Capítulo Seis – O reencontro

Quarto de hotel barato

Não era a primeira vez que aquele quarto recebia aquele casal. Roupas íntimas jogadas pelo chão sob a luz do sol que entra pelas frestas da cortina entreaberta, e um casal nú abraçados sobre uma cama velha.

Gaitán abre os olhos e olha Bia deitada sobre seu peito. Se espreguiça e ela se acorda, lhe encarando e sorrindo.

Bia
– Bom dia!

Gaitán
– Bom dia!

Gaitán se desvencilha da moça, levanta e começa procurar suas roupas e se vestir enquanto Bia fica deitada de bruços à lhe observar.

Gaitán
– Que horas já são?

Bia estende o braço e pega seu relógio sobre um criado – mudo.

Bia
– 07h45min.

Gaitán
– Droga! Preciso ir pra penitenciária!

Bia
– Se perdeu no tempo é?

Gaitán pára de vestir a calça pela metade e encara aquela mulher deitada naquela cama.

Gaitán
– E você é a culpada. Você me faz perder a noção do tempo.

Bia se vira e senta-se na cama sobre as pernas.

Bia
– Bem que você podia não ir trabalhar e a gente passar o dia aqui.

Gaitán termina de pôr as calças e pega sua camisa no canto da cama.

Gaitán
– Aqui neste muquifo não! Esse quarto só serve pra uma noite.

Bia
– Então pegamos teu carro e vamos pro litoral passar o dia. Adoro dias frios na praia. Agarradinhos. Já imaginou?

Gaitán se aproxima da cama enquanto abotoa sua camisa. Pega Bia pelo pescoço. Ela sorri.

Gaitán
– Você não presta, sabia?

Bia, com aquele olhar sacana, encara Gaitán presa com sua mão em seu pescoço.

Bia
– E você gosta que eu sei!

Gaitán estende o corpo e dá um beijo na boca de Bia. Larga o pescoço dela e volta à terminar de se vestir.

Gaitán
– Preciso ir mesmo. Pode ficar aí. Toma um banho, pede um café. Deixo avisado que você sai mais tarde.

Bia faz cara de triste.

Bia
– Um banho sozinha não tem graça.

Gaitán faz cara feia.

Gaitán
– Não me provoca.

Gaitán procura suas chaves pelo quarto.

Bia, nua, levanta e se aproxima de Gaitán lhe abraçando pelas costas.

Bia
– Sabe, tenho uma proposta pra você…

Gaitán encontra as chaves em um canto no chão. Mas antes de pegá-las, se vira para Bia lhe segurando pela cintura.

Gaitán
– Meu bem…o que você pedir, seja o que for, não é a hora…

Gaitán a beija na testa e vai pegar suas chaves. Põe a mão no bolso, pega a carteira e tira cinco notas de R$100,00 entregando-as para Bia.

Gaitán
– Fique à vontade para sair a hora que quiser.

Bia
– E quanto à minha proposta?

Gaitán abre a porta do quarto, dá uma última olhada para a jovem moça.

Gaitán
– Outra hora escuto com atenção. Prometo.

Bia baixa o olhar. Anos de experiência nas ruas, sabe chantagear como ninguém.

Bia
– Garanto que teus colegas da polícia me ouvirão com atenção a hora que eu quiser.

Gaitán se irrita com as palavras da jovem prostituta. Volta para o interior do quarto deixando a porta entreaberta e pega novamente Bia pelo pescoço. Desta vez não mais com a mesma intenção de antes.

Gaitán
– Escuta aqui: teus joguinhos sujos não vão funcionar comigo!

Bia lhe olha dentro dos olhos enquanto ele a segura. Ouve-se movimento no corredor e Bia vira os olhos para a porta, onde uma camareira velha passa lentamente. Bia sorri e se desvencilha da mão de Gaitán.

Bia
– Pensa bem meu amor! Pensa bem!

Gaitán olha a hora.

Gaitán
– Droga! Preciso mesmo ir.

Ele aponta o dedo para Bia.

Gaitán
– Você me paga sua ordinária.

Bia dá uma gargalhada vendo Gaitán se retirar do quarto. Se joga de costas na cama jogando as notas de R$100,00 para o alto.

Floresta na região de Alcatraz

A neblina forte dificulta a visibilidade na região. O inverno está sendo bastante rigoroso com a população. Um dia chuva intensa, outro dia ventos fortes, em um outro neblina alta e o frio sempre é de cortar. Neste dia, todas estas características se juntam impondo dificuldade imensa no trabalho da polícia.

Uma viatura policial desliga a sirene e estaciona no Km 227, próximo à estrada de terra batida que leva para o interior da floresta. Dois policiais descem da viatura encolhidos em seus pesados casacos. O policial que desce do lado do caroneiro está com o rádio escuta em mãos. O outro pára ao lado do carro tentando enxergar dentro daquela floresta.

Policial com rádio escuta
– Visibilidade zero aqui. Vai ser difícil encontrar alguém.

O outro policial dá de ombros e ri debochadamente.

Policial
– Armando, diz pra ele que em dia de sol já não se encontra nada por aqui, imagina nesta merda de neblina!

Armando, o policial com rádio escuta, fica com o mesmo bem próximo do ouvido para ouvir melhor.

Armando
– Merda, até o sinal aqui tá difícil hoje.

Armando põe o rádio escuta perto da boca e se escora no capô da viatura.

Armando
– Tá difícil a comunicação também. Nós vamos entrar e ver o que encontramos. Câmbio e desligo.

Armando joga o rádio escuta para dentro da viatura através da janela entreaberta.

Armando
– Que acha Demétrius?

O policial Demétrius olha fixamente para a floresta à sua frente.

Demétrius
– Já que estamos aqui vamos averiguar. Vai que o delinquente ainda está por aí, não é mesmo?

Armando e Demétrius são dois experientes policiais de meia idade e de extrema confiança do departamento. Conhecem o sistema, conhecem a região e sabem como agir, embora cada caso seja um caso.

Os dois policiais retiram suas armas dos coldres e a engatilham se dirigindo em meio à neblina pela estrada para…

Interior da floresta

…onde a visibilidade é nula e o barulho do vento é ensurdecedor.

Armando e Demétrius caminham atentos a todo e qualquer movimento.

Armando
– Eu duvido que vamos achar algo. Se este delinquente estava por aqui mesmo, já deve estar longe. Não ia ser burro à ponto de aterrorizar os outros e permanecer aqui.

Demétrius faz sinal com o dedo indicador sobre a boca para o colega fazer silêncio. Ele escutara o que parece ser passos vindo na direção deles. À medida que os passos se aproximam, pode se ouvir vozes também. Armando e Demétrius apontam suas armas na direção de onde vem o barulho.

Demétrius
– Parados!

Em meio à neblina e em meio aos galhos das árvores, surgem os quatro amigos, Jucá, Renê, Tino e Jairo, todos sujos e em situação precária. Ao verem os policiais com as armas apontadas para eles, levantam as mãos pro alto.

Armando
– Vocês que entraram em contato?

Renê
– Eu que liguei.

Demétrius
– Podem abaixar as mãos.

Os policiais também abaixam suas armas. Demétrius se aproxima dos quatro.

Demétrius
– Estão em segurança? Cadê o carro de vocês?

Tino aponta com o dedo para uns arbustos do outro lado.

Tino
– Deixamos lá no meio daqueles arbustos.

Armando
– E o cidadão relatado no telefonema?

Jucá
– Não sabemos pra onde deve ter ido.

Jairo
– O desgraçado ia me matar!

Demétrius
– Acho melhor vocês voltarem à cidade. Nós vamos dar mais uma olhada.

Os quatro amigos, com dificuldades, se dirigem para o local que está o carro. Armando os acompanha e Demétrius fica lhe esperando.

Enquanto aguarda Armando voltar, Demétrius avista algo no chão que lhe chama atenção. Ele se agacha e pega em meio à folhas, o botão grande de uma blusa ou casaco. Ele se levanta.

Demétrius
– Esperem!

Ele corre até onde estão Armando e os quatro amigos.

Demétrius
– Este botão é de algum de vocês?

Demétrius mostra o botão para os quatro, que negam ser de algum deles.

Tino
– Meu não é…

Tino olha para os amigos.

Tino
– E acho que não é de nenhum de nós.

Jucá
– Pode ser daquele desgraçado!

Tino
– Rolei com ele pelo penhasco. Pode ser que o botão do casaco dele tenha se soltado…

Demétrius guarda o botão no bolso do seu casaco.

Armando
– Certo, certo. Acho que agora podem ir. Tomem cuidado na estrada. A neblina está forte!

Residência da família Sanchez

A detetive Carmen Sanchez está sentada no sofá abraçada nas suas pernas chorando. Do seu lado no sofá estão os seus exames. Escuta-se o barulho da porta abrindo. É Jairo, ainda sentindo no corpo as consequências dos problemas enfrentados na floresta. Ele entra, fecha a porta e se senta na poltrona em frente à esposa.

Jairo
– Tudo bem?

Carmen levanta a cabeça. Enxuga as lágrimas. Se espanta com o estado do marido à sua frente.

Carmen
– Nossa! Eu que lhe pergunto.

Jairo suspira, se recosta no encosto da poltrona.

Jairo
– É uma longa história…mas me parece que por aqui as coisas não andam bem também!

Carmen
– Eu…eu nem sei por onde começar…

Carmen baixa o olhar.

Carmen
– Começa você, me contando como foi na floresta.

Jairo se mexe na poltrona e sente as dores pelo corpo. Faz cara de dor.

Jairo
– Acredita que um maluco apareceu do nada e por pouco eu nem estou aqui pra te contar a história?

Carmen levanta o olhar, curiosa.

Carmen
– Sério? E o que vocês fizeram?

Jairo
– Chamamos a polícia. Teus colegas Armando e Demétrius foram lá. Mas antes passamos o maior perrengue.

Carmen
– Meu Deus! E eles encontraram algo?

Jairo levanta.

Jairo
– Nada. Pelo menos até sairmos de lá não tinham encontrado nada.

Jairo se aproxima da esposa. Senta ao seu lado. Coloca a mão sobre seu ombro abraçando-a.

Jairo
– Mas enfim. Aqui estou. Um pouco dolorido, mas vivo.

Ele puxa ela, que deita a cabeça em seu ombro.

Jairo
– E pronto pra ouvir e saber o que te aflige.

Carmen
– Eu ainda não consigo falar…

Carmen vira o rosto encarando o marido. Passa a mão no seu rosto.

Carmen
– Eu prometo tá? Eu vou te contar quando estiver pronta.

Jairo sorri olhando a sinceridade e a aflição nos olhos da esposa. Não fala nada, apenas a aconchega novamente em seu ombro e procura manter o silêncio e eternizar aquele momento. Aqueles minutos que podem significar uma nova chance para eles.

Quarto de Rebeca

A menina Rebeca observa a noite pela janela do seu quarto. Está de pé, escorada com a testa sobre o vidro. Sua respiração próxima à janela faz o vidro embaçar. Ela limpa com a mão.

Rebeca
– Eu não quero. Eu não gosto. Já disse.

A pequena Rebeca se volta para seu quarto. Com raiva, vai até sua cama, pega seu traje muçulmano, o amassa entre seus dedos e joga-o com força contra a porta fechada do seu quarto.

A pequena Rebeca está crescendo, tem seus gostos, suas vontades, suas peculiaridades. Nas suas veias não corre o sangue da cultura islã e apesar de ter sido criada até agora nestes costumes, ela chegou em um momento em que nada pode fazer ela mudar sua opinião quanto à gostar e não gostar.

Rebeca abre com cuidado a porta do seu quarto e espia o corredor todo escuro. Com cuidado, ela estende o pescoço pra enxergar a porta do quarto dos seus pais e, através da porta entreaberta, consegue verificar que eles já estão dormindo. Ela volta para o seu quarto e fecha a porta devagar para não fazer barulho.

Rebeca abre seu guarda roupa, pega um moletom de capuz e vai pra janela. Abre-a, sempre mantendo o cuidado para não fazer barulho, e atravessa para o outro lado.

Pelo lado de fora, debaixo do céu escuro de nuvens carregadas, Rebeca caminha por cima do telhado da garagem da casa. Vai até a ponta e desce se segurando para o gramado do pátio. Dá uma olhada para trás, para a câmera no alto da casa, sabe que no dia seguinte os pais vão verificar as imagens e descobrir que ela fugiu, mas mesmo assim segue seu plano.

Rebeca mexe no portão, mas o mesmo está trancado com cadeados embaixo e em cima. Ela coloca seu capuz e começa escalar as grades até o alto saltando para o lado de fora. Dá mais uma olhada para a casa, mas está decidida sobre o que quer. Baixa a cabeça e segue pela calçada naquela noite escura e com nuvens prontas para derramarem uma chuva jamais vista.

Pelas ruas escuras de Alcatraz…

…Rebeca caminha solitária. Mas uma doce menina de dez anos não conhece os caminhos obscuros da cidade. Ela perambula entrando e saindo de ruas sem destino até chegar na rodovia. No céu os trovões indicam que a chuva não tarda para chegar. O frio é intenso. Rebeca se aconchega no seu moletom, puxa o capuz o máximo que pode contra seu rosto, baixa a cabeça e acelera os passos à beira da rodovia.

Floresta na região de Alcatraz

Quando a pequena Rebeca chega na placa indicativa de Km 220, ela começa à andar lado a lado com a floresta que cerca a região. Ao mesmo tempo, um trovão ensurdecedor é seguido de pingos grossos que começam à cair.

Rebeca olha para o céu e para a floresta. Sua intuição à leva para o interior daquela mata fechada, lugar que ela jamais entrara e que sempre temeu quando passara pela frente. Porém, neste momento, algo a chama para dentro, algo dentro dela diz que o seu destino depende dela entrar naquela floresta. E ela entra. Com um pouco de medo no início, um pouco de incerteza, mas, na medida em que as árvores altas começam à lhe rodear por todos os lados, o medo e a incerteza vão dando lugar à um sentimento de que está fazendo a coisa certa.

O ar gelado, o vento cortante e a chuva que engrossa à cada pingo que cai acompanham a pequena Rebeca entre aquelas árvores grandes daquela mata fechada. Escuta-se o lamento do vento nas folhas dos topos das árvores e um suspiro de quem não sabe pra onde está indo.

Residência da família Azir

A chuva insistente cai a noite toda até o dia amanhecer cinza sem vida. No quarto de Rebeca sua cama está arrumada, seu traje muçulmano jogado no chão e a janela aberta de onde passa o vento que balança as cortinas.

Adilah, com seu traje muçulmano impecável, caminha à passos firmes pelo corredor até o quarto da filha. Pousa sua mão com anéis e pulseiras douradas sobre a maçaneta e abre a porta. Se surpreende ao não ver a filha na cama.

Adilah
– Rebeca?

Adilah adentra no quarto, agacha-se e junta o traje da filha jogado ao chão. Está assustada.

Adilah
– Olavo! Olavo!

Ouve-se os passos de Olavo se aproximando do quarto. Adilah corre até a janela aberta. Olavo chega.

Olavo
– O que houve?

Adilah se vira para ele apavorada.

Adilah
– Rebeca. Ela não está aqui!

Olavo
– Como assim?

Adilah
– Não sei, não sei. Só sei que nossa menina não está aqui.

Adilah se joga nos braços do marido chorando.

Adilah
– Cadê ela? Cadê nossa menina Habib?

Olavo consola a esposa enquanto observa pela janela.

Olavo
– Ela não pode ter pulado…

Adilah
– Eu não sei. Eu não sei o que pensar…

Olavo larga a esposa e se debruça no parapeito da janela.

Olavo
– As câmeras! Vamos lá ver!

Padaria do seu Manoel

Seu Manoel, todo sorridente apesar do dia cinza e frio, sai de trás do balcão com uma bandeja em mãos e seu pano de prato sobre os ombros. Ele se aproxima de uma mesa onde estão Gaitán, a detetive Carmen Sanchez e um outro homem mais velho, de calça jeans e blazer. Trata-se do delegado Monteiro, que está de férias na região.

Manoel
– Chegando um cafézinho quentinho.

Seu Manoel coloca a xícara de café em frente aos três. Na sua bandeja ainda estão os salgados.

Manoel
– Quem pediu um pão de queijo?

A detetive Carmen levanta a mão.

Manoel
– Aqui estás. Pãozinho de queijo quentinho.

Gaitán
– O meu é o famoso pastel de carne seu Manoel.

Manoel larga o pastel em frente à Gaitán.

Manoel
– E sobrou pro nosso amigo um pastel de queijo feito na hora.

Monteiro
– Muito obrigado.

Seu Manoel volta para trás do seu balcão atender alguns outros clientes.

Na mesa, os três saboreiam seus cafés e seus salgados.

Gaitán
– Então delegado Monteiro, de férias na região.

Monteiro
– Cidade pequena, longe de todo o agito da cidade grande, sabe que é meu estilo de vida favorito.

Carmen toma um gole do seu café e, calmamente, larga-o sobre a mesa.

Carmen
– Mas ultimamente as coisas andam agitadas por aqui também delegado.

Monteiro
– Ouvi falar detetive.

Monteiro toma um gole do seu café, dá uma mordida em seu pastel que fica à sair fumaça de tão quente e apetitoso que parece estar.

Monteiro
– Mas a região está em boas mãos.

Gaitán
– Mas não estamos conseguindo concluir delegado.

Monteiro
– Calma meu amigo. Tudo ao seu tempo. As coisas tendem à serem resolvidas. O que aprendi em tantos anos de trabalho foi que a paciência deve sim ser nossa aliada. Não podemos nos afobar, trocar os pés pelas mãos, pôr a carreta na frente dos bois…

Gaitán
– Às vezes é difícil meu delegado…mas me conta, como estão as coisas por lá?

O delegado Monteiro se recosta no encosto da sua cadeira. Toma mais um gole de café.

Monteiro
– Alguns casos complicados, sabe como é cidade grande. Mas aí, tinha uns dias de férias, vim curtir aqui. Na vinda fui até no circo, acredita? Quanto tempo não entrava em uma lona para acompanhar um espetáculo.

Carmen
– Então está aproveitando de verdade, esquecendo o trabalho por uns dias…

Carmen olha para Gaitán.

Carmen
– Acho que aí está o segredo do sucesso! Saber separar as coisas…o complicado é quando se tem problemas no trabalho, chega em casa e os problemas são outros…

Gaitán
– Carmen, eu…

O toque estridente do celular de Gaitán ecoa. Monteiro sorri.

Monteiro
– Acreditem, os problemas nos perseguem.

Gaitán atende a ligação.

Gaitán
– Pronto!

Gaitán escuta a voz do outro lado. Vai largando a xícara de café devagar sobre a mesa. Sua expressão muda para um ar preocupado.

Gaitán
– Calma, seu Olavo. Me explica direito isso!

Monteiro encara a detetive Carmen. Pega sua xícara e termina seu café.

Monteiro
– Eu disse que os problemas nos perseguem. Caso não consigamos desligar um pouco, acabamos enlouquecendo.

Floresta na região de Alcatraz

Aquele dia nublado e cinza se estende pela floresta toda. Rebeca está escalando em uma árvore. Ela alcança uma fruta e desce agarrando-se ao tronco. Senta escorada no tronco comendo a fruta que pegou no alto da árvore. Está toda molhada da chuva da noite anterior.

Alguns pássaros cantarolam no topo das árvores chamando a atenção e o olhar curioso da pequena Rebeca. Ela termina de comer sua fruta, ajeita o capuz do moletom na cabeça e segue seu caminho por entre as árvores daquela floresta.

Padaria do seu Manoel

Do lado de fora da padaria estão Gaitán e Carmen se despedindo do delegado Monteiro.

Gaitán
– Uma honra conversar com você delegado.

Gaitán estende a mão para Monteiro.

Monteiro
– Gaitán, a honra é toda minha.

O delegado Monteiro se vira para a detetive Carmen e estende a mão para ela.

Monteiro
– Detetive, prazer em conhecê-la.

Carmen
– O prazer é meu delegado.

Gaitán
– Agora vamos lá conversar com estes pais. Mais um caso de sumiço na região.

Carmen
– Te disse delegado, que as coisas não estavam calmas por aqui.

Monteiro
– Acreditam que pode ter algo à ver com os outros casos que assombram vocês?

Gaitán
– Cidade pequena delegado. Tudo pode estar interligado.

Floresta na região de Alcatraz

A pequena Rebeca encontra um caminho de terra em meio à floresta. Vê algumas pegadas no caminho e acredita que por ali alguém possa lhe ajudar.

Rebeca segue por aquele caminho e, em questão de alguns metros, se depara com uma cabana de madeira caindo aos pedaços. Pára assustada olhando para aquele lugar e se esconde atrás de uma árvore ao ouvir barulho de passos vindo de trás da cabana.

Por de trás da cabana surge João Acácio. Chapéu na cabeça, casacão preto, calças sujas e botas embarradas. Ele traz consigo um longo facão que vai cortando os galhos pelo caminho.

Um bando de pássaros sai voando de uma árvore quando ele corta alguns galhos. João Acácio fica à observá-los até sumirem de vista. Ele crava o facão  em um tronco de árvore caído e entra na cabana.

De trás da árvore a pequena Rebeca observa atenta à tudo. Na sua cabeça as dúvidas surgem: será que aquele homem pode lhe ajudar? Será que naquela cabana ela pode estar protegida? Será que aquele homem vai lhe dar um prato de comida? Será que aquele homem não vai lhe entregar de volta para a família de muçulmanos? Será… será… será…

Rebeca puxa o capuz bem contra seu rosto, coloca suas pequeninas mãos sujas no bolso do moletom e segue pelo caminho de terra rumo àquela cabana.

 

 

 

 

 

 

 

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

  • Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

    Leia mais Histórias

    >
    Rolar para o topo