Jonas correu para longe, tentando escapar da criatura a sua frente. Um par de olhos vermelhos encarou-o, ela parecia estudar os seus movimentos. Pinças gigantes abriam e fechavam rapidamente seguida de um ataque do aguilhão da criatura na sua direção, vez ou outra era possível ver o veneno escorrer do ferrão a cima do seu corpo.
— O que eu faço? — Jonas perguntou ao seu mentor desesperado.
— Você, lute. — Yon respondeu sorrindo.
— Fala serio! — Jonas correu ainda mais rápido, escondendo-se entre os galhos para se livrar das presas da criatura.
Entrando em uma das aberturas de uma das árvores Jonas fez o mais absoluto silencio, desejando do fundo de sua alma que a criatura esquecesse dele e fosse embora. O som estridente emitido pela criatura fez Jonas tremer, estava cada vez mais perto, mais alto e mais assustador.
“O que eu faço?” — Pensou. — Você que lute. Belo concelho de mestre!
A sombra da criatura passou pela abertura da árvore. Sentindo o coração sair pela boca, Jonas tomou coragem para sair da sua zona de conforto e observar a criatura. Olhou em volta, nenhum sinal do escorpião gigante, nem mesmo o barulho das paras ligeiras, ou das pinças batendo em busca da presa. O perigo havia em fim passado.
Saindo de seu esconderijo o garoto foi surpreendido por um “clac” vindo de cima. Voltando a sua atenção para o alto ele pode ver um par de pinças próximo a ele, o escorpião tinha a pinça venenosa apontada para ele.
Apressado Jonas pulou para o lado escapando da investida do animal, a pinça afundou no pântano deixando um poço fundo de agua suja no lugar.
— Droga…, droga…, droga. — Jonas ainda tremia.
Ele precisava agir rápido ou estaria morto em poucos segundos.
Olhando em volta mais uma vez Jonas estudou o local em busca de algo que pudesse conter a criatura um emaranhado se cipos entre duas das árvores proxinas seria a armadilha ideal capaz de segurar a criatura, bastava apenas atrai-la ate ela.
— AQUI! — ele gritou balançando os braços no topo da cabeça.
O escorpião correu rapidamente na direção de Jonas. No último segundo o garoto saltou para o lado deixando a criatura se enrolar em meio ao emaranhado de cipos. No segundo seguinte um golpe rápido e rasteiro atravessou a carapaça da criatura, uma gosma esverdeada saiu da criatura.
— Eu matei, você carrega ate o acampamento. — Yon limpava as garras enquanto Jonas caia de joelhos no meio do pântano. — Teremos escorpião frito para o jantar.
— O quê?
— Vamos, nós não temos a noite toda
O acampamento fora montado em pouco tempo, o fogo crepitava alto envolto em pedras para que não fugisse do controle, uma plataforma suspensa havia sido construida entre as arvores como abrigo coberta por folhas groças par impedir a aproximação de animais rastejantes.
Jonas havia arrastado o escorpião gigante ate o acampamento depois de abate-lo com um golpe certeiro no abidomem, arrastando para debaixo dele numa fração de segundos quando a criatura acertou uma das arvores com a calda sendo presa de uma vez.
O garoto fora obrigado a tirar toda a carapaça do monstro e limpa-lo para que Oreon pudesse coloca-lo para cozinhar sobre a fogueira acesa. A carne era escura e tinha um sabor ferroso, Jonas relutou alguns segundos antes de colocar um pedaço na boca e mastiga-lo, vendo os dois homens fazerem o mesmo.
— Não deixe o fogo apagar. — Yon lançou um olhar preocupado para Jonas. — Luz atrai a sombra Jonas lembre-se disso, mas é capaz de afasta-la se for bem forte.
— Não precisa se preocupar. — Oreon apressou-se em dizer levantando-se com ele.
— Aqui nenhum de nós está seguro em nenhum momento. — Respondeu Yon preparando-se para dormir.
— O que faremos agora? — Perguntou Orion sentando-se junto ao fogo.
— Proteger as chaves são nossa prioridade, os monstros aqui vão usar todos os tipos de artimanhas para nos enganar não baixem a guarda. Faremos turnos de vigia precisamos estar prontos para qualquer coisa.
Orion se aninhou junto ao fogo, ficando de vigia nas primeras horas da noite. Jonas deitou-se tentando não pensar em nada simplesmente fechou os olhos, mas era impossível não pensar em tudo o que estava acontecendo a sua volta.
Ele estava rodeado por monstros.
Nas poucas horas que Jonas conseguiu dormir foi atormentado por velhos pesadelos. Pesadelos que ele queria esquecer a todo custo, mas agora voltavam a sua mente com muito mais força do que antes,
Dharkus estava realmente cobrando seu preço.
Em sua mente, a voz de seu pai chamava por ele, enquanto sua mãe chorava ao seu lado culpando-o pela perda do homem que ela amava.
Ao lado dele, o homenzinho vestido de verde se divertia gargalhando, enquanto ele chorava sem entender o que estava acontecendo.
— A culpa é dele mamãe! — Gritava.
— Meu filho está louco. — Repetia a mãe aos quatro cantos, — por isso matou o pai.
— Foi ele! Vocês não estão vendo? — Jonas apontava para um canto escuro da sala de casa.
— Você foi um mal menino Jonas! — Final Flyn rebateu encarando-o com seus olhos esverdeados — Não peça ajuda lembra-se?
Sim, ele ainda lembrava, essas foram as condições da brincadeira “Não olhar para trás e não pedir ajuda! ” Ele havia pedido ajuda e por causa disso seu pai havia morrido.
Então sim aquilo era sua culpa.
O pequeno demônio sorria enquanto consolava sua mãe chorosa sentada no sofá da sala. Fazendo caricias Fingal Flin se divertia vendo o garoto sofrer a cada segundo.
—AFASTE-SE DELA!
— Do que tem medo? — Perguntou sarcástico. — Eu posso acabar com tudo se você estiver disposto a negociar.
—Vai embora! — Ele chorava.
— Eu posso acabar com isso. Basta você pedir.
O leprechau mostrou suas garras, sorridente passou a unha do dedo indicador no pescoço da mulher que estava paralisada pelo medo. Um pequeno filete de sangue escorreu por ele enquanto ela gemia com a dor.
—PARA. — Jonas correra até ele, agarrando seu pescoço.
Fingal apenas sorria vendo o garoto extravasar sua raiva nele.
— Acha que pode me deter garoto? — Os olhos dele brilhavam ainda mais ameaçadores. — Eu matei seu pai, e posso matar sua mãe se quiser.
— Encoste um dedo nela e eu acabo com você! — Era possível ver ódio nos olhos dele.
— Quer apostar? — Provocou.
— Eu vou acabar com você, custe o que custar.
Sem tirar os olhos dele, Fingal mostrou-lhe o dedo indicador e assim como fizera em sua mãe passou a unha pelo seu pulso fazendo o sangue escorrer. A dor fez Jonas solta-lo segurando o pulso em seguida para parar o sangramento.
— Venha Jonas, eu estou te esperando. — Os olhos do mostro brilharam mais uma vez, e como poeira ao vento o leprechau partiu para outro lugar.