luigi caminha pelo corredor até chegar a porta de número 1001, entrando no apartamento ele grita:

 – Isadora?

Poucos instantes se passam até que Isadora surge sorridente, vindo da cozinha:

Isadora – Oi amor, já estava ficando preocupada.

Eles se abraçam, Isadora o beija.

Luigi – Precisei ficar até mais tarde hoje.

Isadora – Reunião?

Luigi – Sim!

Isadora – Ah amor, então você deve estar exausto… Vem aqui!

Segurando sua mão esquerda, Isadora leva-o para o sofá.

Isadora – Senta aqui. Tomou seu remédio hoje?

Luigi – Sim!

Isadora –Ah que bom,  não pode deixar de tomar. Quer um chá?

Luigi – quero.

Isadora – Vou pegar!

Luigi questiona a ausência da empregada:

Luigi – Você? mas e a a Rosa, já foi?

Ainda caminhando em direção à cozinha, Isadora responde:

Isadora – Já querido. Você demorou, que horas ela sairia daqui hoje, Tadinha? Mas ela é ótima, antes de sair, deixou nosso jantar pronto.

Enquanto isso, Luigi retira a gravata, procurando ficar mais à vontade, é quando acaba avistando o envelope que Isadora havia colocado na mesa próximo ao sofá. Curioso ele o pega e lê:

“Para Luigi Villar”

   Ao abrir o envelope, Luigi se depara com várias fotos. Nelas, Isadora está despida e trocando carícias com outro homem, bemmais jovem que Luigi , eles se beijavam e faziam sexo. Por serem extremamente comprometedoras,  essas imagens revelavam a Luigi, a Isadora que ele não conhecia, a mulher que tanto ama estava o traindo.

Luigi sussurra confuso:

Luigi – Mas…, como… não…

Luigi parece não acreditar no que estava diante de seus olhos, magoado, analisa uma, por uma.

Enquanto Isadora prepara o chá na cozinha, Luigi chega por suas costas com as fotos nas mãos:

Isadora – O que é isso Isadora?

Com o olhar estático, Isadora vira-se para o esposo, olha fixamente as fotos nas mãos dele e logo desvia o olhar  novamente para o rosto dele, ela já sabia do que se tratava:

Luigi – O que significa isso?. Você não vai dizer nada, Isadora?

Com uma frieza assustadora, Isadora explica:

Isadora – O que quer que eu diga? Que essa vadia aí das fotos, não sou eu?

Com ar de deboche, ela enfatiza:

Isadora – Você adoraria descobrir que isso é apenas uma brincadeira, né? Oh… olha para você … Você tá velho! Você é apenas um velho com disfunção erétil,e tudo mais  ou melhor dizendo, no popular, você é só um velho brocha!  Acha mesmo que eu ficaria somente o resto da vida, quer dizer, o resto da sua vida, ao seu lado? Dormindo de conchinha toda noite?

Isadora sorri escandalosamente:

Isadora – Você nem dá conta de uma mulher como eu! Sou quente demais pra você!

Com olhos carregados de lágrimas, Luigi fica perplexo com as palavras que jamais ouviu antes de sua jovem esposa.

Luigi – Por que está fazendo isso? Você não é assim Dora, o que pretende com isso?

Isadora – Você acha que é esperto! Estou morando contigo há quase um ano. Faz ideia do quanto isso foi difícil pra mim? E em todo esse tempo, não me pediu em casamento e sei porque; Você não quer me garantir nada do tem, não quer deixar pra mim um grão da sua montanha de dinheiro, não é?

Luigi – Sempre te tratei como uma rainha!

Isadora se aproxima de Luigi com agressividade:

Isadora- Mas não casou comigo!

Com o rosto quase encostado ao dele, Isadora revela:

Isadora – Eu queria seria nome! Eu queria seu dinheiro, eu queria tudo! Suas casas, sua empresa, seus carros! Tudo!

Ela arranca as fotos das mãos dele à força:

Isadora – Sabe quem é esse que está aqui comigo, esse homem de verdade?

Coma mão direita sobre o peito, Luigi dá sinais de que começa a sentir-se mal:

Isadora – Meu amante … O nome dele, é Marcelo. Desde sempre estive com ele. Antes de você, ele já era meu homem!

Luigi cai ajoelhado e ofegante:

Luigi – Ai! Para com isso.

Isadora o observa com frieza. Com dificuldade para respirar, Luigi suplica:

Luigi – Meu remédio! Por favor. Não estou me sentindo bem, Isadora! Pega meu remédio.

Isadora sai da cozinha tranquilamente e o deixa caído no chão, poucos estantes depois, ela volta segurando o frasco de comprimidos, pega um copo com água e entrega uma cápsula a Luigi, que afim de melhorar seu estado, toma-o com pressa. Enquanto ele bebe a água, Isadora olha fixamente o frasco do remédio:

Luigi – Porque fez isso? Por que me traiu!,eEu te amei tanto e você me paga dessa maneira?

Ignorando as palavras dele, Isadora diz:

Isadora – Olha, não sei se esses comprimidos vão funcionar, porque… Esses aqui,  não são seus remédios!

Luigi olha para ela assustado e Isadora se diverte:

Isadora – Isso aqui são balas sem sabor, você vem tomando isso aqui há meses. Seu coração está vulnerável HÁ MESES!

Luigi fica extremamente irritado e se descontrola tentando levantar-se, sem sucesso:

Luigi – Sua cadela interesseira! vá buscar meu remédio! Você sabe que não posso ficar sem ele, vá buscar!

Isadora – Além de brocha é surdo? Não ouviu o que acabei de dizer? Seus remédios não existem nessa casa, há meses, me livrei de todos os comprimidos, agora … vou me livrar de você!

Nesse momento, as dores no peito dele aumentam. Luigi tenta gritar por socorro, mas não consegue.

Isadora afasta-se dele, senta-se à mesa, de costas pra Luigi com muita calma organiza as tais fotos tranquilamente colocando-as de volta no envelope. Com expressão fria e olhar fixo, ela ignora os últimos momentos do pobre senhor, que provavelmente sofre um infarto do miocárdio pelo terrível momento de estresse que acabara de passar.

Ao perceber o silêncio de sua vítima, Isadora vira-se para trás e vê que seu plano deu certo, se aproxima, coloca os dedos no pescoço dele, constatando assim a morte. Lenta e despreocupadamente, ela retira seu celular do bolso e e digita o número da central de socorro do seguro saúde:

Isadora – Agora… eu  preciso, arrasar!

Coloca o fone ouvido e ao escutar a voz da atendente, Isadora simula situação de desespero:

Isadora – Alô? Por favor, Preciso de ajuda … manda uma ambulância o mais rápido possível. Meu esposo está passando mal, está sentindo umas dores fortes no peito, muito fortes.

A atendente questiona sobre possíveis doenças no coração e Isadora responde:

Isadora – Sim, ele tem sim e acho que não vem tomando os remédios há um tempo, por teimosia. Manda logo uma ambulância, rápido, se não, não vai dar tempo, ele está morrendo….

Para enfatizar, Isadora chora ao telefone:

Isadora – Meu Deus…

Atendente – Acalme-se senhora!

Isadora – Eu estou desesperada!

Atendente – Me informe o endereço.

Isadora – CURITIBA, BAIRRO BATEL, o nome da rua é … Rua Amélia, edifício Marquês Luxemburgo, número 762, apartamento 1001, fica no décimo primeiro andar.

Atendente – obrigado pelas informações, a ambulância já está a caminho, deve chegar em no máximo, 15 minutos.

Isadora – 15 minutos? É muito, ele vai morrer. Que bosta de seguro é esse?

Enquanto fala ao celular, Isadora percebe o telefone residencial tocar na sala de estar:

Atendente – Pode ser que chegue antes senhora, esse é apenas um prazo que estou lhe passando, enquanto isso, faça massagens no peito dele, tente acalmá-lo.

Isadora –Tá… obrigado!

Isadora encerra a ligação, enxuga as falsas lágrimas que derramou e segue pra sala onde pretende atender o telefone. Meio que preocupada com quem possa ser, ela decide atende:

Isadora – Alo?

– Alo, Isadora?

Isadora – Oi!

–  Oi Dora, é a Sofia, filha do Luigi.

Isadora fica assustada e tira o telefone do ouvido:

Isadora – Droga! Mas que merda!

Sofia 34 anos, é a filha mais velha, das duas que Luigi teve com sua ex-mulher, casamento que durou 41 anos, Eloisa, foi vítima de câncer de mama, faleceu há 5 anos.

Isadora coloca o fone no ouvido novamente e simula desespero para convencer Sofia da tragédia:

Isadora – Sofia! graças a Deus, já ia mesmo te ligar estou desesperada! Nem sei como te contar isso.

Preocupada, Sofia  senta-se na cama onde estava deitada:

Sofia – O que aconteceu?

Isadora – Seu pai…  Meu Deus Sofia, você precisa vir!

Sofia – Fala logo! O que é, o que aconteceu?

Isadora – O Luigi está passando mal!

Sofia se desespera com a notícia:

Sofia – O que? Como ele está? Já chamou a ambulância?

Isadora – Já chamei sim, mas por favor vem aqui estou desesperada! Ele tá reclamando de umas dores no peito

Sofia –Meu Jesus, Chego já aí!

Sofia desliga o telefone desesperada e seu marido, Gustavo, sai do banheiro do quarto questionando:

Gustavo – O que foi amor?

Sofia – Meu Pai, está sentindo umas dores no peito, a Isadora tá lá louca, sem saber o que fazer. Vamos comigo?

Gustavo – Vamos, claro. Tira o carro da garagem, vou me trocar, acorde sua irmã.

Sofia veste um sobretudo e sai do quarto correndo.

Enquanto isso, no banheiro do apartamento de Luigi, Isadora queima todas as fotos que contribuíram com a tragédia:

Isadora – Hum, achou que estava me ganhando… Não sou mulher de viver de presentinho! Velho asqueroso. .. Quero e vou ter minha própria fortuna.  Não consegui tirar de você, mas já sei de onde conseguir.

As cinzas das fotos queimadas, são jogadas na privada e descem ralo abaixo ao ser acionada a descarga.

O olhar de Isadora é fixo e uma lágrima de ódio percorre seu rosto lentamente.

Passam-se alguns minutos, após essa sequência. Os paramédicos surgem correndo pelo corredor do andar , seguindo em direção a porta 1001. Isadora os recebe e finge mais uma vez um profundo desespero, quando os mesmos constatam a morte de Luigi:

Isadora – Não, não pode ser! Não, não. O que vocês estão dizendo?

Nesse momento, chegam Gustavo, Sofia e sua irmã Amanda, de 20 anos, desesperadas.

Amanda se adianta e corre em direção a cozinha do apartamento, onde está o corpo do pai, ela se joga ajoelhada acariciando o rosto de Luigi, desesperada:

Amanda – Pai, pai!

Chorando, Amanda exige que os paramédicos o socorram:

Amanda – O que estão fazendo aí parados? Levem ele para o hospital, vamos!

Paramédico – Sentimos muito, moça. Ele já faleceu. Pelos sintomas descritos pela Doa Isadora na ligação, Certamente teve um ataque cardíaco fulminante.

Sofia abraça o Gustavo chorando:

Sofia – Não! Meu Deus, meu pai não!

Amanda – O que? Não, pai…

Isadora se aproxima de Amanda, que está abraçada com o pai no chão:

Isadora – Calma Amanda! Não deu tempo… ele já se foi.

Irritada, Amanda empurra a Madrasta.

Amanda – Me larga!

Ela a encara com raiva por uns instantes:

Amanda – O que você fez com ele, hein?

Sofia tenta contornar atitude da irmã:

Sofia – Amanda, o que está dizendo? para com isso! Estamos sofrendo, todos nós!

Isadora enxuga as lágrimas e tenta se sobressair:

Isadora – Você não faz ideia do quanto eu amo seu pai. Ele também era tudo para mim, não tenho pai, não tenho mãe, só tinha o Luigi … e agora… agora vou enterrá-lo!

Isadora intensifica o choro e Amanda olha novamente para o corpo do pai.

Após essa trágica sequência, horas se passam e já de manhã, em Curitiba – PR, vestida de preto e com olhos inchados de tanto chorar, Amanda está em seu quarto, sentada em sua cama, com o notebook aberto, ela postou no Facebook o LUTO pela perda de seu pai e estavas lendo os comentários solidário de seus amigos.

Sofia, triste e também vestida de preto entra no quarto:

Sofia: – Oi!

Amanda fecha o notebook e ao olhar para sua irmã, seus olhos se enchem de lágrimas mais uma vez:

Sofia – Pois é maninha…

Sofia respira fundo e senta-se na cama da irmã:

Sofia – Agora somos só você e eu.

Elas se abraçam:

Sofia – Ninguém nesse mundo, está preparado para enterrar o pai ou a mãe.

Sofia solta Amanda e olha em seus olhos:

Sofia – Mas infelizmente, temos que enfrentar. Não tem outra saída.

Sofia começa a chorar junto com a irmã.

Amanda – Eu não entendo Sofia…. Ele parecia estar bem.

Sofia – O papai tinha problemas no coração, Amanda.

Amanda – Mas ele estava tão bem … Tomava remédio também. Não entendo como isso aconteceu.

Sofia – A morte é incompreensível irmã, você não devia ter falado aquilo pra Isadora! Ela sempre foi boa com ele, aliás, ele estava muito feliz ao lado dela, lembra que quando a mamãe morreu, quase o perdemos para a depressão…  Depois que conheceu a Isadora, ele melhorou demais.

Amanda – Eu não confio muito nela. Alguma coisa naquela mulher me deixa intrigada, não me pergunte o que é por que não vou saber responder, mas sinto.

Amanda fica pensativa. Enquanto isso, no apartamento de Luigi, Isadora também vestida de preto dispensa a empregada Rosa que havia acabado de chegar para mais um dia de trabalho:

Rosa – Oh dona Isadora… eu fiquei tão sentida com isso agora. O problema do seu Luigi era muito sério…

Isadora – Não sei o que será de mim agora.

Rosa – A senhora vai embora?

Isadora – Talvez sim. Eu… me desculpe Rosa, você é ótima, mas… não vou poder continuar com você.

Rosa – Vai me demitir?

Isadora – infelizmente, não tenho outra opção, Rosa!

Rosa – Mas dona Isadora… eu sei que isso foi uma tragédia, eu adorava o seu Luigi, mas eu não posso ficar sem trabalhar … Será que a senhora não tem nenhuma amiga que esteja precisando de doméstica, não?

Isadora – Não querida, eu sinto muito! Mas olha, você pode ver com Sofia se ela pode fazer alguma coisa. Aliás, ela é quem vai te pagar.

Rosa – Está certo dona Isadora! Eu… agradeço por tudo e…. peço que Deus conforte o seu coração. Deus o colocou em um bom lugar pois era um homem muito bom.

Isadora – Obrigada Rosa. Amanhã você passa na casa da Sofia.

Rosa – Está certo. Tchau.

Isadora faz sinal de tchau com a mão direita sorrindo e Rosa vai embora.

Dora segura o celular,  no facebook observa uma foto de Sandra:

Isadora – Hum… por que não lembrei de você antes?

Marcelo amante de Isadora aparece entrando no apartamento

Marcelo – E aí? Já chutou a empregada?

Ela sorri e levanta-se do sofá.

Isadora – Já e sem pagamento.

Marcelo debocha:

Marcelo – Pobrezinha. Acabei de vê-la no elevador.

Isadora – Não deixou que ela te visse entrando aqui, né?

Marcelo – Claro que não. Ela nem sabe quem sou eu, a não ser que tenha mostrado as fotos pra ela também …

Eles sorriem juntos em tom de deboche.

Isadora – As filhas dele que paguem a grana da empregada, afinal, o velho não me deixou nada mesmo, vai ficar tudo para elas, inclusive as dívidas!

Marcelo – Você arrebentou hein. Ninguém nem desconfiou de nada?

Isadora –  Teve um pequeno vexame, a mosquinha morta menor, ficou histérica, chegou a insinuar que eu tivesse culpa.

Marcelo – Putz, e aí?

Isadora – Ridícula…. Eu, claro… contornei a situação.

Marcelo – E quando vamos pra São Paulo?

Isadora dá um sorriso de canto de boca:

Isadora – Vamos?

Marcelo – O que? Você mesma disse que eu iria com você.

Isadora – Marcelo! Se você for comigo agora, vai botar tudo a perder e eu não quero que isso aconteça. Tenho que chegar lá como a viúva arrasada e solitária, esqueceu?

Marcelo fica irritado:

Marcelo – Se não fosse por mim, você não teria conseguido se livrar do velho.

Isadora – Hum, eu sei meu amor, calma!

Isadora se aproxima de Marcelo e coloca seus braços por cima dos ombros dele:

Isadora – Você sabe quais são os meus planos lá em São Paulo, não é mesmo?

Chateado e um pouco entristecido, Marcelo expressa sim com a cabeça:

Isadora – Acha que vai ser fácil?

Marcelo – Não!

Isadora – Pois então pode ficar por aqui querido, quando eu conseguir e não vai demorar muito… vou te recompensar muito bem.

Eles se beijam.

Isadora – Preciso ir para o enterro do velho, estou seca, já desperdicei muito líquido pelos olhos. Amanhã mesmo embarco pra São Paulo.

Marcelo – Amanhã, já?

Com um sorriso de orelha a orelha Isadora comemora:

Isadora – Claro, a sonsa da Sandra já deve estar organizando uma festa pra me receber.

Uma hora depois, em São Paulo, numa enorme casa no bairro do Morumbi. Sandra Paes Medeiros está em seu quarto, de frente ao espelho a pentear os cabelos, radiante e feliz, ela olha para fora pela janela e avista seu marido, Ernesto, tomando café da manhã numa mesa montada no jardim da casa, ela sai do quarto animada.

Descendo as escadas da casa luxuosa, Sandra cumprimenta a empregada, Fátima que voltava do jardim com a bandeja que havia servido a Ernesto:

Sandra – Bom dia Fátima!

Fátima – Bom dia dona Sandra! Como está?

Sandra – Ótima! Ele já terminou?

Fátima – Não! Acordou mais cedo que o normal hoje, disse que precisa chegar logo na construtora.

Sandra – Hum, vou correr, se não, nem consigo vê-lo antes de sair.

Sandra apressa os passos e Fátima sorri.

Ernesto está terminando seu café da manhã, quando Sandra chega por trás:

Sandra – Bom dia, meu amor!

Ernesto – Bom dia!

Eles se beijam:

Sandra – Por que não me acordou?

Ernesto – Não consegui, estava tão linda…

Sandra – Ah pára… fico horrível de manhã cedo, sem maquiagem, com os cabelos assanhados….

Eles sorriem.

Ernesto – Ainda está cedo, devia ter dormido um pouco mais.

Sandra – Não! Eu preciso te contar uma novidade. Você chegou tarde, nem vi quando entrou no quarto.

Ernesto – Sim. Qual a novidade?

Sandra – É sobre a Isadora!

Ernesto – Isadora… ?

Sandra – Minha amiga do Paraná!

Ernesto – Ah sim!

Sandra expressa tristeza e compaixão:

Sandra – Nos falamos ontem a noite e ela me contou que seu marido dela faleceu.

Ernesto – Nossa! E ela era casada?

Sandra – Sim, quer dizer, não oficialmente. Eles moravam juntos. Já estava idoso e… acabou tendo um infarto.

Ernesto – Meu Deus, mas essa novidade não é boa, querida.

Sandra – Não, claro que não, essa não é a novidade que me referi.

Ernesto – E o que é então?

Sandra – Eu a convidei para passar um tempo aqui em casa, conosco. O que acha?

Ernesto – Bom você já a convidou, e se está animada suponho que ela já tenha aceitado! o que posso dizer? Não posso pedir que cancele.

Sandra sorri.

Sandra – É verdade… mas é que só estou te avisando e também gostaria de saber o que acha.

Ernesto – Bom, o certo seria você vir me consultar antes de tê-la convidado, mas já que está tudo certo, acredito que será muito bom pra ela, deve estar sofrendo e também será bom pra você, vai reencontrá-la, sei o quanto essa moça é importante pra você.

Sandra – Sim!

Ernesto – Preciso ir amor, detestei a primeira notícia, mas adorei a segunda.

Ernesto levanta-se da cadeira pega sua maleta e beija Sandra:

Ernesto – Tchau! Te vejo mais tarde.

Sandro – Tchau, querido. Bom trabalho.

Sandra esbanja um sorriso de satisfação, sem saber ela, que Isadora não é mais a mesma gentil e meiga adolescente com quem conviveu anos atrás.

Nesse mesmo momento Em Curitiba, acontece o enterro de Luigi, as filhas estão chorando abraçadas, enquanto o caixão é colocado na cova. Ao lado delas, está Isadora, de óculos escuros, calada e estática….

Em um outro momento, alguns instantes depois, ao final do evento, na saída do cemitério, Isadora se despede das filhas do falecido:

Isadora – Oi!

Sofia olha pra Isadora:

Isadora – Eu preciso entregar uma coisa para vocês.

De sua bolsa Isadora retira as chaves do apartamento e do carro de Luigi e entrega nas mãos de Amanda:

Isadora – Isso precisa ficar com vocês.

Todos a encaram em silêncio e surpresos.

Isadora – Depois dessa perda, não tenho mais motivos para continuar em Curitiba.

Amanda – Vai sair da cidade?

Isadora – Dispensei a empregada. Arrumem um outro emprego pra ela, tadinha …

Gustavo – Tudo bem nós vamos contratá-la.

Isadora – Ah! Ótimo. Estou indo!

Dora vira as costas mas Amanda a chama:

Amanda – Isadora!

E ela a atende olhando para a moça:

Amanda – Me desculpe pelo o que te falei ontem, e … obrigado por ter feito o meu pai feliz.

Isadora – De nada, fazer ele feliz sempre foi minha missão, minha alegria. Adeus!

Dora vira-se e distancia-se delas em passos largos, sorrindo, comemorando os efeitos de sua própria atuação.

A noite cai e o dia amanhece. Numa sequência, um avião decola do Aeroporto de Curitiba e na outra, ele aterrissa em São Paulo, Isadora segue caminhando pelo saguão, em direção a saída e já na área externa, apanha o primeiro táxi disponível.

Após percorrer várias avenidas da cidade de São Paulo, ela chega a seu destino, desce do carro e admira com ambição a casa gigante à sua frente. Um sorriso sarcástico, expressa toda sua má intensão.

Isadora – Minha nossa… isso é melhor do que imaginei!

FIM DO EPISÓDIO 1

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