=FLASHFORWARD- JANEIRO DE 2023=

Isabella se encontra dentro do porão de sua casa amarrada a uma cadeira e com uma mordaça na boca. Ela está sonolenta e ouve passos de alguém descendo as escadas se aproximando dela.

Sua visão ainda está um pouco turva, mas começa a enxergar aos poucos.

— Ma… Ma…

Quem está ali é Daniel e ele tira a mordaça de sua boca.

— Daniel! Graças a Deus você apareceu. Precisa me tirar daqui, o Matheus me amarrou aqui nesse porão, ele tá completamente louco, precisa me ajudar.

— Tudo bem.

Daniel se inclina pra ir até Isabella desamarrá-la. Ele para um pouco, recua e depois se agacha de frente à ela.

— Daniel? O que você tá fazendo?

— É tão engraçado, não é?

— O… Do… Do que você tá falando?

— De como o destino é irônico.

— O quê? Como assim?

— Antes de você aparecer, minha vida com o Matheus era tranquila, éramos felizes. Mas aí… Você veio.

— Daniel, por favor, eu não sei o que você tá pensando, mas me tira daqui e eu prometo que vamos ter uma conversa, mas eu preciso sair antes que ele volte.

— Sabe, Isabella… Há um provérbio que fala que às vezes cometemos algumas loucuras por amor… Sabe o que é você amar alguém a ponto de… Fazer tudo por ela?

— Daniel, do que você está falando? Me tira daqui, por favor!

— Amamos tanto alguém que… Perdemos completamente a noção das coisas, perdemos até o senso da realidade. Porque é isso que a PORRA DO AMOR… FAZ COM AS PESSOAS! (levantando o tom de voz).

Isabella se sente intimidada e responde:

— Eu, eu não sei do que você está falando.

— Será mesmo que você não sabe, Isabella? Será que não sabe de fato o que é se sentir como eu me senti?

— Daniel, eu… Por favor…

— Você tirou o Matheus de mim, Isabella. E agora… (Ele se levanta) Eu vou tirar você dele.

Daniel dá as costas e sobe as escadas do porão.

— Não, não, Daniel! VOLTA AQUI! ME TIRA DAQUI, POR FAVOR!

Daniel continua a subir as escadas, Isabella continua a gritar, ele abre a porta do porão, sai e tranca de novo.

— DANIEL, POR FAVOR! ME TIRA DAQUI! DANIEL!!!

 

O amor… Ainda vai destruí-los.


 

OPENING:

 


 


EPISÓDIO 3:

                    “BEM ME QUER, MAL ME QUER”


 

Casa de Isabella e Matheus, 22h.

A polícia já se encontra na residência do casal e eles estão retirando o corpo daquele homem da piscina. Matheus está sentado em uma cadeira com uma toalha cobrindo o seu corpo, aparentemente com frio e com uma expressão catatônica pelo o que aconteceu. Isabella está ali tentando fazer algo pra acalmar o marido.

— Eu… Eu matei um homem, eu…

— Amor, calma. Não foi tua culpa. Aquele psicopata ia matar a gente.

— Você não entende, Isabella. Deus nunca vai me perdoar por isso. Nunca!

O policial que está liderando o caso chega até eles com um caderno de anotações na mão.

— Então, algum de vocês, por acaso, conheciam o meliante?

Isabella o responde:

— Não, senhor. Ele invadiu nossa casa e não estava querendo roubar nada, simplesmente veio atrás de mim e do meu marido.

— Lamento perguntar, mas o senhor conhece alguém que queira te fazer mal, senhor Cavalcante? O senhor possui… Inimigos?

— Eu… Eu… Não. Eu sempre fui de bem com todo mundo, eu nunca…

Matheus começa a ter uma lembrança.

= FLASHBACK =

É final de tarde no escritório e a reunião com o promotor Afonso foi maior do que eles imaginavam.

— Bom, eu já vou indo e lamento por ter tomado o seu tempo.

— Sem problemas, promotor Padilha. Eu agradeço por tudo e pode deixar que iremos alinhar as coisas.

— Eu é que agradeço. Ah e a propósito… Parabéns, meu jovem! Têm uma esposa muito bonita!

— Como? Como você sabe?

— Bom… Ela esteve aqui ainda hoje. Ela não te avisou?

= FIM DE FLASHBACK =

Isabella está tentando falar com Matheus.

— Matheus? Matheus?

Matheus sai de seus pensamentos e volta a si.

— O… Oi?

— O policial te fez uma pergunta.

— Eu… Não, eu não conheço ninguém que queira fazer algo contra mim.

— Bom, vamos registrar o caso na delegacia e em seguida vocês precisam ir num hospital pra ter cuidados médicos.


Horas se passam. Matheus e Isabella já se encontram no hospital após ficarem horas na delegacia. O primeiro está bem abalado com tudo o que aconteceu.

— Isa!

— Sim, meu bem?

— Pega meu celular e liga pro Daniel. Pede pra ele vim aqui. Eu preciso dele, por favor.

— O… O Daniel? Teu amigo?

— Sim, por favor, olha Isa… Você é o amor da minha vida e sabe disso, mas eu preciso muito que meu amigo fique comigo, eu… Eu estou desabando.

— Tudo bem. Tudo bem. Eu vou ligar pra ele.

Isabella busca o contato de Daniel no celular de Matheus e faz uma chamada.

Daniel em seu apartamento, está deitado na cama comendo pipoca e assistindo TV. Seu celular toca. Ele vê o nome de Matheus no visor e atende.

— E aí, mano. O que você manda?

— Daniel, sou eu, a Isabella, esposa do Matheus.

— Isabella?

— Olha, eu não tenho muito o que explicar. Mas o Matheus e eu estamos no hospital, sofremos um atentado e ele implorou pra eu chamar você.

— Meu Deus, vocês estão bem?

— Agora sim, mas… O Matheus tá muito abalado. Ele precisa de você.

— Beleza, vou pra aí agora.

— Tá bom, vou te mandar a localização no teu whatsapp. Beijos!

1 HORA DEPOIS…

Daniel chega na recepção do hospital.

— Com licença, eu queria…

Isabella aparece no corredor.

— Daniel!

— Isabella! Boa noite, como ele tá?

— Nada bem. Olha, eu não sei mais o que fazer, ele não para de chorar.

— Droga, ele deve tá tendo uma crise.

— Uma crise?

— Sim. Eu te explico mais tarde. Me leve até ele.

Isabella leva Daniel até a sala onde está Matheus.

Ao chegar lá, Matheus que já estava “choroso”, desaba ainda mais quando vê Daniel.

— Matheus?

— Dan? Graças a Deus você veio.

Daniel vai até ele e o abraça tentando consolá-lo.

— Hey, hey, calma… Eu estou aqui, não vou te deixar.

— Eu fiquei com tanto medo.

— Calma, vai passar, vai passar.

Isabella prefere se retirar e deixar os dois a sós. Ela suspira na porta e em seguida anda pelo corredor. Ela pega o celular e enquanto está andando com a cabeça baixa, acaba se esbarrando em alguém.

— Ai, me desculpe! Eu estava…

E quem ela esbarrou era coincidentemente o promotor Afonso Padilha.

— Ora, ora, quem nós vemos aqui? Se não é a senhora Cavalcante?

Isabella fica intrigada.

— Eu… É… O senhor estava no escritório do meu marido, não é?

— Sim, me desculpe, não fomos apresentados formalmente. Eu sou o promotor Afonso Padilha (pegando na mão dela e beijando), é uma honra conhecê-la.

— Me chamo Isabella.

— Isabella! Que belíssimo nome para uma dama como a senhora.

— É… Desculpe é que eu…

— … Devo admitir que o Matheus é um homem de sorte ao ter uma mulher tão bela como você ao lado dele.

— Obrigada, mas… Não é pra tanto.

— A propósito, o que veio fazer aqui? Algum problema com você ou com o teu marido?

Isabella tenta falar, mas se lembra das palavras daquele policial.

= FLASHBACK =

— Lamento perguntar, mas o senhor conhece alguém que queira te fazer mal, senhor Cavalcante? O senhor possui… Inimigos?

= FIM DE FLASHBACK =

Isabella ao se lembrar disso, tenta se recompor.

— Não, é que… Eu vim fazer uns exames. Estava passando mal e já fiquei alegre pensando que seria gravidez, mas foi um alarme falso.

— Ow, eu imagino. Mas não duvido que em breve teremos um herdeiro Cavalcante a caminho.

— Sim… É o que esperamos.

— A propósito, senhorita… Já não nos conhecemos antes por aí? Sempre tive a impressão de conhecê-la.

Isabella começa a perceber que aquela é o tipo de cantada que todo homem quer usar pra se aproximar de alguma mulher.

— Desculpa, senhor, mas deve está me confundindo.

— Verdade… Eu me lembraria se já tivesse topado antes com uma mulher tão bela como você.

Isabella está ficando cada vez mais nervosa e tenta se esquivar.

— Bom, eu… Eu preciso ir. Meu marido está me esperando. Tenha uma boa noite!

— Boa noite, madame! Aproveite bem o fim de semana.


É manhã de sábado. Daniel dormiu no quarto de hóspedes da casa de Matheus. Ele acordou primeiro e agora se encontra na sala de estar.

Isabella está descendo as escadas e encontra Daniel ali no sofá.

— Bom dia!

— Bom dia,Isabella! Me desculpa, eu não queria incomodar vocês, é que…

— … Tá tudo bem. O Matheus realmente gosta muito de você, por isso pediu para que viesse.

— Sim, eu… Nem acredito que isso aconteceu com vocês. E imagino mesmo que o Matheus esteja arrasado e com razão. Ele sem querer matou um homem, meu Deus!

— Sim, e isso tá me preocupando muito.

Ela se assenta no braço do sofá.

— Ontem você falou sobre umas crises. O que você quis dizer?

— Por favor, não fala com o Matheus sobre isso, senão ele vai me matar.

— Pode deixar, não conto.

— O Matheus, ele…  Ele começou a ter umas crises de pânico quando estávamos no ensino médio. O comportamento dele mudava drasticamente. Ora ele ficava triste e chorando sem parar e ora ele ficava agressivo e não media as palavras. Foram anos vivendo essa luta, e na época que ele estava pior, nós não estávamos tão próximos. Então eu tive que me desdobrar pra tentar ficar com ele. Eu sei que parece estranho, mas nós sempre fomos muito apegados, então sempre quando o Matheus tinha essas crises, a mãe dele ligava pra mim, pra que eu fosse até ele. Sei lá, de uma certa forma ele se acalmava quando eu ficava com ele, mas… Acho que o que aconteceu ativou isso. Tinha muitos anos que essas crises não atacavam. Antes mesmo dele te conhecer, já haviam parado.

— Eu entendo. A situação estressante de ontem deve ter ativado isso nele. A nossa vizinha, a Lúcia, ela é psicóloga. Ela até falou que de vez em quando a gente podia conversar com ela, mas acho que sinceramente vou perguntar à ela quanto custa uma consulta e irei colocar o Matheus e eu também.

— Eu sei que está sendo complicado pra você, Isabella. E sei que você vai achar isso até meio estranho, mas… Eu amo o Matheus. Ele é meu melhor amigo e eu farei qualquer coisa por ele. Mas também sei me colocar no meu lugar e sei que preciso respeitar a privacidade de vocês, afinal de contas, vocês são recém-casados, precisam do seu espaço.

— Daniel, eu posso te fazer uma pergunta?

— Claro.

— Você, por acaso…

Matheus está descendo as escadas e Daniel percebe que ele está vindo.

— Veja quem está chegando!

Matheus ainda está meio atordoado. Ele olha os dois no sofá e não consegue negar que ficou com um pouco de ciúmes. Afinal, o que sua esposa está fazendo pela manhã conversando com outro homem, não é? Apesar de ser melhor amigo dele, não é todo homem que iria aceitar esse tipo de coisa.

— Meu amor, como você está? Dormiu bem? Eu fiquei tão preocupada.

— Eu… Estou bem, amor. Tentando, pelo menos.

— Que bom que você está melhor, irmão. Acho que agora eu posso ir indo, vou deixar vocês a vontade.

— Não, Dan, espera… Fica. Amor, ele pode almoçar com a gente hoje?

— Claro, claro. Será sempre bem vindo.

— Não, gente, desculpa, eu não posso aceitar.

— Por favor, mano. Fica. É o mínimo que a gente pode fazer depois de ter feito você sair da tua casa no meio da noite.

— Tá, mas… Eu ainda estou com a mesma roupa de ontem, e…

— Cara, relaxa. Eu te empresto umas roupas minhas. Mas fica só até depois do almoço, por favor.

— Tá, tá bom, se não tiver nenhum problema para a sua esposa…

— Não, pra mim não tem problema nenhum.

— Viu só? Esse foi o único jeito de fazer você vir até a minha casa. Vem, vamos subir.

Quando ambos estão prestes a sair, Isabella o chama.

— Matheus?

— Sim, meu amor?

Isabella se lembra do encontro desagradável com o promotor Padilha na noite passada, mas decide se calar.

— Divirtam-se! Vou fazer de tudo pra que nosso almoço seja especial.

— Você é a melhor mulher do mundo!

Os dois sobem as escadas. Isabella se assenta no sofá, pensativa. Muita coisa está acontecendo na cabeça dela ao mesmo tempo. Um assaltante, um amigo íntimo até demais de seu marido e agora um promotor que parece não estar bem intencionado.

O pior de tudo é que Isabella está completamente sozinha. Não tem amigos, não tem família e agora parece que tudo está começando a ficar contra ela naquele lugar.

RESIDÊNCIA DO PROMOTOR PADILHA.

Afonso está no computador e está dando uma olhada nas redes sociais de Matheus. Ele olha as fotos de seu casamento com Isabella e outras dela individual.

— Isabella Reis… Como pode um moleque como o Matheus ter uma mulher tão formosa assim perto dele? Com certeza ele fez alguma coisa pra atraí-la. Esse rostinho angelical dela… Se não fosse casada… Seria uma candidata ideal pra se transformar em minha futura esposa.


CASA DE ISABELLA E MATHEUS.

Os dois amigos estão entrando no quarto. Matheus abre o guarda-roupa.

— Olha, você pode vestir esse short aqui e… Deixa eu ver… Ah, veja só! Essa foi aquela camisa que você me deu de aniversário.

— Você ainda tem ela?

— É claro, até parece que ia me livrar de um presente.

— Sei lá, achei que na época que a gente tinha brigado, você tinha se livrado de todos os presentes que eu te dei.

— Você se livrou de algum dos presentes que eu te dei?

— Não… Claro que não.

— Então pronto. Veste aí.

Daniel pega a camisa, coloca em cima da cama e depois tira a camisa que ele estava usando, enquanto Matheus estava de costas. Ao se virar novamente, Matheus diz:

— Caralho, onde você conseguiu esse tanquinho?

— Eu? Não é pra tanto, você tá exag…

— … Espera aí, deixa eu ver de perto.

Matheus toca no abdômen de Daniel e ele fica um pouco incomodado.

— É… Tá bom, Matheus. Já deu.

— Que foi, cara? Tá com medo de eu tocar em você, é? Para com isso, somos amigos.

— Não, é que…

— Tá bom, vamos ficar kits. Eu deixo você ver o meu também.

Matheus tira a camisa e deixa Daniel ainda mais nervoso.

— E aí, o que acha? Não tá tão trincado quanto o seu, mas…

Daniel fica olhando o corpo de seu amigo e tentando fazer de tudo pra manter sua postura.

— Você… Você tá ótimo, irmão.

— Ah, qual é? Pode tocar, eu deixo.

Matheus segura a mão de Daniel pra ele tocar em seu abdômen.

— Ainda tem umas gordurinhas, né?

Daniel percebendo cada vez o clima de tensão que está criando ali, decide se afastar.

— Matheus, por favor… Não faça isso.

— Ai, meu Deus… Dan, eu havia me esquecido que você… Ah, droga! Eu estou me sentindo um idiota agora.

— Tá tudo bem, só… Só não fica falando esse tipo de coisa ou ficando sem camisa na minha frente. Por favor… Você é um homem casado, sua esposa está lá embaixo e não quero que ela entre aqui nesse quarto e interprete as coisas de um jeito errado.

— Ei… Você é meu irmão, esqueceu?

— Sim, eu sei.

— Então vem cá me dá um abraço.

— Primeiro… Veste a camisa de volta.

— Tá bom, tá bom… Pronto. Satisfeito?

— Bem melhor assim. Bem melhor.

Mesa de jantar, 12h30.

Os três estão terminando de almoçar. As conversas entre eles renderam. Matheus aparentemente está bem melhor após o terrível incidente de ontem.

— … A gente tá até querendo fazer uma viagem pro litoral em Fevereiro agora, vou pegar uns dias de recesso pra ir com a Isabella pra lá.

— Acho uma boa ideia. Precisam aproveitar enquanto vocês dois não tem filhos.

— Sim, por isso mesmo.

Na mesa, Isabella recebe uma notificação no celular. Quando abre, vê uma solicitação de amizade do promotor Afonso Padilha em sua rede social. A expressão dela muda.

— Meu amor, tá tudo bem?

— Não, estou bem, não é nada de mais.

Ela olha o celular de novo, aparece uma solicitação de mensagem. Quando ela abre, vê que é o promotor Afonso.

“Não tem ideia de quem está do teu lado”.

Isabella fica ainda mais nervosa.

— Meninos, eu vou só aqui na cozinha rapidinho.

— Tá bom, meu amor. Vai lá.

Isabella vai até a cozinha. Aquele homem continua a enviar mensagens.

“Tem certeza que conhece bem o teu marido?

Dessa vez, ela decide responder.

“Desculpa, mas não estou entendendo. Do que o senhor está falando?”

A mensagem é enviada. Ele lê. Alguns segundos depois aparece o “digitando…” no celular.

Uma nova mensagem chega.

“Estou tentando te ajudar, Isabella.”

“Confia mesmo no teu marido?”

“Não acha muito estranho ele ter chegado mais tarde justo no dia que o assaltante invadiu sua casa?”

Isabella olha pela brecha da cozinha e fica olhando Matheus na mesa com Daniel. O que esse rosto pode estar escondendo? E o que Daniel tem a ver nisso tudo? Poderia ser alguém pra “acobertar” o comportamento de Matheus durante esse período?

Isabella está cada dia mais intrigada e sente que está ficando encurralada com toda essa história.


Após algumas horas, após Daniel já ter saído. Matheus e Isabella se encontram na casa de Lúcia, a vizinha.

— Bem, me sinto lisonjeada que tenham me escolhido e confiado no meu trabalho.

— Lúcia, a gente não tem mais a quem recorrer. Meu marido e eu passamos por um estresse traumático muito forte ontem e…

— … E como o senhor está, doutor Matheus? Diante de tudo isso?

— Bom, eu… Na verdade eu não estou nada bem.

— Eu entendo… Isabella, se importaria se eu conversasse com o teu marido a sós, por gentileza? Creio que é um trabalho que eu preciso fazer diretamente com ele.

— Ah sim, claro, claro. Eu já volto, meu amor.

— Tchau, meu bem.

Isabella se retira. Lúcia dá continuidade.

— Então, senhor Matheus, me diga… O que mais está te afligindo?

Isabella está na sala da casa de Lúcia. Ela ficou com o celular de Matheus e a mãe dele está chamando. Isabella atende.

— Oi, dona Esther.

— Oi, querida. Como vocês estão?

— Nós… (mentindo). Nós estamos bem, graças a Deus.

— Ai, que bom! Liguei porque já tinha uns dois dias que esse meu garoto não dava notícias, onde ele tá?

— Ah, ele… Ele tá cortando a grama lá fora. Deixou o celular aqui dentro.

— Ai não, então deixa ele quieto, mais tarde eu ligo. E você, querida? Tá tudo bem?

— Estou bem sim, sogra, eu… Bom… Sabe como é, ainda não sei como lidar com a vida de casada.

— Querida, relaxa. Logo você se acostuma. Fala pro Matheuszinho que queremos ir aí no próximo fim de semana passar a tarde com vocês, se não se importam.

— Claro, será um prazer!

— Obrigada, querida. Beijos!

Isabella desliga. Dentro da sala, continua a conversa entre Lúcia e Matheus.

— … Então foi por isso que você pediu pra que teu amigo viesse?

— Sim, acho que se não fosse o Dan… Sei lá o que teria acontecido comigo.

— Informou alguém da tua empresa sobre o incidente?

— Só meus superiores, mas… Não quis alarmar muito. Ainda estou tentando digerir tudo o que aconteceu.

— Entendo. Entendo perfeitamente.

HORAS MAIS TARDE…

Já é por volta das 6 da tarde de um dia de sábado. Matheus e Isabella chegam em sua casa.

— A Lúcia é uma mulher muito sábia. Gostei desse papo com ela. Mal espero para a próxima sessão.

— Que bom que você gostou, meu amor. Fiquei com medo de você achar ruim de procurarmos uma psicóloga.

— Claro que não, eu sei que você fez pro meu bem.

— A propósito… Tua mãe ligou mais cedo.

— Minha… Minha mãe? Você…

— Não, eu não contei pra ela o que aconteceu.

— Graças a Deus, Isa! Ela iria ficar louca e ia correr pra cá no mesmo minuto.

— Imaginei que não tinha o direito de falar. Então inventei uma desculpa.

— Obrigado, vida. Eu vou pegar uma água aqui pra mim e me espera aqui pra a gente subir juntos.

Matheus vai para a cozinha. Isabella se dirige à sala e vê uma cesta de bombons com um laço de presente na mesinha de centro. Ela dá um sorriso.

— Ai, ai, esse meu marido.

Isabella se aproxima, pega aquela cesta e fica admirando o presente. Matheus se aproxima da sala com o copo de água na mão.

— Quem te deu isso?

— Ué, não foi você?

— Claro que não. Fiquei com você o dia todo na casa da Lúcia, esqueceu?

— Mas então…

Isabella vira a cesta de um lado e encontra um bilhetinho. Ela tira do plástico da cesta e lê.

“Espero que tenha gostado do presente”.

Isabella derruba a cesta no chão.

— Isabella, o que houve?

Ela fica ainda mais nervosa.

— Quem te mandou essa cesta, Isabella? Quem te enviou? RESPONDA!


= FLASHFORWARD= FEVEREIRO DE 2023

É noite. Está chovendo lá fora. O telefone está tocando. Isabella corre até o seu quarto para atender.

— Alô? Alô, socorro! Me ajuda, por favor!

Matheus chega no quarto furioso.

— O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO?

— CHAME A POLÍCIA, POR FAVOR! CHAME A POLÍCIA!

Matheus agarra Isabella por trás a arrancando de perto do telefone.

— EU DISSE PRA VOCÊ FICAR CALADA! EU DISSE!

— ME SOLTA! ME SOLTA!

— EU VOU TE DAR UMA LIÇÃO, SUA CRETINA!

Matheus arremessa Isabella contra a cômoda. Ela cai no chão completamente desesperada.

— PARA, POR FAVOR, MATHEUS! PARA!

— VOCÊ É A CULPADA! POR QUE TÁ ME OBRIGANDO A FAZER ISSO? POR QUÊ?

— POR QUE SE CASOU COMIGO? VOCÊ É UM MONSTRO! UM MONSTRO!

— Eu não sou um monstro… Eu não sou…

— VAI ME MATAR COMO MATOU AQUELE HOMEM? É ISSO QUE VOCÊ É, MATHEUS. UM PSICOPATA!

— NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO! EU NÃO FIZ POR QUERER. EU ESTAVA, EU ESTAVA TENTANDO PROTEGER VOCÊ, EU ESTAVA…

— EU NÃO PRECISO DA DROGA DA TUA PROTEÇÃO! PELA PRIMEIRA VEZ EU ACREDITO NO DANIEL. VOCÊ REALMENTE ESTÁ LOUCO!

— CALA A BOCA! CALA A BOCA!

Quando Matheus se aproxima dela. Isabella dá uma rasteira na sua canela. Ele cai próximo a ela. Isabella se levanta, dá um soco em Matheus.

— SEU INSIGNIFICANTE!

Isabella se levanta pra correr pra fora do quarto. Matheus a alcança no corredor e a empurra para o chão.

— Ahhhh!

— Eu só queria ter uma esposa boa. Eu só queria uma esposa que me compreendesse. Por que você estragou tudo?

Matheus vira Isabella de frente e dá um chute no estômago dela.

— VOCÊ FOI MUITO DESOBEDIENTE, ISABELLA!

Ele dá outro chute.

— Éramos o melhor casal, éramos perfeitos, fomos… Fomos feitos um para o outro.

Em meio aos chutes, Isabella vai tentando se arrastar naquele corredor. Mas era inútil.

Ele a levanta,puxa seu cabelo, a prensa contra a parede. Ela vê o quadro ali do lado, consegue pegá-lo e quebra na cabeça de Matheus.

— AHHH SUA DESGRAÇADA!

Isabella tenta se desviar pela escada, Matheus se recupera, pula em cima dela e ambos caem rolando pelas escadas.

Isabella, no chão, dá vários socos e chutes em Matheus. Ele revida com os mesmos gestos. Isabella ficando cada vez mais fraca, é dominada por Matheus que está em cima dela enforcando-a com toda a força.

— VOCÊ… VOCÊ ME OBRIGOU, MEU AMOR. VOCÊ ME OBRIGOU.

Ele tira sua arma do bolso da calça, fica apontando pra testa dela.

— Eu sinto muito, meu amor. Eu sinto muito… É pro teu bem.

Neste momento, a porta é aberta abruptamente. Quem chega ali é Daniel.

— MATHEUS, O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO?

Daniel avança em cima de Matheus. Os dois caem rolando pelo chão se atracando um ao outro. A arma de Matheus cai para longe. Isabella fica ali no chão tossindo muito. Daniel tenta deter o descontrole de Matheus.

— NÃO PIORA MAIS AS COISAS! PARA COM ISSO!

— VOCÊ… VOCÊ ME TRAIU! MEU MELHOR AMIGO!

— NÃO! EU NUNCA FIZ NADA! EU SEMPRE TE AJUDEI!

— VOCÊ FINGIU SER MEU AMIGO QUANDO QUIS NA VERDADE ERA TRANSAR COM MINHA ESPOSA, SEU FILHO DA PUTA!

— JÁ CHEGA, MATHEUS!

Os dois começam a se atracar pela casa. Daniel segura os braços de Matheus e o arremessa contra um vaso.

— CONTA PRA TUA ESPOSA! CONTA O QUE VOCÊ E EU FIZEMOS! CONTRA PRA ELA, SEU COVARDE!

Isabella pega a arma de Matheus.

— OS DOIS FILHOS DA PUTA PODEM PARAR AGORA!

Os dois se levantam, tentam contornar a situação.

— Calma, Isabella. Calma!

— NÃO ME PEÇAM PRA EU ME ACALMAR!

— Meu amor, ele é o culpado por fazer eu querer bater em você.

— Vocês dois são uns doentes de merda, eu sempre soube que tinha algo errado em vocês.

— Isabella, não acredita no Matheus. Ele é doente.

— NÃO! ELE É O LOUCO! ATIRA NELE, ISABELLA!

— NÃO, ISABELLA! ATIRA NELE! TEU MARIDO É UM PSICOPATA!

Isabella fica cada vez mais eufórica, não sabe em quem acreditar. Precisa tomar uma decisão depressa.

— JÁ CHEGA! JÁ CHEGA! Isso vai acabar aqui.

Isabella coloca o revólver na sua cabeça.

— Vejo vocês dois no inferno.

 

 

 

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

  • Que episódio!!!! As teorias agora só aumentam e tudo ficou ainda mais confuso. Daniel e Isabella juntos? Kkkk. Esses flashfoards só estão confundindo tudo porém cada cenão incrível. Como se não bastasse tudo o que vem acontecendo ainda tem esse Afonso bem suspeito cercando a Isabella. Ninguém merece!!! Lúcia é a única sensata nessa série kkkkk.

    • Cada vez os flashforwards deixam a gente ainda mais bugados kkkkkk. E agora? Todo mundo contra a Isabella, mermão? A menina não tem um minuto de paz kkkk. Lúcia realmente a única sensata da série inteira haha.

  • Que episódio!!!! As teorias agora só aumentam e tudo ficou ainda mais confuso. Daniel e Isabella juntos? Kkkk. Esses flashfoards só estão confundindo tudo porém cada cenão incrível. Como se não bastasse tudo o que vem acontecendo ainda tem esse Afonso bem suspeito cercando a Isabella. Ninguém merece!!! Lúcia é a única sensata nessa série kkkkk.

  • Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

    Publicidade

    Inscreva-se no WIDCYBER+

    O novo canal da Widcyber no Youtube traz conteúdos exclusivos da plataforma em vídeo!

    Inscreva-se já, e garanta acesso a nossas promocionais, trailers, aberturas e contos narrados.

    Leia mais Histórias

    >
    Rolar para o topo