Em todo o lugar… Sempre haverá a dúvida.
Sempre haverá os dois lados da verdade.
— Matheus Ferreira Cavalcante, aceita a senhorita Isabella Reis como sua legítima esposa?
Ele olha pra Isabella, sorri e diz:
— Sim, padre. Aceito!
— Senhorita Isabella Reis, aceita o senhor Matheus Ferreira Cavalcante como seu legítimo esposo?
Igualmente fazendo o que seu futuro marido fez, ela diz:
— Sim, padre. Aceito!
— Com o poder investido a mim, eu vos declaro marido e mulher!
Para descobrir alguns segredos, precisamos sair da nossa zona de conforto.
— Agora mudando de assunto, tem certeza que essa casa não foi tirada daqueles filmes de terror?
— Claro que não, amor!
— Tem certeza? Geralmente essas casas enormes têm alguma coisa. Alguém se matou, tem espíritos ferozes, famintos e por aí vai.
O pior é quando percebemos com quem estamos conversando.
Isabella abre a porta do banheiro, Matheus está de pé na pia conversando ao telefone e se assusta quando Isabella entra no banheiro.
— Com quem você está conversando?
— Amor, eu…
— Me responde, Matheus! Com quem você está conversando?
Ou melhor, com quem estamos dormindo.
— Desculpa, senhora, mas o Doutor Cavalcante saiu faz uns minutos e creio que ele ainda não voltou.
— Saiu? Mas pra onde?
— Ah, veja, aquela ali é a secretária dele. Helena, faz um favor aqui.
Isabella não gostou nada de ver que a secretária de seu marido é uma mulher muito atraente.
— Sim, Lívia. O que houve?
Segredos…
Isabella sai dali um pouco incomodada com toda a situação. Afonso a observa saindo com um olhar de malícia.
— Então essa é a esposa do Matheus? Nada mal, meu jovem… Nada mal.
Mentiras…
— A propósito, senhorita… Já não nos conhecemos antes por aí? Sempre tive a impressão de conhecê-la.
Isabella começa a perceber que aquela é o tipo de cantada que todo homem quer usar pra se aproximar de alguma mulher.
— Desculpa, senhor, mas deve está me confundindo.
— Verdade… Eu me lembraria se já tivesse topado antes com uma mulher tão bela como você.
Seria apenas um devaneio da cabeça de Isabella?
— Ás vezes eu sinto que o Matheus esconde coisas de mim, sabe? E eu percebi que desde quando chegamos nessa casa, ele tá cada vez mais estranho, está distante… Não sei, Lúcia, estou muito preocupada.
— Acha que… Teu marido pode estar tendo… Uma… Bom… Tendo um…
— … Ai não, Lúcia! Pelo amor de Deus, nem fale algo assim. Eu morreria se descobrisse que o Matheus estaria me traindo.
Ou todos estão mentindo pra ela?
— Matheus! A polícia já está a caminho.
— Não, não pode ser.
— O que houve?
— Ele… Ele tá morto, Isa.
— Quê?
— Ele tá morto. EU MATEI ELE, ISA! EU O MATEI!
Todos estão escondendo algo.
Daniel chega na recepção do hospital.
— Com licença, eu queria…
Isabella aparece no corredor.
— Daniel!
— Isabella! Boa noite, como ele tá?
— Nada bem. Olha, eu não sei mais o que fazer, ele não para de chorar.
— Droga, ele deve tá tendo uma crise.
— Uma crise?
TODOS…
— O Matheus, ele… Ele começou a ter umas crises de pânico quando estávamos no ensino médio. O comportamento dele mudava drasticamente. Ora ele ficava triste e chorando sem parar e ora ele ficava agressivo e não media as palavras.
TODOS…
— Isabella, se importaria se eu conversasse com o teu marido a sós, por gentileza? Creio que é um trabalho que eu preciso fazer diretamente com ele.
TODOS ELES MENTEM…
“Estou tentando te ajudar, Isabella.”
“Confia mesmo no teu marido?”
“Não acha muito estranho ele ter chegado mais tarde justo no dia que o assaltante invadiu sua casa?”
QUAL DELES ESTÁ DIZENDO A VERDADE?
Isabella vira a cesta de um lado e encontra um bilhetinho. Ela tira do plástico da cesta e lê.
“Espero que tenha gostado do presente”.
Isabella derruba a cesta no chão.
— Isabella, o que houve?
Ela fica ainda mais nervosa.
— Quem te mandou essa cesta, Isabella? Quem te enviou? RESPONDA!
Ou então… Não existe a verdade.
— Isabella, não acredita no Matheus. Ele é doente.
— NÃO! ELE É O LOUCO! ATIRA NELE, ISABELLA!
— NÃO, ISABELLA! ATIRA NELE! TEU MARIDO É UM PSICOPATA!
Isabella fica cada vez mais eufórica, não sabe em quem acreditar. Precisa tomar uma decisão depressa.
— JÁ CHEGA! JÁ CHEGA! Isso vai acabar aqui.
Isabella coloca o revólver na sua cabeça.
— Vejo vocês dois no inferno.
SÓ EXISTE TÃO SOMENTE… A MENTIRA.
NADA ALÉM…
DA MENTIRA.
EPISÓDIO 4:
SEGREDOS E MENTIRAS
DOMINGO- 23H56- RESIDÊNCIA DO PROMOTOR PADILHA.
O promotor Afonso não estava esperando visitas a essa hora da noite em pleno Domingo. Ele desce as escadas com o seu roupão esverdeado e sedoso.
— JÁ VAI! JÁ VAI!
Afonso chega até a porta. Destranca. Quando abre, percebe que é alguém que ele conhece.
— Ow, Matheus! Você por aqui a essa hora? Algum problema?
Padilha leva um soco no nariz. Cai no chão e está com o nariz sangrando. Matheus entra na casa e está com aqueles “tacos” de acender lareira na mão.
— Espera, Matheus! Espera! Eu não quis incomodar você e sua esposa, por favor, me perdoa!
Mas Afonso Padilha já teria seu destino traçado.
DOMINGO- 23H56 = SÁBADO- 18H10
Isabella derruba a cesta no chão após ler o bilhete.
— Quem te mandou essa cesta, Isabella? Quem te enviou? RESPONDA!
Isabella não consegue sequer responder.
— Deixe-me ver.
Ele pega o bilhete. Lê. Fica completamente atônito.
— Quem te mandou isso?
— Eu… Eu…
— QUEM TE MANDOU?
— EU NÃO SEI! EU NÃO SEI, EU JURO!
— Não me parece um presente normal. Você tem algum admirador secreto e eu não estou sabendo?
— Pelo amor de Deus, Matheus! Eu acabei de me mudar pra cá com você. A única pessoa que eu conheço é a Lúcia.
— Então quem poderia ter sido? Porque a Lúcia não pode ter sido, a não ser que ela for lésbica, né?
— Não sei, talvez… Talvez o teu amigo deixou aí como forma de agradecimento, não sei.
— Não, não. O Daniel não é assim. E outra. Por que ele deixaria uma cesta de bombons pra você?
— Sei lá, talvez por eu ser esposa do melhor amigo dele e ele quer de uma certa forma fazer eu me sentir parte de tudo isso, não sei, Matheus. Não sei.
— Não, tem mais alguma coisa que você não tá me contando.
— Eu… Eu estou falando a verdade, eu juro.
Isabella não quer contar sobre as mensagens do promotor Padilha e muito menos do que Daniel contou pra ela.
— Isabella, eu sempre fui honesto com você. Você tá me escondendo algo.
— Não, por favor! Eu estou dizendo a verdade, eu… Eu não sei quem me mandou essa porcaria de cesta.
— Você… Você não estaria me enganando com outro homem, estaria?
Ele aperta o pulso de Isabella.
— Para, Matheus.
— Eu não suportaria, se soubesse que você… Está com outro homem.
— Matheus, tá me machucando. Para!
O celular de Matheus toca. Ele se afasta de Isabella e atende.
— Alô? Ow… Promotor Padilha. Quanta honra?
Isabella fica nervosa.
— Almoçar na tua casa amanhã? Claro! Seria uma honra!… Pode deixar… A minha esposa e eu iremos sim. Obrigado e até logo!
Ele desliga.
— Vamos almoçar na residência do promotor Padilha amanhã.
— Eu… Eu não quero ir!
— O que disse?
— Eu… Estou cansada, amor. Quero ficar em casa.
— Nós iremos almoçar amanhã na casa do promotor Padilha sim. E vamos manter as coisas como estão. Mas essa nossa conversa ainda não terminou, Isabella. Amanhã quando voltarmos, quero tirar a limpo essa história. Até lá… Eu vou dormir no quarto de hóspedes.
— Espera, Matheus. Espera!
Pela primeira vez, Isabella testemunhou um comportamento totalmente fora do normal do seu marido. Seriam as crises que Daniel comentou que são mais fortes do que ela mesmo imaginava?
DOMINGO- 11H45.
Isabella e Matheus estão de frente à gigantesca casa do promotor Afonso Padilha. Ele abre a porta para recebê-los.
— Ow, é uma honra receber a família Cavalcante em meu lar.
— Promotor Padilha, não é pra tanto. Estamos honrados por estarmos aqui.
— Não tanto como eu. Bom dia, senhora!
— Bom… Bom dia.
— Por favor, entrem. Fiquem a vontade. O almoço será servido em meia hora.
12h26.
Eles estão na mesa almoçando.
— Pelo visto, vocês dois também possuem bom gosto pra culinária. Apreciaram muito bem nosso prato de hoje.
— Confesso que está delicioso, promotor. Não é, meu amor?
— Sim, sim. Está ótimo.
— É sempre um prazer recebê-los em minha residência.
DOMINGO- 13H05- APARTAMENTO DE DANIEL.
Daniel está na sala fazendo flexões no chão. O suor pinga de sua testa enquanto ele se esforça pra terminar aquela última série.
Ao terminar. Ele pega a garrafa de água ao lado. Dá um gole e se lembra do momento em que estava na casa de Matheus.
= FLASHBACK =
Matheus segura a mão de Daniel pra ele tocar em seu abdômen.
— Ainda tem umas gordurinhas, né?
Daniel percebendo cada vez o clima de tensão que está criando ali, decide se afastar.
— Matheus, por favor… Não faça isso.
— Ai, meu Deus… Dan, eu havia me esquecido que você… Ah, droga! Eu estou me sentindo um idiota agora.
= FIM DE FLASHBACK =
— Eu não posso me permitir passar por isso de novo. De novo não.
Minutos mais tarde. Daniel está no chuveiro. Enquanto esfrega o sabonete em seu peito definido, lembranças tomam conta.
= FLASHBACK =
— Eu queria ter feito mais por você, sabe? Você esteve no dia do meu casamento e… Tinha todo o direito de não estar. E eu entenderia se você não tivesse ido, porque… Acho que o que eu fiz… Foi irreparável.
— Eu fiz uma promessa a você quando ainda éramos adolescentes… Que eu sempre estaria com você. Mas… Acho que esse tempo que ficamos afastados foi bom pra a gente refletir um pouco.
— Sim… De uma certa forma sim. Mas meu coração doeu porque… Porque eu não estava com você… Eu… Eu queria tanto voltar no tempo e poder mudar tudo isso.
Matheus está com os olhos cheios de lágrimas e se exaltando cada vez mais. Daniel se inclina na mesa, puxa a testa de Matheus pra junto da dele.
— Ei, ei! Já chega! Tá? Passou… Tudo isso passou… Eu já te perdoei, então esquece isso.
= FIM DE FLASHBACK =
Ele para de se ensaboar e só deixa a água do chuveiro escorrer sob seu corpo nu. Sua mente continua viajando entre os pensamentos.
= FLASHBACK =
— Por favor… Você é um homem casado, sua esposa está lá embaixo e não quero que ela entre aqui nesse quarto e interprete as coisas de um jeito errado.
— Ei… Você é meu irmão, esqueceu?
— Sim, eu sei.
— Então vem cá me dá um abraço.
— Primeiro… Veste a camisa de volta.
— Tá bom, tá bom… Pronto. Satisfeito?
— Bem melhor assim. Bem melhor.
= FIM DE FLASHBACK =
Daniel fica apenas ali no chuveiro, pensativo e lembrando de tudo o que lhe ocorreu nos últimos dias.
DOMINGO- 13H45- RESIDÊNCIA DO PROMOTOR PADILHA.
Os três continuam ali a conversar na sala de estar.
— Ow, Matheus! Eu já estava me esquecendo. Trouxe um presente pra você.
— Pra mim?
— Sim.
Ele pega uma sacola que está atrás do sofá.
— Aqui está.
— Olha só! E nem é meu aniversário. O que será?
— Pode abrir.
Matheus abre e é uma caixa de sapato social finíssima.
— Ah, me… Me desculpa, doutor, eu não posso aceitar isso.
— Calma, tem mais embaixo.
Matheus percebe ali uma jaqueta jeans meio esverdeada.
— Uau! Eu… Eu não estou acostumado a receber presentes assim.
— Apenas uma pequena regalia para no meu sócio. Ah! E claro, não pense que me esqueci de sua esposa.
Isabella questiona:
— Quê?
— Se não se importa, Matheus. Também gostaria de presentear a tua digníssima esposa com algo.
— É… Bom… Eu… Eu não vejo problema.
Afonso pega uma pequena caixa retangular. Quando abre, é um colar de prata.
— Ah! Desculpa, mas eu não posso aceitar isso.
— Senhora, por favor, aceite. É o mínimo que eu posso fazer por vocês dois.
— Não, isso aqui deve ter sido uma fortuna.
— Promotor, não precisava se incomodar tanto, a minha esposa nem é tão adepta à jóias assim.
— Por favor, peço que aceitem. Senão eu terei que usar esse colar, já imaginou que bizarro?
Matheus sorri. Isabella pega a caixa com o colar, bem nervosa. Matheus ainda não percebeu o nervosismo da esposa.
— Ah… Promotor, eu poderia utilizar o seu banheiro?
— Claro, meu jovem. Fica no final do corredor à esquerda.
— Tá bom. Eu já volto, Isa.
— Tá bom, meu amor, não demore.
Isabella fica olhando Matheus se afastar. Ela espera até ter certeza que ele está longe e encara o promotor Afonso cochichando e claramente nervosa.
— O que você pensa que tá fazendo? Que palhaçada é essa?
— Ei, calma! Não gostou do presente?
— O que você quer? Por que têm me mandado mensagens? O que quer de mim?
— Querida, Isabella. Acho que você ainda não sabe como esse jogo funciona. Você é tão ingênua.
— Primeiro manda mensagens, depois cestinha de bombons e agora está tentando comprar o meu marido com presentinhos?
— Ah, por favor, Isabella! Teu marido é um banana. Ele nem percebeu nada até agora.
— Fica longe de mim ou eu vou contar tudo para o meu marido.
— Experimenta! Experimenta contar pra ele. Aí eu dou um jeito de arruinar a vida do teu maridinho. Eu sei de segredos que podem ir além das possibilidades, minha jovem.
— Do que você tá falando?
— Eu tenho muito poder, Isabella. E se você abrir a boca… Eu faço o possível pra meter o teu marido na cadeia. E sabe o que é pior? Ainda posso contar a todos que você era minha amante.
— Eu nunca me envolveria com um porco como o senhor.
— Ah não? Então o que me explica aquela cesta de bombons? Aquele bilhete? Essa tensão entre nós aqui nesta sala… Digamos que ele descobriu que você o estava traindo… Surtou e tentou te matar. Eu descobri. Avisei a polícia. Seu marido foi preso. Enfim, salvei o dia!
— O… O assaltante. Foi você? Você enviou ele na minha casa pra tentar me matar?
— Que plot twist, não é? Agora oficialmente o teu marido é um assassino.
— Seu… Seu maluco de merda!
— Não se atreva, Isabella! Aproveita que teu marido tá vindo aí e conta tudo pra ele. Vamos! Conta!
— Foi mal a demora, gente. Essa casa é maior do que eu pensei e acabei me perdendo na hora de voltar pra cá. Tá tudo bem?
— Claro que estamos, Matheus. A tua esposa estava querendo dizer algo quando você viesse. Não é mesmo, senhora?
— Ah é? O que foi, meu amor?
— Não… Eu… Eu só estava agradecendo ao promotor Padilha pelos presentes e pedindo até desculpas se pareci grossa. É porque eu realmente não estava esperando receber isso.
— Querida, não tem que se desculpar de nada. Estou aqui para servi-los.
— Quanta gentileza a tua comigo e com minha esposa, senhor Padilha.
— Meu amor, podemos ir? Estou um pouco exausta.
— Claro, claro. Deixa eu pegar os presentes. Promotor Padilha, agradeço mais uma vez pela hospitalidade e pelos presentes. Qualquer dia, vamos convidar o senhor para vir até a nossa casa almoçar conosco.
— Será um privilégio pra mim.
Eles se retiram da casa do promotor. Isabella olha pra trás percebendo a enrascada que acabou de se meter.
DOMINGO- 16H26- CASA DE MATHEUS E ISABELLA.
Isabella está no sofá lendo um livro. Matheus chega até ela.
— Meu amor, eu estou indo tomar um banho. Se alguém me ligar, avisa que eu retorno depois.
— Tá bom. Pode ir.
Ele vai até o pescoço de Isabella.
— Vem tomar banho comigo.
— Eu… Eu estou um pouco cansada, Matheus. Me desculpa.
— Já sei. Ficou chateada por causa de ontem, não é?
— Quer saber? Fiquei sim! Ontem você praticamente me acusou de um absurdo.
— Desculpa, eu fiquei nervoso. Depois que eu dormi, percebi o quanto eu fui grosso com você. Me perdoa mesmo.
— Tá tudo bem. Vai tomar teu banho e eu vou continuar lendo o meu livro aqui.
Matheus sobe as escadas. Ele deixou o celular na mesinha de centro. Isabella pega. Começa a olhar as últimas chamadas. Apenas a do promotor Padilha. Enquanto ela vasculha, chega uma nova mensagem. É de Daniel.
“Aí, mano. Desculpa, mas eu precisei contar pra tua mulher do teu problema, não sei se ela já te contou, mas não fica bravo com ela. A gente se preocupa com você, me liga depois. Tamo junto!”
Isabella, com medo de Matheus ter uma outra reação semelhante à aquela da noite passada. Apaga a mensagem e depois coloca o celular de volta à mesinha.
DOMINGO- 18H20- CASA DE MATHEUS E ISABELLA.
Isabella está no quarto mexendo no celular. Matheus vai até ela.
— Meu amor, ainda tá brava comigo?
Isabella não responde.
— Olha… Eu não sei o que deu em mim ontem, eu realmente… Eu realmente fiquei estressado, sei lá. Você me conhece, sabe que eu não sou assim. Então… Ah, deixa pra lá! Qualquer coisa eu estou lá embaixo.
Quando Matheus está prestes a sair pela porta. Isabella pronuncia:
— Foi o promotor Padilha.
Ele se vira pra ela novamente.
— O quê?
— Foi o promotor Padilha que enviou aquela cesta de bombons.
— Mas… Por que ele não contou isso hoje?
— Matheus… Ele…
— O que tá acontecendo, Isabella?
— O promotor Padilha está me ameaçando. Ele… Ele sabe do que aconteceu aqui em casa, sabe que você sem querer matou aquele homem e disse que iria usar isso contra você, caso eu te falasse alguma coisa.
— O… O quê? Não, o promotor Padilha é um homem de bem, ele nunca…
— Pelo amor de Deus, Matheus. Escuta pelo menos uma vez na vida, a tua esposa. Este homem tentou me assediar várias vezes.
— Como ele pode? Como ele pode fazer isso?
— Foi ele, amor… Ele contratou aquele homem pra vir na nossa casa. Ele queria que você fizesse algo com que ele pudesse te acusar.
— DESGRAÇADO!
— O que a gente vai fazer agora? Precisamos denunciar este homem. Ele é praticamente mandante de um assassinato.
— Eu aceitaria que ele fizesse qualquer coisa comigo… Mas tocou na minha esposa… Isso eu não posso permitir.
Matheus sai do quarto furioso. Isabella se levanta e o segue.
— Matheus, espera! Espera! O que você vai fazer?
— Vou tirar essa história a limpo. Vamos ver se o promotor Padilha é tão macho assim na minha frente.
— Não, pelo amor de Deus, não vá, Matheus! Não vá!
Matheus ignora. Desce as escadas. Vai para a garagem. Entra dentro do carro. Abre o portão da garagem. Ele sai. Isabella está do lado de fora e tenta impedir a saída do marido.
— NÃO! NÃO, MATHEUS! NÃO VÁ! POR TUDO O QUE É MAIS SAGRADO! NÃO VÁ!
— SAI DA FRENTE DO CARRO, ISABELLA!
— NÃO FAÇA ISSO, PELO AMOR DE DEUS! EU IMPLORO!
— SAI DA FRENTE DA PORRA DO CARRO ANTES QUE EU PASSE POR CIMA DE VOCÊ!
Isabella vira para o lado, Matheus sai dali cantando pneu.
— NÃO! NÃO! VOLTA AQUI, MATHEUS! VOLTA AQUI!
O desespero toma conta de Isabella. Ela entra correndo pra dentro da casa.
— CADÊ MEU CELULAR? CADÊ MEU CELULAR?
Ela encontra o celular dela.
— AI, DROGA! EU NÃO TENHO O NÚMERO DO DANIEL. O QUE EU FAÇO? O QUE EU FAÇO?
Ela sobe as escadas, vai para o seu quarto. Pega o notebook. Entra nas redes sociais e procura por Daniel. Ela encontra o seu perfil e manda de imediato uma mensagem pra ele com o seu número de telefone.
Daniel está em seu quarto mexendo no notebook e vê a solicitação de mensagem. Ele percebe que é Isabella e fica preocupado. Rapidamente, ele pega o seu celular e disca o número que Isabella escreveu naquela mensagem.
Do outro lado, o celular de Isabella toca e ela atende rapidamente.
— ALÔ?
— Isabella? Sou eu, o Daniel. Algum problema?
— Ai, graças a Deus, Daniel! Graças a Deus!
— O que tá acontecendo?
— É o Matheus! Precisa entrar em contato com ele imediatamente. Ele tá prestes a cometer uma tragédia.
— O quê? Como assim?
— Ele tá descontrolado e tá indo pra casa do promotor Padilha. Ele vai fazer uma besteira, Daniel. Só você pode impedi-lo, por favor, me ajuda!
DOMINGO- 19H17- RODOVIA PAULISTA
Matheus está dirigindo furioso e se lembra das coisas que o promotor Padilha dizia se referindo à sua esposa.
= FLASHBACK =
— Se não se importa, Matheus. Também gostaria de presentear a tua digníssima esposa com algo.
— É… Bom… Eu… Eu não vejo problema.
Afonso pega uma pequena caixa retangular. Quando abre, é um colar de prata.
— Ah! Desculpa, mas eu não posso aceitar isso.
— Senhora, por favor, aceite. É o mínimo que eu posso fazer por vocês dois.
= FIM DE FLASHBACK =
— Desgraçado. Desgraçado! Ele estava o tempo todo de olho na minha esposa. Como eu pude ter sido tão burro?
O celular de Matheus toca.
— Que foi, Daniel?
— ONDE VOCÊ TÁ, MATHEUS?
— AGORA EU NÃO POSSO FALAR. ESTOU DIRIGINDO.
— O QUE VOCÊ PENSA QUE TÁ FAZENDO, CARALHO?
— DANIEL, NÃO SE META NOS MEUS PROBLEMAS.
— QUÊ? TUA ESPOSA ME LIGA DESESPERADA E ACHA QUE EU NÃO DEVO ME PREOCUPAR? PARE IMEDIATAMENTE O QUE ESTÁ FAZENDO E VENHA ATÉ O MEU APARTAMENTO!
— ELE MEXEU COM A MINHA MULHER, DANIEL! EU NÃO VOU DEIXAR ISSO BARATO!
— E O QUE VAI FAZER? VAI MATAR ELE? LARGA DE SER BURRO! VEM PRO MEU APARTAMENTO AGORA! VOU TE MANDAR A LOCALIZAÇÃO NO TEU WHATSAPP.
— Eu sinto muito, Dan. Mas dessa vez não posso te ouvir.
Matheus desliga o celular. Daniel fica do outro lado da linha furioso.
— MATHEUS? MATHEUS? PORRA!!
DOMINGO- 20H06- CASA DE LÚCIA
Isabella está tocando a campainha da casa de Lúcia incansavelmente. Quem atende é a sua filhinha.
— Olá!
— Oi… Tua mãe está?
Lúcia aparece na porta.
— Isabella. Algum problema?
— Lúcia, me desculpa vim aqui assim dessa forma. Mas não tenho a quem recorrer.
— Mas o que tá acontecendo? Por que você tá tão nervosa?
— É que… É que…
— Fala, Isabella! O que aconteceu?
— Uma coisa horrível! O Matheus está prestes a cometer uma loucura.
— Ai, meu Deus!
DOMINGO- 20H11- ALGUM LUGAR NA ESTRADA.
Matheus estaciona o carro em algum lugar ali. Sai de dentro do veículo. Abre o porta-mala. Procura alguma coisa de útil. Ele encontra um ferro, algo que se parece com aqueles tacos de mexer em uma lareira.
— Isso aqui vai servir. Vou mostrar pra esse desgraçado como é que se faz.
20h11 = 23h58
Já dentro da residência do promotor Padilha. Matheus está utilizando o mesmo par de sapatos que ele o presentou e também a jaqueta verde. Só que ele colocou o capuz da jaqueta cobrindo o seu rosto e também está usando um boné por baixo, ele sabia que a casa do promotor era repleta de câmeras e não podia arriscar.
O promotor Padilha está no chão implorando pela vida.
— Por favor, Matheus! Pare! Foi tudo um mal entendido.
Ele acerta aquele taco nas pernas dele.
— Aaaaaaii!!
Padilha começa a se arrastar até chegar no balcão da cozinha.
— Não, por favor! Eu prometo, eu prometo que não vou mais me meter na tua família, mas não me mate, por favor!
Ele hesita a princípio. Vemos o ponto de vista da câmera de segurança ali na cozinha. Matheus de costas sem poder ser reconhecido por aquela câmera e Afonso no chão.
— Tá tudo bem. Eu não vou te denunciar, eu não vou te denunciar.
Mas ele não está disposto a dar trégua. Levanta aquele taco e começa a acertá-lo várias vezes na cabeça. Várias e várias vezes. Podemos ver o sangue espirrando daquele objeto, a câmera filmando tudo.
Ao terminar o feito, ele se afasta um pouco para ficar do lado da porta em um canto onde a câmera não pega.
Vemos primeiro os seus sapatos novos que agora estão sujos de sangue. Em seguida vemos sua calça jeans. Subindo mais um pouco, vemos a sua jaqueta verde que ele ganhou. Ao subir mais um pouco, é possível ouvir sua respiração acelerada. Então ele retira o capuz. Após retirar o capuz, ele retira o boné, mas… Não era quem imaginávamos.
Não era o Matheus que estava por debaixo daquele capuz.
Era na verdade…
Quem menos imaginava…
Isabella!
Ao tirar o boné, ela solta o seu cabelo e fica olhando para o que acabara de fazer.
— De fato. O senhor não vai mais se meter com minha família, promotor Padilha… Porque vou me assegurar pra que isso não aconteça.
Entre um segredo aqui e uma mentira ali… Todos acabam escondendo algo sombrio. A ponto de matar alguém…
Por amor.
SENHORITA RETORNA
EM 2023…
E EM AGOSTO,
ESTREIA:
A NOVA MINISSÉRIE DA WIDCYBER
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O que? Como assim?!!!!! Estou entendendo nada nesse momento e também sentindo o impacto kkkkkk. Amigoooooo que GANCHOOOOOO Era quem menos esperava nessa cena!!! Fui inventar de ler esse capítulo com o instrumental e tomei cada susto kkkkkkk. Que construção incrível desse episódiooooo.
Amei o banner/anúncio da futura série!!! Achei tudo!!!!
Esse foi aqueles ganchos de destruir o psicológico de cada um kkkkkkk. Muito obrigado, minha amiga. E que venha Hotel Hilbert!
O que? Como assim?!!!!! Estou entendendo nada nesse momento e também sentindo o impacto kkkkkk. Amigoooooo que GANCHOOOOOO Era quem menos esperava nessa cena!!! Fui inventar de ler esse capítulo com o instrumental e tomei cada susto kkkkkkk. Que construção incrível desse episódiooooo.
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Esse foi aqueles ganchos de destruir o psicológico de cada um kkkkkkk. Muito obrigado, minha amiga. E que venha Hotel Hilbert!