Capítulo 14. (Eu sou um pouco de cada um deles)
Cena 1/ Copacabana/ Manhã.
Consultório de psicologia.
Na sala, Amanda sentada no sofá observa Anderson sentado no outro sofá a sua frente. Os dois se olham por alguns instantes, até que a Amanda quebra o silêncio.
Amanda: Já estamos há um mês aqui e você não se abre. Eu sei que você veio pra conseguir superar a morte do Mário. Mas eu sinto que tem muito mais aí dentro que você precisa por pra fora. Você precisa de ajuda e só assim não vamos ter um resultado bom.
Anderson: Se eu falar tudo o que eu preciso falar. Você teria que chamar a polícia.
Amanda: Eu sou profissional. E gostaria muito que você confiasse em mim.
Anderson respira fundo: Okay. Bom…
Flashback.
(Rio de janeiro / 4 anos atrás)
No salão de festas, Eduardo comemora junto com sua família, amigos e membros do partido, sua vitória como deputado.
No salão, Anderson e Gabriela conversam em pé no canto do salão, cada um com uma taça de champanhe nas mãos.
Gabriela: Eu não gosto nem um pouco dessa assistente do seu pai.
Anderson: Acho que é Verônica o nome dela. Também não gosto. Acho até que você devia ter exigido que ela fosse substituída.
Gabriela: Eu já conversei com Eduardo. Mas você conhece seu pai.
Anderson: Então você que abra os olhos com ela.
Eduardo no meio do salão, com uma taça na mão.
Eduardo: Bom, eu queria agradecer a todos vocês que me apoiaram. Eu queria agradecer primeiramente a Deus e ao partido que investiram em mim. Quero agradecer também a minha assistente que sempre esteve disposta a me ajudar e fez uma campanha maravilhosa. Vamos celebrar.
Pedro: Não está esquecendo de ninguém?
Eduardo: Claro, que cabeça. Eu agradeço a minha maravilhosa família, que sempre foi o alicerce da minha vida. Sem vocês não seria nada. Obrigado Gabriela, Pedro e Andy. Eu amo vocês. Agora vamos nos divertir.
Pedro se aproxima de Eduardo e fala ao ouvido dele.
Pedro: Eu não tenho certeza do que está acontecendo, mas eu acho bom você tomar mais cuidado. Está dando muito na cara.
Eduardo: Eu não sei do que está falando.
No canto do salão,
Anderson: Você vai ficar aqui no canto a festa inteira? Vá se divertir, comemorar com seu marido.
Gabriela: Ele já está feliz demais. Não precisa de mim para se divertir.
O celular de Anderson toca e ele atende.
Anderson: Alô… Oi Beto. Está barulho demais aqui. Eu vou caçar um lugar mais tranquilo, não consigo ouvir nada.
Gabriela se aproxima de Pedro.
Gabriela: Fala a verdade pra mim. É ela não é?
Pedro: É ela o que, mãe?
Gabriela: Não se faça de ingênuo. Eu sinto o cheiro de perfume de mulher nos termos dele.
Pedro: Eu não sei mãe.
Em outro andar, no corredor, Anderson fala ao celular.
Anderson: Eu já te disse que eu vou na festa, não precisa ficar me perguntando sempre… Eu sei bem o que você quer nessa festa e eu já te disse que não tenho certeza disso. Não sei se vai rolar. Eu nunca fiz isso… Eu preciso voltar pra festa do meu pai. Depois a gente conversa.
Anderson desliga o celular e caminha no corredor, ele faz a curva e o sensor acende às luzes do corredor e ele vê Eduardo e Verônica encostados na parede se beijando.
Anderson: Pai.
Eduardo e Verônica se afastam um do outro.
Eduardo: Não é o que você está pensando.
Anderson: Eu não acredito nisso. Minha mãe lá embaixo e vocês dois aqui se agarrando. Você não tem respeito nenhum pela sua família?
Eduardo: Você está tomando conclusões sem me ouvir.
Verônica: O que você está achando que aconteceu, não passa de uma mal entendido.
Verônica: Cala a boca Verônica. Eu vou falar com a minha mãe agora.
Anderson passa pelos dois e vai em direção ao elevador.
Verônica segura a mão de Eduardo.
Verônica: Vai atrás dele e o imprensa. Da maneira que for. Ele pode destruir sua carreira e não podemos deixar isso acontecer.
Anderson entra no elevador e aperta o botão para o elevador descer. Antes da porta se fechar, Eduardo entra no elevador e a porta se fecha.
Anderson: Eu não quero ouvir nada. Tudo que aconteceu ali já foi o suficiente.
Eduardo: Você não pode falar nada pra ninguém. Você precisa guardar esse segredo por mim.
Anderson: Você enganou todo mundo. A minha mãe. Você devia ter vergonha na cara de me pedir pra guardar segredo. Eu não vou guardar nada. Eu vou falar pra minha mãe e espero que ela revele isso ao mundo. E acabe com sua carreira.
Eduardo empurra anderson na parede do elevador e tampa a boca de Anderson com a mão.
Eduardo: Me escuta garoto mimado. Eu dei muito duro para conseguir me tornar político. Vereador e agora deputado. Eu não vou deixar você estragar tudo por causa de um casinho. Isso é coisa de homem, não pense que é exclusividade minha. Todo homem tem uma amante. Se não tem vai ter. O caso não é esse, tem muito mais coisa rolando aqui do que sua consciência imagina. Se você estragar minha carreira vai ter mais gente furiosa. Então fica na sua e não me faça ter que te calar de vez.
Eduardo solta Anderson.
Anderson: Vai me calar como? Vai me matar?
Eduardo: Vai ser preciso?
Anderson se espanta com as palavras de Eduardo. A porta do elevador se abre.
Eduardo saído do elevador: Divirta-se Andy.
Anderson assustado com lágrimas nos olhos, sai do elevador e vai direto pra fora do prédio.
Dias atuais.
Amanda: Essa atitude do seu pai se repetiram mais vezes?
Anderson: Ameaçar de me matar não. Mas ele sabia como me fazer lembra das ameaças. Então ele não precisava dizer nada. Eu já sentia medo toda vez que ele olhava pra mim.
Amanda: Seu pai não foi o melhor exemplo que você teve dentro de casa. Isso é muito sério. Problema familiares deixam sequelas na vida de qualquer pessoa.
Anderson: Problemas familiares foi algo recorrente na minha vida. Meu pai, minha mãe. Acho que eu não tive sorte com família.
Amanda: Sua mãe já te ameaçou também?
Anderson: Ameaçar não, mas…
Flash back.
Rio de Janeiro/ 2 anos e meio atrás.
Casa do nortons
No quarto, Gabriela sentada no chão bebendo vodca direto da garrafa. Anderson entra no quarto.
Anderson: Mãe? Bebendo de novo? Você precisa parar com isso.
Anderson ajuda a Gabriela se levantar do chão.
Gabriela: Eu só consigo pensar no seu pai com aquela vagabunda.
Anderson: Você não tem que ficar pensando nisso. Você tem que agir. Ficar aqui bebendo no chão do quarto não vai mudar as coisas. Você precisa refazer sua vida.
Gabriela: Eu não vou deixar tudo pra ela. Era eu quem devia estar aproveitando de tudo que o Eduardo está conseguindo e não ela.
Anderson: Pensa em você. Pensa na sua saúde. Talvez você encontre alguém que te faça bem. Já pensou nisso?
Gabriela: Isso tudo é culpa sua.
Anderson: Minha? Quando eu te contei que eles tinha um caso você disse que já sabia.
Gabriela: Eu tinha minhas suspeitas, mas que nunca haviam sido confirmadas. Eu tinha no fundo a esperança de ser mentira.
Anderson: Olha pra mim, você está se destruído por causa de uma mulher que não merece. A Verônica não merece que você fique assim. Se separa do Eduardo. Refaz sua vida.
Gabriela: Nunca. Ela não vai ter o gosto de ser a mulher oficial dele. Seu pai não vai parar como deputado. Ele vai ir longe, governador, senador, quem sabe presidente. E eu vou estar lá pra ser a primeira dama. Não essa vagabunda.
Anderson: É só esse o seu motivo pra isso? É como se você estivesse se prostituído para ser a primeira dama.
Gabriela dá um tapa na cara de Anderson.
Gabriela: Cala a boca.
Anderson sai do quarto, enquanto Gabriela deita na cama e volta a beber no bico da garrafa.
Dias atuais.
Anderson: Eu perdi as contas de quantas vezes eu vi ela bêbada, sofrendo, fazendo escândalos por causa desse caso com a Verônica. Acho que minha mãe contribuiu muito com a quantidade que eu bebo hoje em dia.
Amanda: Você bebe muito?
Anderson: Praticamente todos os dias. Um bom vinho. Nada que me faça ser um alcoólatra.
Amanda: Já ouviu falar em alcoólatra funcional?
Anderson: Sim, e eu não sou um.
Amanda: Quer me contar algo sobre seu irmão?
Anderson: Ah, o Pedro…
Flash back.
Rio de Janeiro/ 3 anos atrás.
Na balada, Anderson e Pedro se divertem juntos. Dançam, cada um com uma garrafa de long neck na mãos.
Pedro: Eu acho que devemos conversam com nossos pais. As coisas estão loucas.
Anderson: Não, hoje não, por favor. Não quero falar deles, nem dessa vida louca deles. Eu vim pra cá pra esquecer tudo.
Pedro: Beleza. Sem problema.
Anderson: Às vezes eu queria ser igual a vocês, e não se importar muito com as coisas. Parece que você nem vive lá em casa. É raro quando você se envolve.
Pedro: Você tem que separar a vida deles da sua. Se não fica louco. E eu tenho meu modo de me desligar das coisas também. Você precisa do seu.
Anderson: Mas às vezes você parece ficar do lado do Eduardo. Ele te ameaçou também?
Pedro: Me ameaçou? Que história é essa?
Anderson: Piada. Esquece.
Pedro olha pro lado e vê alguém que o deixa preocupado.
Pedro: Eu vou ao banheiro.
Anderson: Beleza. Tô tranquilo aqui.
Pedro sai andando e Anderson se senta à mesa e mexe no celular, alguns instantes depois 3 homens se aproximam da mesa.
Homem 1: Cadê o Pedro?
Anderson: Foi ao banheiro. Vocês são amigos dele?
Em um beco, atrás da boate, dois homens seguram Anderson enquanto o terceiro dá socos no rosto e no estômago de Anderson. Os dois homens soltam Anderson que cai de joelhos no chão e cospe sangue. Homem 1 tira um revólver da cintura e coloca na testa de Anderson.
Homem 1: O merdinha do seu irmão tem uma dívida com a gente. E adivinha, nós vamos matar ele, atrasos não são admitidos. Mas não vamos sair no prejuízo. Essa dívida agora é sua. Então acho bom você arrumar meu dinheiro. Ou o próximo a morrer vai ser você.
Anderson: Eu não tenho dinheiro.
Homem 1: Como você vai arrumar esse dinheiro não me interessa. Eu só quero minha grana. Isso que acontece quando você se mete com quem é mais forte que você. Avisa seu irmão para não comprar mais com ninguém da cidade. Isso se você encontrá-lo vivo.
Mansão dos Norton.
No quarto, Anderson com dificuldade de andar entra no quarto e acende a luz e vê Pedro, que percebe o quanto Anderson está machucado.
Pedro: Meu Deus o que fizeram com você.
Anderson: 50 mil, até domingo. E eles vão te matar.
Pedro: Você tem que me ajudar. Eu não posso morrer. Andy, você precisa me ajudar.
Anderson: Olha pra minha cara. Eu já te ajudei o bastante.
Dias atuais.
Amanda: E como vocês conseguiram pagar essa conta?
Anderson: Aparentemente o carro do meu pai foi roubado. Tivemos que pagar o triplo para poupar a vida do Pedro.
Amanda: Há quanto tempo você saiu de casa?
Anderson: Há quatro anos. Acho que foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida.
Amanda: Foi esse o motivo de você ter saído de casa?
Anderson: Bom, era uma das motivações que eu tinha pra tomar essa decisão. Mas eu não saí de casa, eu fui expulso.
Flashback
Rio de Janeiro / 2 anos atrás.
Casa dos Norton.
Na sala, Gabriela e Pedro encaram Anderson.
Anderson: Eu posso falar agora?
Gabriela: Não, você vai esperar o seu pai chegar.
Eduardo e Verônica entram na sala.
Anderson: O que essa mulher ta fazendo aqui? Mãe, você vai permitir isso?
Gabriela: O foco aqui não é a vagabunda amante do seu pai. É sua foto beijando o vizinho.
Pedro: Pra que isso?
Eduardo: Você quer destruir a minha carreira aqui na cidade?
Anderson: Você tem uma amante e eu que quero destruir sua carreira?
Verônica: Uma amante os eleitores perdoam, agora um filho gay…
Anderson: Eu não sou gay.
Pedro: Então porque você beijou o Beto naquela festa. E deixou ainda te fotografar.
Anderson: Curiosidade, maconha, álcool. Sei lá. Não sei. Não importa.
Verônica: Acho melhor vocês mandarem ele pra casa de algum parente bem longe daqui.
Eduardo: Talvez seja a solução.
Anderson: Mãe…
Gabriela fica em silêncio.
Anderson: Eu não consigo acreditar que vocês vão deixar essa mulherzinha entrar aqui em casa e falar o que deve se fazer comigo e todo mundo vai aceitar.
Verônica: Estamos só pensando no bem da sua família. Da carreira política do seu pai.
Anderson: A amante está pensando no bem da família que ela destruiu. Que irônico.
Eduardo: Está decidido então. Você vai fazer uma viagem pra longe e bem longa.
Anderson: Mas eu não vou mesmo. E não há nada que você faça que me fazer mudar de ideia.
Eduardo: Ou você vai, ou pode arrumar outro lugar pra você morar.
Anderson: Você está me expulsando, é isso?
Eduardo: Você não está me dando outra opção.
Anderson: Mãe?
Gabriela continua em silêncio.
No quarto de Anderson, ele tira algumas roupas do guarda roupa e coloca dentro da mochila. Gabriela entra no quarto.
Gabriela: Eu só queria que você entendesse que tudo isso é pro seu bem.
Anderson: Imagina se não fosse.
Gabriela coloca um colar em cima da cama.
Gabriela: Pra você.
Anderson: Não quero presente. Mas eu posso vender, já estou sendo expulso e sem grana.
Anderson pega o colar da cama e sai do quarto.
Dias atuais.
Amanda: Durante todo esse tempo eles se mantiveram longe?
Anderson: Por um ano mais ou menos eu não tive notícia nenhum deles. Foi um ano muito bom. Mas logo em seguida o Eduardo voltou a me procurar. Ele sempre fazia merda e precisava de alguém pra arrumar tudo. Eu só queria que ele não tivesse voltado a me procurar. Eu estava feliz. Eu dividia apartamento com o Mário, ele era uma pessoa maravilhosa. Minha família me tirava a paz e o Mário me devolvia a paz.
Amanda: É nítido na sua voz o quanto o Mário era importante pra você. E pelo que você está relatando você sempre soube disso. Por que então você não resolver ser realmente feliz com ele quando ele estava vivo?
Anderson: Porque eu sou burro. Porque eu não me aceitava. E por causa da Mag. Na época minha namorada que me flagrou com ele.
Amanda: Por essa eu não esperava.
Flashback
Rio de Janeiro/ 1 anos atrás.
Apartamento de Anderson.
Na sala, Mag segura um bolo com as velas acesas. Mário e Júlio envolta e Anderson apaga a vela.
Anderson: Eu tinha dito que não queria festa gente.
Mag: Não é uma festa, é uma reunião íntima.
Mário: Só seus amigos.
Júlio: Eu só vim pela comida mesmo.
Anderson: Eu não espera menos de você Júlio.
Mag: Parte o bolo.
Anderson: Parte o bolo pra mim amor. Eu preciso beber. Vou pegar na vodka na cozinha.
Na cozinha, Anderson pega a garrafa de vodka em cima do armário e alguns copos. Ele volta pra sala.
Anderson: Eu trouxe só a vodka, se alguém quiser misturar vai ter que buscar…
Anderson vê Pedro e Gabriela na sala.
Anderson: O que vocês estão fazendo aqui?
Gabriela: Como o que vocês estão fazendo aqui? Seu aniversário.
Pedro: Viemos te dar um abraço.
Anderson: Um SMS já era o suficiente.
Mag: Não fala assim amor. Pega um pedaço de bolo pra vocês. Vamos todos comemorar. É um dia especial.
Mário: Quer que eu sirva a vodka?
Anderson: Não precisa. Eu mesmo sirvo. Todos vão querer?
Gabriela: Eu vou querer um pouco.
Anderson: Claro que vai.
Anderson serve os copos na mesinha de centro e Pedro de aproxima dele.
Pedro: Eu sei que não é o lugar e nem a hora pra isso. Mas você conseguiu resolver aquele problema?
Anderson: Você mesmo já disse. Não é hora e nem lugar.
Anderson se levanta e entrega os copos a todos.
Mário se aproxima de Anderson: Você está bem?
Anderson: Tentando fingir que estou.
Mário: Talvez você devesse lavar o rosto pra tentar fingir melhor.
Anderson pega a garrafa de vodka e vai pro quarto.
Anderson no banheiro bebe direto da garrafa e se olha no espelho.
Anderson: Vai ficar tudo bem. Relaxa. Você só precisa aturar isso por alguns minutos. No máximo uma hora. Eles já vão embora. Fica calmo.
Anderson sai do banheiro e vê Júlio no quarto mexendo nas coisas da cômoda.
Anderson: O que você está fazendo aqui?
Júlio: Eu precisava ir ao banheiro. O outro estava ocupado então eu vi aqui. Foi mal.
Anderson: Eu não gosto que entrem no meu quarto, se você puder usar o outro banheiro.
Júlio: Okay.
Júlio e Anderson chegam a sala, e Anderson vê Eduardo e Verônica.
Anderson: Eu não estou acreditando nisso.
Gabriela: Eu disse pra eles irem embora, mas não me ouviram.
Pedro: Não se mete mãe.
Eduardo: Não precisa fazer essa cara. Só viemos te dar um feliz aniversário. Somos sua família Andy.
Anderson: Não me chama de Andy. Muita cara de pau você vir na minha casa Verônica. Vai tentar me expulsar daqui também?
Verônica: Vamos deixar essa mágoa do passado pra trás. Vem cá Andy querido, deixa eu te dar um abraço de feliz aniversário.
Anderson: Pra mim chega. Acabou essa palhaçada. Eu quero vocês pra fora daqui.
Eduardo: Como assim?
Anderson: Fora. Eu não quero festa. Eu não quero a companhia de vocês. Nunca se importaram comigo. Mas com certeza estão precisando de mim e vieram fingir que se importam. Mas eu não preciso de vocês. Saiam agora.
Gabriela: Eu avisei.
Anderson: Vocês dois também. Saiam da minha casa. Não me façam ter que chamar o segurança do prédio.
Pedro: Tudo culpa de vocês.
Eduardo, Verônica, Pedro e Gabriela saem do apartamento.
Mag: Se eu soubesse que daria nessa confusão toda eu não teria nem feito esse bolo.
Anderson: Você não tem culpa. Eu só não queria festa. Eu queria ficar sozinho. Descansar.
Júlio: Vamos embora Mag. É melhor.
Mag: Okay.
Mag beija Anderson e sai junto com Júlio, Mário fecha a porta e se senta do lado de Anderson.
Mário: Você não pode deixar sua família te afetar desse jeito.
Anderson: Eu não aguento mais isso. Eu tô sufocado. Eu me sinto como se eu tivesse me afogando e não tem ninguém pra me dar a mão. Eu tô enlouquecendo.
Mário: Isso não é verdade. Eu estou aqui. Pra te dar a mão sempre que você precisar.
Anderson: É diferente. Você já me ajuda tanto com essa loucura que eu chamo de emprego. Eu não posso por mais esse peso nas suas mãos.
Mário: Se está muito pesado pra você, me deixa te ajudar a carregar esse fardo.
Anderson e Mário se olham.
Mário passa a mão sobre o rosto de Anderson: Você não tem noção do quanto você é importante pra mim.
Anderson: Você também é muito importante pra mim.
Mário: Não estamos falando da mesma coisa.
Anderson olhando nos olhos de Mário: Estamos sim.
Anderson beija Mário que corresponde. Os dois beijam forte, uma tensão grande entre os dois. Como se estivesse tirando todo o atraso de um beijo que já devia ter acontecido a muito tempo antes. Anderson tira a camisa de Mário e continua o beijando, até que Mário o puxa para o seu colo. Anderson no colo de Mário, tira a camisa enquanto o beija forte…
De manhã, no prédio de Anderson, Mag sai do elevador e vai até a porta do apartamento e percebe que ela não está fechada só encostada.
Mag: Esqueceram de fechar a porta.
Mag entra no apartamento e vê Mário dormindo sobre o peito de Anderson que também está dormindo no tapete da sala.
Mag se assusta com a cena e grita. Os dois acordam assustado e os 3 se encaram.
Dias atuais.
Amanda: Bom, eu não sei se você percebeu. Mas os atos da sua vida adulta são como um reflexo dos atos do seus pai. Traição, alcoolismo negação para os fatos da sua vida.
Anderson: Eu sempre nego isso, mas é inevitável. Por mais que eu tente me afastar ao máximo. Eu sou um pouco de cada um deles.
Amanda: O que dá pra observar é que você sente uma mágoa muito grande perante seu pai. Acho que te todos essas cicatrizes da sua família, a dele é a que menos se cicatrizou de fato.
Anderson: Acho que pelo fato de que eu sempre quis quer em tivesse escolhido a família aí invés da amante. Acho que é o sonho de todo adolescente que vê os pais nessa situação.
Amanda: Claro. Bom, nosso tempo por hoje está acabando, eu te encontro na semana que vem?
Anderson: Espero, não precisar.