Sob o Domínio do Rei Temporada 1: Ep. 7 Aliado Improvável
GALPÃO/DIA
Algemado a uma máquina, Jean, quase sem forças ouve tiros, e logo tenta se proteger das balas que alvejam o portão do depósito. A claridade do sol o impede de ver o rosto do homem que entra com duas pistolas nas mãos.
Jean – Quem está aí? Quem é?
Fano, se aproxima para livrá-lo:
Fano – Jean, calma.
Jean – Que caralho está fazendo aqui?
Fano – Temos que ir.
Jean – Eu não vou a lugar nenhum.
Fano – Calma.
Jean – Que diabos está acontecendo?
Fano – Há qualquer momento aqueles desgraçados podem aparecer. Se quer ficar fique, mas estou quase sem balas.
Jean – Me solta.
Fano, segura seu rosto , e olhando em seus olhos diz:
Fano – Jean, você é o novo rei agora.
32 horas antes
CASA DE D. IVONE E RITINHA/DIA
No quarto, D. Ivone arruma as malas para ir embora com Jean. Ritinha entra e senta ao seu lado na cama e as duas começam a olhar um álbum de fotos.
D. Ivone – Como vocês cresceram, meus filhos!
Olhando uma foto de Jean, Ritinha se emociona:
D. Ivone – Está com medo?
Ritinha – Tenho medo do desconhecido… Eu não sei quem é o Jean que está lá, D. Ivone. Quem é?
D. Ivone – Isso só descobriremos, quando estivermos lá, mas algo me diz que teremos que ser muito fortes minha filha.
D. Ivone, levanta-se da cama preocupada.
D. Ivone – Eu sempre soube que meu Jean, iria para longe, sempre foi um sonhador… Esse mundinho pequeno que eu consegui dar à ele sempre foi pouco, e ele nunca se contentou, e quando não nos contentamos somos capazes de coisas que a própria razão desconhece.
CASAMENTO DE CAROL E FANO/DIA
Durante a festa de casamento, Carol e Fano, são parabenizados, pelos convidados. Jean se mantém à distância, e Bartô, pega bebida com um garçom que vai passando:
Bartô – Essa bebida é quente?
Garçom – Existe coisas mais quentes…
Bartô – Me mostra – Sorrisinho maroto.
Dom Armando, se aproxima do filho que levanta o copo e sorrindo diz:
Bartô – Saúde, meu pai!
Dom Armando – Me digas com quem tu andas e te direi quem és! Tens um plano diabólico em mente, Galeno.
Dom Armando, olha para Jean, que conversa com alguns senhores.
Bartô – O Jean? Não! Quem tem um plano em mente é o senhor. Por que ele, Dom Armando? Por que ele? Por que, Jean Ribeiro?
Dom Armando – Vejo que te preparou pra essa guerra, mas ainda há muito que aprender. Não, não tem plano nenhum, Jean é uma pessoa admirável terá o que merece simplesmente por ser essa pessoa as claras, honesta consigo mesma.
CASAMENTO DE CAROL/DIA
Ainda na festa de Carol, ao cair da tarde, Jean, fuma um cigarro próximo do jardim, quando Bartô, se aproxima e diz:
Bartô – É um homem muito admirado, Jean.
Jean – Admirado?
Bartô – Ganhou o respeito de uma pessoa muito poderosa.
Jean – Não pensei que isso pudesse te incomodar?
Bartô – Não me incomoda, me admira. E me faz pensar que nada que eu fiz até agora possa ter compensado.
Jean – Pois, então deixa tudo pra trás, começa de novo. Eu estou aqui Bartô, estou entregue a você como… não sei, eu só quero viver isso. Esquece tudo que esse homem te fez no passado e segue a sua vida de verdade, essa vida que por algum motivo se colocou na sua frente.
Bartô – Se eu fizer isso estarei sendo covarde comigo mesmo, e com a mulher que devo a minha vida. Você nunca sonhou? Eu sonhei com minha vingança, eu ainda sonho com o dia que vou dar um fim a vida desse desgraçado.
CASA DE CAROL E FANO/NOITE
No quarto, já pronta para a viagem de lua de mel com Fano, Carol, pega o celular e tenta ligar para o pai, que não atende:
Carol – Atende meu pai…
Fano, sai do banheiro, e preocupa ela diz:
Carol – Fano, tem certeza que meu pai virá para nos levar no Aeroporto?
Fano – Foi isso que ele me disse.
CASAMENTO DE CAROL/DIA
Com a mão sobre o ombro de Fano, Dom Armando diz:
Dom Armando – No se olvide que vuelvo para llevarlos al aeropuerto. Sólo voy a mi casa por un tiempo.
Fano – Está se sentindo bem tio? Pode descansar aqui por umas horas.
Dom Armando – Tal vez un malestar en el estómago, pero no se preocupe, trate de aprovechar la fiesta.
CASA DE CAROL E FANO/NOITE
Carol, liga mais uma vez em vão.
Carol – Não atende!
Fano – Mas não acha que devemos nos preocupar?
Carol – Não sei, hoje ele me abraçou com tanta ternura, tanto amor que eu senti meu pai como nunca havia sentido, Fano.
Fano, lembra das últimas palavras de Dom Armando: “Tal vez un malestar en el estómago, pero no se preocupe, trate de aprovechar la fiesta”
Fano – Dom Armando, jamais faltaria com a sua palavra!
Fano, sai e Carol, pergunta-lhe:
Carol – Onde você vai?
Fano – A casa do seu pai, por favor não se preocupe, mas hoje à tarde ele não se sentia bem do estômago.
Fano, sai correndo do quarto, e Carol, preocupa-se.
CASA DE DOM ARMANDO/NOITE
Fano, para o carro em frente à casa de Dom Armando, verifica a porta que está trancada. Bate várias vezes:
Fano – Dom Armando! Dom Armando!
Caminha para os fundos da casa e pula uma janela que está aberta. Já no quarto chama pelo tio.
Fano – Dom Armando! Dom Armando!
No banheiro da suíte, Fano encontra o chuveiro ligado e o Rei, caído no chão, morto.
Fano – Tio!
Desesperado, Fano, pega o celular e liga para Carol:
Fano – Carol! Dom Armando, está morto.
CASA DE CAROL E FANO/NOITE
O clima sombrio e triste toma conta da casa de Carol e Fano. Carol, chora sentada no sofá da sala, Fano e Ramiro, agitados caminham pela sala. Jean, entra e Carol o abraça.
Carol – Jean, meu pai, meu pai.
Jean – Calma! Estou aqui com você!
Fano, fica desconcertado ao ver Carol, sendo consolada por Jean.
Ramiro – Se acalma homem!
Fano – Nada disso estaria acontecendo se esse Jean, não tivesse entrado nas nossas vidas.
Ramiro – Frieza meu caro, logo esse império todo será seu e não tem por que continuar com ele aqui. Jean, está sozinho agora, sem Dom Armando, ele não é nada.
PORÕES DO TRÁFICO (SÃO PAULO) /DIA
Na área externa do prédio, Marla Mendonça, conversa com Fera, sobre Dom Armando, e Jean.
Marla – Então quer dizer que, Dom Armando Cardona, partiu dessa para melhor?
Fera – Foi encontrado morto no banheiro, provavelmente um infarto.
Marla – Quem diria que o temido e respeitado Rei sairia de cena desta forma.
Fera – Pensa em ir para o funeral?
Marla – Não! Eu tinha ligação com ele em vida, os mortos já não falam.
Fera – Jean Ribeiro, está desprotegido agora.
Marla – Realmente achas isso? há essas alturas? Com toda a certeza, Jean Ribeiro, já se inteirou de seu papel. Marla Mendonça, e suas organizações vão se manter o mais longe possível dele, tenho certeza que já se tornou meu inimigo, e com os inimigos devemos manter os olhos os bem abertos.
CEMITÉRIO/DIA
No enterro de Cardona, Carol e Fano, enlutados, Jean se mantém a distância, cabisbaixo, abatido, e enquanto, Fano conversa com, Walter Pernas, Carol, se aproxima:
Carol – Eu sei que ele significava muito para você.
Jean – Como um pai!
Carol – Esta tarde serão lidos os seus últimos desejos, você tem que estar presente.
APARTAMENTO DE JEAN/ DIA
Jean, entra em casa, Bartô está em pé na sala, aparentemente apreensivo.
Bartô – Como foi?
Jean – Como todos os enterros são.
Bartô – Jean, eu sei como ele era importante pra você, mas…
Jean, enfurecido
Jean – Você não sabe de nada, Bartô! Você queria a morte dele, eu sei que por dentro você está rindo, comemorando. Eu quero ficar sozinho, me deixa sentir essa dor em paz, eu duvido que você saiba o que é perder alguém.
Jean, senta no chão e chora, e Bartô o abraça.
Bartô – Coloca esse choro preso para fora, chora tudo, Jean!
O TESTAMENTO DO REI/DIA
Nathan, Advogado de Armando, recebe, Carol e Fano para a Leitura do testamento.
Advogado – Falta ainda o motorista, Jean Ribeiro.
Carol, recebe uma mensagem no celular, e diz ao Advogado:
Carol – Ele não vem.
Nathan – Às cláusulas do testamento de Dom Armando, são bem claras, quanto a presença do motorista.
Fano – Nathan…- nervoso – Somos da família somente, Carol e eu, acho justo que a leitura seja feita mesmo sem a presença de Jean Ribeiro.
Nathan – Posso até realizar a leitura sem a presença do requerido, porém todas as posses de Dom Armando ficarão bloqueados sem uma aceitação ou desistência oficial por parte dele.
APARTAMENTO DE JEAN/DIA
Jean, desativa o alarme do carro, mas antes de abri-lo recebe um choque e é carregado por dois homens para um outro carro.
Jean – Me solta! me Solta!
ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA/ DIA
Nathan, dá início a leitura do testamento. Carol, permanece imóvel o tempo todo, Fano se retorce na cadeira.
Nathan – “Eu Dom Armando Cardona, naturalizado brasileiro, 65 anos, empresário, inscrito no CPF 056988135-19 e R.G 09442771-0, residente e domiciliado no estado do Mato Grosso do Sul, estando em perfeito juízo e em pleno gozo de minhas faculdades intelectuais, sem nenhuma interdição, na presença de três testemunhas a seguir qualificadas […]
Livre de qualquer induzimento ou coação, resolvo lavrar o presente testamento particular no qual exaro minha última vontade, pela forma e maneira seguinte: PRIMEIRO: não podendo dispor de todo meu patrimônio por possuir herdeiros necessários, deixo para Carolina Cardona, 02 condomínios situados no bairro Anchieta, três fazendas com produção de gado de corte, situadas no estado do Mato Grosso do Sul, duas casas, sendo a que vivo atualmente e a que a já citada reside hoje com o noivo, a empresa de produtos de limpezas a qual era controlada por, Araceli Cardona (já falecida), bem como seus pertences pessoais, como joias e carros. SEGUNDO: deixo para Fernando Luiz Cardona, condomínio de apartamentos, situado no bairro Primavera, o qual reside parte de meus funcionários, a empresa de transportes de carga Argan, também situada no bairro Primavera, 01 apartamentos duplex no estado do Rio de Janeiro, assim como meus pertences pessoais de valores e meus 02 carros particulares. TERCEIRO: por estima e confiança, deixo a Jean Ribeiro (meu motorista particular), a posse e controle total da empresa “O Rei do Fumo”, as terras destinadas ao plantio de tabaco, galpões de colheita e armazéns, assim como o controle de minhas contas bancárias pessoais e jurídicas ligadas a Empresa já citada.
Declaro não existir testamento anterior em qualquer de suas formas legais. Nada mais tendo a lavrar, dou por encerrado o presente testamento na presença das (03) três testemunhas acima qualificadas, para as quais li a íntegra do que nele se contém que o confirmará em juízo, de conformidade com a lei. Dou, assim, por concluído este meu testamento particular”.
Nathan – Bem senhores, essas são as últimas vontades do meu falecido cliente. Alguma objeção?
Carol – Nem uma objeção.
Fano, desapontado:
Fano – Nem uma objeção? Esse estranho vai dominar mais de 60% da fortuna do seu pai e você não tem objeção, Carolina?
Carol – Fano, Fano! Que seja feita a vontade do meu pai, a gente não teve um bom relacionamento em vida e mesmo assim ele me deixou muito bem, ele deixou você muito bem. É muito mais do que precisamos, Fano, é infinitamente muito mais.
Nathan – Eu acho que vocês deveriam conversar, como advogado de Dom Armando, e agora como representante de Jean Ribeiro, não vejo esse conflito de interesses com bons olhos, vou deixá-los à vontade, com licença.
Nathan, levanta-se da cadeira, ajeita o blazer e sai sem tirar o olho dos dois. Fano levanta-se preocupado.
Fano – Será assim mesmo?
Carol – E nós temos escolha?
Carol, se aproxima de Fano, e o convence:
Carol – Querido, uma vez eu falei pra gente ficar livre de tudo isso, esse dinheiro sujo, sempre trouxe muitos problemas, guerras, mortes. E agora nós estamos fora de tudo isso.
JOGO DA VERDADE/DIA
Jogando cartas com Cardona, Fano, aprende sobre os negócios do tráfico:
Dom Armando – Tiene que saber jugar hijo, en ese negocio los débiles son siempre los primeros que se rompe. Cada error, cada equívoco que comete es un punto más para su final que siempre son dos opciones: la prisión o la muerte.
FUNERAL DE ARMANDO CARDONA/DIA
Conversando com, Walter e Júlio Pernas, Fano, percebe que substituir o Rei não será uma tarefa fácil.
Walter – Com a morte do nosso respeitado Rei, aquele que o venha suceder enfrentará uma carga muito pesada, terá que provar sua capacidade com astúcia, sem falhas…
Batendo no ombro de Fano, Walter enfatiza:
Walter – Te prepara, Fano, te prepara pra essa guerra, e eu espero que vença!
O SEQUESTRO DO HERDEIRO/DIA
No carro de seus sequestrados, Jean, sob a mira de um revólver, questiona:
Jean – Pra onde estão me levando? (Altera a voz) Pra onde caralho?
O homem encosta a arma na sua cabeça e diz:
Sequestrador – Quietinho, quietinho, ou estouro seus miolos aqui mesmo. Deita, deita… Isso, isso cachorrinho.
CASA DE CAROL E FANO/DIA
No banheiro, de frente para o espelho, Fano, lava o rosto, preocupado. O mundo parece cair sobre a sua cabeça. No quarto caminha de um lado para o outro, e no celular fala com, Júlio Pernas:
Fano – Abortar missão, abortar missão tá me ouvindo?
Júlio – Tarde demais irmão, trato é trato. – encerra a chamada.
Fano – Merda!
CASA DE BARTÔ/ DIA
Sem notícias de Jean, Bartô, liga várias vezes para seu celular:
Bartô – Droga, Jean! em que inferno você se meteu caralho? Atende esse celular.
CATIVEIRO/ DIA
Fano, chega ao galpão, que serve de cativeiro para, Jean e no portão trancado a correntes e cadeados e recebido por um capanga armado.
Capanga – O que quer aqui?
Fano – Júlio Pernas, me mandou.
Capanga – Como se chama?
Fano – Fano Cardona.
Enquanto, o capanga pega o celular para se comunicar com Júlio, Fano, saca a pistola do carro e dispara contra seu peito, estoura o cadeado a balas e adentra o terreno de carro. No cativeiro, Jean, protege-se das balas que ele, dispara contra o portão.
Jean – Quem está aí? Quem é?
Fano, se aproxima para livrá-lo:
Fano – Jean, calma.
Jean – Que caralho está fazendo aqui?
Fano – Temos que ir.
Jean – Eu não vou a lugar nenhum.
Fano – Calma.
Jean – Que diabos está acontecendo?
Fano – Há qualquer momento aqueles desgraçados podem aparecer. Se quer ficar, fique. Mas estou quase sem balas.
Jean – Me solta.
Fano, segura seu rosto e olhando em seus olhos diz:
Fano – Jean, você é o novo rei agora.
o solta, levanta-se e o chama para ir com ele:
Fano – E vale mais vivo que morto.
Jean – O que você quer?
Fano – O mesmo que você viver, vamos, Vamos, Jean!
CARRO DE FANO/DIA
No carro, Jean, saca a pistola que Fano, guardou ao lado do câmbio e aponta para ele.
Jean – Para o carro!
Fano – Solta, essa arma! Solta.
Jean – Para esse carro, Caralho!
Fano, quase perde o controle da direção, e já com o carro no acostamento saca de uma pistola e aponta para, Jean.
Fano – Se quer nos pegamos a bala aqui mesmo.
Jean – Que caralho está acontecendo? Vamos diga!
Fano, larga a pistola e levanta as mãos, Jean, encosta a arma em seu rosto.
Fano – Eu posso te ajudar, sou mais útil vivo que morto. Começou a guerra, Jean, Walter e Júlio Pernas, querem controlar os negócios do rei, com você morto logo acabaram com os últimos Cardona que restam.
Jean – Tu me entregou a eles, desgraçado?
Fano – Eu me equivoquei, merda! A ficha caiu só agora, Jean. Eles me usaram.
Jean – Dirija. Dirija, caralho, dirija!
Continua…
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