Passado e presente parecem estar mais conectados do que nunca. E uma terrível revelação pode mudar todo o jogo.

— O meu nome é Makoto Ishihida… E eu sou o pai da Emily.

Fionna tenta achar palavras para responder o que acaba de ouvir.

— Só… Só pode ser brincadeira.

Makoto tem aparentemente 50 anos de idade, cabelos grisalhos, olhos rasgados e estatura baixa.

— Eu não teria dito isso se não tivesse mencionado o nome da minha outra filha… Lisa.

— Mas… Isso não pode ser possível, a Lisa disse que o senhor estava morto, como que…?

Neste momento a perversa Hilda entra no local acompanhada de vários guardas.

— Me deem passagem, seus inúteis!

Todos param imediatamente o que estão fazendo para reverenciar Hilda. Ela pára por instantes, olha para todos e prossegue.

— Podem voltar ao trabalho!

Ela se aproxima de Fionna com um olhar desafiador, Fionna observa o intrigante tapa olho que ela possui.

— Ora, ora, Dra. Fionna. Vejo que já fez amizade com o Senhor Ishihida.

— Eu não diria “amizade”, mas tá valendo. Quem é você? E por que todas essas pessoas têm medo de você?

— Oh pobrezinha! Tão ingênua você!

— Ingênua eu? Sabe bem que se estou aqui é por um motivo.

— Sim, querida, eu sei. Agora o que eu não entendo… É o motivo do Dr. Addan está tão interessado em você.

— Talvez ele seja um velho tarado que nem todos vocês aqui.

Hilda solta uma gargalhada.

— Hahahaha, você me mata de rir, doutora! Agora eu entendo porque o meu ex-marido estava tentando salvar você.

— Desculpa. Seu ex-marido?

— Sim, querida. O Capitão Dan é meu ex-marido.

Fionna fica impactada diante da revelação.

— O que foi? O gato comeu sua língua, Fionna?

— Por quê? O Capitão Dan é um homem da lei, por que você estaria envolvida com o Dr. Addan? Não percebe que ele é um criminoso?

— Cale essa boca, sua inútil!

— Não! Que tipo de pessoas são vocês? Corja de covardes!

O Sr. Makoto segura o braço de Fionna.

— Por favor, senhorita, não faça isso.

— Não! Eu não vou me submeter às palavras dessa cretina aí.

Fionna se afasta de Makoto e olha para todos os que estão presentes naquela sala.

— E vocês? O que pensam que estão fazendo? Vão continuar seguindo as ordens dessa maluca? E do doutor Addan que é um assassino? Será que não percebem que eles são criminosos? Por favor, vocês são cientistas também como eu! Será que não tem cérebro o suficiente para perceberem que estão sendo manipulados por essa horda assassina?

Makoto olha para Fionna com os olhos pesados e os demais ficam completamente impactados com a ousadia de Fionna. Todos ficam sem dizer uma palavra, Hilda quebra o silêncio.

— Bom, eu posso responder por eles.

Hilda pega a arma de um dos guardas e atira no segurança matando-o instantaneamente.

Fionna fica perplexa com o que acabou de testemunhar. Ao terminar o feito, Hilda se aproxima de Fionna.

— Agora percebeu o motivo deles seguirem minhas ordens, sua vadiazinha imunda?

— Matou um de seus próprios guardas. Você é tão louca quanto o Dr. Addan!

— Ah! Vai fazer o quê? Vai me ameaçar?

— Vocês não ficarão impune dessa. Um dia vão pagar por todos os seus crimes.

— Ah é? Você está isolada numa ilha bem longe da civilização, querida. Quem você acha que tem mais chances de sobreviver a este lugar?

— Estão cometendo um grande erro. E tomara que o teu ex-marido descubra que você está metida em tudo isso pra acabar com esse teu joguinho.

— Olha, olha… Vai meter o meu ex-marido no meio? Olha, Fionna… Eu estou há um passo de acabar com você agora mesmo.

Hilda pressiona a arma no pescoço de Fionna.

— Então vai! Me mata! Me mata, sua desgraçada! Acaba logo comigo! Vamos!

— Não me provoque, Fionna!

— Tá com medo, é? Sua puta de um olho só!

— Maldita!

Hilda quase pressiona o gatilho e Makoto a impede.

— NÃO! Senhora Hilda! Lembre-se do plano do Dr. Addan!

— Não se meta seu velho imundo!

Hilda dá uma coronhada na testa de Makoto fazendo-o cair no chão. Fionna vai até ele para acudi-lo.

— Não! Senhor Ishihida, está bem? Você é um monstro igual o Dr. Addan!

— Teve muita sorte por eu ter sido interrompida por esse velho caquético, do contrário não teria sido dessa forma. Agora volte a fazer o que têm que ser feito aqui e lembre-se… A donzela em perigo aqui é você… Doutora Fionna.

Hilda se retira do local juntamente com os seus guardas. Fionna ajuda Makoto a se levantar.

— O senhor está bem, Sr. Ishihida?

— Agora percebe o motivo de não falarmos muito aqui? Não sabe do que a senhora Hilda e o Dr. Addan são capazes.

— Eu não conhecia a Hilda, mas o Dr. Addan eu sei muito bem do que ele é capaz. E como eu sei!

Hospital Central de Londres, 10:30.

Lisa está sentada no banco do assoalho onde fica o quarto de Cristhian no hospital, ela está pensativa e Ellie se aproxima dela.

— Está tudo bem?

— Eu… Eu só estou meio…

— … Meio triste pelo o que aconteceu com tua irmã. Eu entendo, no teu lugar também estaria.

— Eu não acredito que possa existir pessoas tão cruéis neste mundo como o Dr. Addan.

— Sim, eu sei… Agora eu estou percebendo uma coisa… Onde está aquela tua amiga e aqueles outros agentes?

— Ai meu Deus! É verdade, a May!

Minutos depois, Lisa está conversando com o capitão Dan e com o agente Victor juntamente com Dylan.

— Lisa, não se preocupe. A May está vindo pra cá com os outros, eles chegaram no hospital. A agente Hillary me falou.

— Ai, graças a Deus, capitão!

Victor: Esses jovens são mais fortes do que pensamos.

Em poucos segundos no corredor, Lisa avista May e Trevor de longe, esses últimos correm para abraçá-la.

Lisa: May!

May: Lisa, graças a Deus! Graças a Deus você está bem!

Lisa: Trevor! Você está bem?

Trevor: Estou sim.

Hillary e Brian também estão vindo pelo corredor e são recebidos por Victor e Dan.

Dan: Fizeram um bom trabalho, agentes!

Victor: Eu também estaria orgulhoso de vocês dois.

Enquanto conversam, o capitão Dan olha novamente para o corredor e avista Scott de longe, Scott fica com os olhos lacrimejando ao ver o pai.

— Pa… Pai.

Dan corre imediatamente em direção a Scott e o abraça bem forte. Foi a primeira vez que vimos uma expressão de emoção vinda do capitão Dan.

— Scott, meu filho! Você tá aqui! Só pode ser um sonho!

— Não, pai! Não é um sonho! Estou aqui novamente. Eu senti tanto a tua falta.

— Eu também, filho! Graças a Deus está aqui.

Todos ficaram impressionados e ao mesmo tempo emocionados ao ver essa cena. Dylan olhando aquilo se lembra de quando o seu pai ainda era vivo, ele vacila o olhar para não soltar uma lágrima.

Lisa encosta no ombro de May e pergunta.

— May, quem é esse?

— É o filho do capitão Dan.

— Filho do capitão Dan?

— Exatamente.

— Amiga, ele é um gato!

— Cala a boca, Lisa!

Pai e filho ainda abraçados trazendo pela primeira vez um momento emocionante e nostálgico àquelas pessoas após tudo o que passaram. Scott beija a testa de seu pai, o capitão Dan tenta segurar as lágrimas, mas nem mesmo um homem de caráter forte como ele poderia sustentar a emoção de reencontrar seu filho.

Brian e Trevor também observam aquilo emocionados. Hillary,Victor e Ellie apenas demonstram a satisfação de ver o seu superior feliz pela primeira vez. Após minutos vivendo esse momento somente entre eles, o capitão Dan se aproxima de todos os demais.

— Pessoal, quero que conheçam o meu filho Scott. Ele hoje é militar nos EUA e… Já faz alguns anos que eu não o via.

Brian: Eu vi a tua foto na casa do capitão Dan.

Scott: Viu?

Brian: Sim, eu… Bom, eu…

Hillary interrompe:

— Ele estava mexendo em tudo na tua casa, capitão Dan.

— Hillary?

— E eu estou mentindo?

Enquanto conversam, May cochicha com Lisa.

— Lisa… Cadê a Emily?

Lisa olha para May com semblante triste.

Aproximadamente 1 hora se passa e todos podem pela primeira vez sentar e discutir tudo o que aconteceu na noite passada. May se pronuncia.

— Então quer dizer que a Emily e a Fionna foram sequestradas pelo Dr. Addan?

Dan: Sim, ele as levou para a ilha da Phoenix. O desgraçado conseguiu o que queria e agora precisaremos ser fortes.

Victor: Pelo que sabemos, a ilha da Phoenix não é tão longe quanto pensávamos, podendo levar algumas horas pra chegarmos lá, se formos de helicóptero.

Lisa ainda incomodada opina:

— Então o que estamos esperando? Vamos imediatamente para aquela ilha.

Dan: As coisas não funcionam assim, Lisa.

Lisa: E como funcionam? Vamos ficar aqui parados esperando o Dr. Addan fazer o que quiser com minha irmã?

Victor argumenta.

— Ele não vai fazer nada com tua irmã, Lisa. Quer dizer… Eu acho que ele quer usá-la pra algo muito maior.

— Usar a minha irmã? Por quê?

— Será que não se lembra que há duas noites quando os cães infectados invadiram a tua casa, a tua irmã disse que o cão falou com ela? A Fionna também sabia que a Emily possui um dom especial, ou seja, ela pode se comunicar com essas criaturas.

— Sim, eu sei, mas… A gente tá perdendo tempo aqui.

O capitão Dan enfatiza:

— Não estamos perdendo tempo, jovem Lisa. Estamos apenas recuperando as nossas forças para preparar um contra-ataque ao Dr. Addan.

Hillary: Espera, um contra-ataque?

— Sim, não podemos atacá-lo de maneira medíocre como fizemos lá no C.E.P. Estávamos apenas em três e levamos a Lisa, o Cristhian e o Dylan, três jovens que não entendem de absolutamente nada de estratégia militar. E veja o que aconteceu? Perdemos o Frederico, um dos nossos melhores agentes e de quebra sofremos o ataque direto do Dr. Addan. Você quer que o Cristhian leve outro tiro, Lisa? Quer que mais gente morra nessa guerra?

— Não foi isso que eu quis dizer.

— Sim, mas então…

Victor interrompe.

— … Pega leve com ela, capitão. Ela tá sofrendo e com motivos, assim como todos nós. Creio que todos aqui perdemos uma parte de nós nesta batalha, vários de nossos companheiros nos deixaram. Entre eles grandes agentes do nosso Esquadrão como a Peggy, Leonor e o… Bom, e o Frederico. Hillary levou um tiro e por sorte estava com colete. O Brian e eu quase caímos de um precipício e ainda pra variar eles foram atacados ontem à noite pelo monstro.

Todos ficam com uma expressão cabisbaixa, Victor prossegue.

— Essa guerra começou dentro da Organização Phoenix e agora expandiu, afetou a todos nós, agora pessoas que tinham suas vidas normais, estão aqui neste momento vivendo uma vida que não é delas. Creio que agora Trevor queria estar com os seus pais… Lisa e May queriam estar com a Emily vivendo a vida de sempre… Cristhian e Dylan queriam estar agora no apartamento deles mesmo perdendo a paciência com a pobre da Dona Ru. Perdemos… E perdemos muito nessa batalha, mas estamos aqui para nos unir e voltar mais fortes do que nunca. Olha… Desde que eu me lembro, eu sempre quis fazer o que é certo, acho que não tenho mais certeza do que seja isso, mas agora eu sei… Que precisamos ser fortes e vencer o Dr, Addan!

Vendo todos com aquela expressão séria e meio tristes, Scott se pronuncia:

— Olha, eu conheço muito pouco de vocês, não sei de nada da história e da vida de vocês, mas pelo pouco que vivenciei juntamente com os garotos lá na casa do meu pai quando aquele monstro horroroso nos atacou… Percebi que eu vim na hora certa e estou disposto a ajudar vocês no que for preciso.

Dylan: Por falar nisso, o que aconteceu com o monstro?

May: Ele pulou pra dentro do Rio Tâmisa e desapareceu.

Cristhian: Espera aí, desapareceu do nada?

Hillary: Foi muito estranho, passamos maus bocados com ele.

Dan: Agente Victor, tem alguma informação relevante a respeito desse monstro?

— Não sabemos de muita coisa, capitão. Quem tinha informações mais precisas desse monstro era a própria Dra. Fionna.

Hillary: Quando eu fui no laboratório na casa da Lisa pra tirar a Dra. Fionna e a Emily de lá, parecia que a Emily sabia que a criatura já estava lá fora, é como se ela pressentisse ele. Antes de entrar na casa eu ouvi claramente o Dr. Addan pronunciando o nome dele… Aragon.

Lisa: Desde quando será que o Dr. Addan criou esse monstro?

Hillary: Não sabemos, mas gente… Foi assustador! Ver ele matar a Leonor e depois vim atrás da gente… Foi muito estranho.

May: O mais estranho é por que o Aragon apareceu justamente na casa do capitão Dan? Por que precisamente nós?

Brian: Talvez foi por causa da Hillary.

Hillary: O que disse?

Brian: Estou falando sério. Creio que como o monstro já tinha te visto uma vez e já conhecia o teu rosto… Acho que ele sentiu o teu cheiro e foi atrás de nós. Até então ele não tinha me visto, nem a May e nem o Trevor.

May: Significa que agora ele pode vim atrás da gente há qualquer momento se confirmar essa teoria do Brian.

Hillary: Sim, mas… Algo não faz sentido aqui.

Todos perguntam ao mesmo tempo.

— O quê?

— Pode até ser válida essa teoria do Brian, mas… Por que ele foi até a casa da Lisa? Como ele sabia que a Emily estava ali? Eles não se conheciam e nem nada. Então como?

Dan: Creio que teremos muitos questionamentos no decorrer da nossa jornada. Compreendemos as artimanhas do Dr. Addan, mas o fato desse monstro Aragon e desse dom que a Emily possui continua sendo um mistério. O que será que isso pode afetar no nosso futuro?

Todos ficam pensativos.

Central da Ilha da Phoenix, 11:45.

Fionna está tentando conciliar tudo o que escutou nesta manhã.

— Sr. Makoto, precisa me explicar toda essa história.

— Eu vou explicar, mas precisamos de um local mais seguro e não aqui perto dos demais.

— É bom mesmo, porque senão quem vai perder a paciência aqui sou eu.

Ao pronunciar a frase, um alerta azul é soado no prédio.

— O que tá acontecendo?

— Eu não sei.

Ashley estava ali por perto e atende um chamado.

— Droga, estou indo.

Fionna a observa se retirando da sala e ouve a conversa dela com outras pessoas.

— Cuide de tudo, a garota acordou.

Ashley sai às pressas e Fionna tenta fazer alguma coisa.

Sala de Experiências, 11:48.

Emily está agitada e não permite que ninguém se aproxime dela, ela arranca todos os fios que colocaram nela e sobe na cama totalmente “arredia” com os que estão ali. Ashley chega neste momento.

— Calma, Emily. Estamos aqui pra ajudar, não vamos te machucar.

— Fiquem longe de mim! Vocês são malvados que nem o Dr. Addan.

— Calma, querida, não vamos te fazer mal.

— Sai daqui!

Os guardas preparam para interver e Fionna chega no mesmo instante.

— Calma,calma. Emily, sou eu, eu estou aqui, querida.

— Dou… Doutora Fionna?

— Sim, minha linda, sou eu. Vai ficar tudo bem.

Emily abraça Fionna.

— Onde que a gente tá? Cadê a Lisa?

— Estamos na ilha da Phoenix, Emily.

— Mas… Por quê? Porque a gente tá aqui? Vamos embora!

— Não podemos, Emily.

— Por que não?

Fionna olha para os demais.

— Será que vocês poderiam nos dar licença, por favor?

Todos olham para Ashley. Fionna insiste.

— Ashley, por favor, me dê um voto de confiança dessa vez, eu preciso ter essa conversa com a Emily, ela tá muito assustada.

Ashley hesita, mas decide atender ao pedido de Fionna.

— Vamos, guardas! Deixe elas a sós.

Ao sair, Fionna olha para Emily novamente.

— Escuta, não podemos sair daqui ainda. O Dr. Addan nos prendeu aqui.

— Mas por que ele fez isso com a gente?

— Ele quer usar nós duas para os planos dele. Ele não vai nos matar, pelo menos não até descobrir a origem dos teus poderes, Emily.

— Mas que poderes? Eu não tenho nenhum.

— Emily, você se comunica com as criaturas infectadas, melhor que isso… Você controla elas, eu vi como aquele cachorro obedecia tudo que você dizia lá no C.E.P. Ele quer usar isso ao favor dele e quer me usar pra que eu possa desenvolver algo através de seu DNA.

— Meu DNA?

— Sim, mas antes… Eu preciso entender algumas coisas que estão acontecendo, então por enquanto obedeça à Dra. Ashley em tudo, ela é legal, por incrível que pareça. E tome cuidado com a senhora Hilda.

— Hilda?

— Sim, é uma mulher que usa um tapa-olho preto. Não tente fazer nada que possa provocá-la, senão…

Ashley entra na sala e as interrompe.

— Já chega, Fionna! Eu não posso deixar que continue conversando com ela sozinha à portas fechadas, sabe o que acontece se me descobrirem.

— Não se preocupe, eu já estou indo embora. Emily, essas pessoas vão tomar conta de você e eu estarei sempre por aqui, então não precisa ter medo.

— Tudo… Tudo bem.

Rapidamente duas enfermeiras entram na sala e começam a cuidar de Emily. Fionna puxa Ashley para o corredor e a chama num canto da parede.

— Escuta, onde o Sr. Ishihida está? Eu preciso ter uma conversa com ele em particular.

— Mas por que o interesse?

— Escuta bem… Essa garota é filha do Sr. Makoto.

— O quê?

— Shh! Fala baixo!

— Isso, isso não pode ser possível, o Dr. Addan sempre falou que ele não tinha mais família nenhuma.

— É isso que tá me intrigando.

— Você contou pra Emily sobre o pai dela?

— Ainda não. Para a Emily, o pai dela está morto. Eu vou contar tudo pra ela porque não é justo esconder isso, mas eu preciso passar essa história a limpo, preciso que o Sr. Makoto me conte tudo o que aconteceu. Por que ele está aqui nesta ilha e foi dado como morto lá fora deixando duas filhas no mundo? Preciso de respostas! Ashley… Me ajude! Algo me diz eu posso confiar em você, então preciso que confie em mim.

Ashley fica baqueada com o que Fionna disse e mesmo hesitante, toma uma decisão.

— Tudo bem, venha comigo.

As duas se dirigem a um outro corredor, quando passam por ele, Fionna vê uma porta enorme com um símbolo semelhante ao de radiação nela.

— O que… O que tem naquela porta?

— Acredite, não vai querer saber o que tem lá.

— Mas por quê?

— Olha, confia em mim, doutora Fionna… Se não quer ter problemas aqui… Fique longe daquela porta, não tente nem ao menos chegar perto, nem você e nem a Emily.

Fionna fica intrigada com as palavras de Ashley, o que poderia estar por detrás daquela misteriosa porta?

Hospital Central de Londres, 12:00.

Os heróis continuam ali reunidos procurando por respostas, Marco finalmente se junta a eles depois de todo o ocorrido.

— Peço perdão pela demora, capitão Dan. Tive que resolver vários imprevistos. Como está o garoto?

— Ah! Eu estou bem, o médico disse que eu tenho um coração de pedra, então está tudo certo.

Mama mia! Você sim tem senso de humor.

Dan: Oficial Marco, obrigado por todos os serviços prestados. Você e a oficial Ellie foram de extrema importância para nós.Se não fosse pela Ellie, todos nós teríamos morrido na explosão do C.E.P.

Ellie: Eu fiz o que estava ao meu alcance, capitão. Mesmo sabendo dos riscos, agora é nos preparar pra o que está por vir.

A TV do quarto está ligada e surge notícias sobre as criaturas invadindo a cidade. Cristhian que está na maca percebe a reportagem e chama a atenção dos demais.

— Gente, olhem isso!

Todos se posicionam para assistir o que está passando na TV.

É lamentável o que está acontecendo no nosso país, a Grã-Bretanha está tomada por essas criaturas e algumas delas já chegaram em Londres. Não sabemos até que ponto essa situação vai chegar.

Imagens aéreas e de circuitos de CCTV mostram os humanos infectados fazendo tumultos nas ruas da Grã-Bretanha espalhando o caos, em meio aquilo May percebe algo singular ali.

— Gente, não pode ser.

Lisa: O que foi, May?

— É a Ru! Olha só! Ela tá infectada.

Todos fixam o olhar na TV e avistam Ru, agora infectada, passando pelas ruas e se afastando da multidão de infectados.

Dylan: Nossa!Até transformada em monstro ela quer toda a exclusividade só pra ela.

Lisa: Eu estaria rindo se não fosse trágico. A Ru salvou minha vida lá no departamento.

Trevor: Eu gostava dela… Ela era meio louca, mas eu gostava dela.

Cristhian: Meio louca? Trevor, acho que você não conheceu a Ru o suficiente. Ela dizia aos quatro ventos que era uma cantora famosa e apresentadora de TV. Só se for no programa da Grifinoria.

Dylan: Essa tua referência foi péssima, irmão. Melhore.

Victor: Ok, garotos. Depois vocês discutem.

Dan: Bem, acho que depois do ocorrido não tem mais motivos da Jennifer continuar se passando pela Doutora Fionna na prisão.

Hillary, surpresa questiona:

— Quê? A Jennifer ainda tá na prisão?

— Sim, cumprindo o seu papel no plano.

— Com todo o respeito, capitão. Mas o plano não deu certo, a Fionna não só foi encontrada como foi raptada pelo Dr. Addan.

— Sim, eu sei e é por isso que precisamos dela. A Jennifer pode ser muito útil para a montagem do nosso novo Esquadrão. Vamos tirar ela da cadeia e resolver toda essa questão.

Brian, curioso, pergunta:

— Desculpa, mas… Como o senhor vai tirar ela de lá?

— Conseguimos alguém pra pagar a fiança dela, e por falar nisso ele chegou.

Todos ficam sem entender sobre quem o capitão Dan estava se referindo. Até que ele chama uma pessoa de frente ao corredor para se aproximar dos demais.

— Senhoras e senhores, é com muita honra que eu vos apresento o General Sir. Maximillion Videl! Um grande veterano de liderança e batalha das forças armadas britânicas.

O general Maximillion já é um senhor de aparentemente 60 anos, estatura média, bigode avantajado e grisalho, está usando uma farda e retira o quepe para cumprimentar os demais.

— Saudações, camaradas. É um prazer conhecê-los!

Todos ficam impressionados com a presença do general.

Central da Ilha da Phoenix, 12:45.

Ashley realmente conseguiu que Fionna e Makoto ficassem sozinhos em uma sala sem que o Dr. Addan ou qualquer um de seus compassas suspeitassem. Fionna está olhando para Makoto com reprovação.

— Então, comece a falar agora! Quero saber de tudo! Por que está aqui? Por que você trabalha pro Dr. Addan? E por que as tuas filhas acham que você morreu?

— Há anos atrás eu estava vivendo a minha vida normal na Coréia do Sul quando em um dia inexplicável a Violet estava naquele país a passeio. Eu me encantei por ela na primeira vez que a vi. Até pensei que isso nunca daria certo, pois ela morava na Europa e eu na Ásia, mas unimos nossos ideias e nos casamos. Tivemos nossa primeira filha, a Lisa, eu estava terminando a minha faculdade de medicina e depois fui me especializar em bioquímica. A nossa vida era perfeita! Mas aí uma doença começou a atacar a minha Violet, eu já não sabia mais o que fazer, queria procurar uma maneira de curar a minha mulher de todas as formas. Isso foi 4 anos antes dela engravidar da Emily, foi uma gravidez complicada, ela sofreu muito! A Lisa já com seus 11 anos de idade ajudava muito a mãe, quando a Emily nasceu, decidimos vim para a Grã-Bretanha, pois aqui teria mais chances de conseguir um tratamento com algum familiar da Violet. Foi aí que o Dr. Addan começou a interver nas nossas vidas.

— Espera um pouco, o que o Dr. Addan tinha a ver com tudo isso?

— Pelos laços que ele tinha conosco.

— Laços?

— Sim… O Dr. Addan… É parente direto da minha falecida esposa, pra ser mais exato ele é tio dela.

Fionna fica impactada.

— Não, espera, quer dizer que…

— … Sim, o Dr. Addan é tio avô da Emily e da Lisa.

— Puta que nos pariu! Meu Deus! Coitada da Lisa quando souber disso.

— Não conte ao Dr. Addan isso. Ele pensa que… Ele pensa que as minhas filhas estão na Coréia.

— O quê? Então… Ele não sabe que a Lisa e a Emily são sobrinhas netas dele.

— Não, ele nunca sequer viu nenhuma das duas. Bom, a Lisa ele já deve ter visto ela de relance quando era pequena, mas ele nunca teve contato com a Emily. Bom, não até agora.

— Isso sim é uma ironia do destino! O Dr. Addan tentou matar a própria sobrinha.

— O quê? Ele tentou machucar a minha Emily?

— Isso não vem ao caso agora. Eu quero saber o motivo do senhor ter começado a trabalhar para ele e de ter largado as suas filhas.

— Quando a Emily nasceu, voltamos a sentir aquela alegria novamente. Mas depois que eu comecei a trabalhar na Organização Phoenix, o Dr. Addan começou a enlouquecer, ele estava predestinado a fazer experiências mirabolantes sem o menor consentimento do Instituto de Ciência e Tecnologia, ele queria fazer do jeito dele. E o pior é que ele começou a me usar para as experiências cruéis dele. A primeira experiência que eu fiz… Foi com a minha própria filha.

— Essa parte da história eu conheço. A Lisa nos contou quando estávamos no departamento de polícia. A Emily sofre da “doença de fabri” e o senhor começou a fazer experiências com sua própria filha que acabou afetando as moléculas de DNA dela. Fazendo que ela se transformasse em uma mutante.

— Espera. Mutante? Que história é essa? Eu estou de acordo que minha filha ficou com uma inteligência muito mais desenvolvida do que as outras crianças da idade dela, mas…

— … Ela tem o poder de se comunicar com as criaturas infectadas, senhor Ishihida.

— O quê?

— Exatamente. Eu vi com meus próprios olhos quando estávamos tentando fugir daquele maldito C.E.P que com certeza o senhor o conhece. Ela controlou um dos cães que foi usado na experiência do Dr.Addan. O cão fazia tudo o que ela mandava.

— Mas… Como? Pelo o que eu vi, os cães foram um resultado de uma experiência mal sucedida do Dr. Addan.

— Mal sucedida para nós, mas pra ele isso foi um sucesso. Mas enfim… Prossiga.

— Eu… Eu comecei a ser forçado a trabalhar para o Dr. Addan dia e noite, então ele começou a ficar agressivo, passou a me ameaçar. E depois que a Violet morreu, as ameaças dele foram mais constantes. Ele disse que se eu não trabalhasse pra ele… Ele mataria as minhas filhas.

— Meu Deus! O Dr. Addan é um monstro desde sempre. Como ele pôde ter feito isso?

— Por isso eu tive que tomar uma decisão dolorosa. Fazer as minhas filhas acreditarem que eu morri num acidente de trabalho. E foi o que aconteceu. O Dr. Addan foi tão astuto que preparou tudo, usou a desculpa que eu morri devido à uma forte radiação e que meu rosto ficou desfigurado. Fizeram um falso enterro, os capangas do Dr. Addan pegaram um indigente na rua que já estava à beira da morte e o colocaram no caixão para dizerem que era eu. Não sabe a dor que foi isso! Eu cheguei a ir no enterro e fiquei escondido vendo as minhas duas filhas velando um corpo que não era o do pai delas. Eu tive vontade de correr até elas, abraça-las e dizer que estava tudo bem e que eu não iria deixá-las nunca mais… Mas… O peso que o Dr. Addan tinha em mim era muito maior.

— Sabe o que eu penso disso? Que o senhor foi um covarde. Como pôde deixar que um homem pudesse manipular a tua vida e fizesse você se afastar de suas próprias filhas? Por que não o denunciou? Por que ficou calado?

— Você não entende. O Dr. Addan tem muito poder. Ele pode conseguir tudo o que ele quer num abrir e fechar de olhos. Uma propina aqui e outra ali, ele pode convencer uma nação inteira. Veja o que aconteceu com a senhora Hilda.

— Está aí uma outra história que até agora eu não engoli. Por que a ex-mulher do capitão Dan está metida em tudo isso?

— Conhece o capitão Dan?

— Sim, o conheço.

— Pobre homem… A mulher sempre foi uma louca desiquilibrada.

— Quer dizer que o senhor também conhecia a fundo o capitão Dan e a mulher dele?

— Sim, o capitão Dan sempre foi um homem influente, eu acredito que a Hilda tinha ciúmes dele, devido ao seu sucesso e reconhecimento. Ninguém tinha esse mesmo apreço pela Hilda, foi aí que o Dr. Addan entrou em ação, ele viu que ela já era meio desequilibrada igual ele e começou a colocar coisas na cabeça dela. Ela ficou ainda pior depois do… Depois do acidente.

— Acidente?

— Sim, o acidente que fez com que a Hilda perdesse um olho. O Dr. Addan teve a frieza de me contar que ele falou pra ela que o capitão Dan estava tendo um caso com uma oficial da força aérea, uma tal de Ellie.

Até então, Fionna não conhecia a oficial Ellie. Makoto prossegue.

— O pior não foi isso, é que quando ela recebeu a ligação do Dr. Addan, ela estava no volante, ficou transtornada e bateu em outro carro num semáforo. Ela acabou matando um casal nesse dia, os filhos do casal também estavam no carro, porém creio que sobreviveram, não sei ao certo.

— Então foi depois disso que ela ficou transtornada desse jeito?

— Sim, tanto que o filho deles foi morar com os tios nos Estados Unidos, pois a relação instável deles estava prejudicando tudo.

— O capitão Dan tem um filho?

— Sim, o Scott, deve estar com pouco mais de 25 anos. Não mora aqui, sorte dele.

— Olha… É muita informação pra mim… Então o Dr. Addan é tio de sua esposa falecida e tio avô das meninas? A senhora Hilda e o capitão Dan também tem ligação com o Dr. Addan de uma certa forma… O que mais liga eles? Ou melhor, quem mais está ligado a esses dois monstros?

— Eu só soube que existia essa ilha bem depois de tudo. Foi aí que o Dr. Addan me trouxe pra cá.

— Só por curiosidade… Mas há quanto tempo o senhor está aqui?

— Faz 6 anos.

— 6 anos? Como pode ter ficado tanto tempo neste lugar sem se sentir culpado por ter deixado duas filhas tuas sozinhas no mundo? O senhor deveria tomar vergonha na cara! Ainda bem que a tua filha mais velha é uma ótima moça e cuidou da Emily como se fosse filha dela. Eu vi a preocupação da Lisa em fazer de tudo para que a irmã estivesse bem, ela foi mais mãe dela do que você foi pai pras duas.

Makoto começa a chorar.

— Olha, eu estou ciente dos meus erros, tá bom? Eu não tive culpa!

— Sim, o senhor teve culpa, senhor Makoto. As únicas que não tem culpa de nada aqui são as tuas filhas, elas não merecem o pai que tem. Um covarde! Sim, é isso o que o senhor é, você não tem ideia do que a gente passou e nem por isso desistimos de lutar. Como permitiu que alguém te manipulasse? Que tipo de pessoa é você?

Makoto em lágrimas se ajoelha em sinal de rendição.

— Eu não aguento mais! Eu só queria que esse pesadelo acabasse. Que eu pudesse voltar a viver com minhas filhas feliz e longe de tudo isso.

— O senhor ainda pode conseguir, senhor Ishihida… O senhor pode ter tudo isso de volta. E veja! Uma de tuas filhas está aqui… E tenho certeza que vamos encontrar a Lisa! Algo me diz que ela está bem e que está a procura da irmã.

— Será que algum dia a Lisa vai me perdoar?

— Olha, sinceramente eu acho difícil. Desculpa ser franca, mas é a verdade. Essa mentira arruinou a vida dela. Ela podia estar correndo atrás de seus sonhos, mas largou tudo para cuidar da irmã. Que bom que a Lisa não teve a mesma atitude que o senhor, certamente ela puxou a mãe.

Cada palavra pronunciada por Fionna entrava como agulhas no peito de Makoto, porém ela está certa e Makoto reconhece isso. Submeter-se aos caprichos de um cientista louco em troca de fazer com que as duas filhas fossem infelizes não é uma atitude digna de um bom pai. Em meio a dor e o desabafo, Makoto suspira e fala com Fionna.

— Será que eu poderia… Será que eu poderia ver a minha filha?

Fionna apenas olha para Makoto.

Alguns minutos depois, Fionna entra no quarto onde Emily está. Esta ao vê-la fica feliz e a abraça.

— A senhora demorou. Estava pensando que tinha me deixado.

— Eu nunca iria te deixar, Emily. Escuta! Tem uma pessoa aqui que queria muito te ver.

— Quem?

— Pode entrar!

Makoto entra no quarto timidamente e mal conseguia encarar Emily, ele fica cabisbaixo e se pudesse colocaria a cara dentro do primeiro buraco que encontrasse. Emily, obviamente não o reconhece.

— Quem… Quem é o senhor?

Makoto fica ainda mais tímido e não fala nada. Fionna vendo que ele não tinha atitude e que Emily não iria reconhecê-lo por si próprio, decide abrir o jogo.

— Não o reconhece, Emily?

— Eu não.

— Ele é teu pai, Emily.

— Meu… Meu pai? Não, meu pai morreu quando eu era pequena. Eu sei porque a…

Makoto interrompe e completa a frase.

— … A Lisa sempre te falava, não é? Que eu morri em um acidente de trabalho, pelo menos eu acho que fizeram vocês acreditarem assim.

Emily fica baqueada. Makoto prossegue.

— O nome da tua mãe é Violet Von, tua irmã herdou o meu sobrenome Ishihida… E você é Emily Von Ishihida.

Emily ao ver tudo aquilo, lágrimas começam a saltar de seus olhos. Ela desce da cama, caminha lentamente até ele. Tenta encarar bem nos olhos dele.

— Pa… Papai? O senhor é o meu papai?

— Sim, minha menina, minha Emily.

Emily não perdeu mais tempo e o abraçou com toda a força, Makoto se rende ao sentimento fraternal e se ajoelha abraçando a filha.

— Minha Emily! Que saudades, minha filha!

— Papai, o senhor está aqui! O senhor está aqui!

— Sim, filha. E vai ser pra sempre! Eu nunca mais vou te deixar de novo.

Os dois se abraçam e choram. Fionna discretamente deixa saltar umas lágrimas testemunhando aquele encontro. Os laços familiares de todas essas pessoas parecem estar mais ligados do que pensávamos. O que fazer para que esses laços jamais sejam quebrados? O que fazer para que a felicidade possa voltar a bater na porta deles?

 

 

 

 

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