En las cercanías de Alcatraz
Capítulo III – A canção de Jay

Barraco de Jay

O violinista Jay levara Rebeca para o barraco onde ele habita. Um lugar pequeno feito de madeiras velhas, mas aconchegante. Nota-se que há um carinho no lugar. Um ambiente cheio de amor, embora à primeira vista a jovem de cabelos vermelhos tenha refugado entrar.

Jay retira seu violino da capa de proteção, sendo observado por Rebeca que está sentada em um sofá marrom caindo aos pedaços, posicionado perto de uma janela em que o vidro só abre até a metade. Ele posiciona o instrumento no seu ombro esquerdo e com o arco começa ensaiar algumas notas. O som não familiar agrada os ouvidos de Rebeca, que fecha os olhos imaginando-se longe ao ouvir que a melodia começa fazer sentido. Abre os olhos de repente e o encara. Seus olhos grandes conseguem dizer muita coisa.

Rebeca
– Tem um som agradável.

Jay sorri.

Jay
– O violino é minha paixão. Seu som me transporta aos mais belos lugares.

Rebeca se inclina com o cotovelo no braço do sofá e a mão sobre o queixo.

Rebeca
– E o que eu vou ouvir? Tem nome tua canção?

Jay relaxa o braço que segura o arco e encara a jovem.

Jay
– É uma canção sobre um viajante que chega em uma cidade abandonada e cheia de mistérios… que ainda mostra indícios de quando era habitada.

Rebeca
– Humm, você que fez?

Jay baixa o olhar sorrindo seu sorriso fácil e galanteador.

Jay
– É a minha melhor composição.

Jay ajeita o violino, ergue o braço do arco e notas suaves começam tocar por longos trinta segundos. É a introdução da sua música.

Jay
– É mais ou menos assim…

Rebeca não para de se mexer no sofá, enquanto aconchega-se melhor. Jay começa sua cantoria .

Jay
– “Montanhas… névoa e chuva
O que terá acontecido com esta cidade
Não importa aonde eu vá, tudo é cinza e angustiante
Posso escutar um choro, mas não sei de onde vem
O que é essa luz? Ahhh é a luz da vida”

As notas saem suaves aos ouvidos da jovem, que está praticamente hipnotizada com a canção.

Rebeca
– Este som é lindo…tem nome? A sua canção.

Jay interrompe a música e segura o violão.

Jay
– O viajante solitário!

Rebeca bate palmas.

Rebeca
– O que acontece com este viajante?

Jay
– Ficou na cidade. Começou sair pelas ruas e notou o quanto isso era tudo pra ele.

Rebeca ajeita-se naquele sofá velho. Está se sentindo segura ao lado de Jay. Deita de lado com a cabeça no braço do móvel.

Rebeca
– Parece triste a história dele…mas parece gostar de viver assim…

Rebeca vira os olhos na direção de Jay, que continua tocando e lhe encarando.

Rebeca
– …parece um pouco com minha história…triste sabe? Mas gosto do jeito que levo minha vida.

Jay
– “As ruas desertas me trazem lembranças
As casas abandonadas me convidam a ficar…”

Rebeca fecha os olhos ouvindo aquela melodia suave. Um dia sereno em uma vida conturbada. Talvez tudo que ela precisasse naquele momento da sua vida. Alguém que lhe compreendesse. Alguém que lhe ajudasse. Alguém somente para lhe ouvir e aquecê-la nos dias frios.

Delegacia de Alcatraz

Carmen Sanchez abre a porta da sua sala. Observa aquele lugar com serenidade no olhar. Suspira fundo, está novamente onde esquece os seus problemas pessoais, embora sabe que os conflitos profissionais tendem à ser bastante perigosos na sua volta.

Carmen entra, fecha a porta, vai até a mesa e a contorna passando a mão sobre ela até chegar do outro lado, na sua cadeira giratória e estofada. Mais ao lado uma mesa pequena com uma cafeteira elétrica. Sorri para si mesma. Senta-se aliviada no seu lugar.

À sua frente, sobre a mesa, já lhe esperam uma pilha de documentos para serem analisados. Sua vida profissional voltará bastante movimentada e ela sabe disso.

Carmen pega uma pasta e se aproxima da mesa. Abre-a e começa a ler. Trata-se de documentos se referindo às viaturas policiais e problemas na penitenciária. Uma dúvida surge em sua cabeça, ela pega o telefone e disca para a secretária.

Carmen
– Mariele, quem é o diretor da penitenciária atualmente?

Carmen escuta por alguns segundos.

Carmen
– Capitão Denílson? Que era da penitenciária da capital?

Carmen novamente escuta as palavras do outro lado da linha.

Carmen
– Ok. Entre em contato com ele e veja se pode me receber esta tarde.

Carmen desliga o telefone e pega novamente o documento.

Carmen
– Vamos começar a colocar as coisas em ordem nesta cidade, Carmen.

Duas batidas firmes são ouvidas na porta. Carmen tira o olhar do documento à sua frente.

Carmen
– Pode entrar!

A porta se abre e na sua frente surge um jovem policial fardado, de 25 anos, óculos de nerd, pele branca e cabelos lisos penteados para o lado. Ele carrega consigo uma pasta plástica com algum documento importante dentro.

Jovem policial
– Com licença.

Ele dá um passo para dentro e fecha a porta batendo, sem querer. Se vira para Carmen levantando a mão.

Jovem policial
– Me desculpe, senhora…opa, delegada.

Carmen nota o rapaz um pouco nervoso e atrapalhado. Sorri e se levanta de sua cadeira.

Carmen
– Fique à vontade, policial.

O jovem policial se aproxima da mesa de Carmen. De cabeça baixa ele evita olhar nos olhos da delegada.

Carmen
– Sente-se.

Carmen apenas o observa.

Jovem policial
– Obrigado, sen…delegada!

Carmen sorri e volta a sentar.

Carmen
– Seu nome policial?

Jovem policial
– Cabo Raúl…delegada.

Ele larga sua pasta plástica sobre a mesa e, pela primeira vez desde que entrou, encara o rosto de Carmen.

Raúl
– Venho do 15° distrito da capital. Aí está minha carta. Recomendação do capitão Aureliano.

Carmen pega a pasta e a abre. Passa os olhos naquele documento conferindo as informações contidas. Nota que Raúl está lhe encarando de canto de olho e nervoso.

Carmen
– Ninguém me falou nada sobre a sua vinda…cabo Raúl.

Carmen guarda o documento e fecha a pasta. Raúl parece ficar mais nervoso. Uma gota de suor escorre pela sua têmpora…

Carmen
– Sabe onde está se metendo, cabo Raúl?

Raúl
– Eu…

Carmen
– Vocês jovens acham que porque se trata de uma região de interior, uma cidade pequena, o serviço é mais fácil…

Raúl
– Eu não…

Carmen
– Mas não é não, cabo Raúl. Aqui trabalhamos muito. E trabalhamos duro.

Raúl
– Eu…eu sei…delegada.

Ele, timidamente, levanta a mão e aponta para o documento entregue.

Raúl
– E aí diz que sou qualificado…e diz também…

Carmen empurra com a mão a pasta sobre a mesa na direção de Raúl.

Carmen
– Diz que é o policial mais responsável, o mais corajoso e o melhor atirador do 15° distrito…vi tudo isso ao passar os olhos aí.

Raúl
– E eu…

Carmen
– Meus parabéns, cabo Raúl.

Raúl arregala os olhos.

Carmen
– Acha que temos pouco serviço aqui fora da capital, cabo Raúl?

Raúl fica em silêncio alguns segundos enquanto observa todos os documentos na frente de Carmen.

Raúl
– Creio que não, delegada.

Carmen se inclina e empurra na direção de Raúl a pilha de documentos que precisa analisar.

Carmen
– Pois é. Veja você mesmo a quantidade de ‘pepinos’ que vou ter que resolver nesta minha volta!

Raúl
– É muito trabalho mesmo, delegada.

Carmen apóia os cotovelos sobre a mesa. Olha dentro dos olhos castanhos por trás das lentes daqueles óculos de nerd.

Carmen
– E eu vou poder contar com o seu serviço aqui, cabo Raúl? Vai dar conta de colaborar pra Alcatraz?

Raúl também a encara. Se sente mais seguro. Respira fundo.

Raúl
– Pode contar com todo meu serviço, delegada. Farei o possível pra atender suas expectativas.

Carmen se recosta na sua cadeira.

Carmen
– E o impossível também, cabo Raúl. Pois muitas vezes somente o possível não é o ideal para nossos casos.

Como Carmen já havia mencionado, não é porque trata-se de uma região de menor expressão que os crimes não acontecem na mesma intensidade. Eles acontecem em qualquer lugar, com qualquer um, resta saber lidar com as consequências que virão.

Carmen
– Vou pedir para a secretária lhe deixar à par de tudo. Aliás, eu tô me inteirando de tudo agora também. Acho, inclusive, que já temos um caso por onde começar.

Raúl
– Estou às ordens, delegada.

Carmen se levanta, vai até a mesa da cafeteira.

Carmen
– Um café, cabo Raúl?

Raúl
– Aceito.

Carmen observa a cafeteira, e depois serve duas xícaras de café. Uma entrega para Raúl e outra segura para si. Volta ao seu lugar.

Carmen
– Tá sabendo da morte do traficante Catarina?

Raúl
– Ouvi falar.

Carmen
– E o que ouviu? Alguma novidade fora do que passou nos noticiários?

Raúl
– Tão dizendo que ele morreu pelas mãos de uma jovem…que ela passou a noite com ele, saiu logo cedo como se nada tivesse acontecido e só bem mais tarde encontraram o corpo dele.

Carmen
– Pois é…

Carmen toma um gole do seu café. Fica mexendo-o com a colher.

Carmen
– …vi o retrato falado que fizeram. Acho que conheço a jovem.

Raúl
– Mesmo?

Carmen
– Um caso antigo na região. Ela ainda era pequena…mas aquele olhar não me saiu nunca da memória.

Raúl
– Também dizem que ela tava com um dos ‘cara’ que controlavam a rua pro Catarina. Acham que foi tudo planejado e que agora ele pode tomar o comando do tráfico na região.

Carmen encara Raúl. Embora aquele jovem policial atrapalhado e com cara de nerd à sua frente parecesse que seria um estorvo, ele estava trazendo informações bastante relevantes.

Carmen
– E quem seria ele?

Raúl
– Não souberam dizer.

Carmen
– Então aí está sua primeira missão, cabo Raúl. Descubra de quem se trata. E antes de qualquer ação venha antes me consultar.

Raúl sente-se confiante. Gosta da missão. Embora tudo o que parecesse ele é bastante profissional e um ótimo policial. Ele sorri satisfeito.

Raúl
– Pode deixar, delegada. E obrigado pela confiança.

Carmen toma mais um gole do seu café.

Carmen
– Agora tome seu café antes que esfrie. Depois tá liberado pra ir atrás.

Barraco de Jay

O violinista está de olhos fechados e dá os últimos acordes da canção que tocava para a jovem de cabelos vermelhos. Ele abre os olhos e vê Rebeca adormecida no sofá. Guarda o violino na capa de proteção e larga sobre a mesa. Caminha até uma cômoda antiga, abre uma gaveta e pega uma colcha velha desbotada. Fica de pé diante do sofá e cobre Rebeca com cuidado. Ao sentir ser coberta, sem acordar, a jovem ajeita-se com um sorriso nos lábios, sentindo o carinho e cuidado daquele homem estranho para consigo, algo que fazia muito tempo que ela não sentia. Jay fica a observar imaginando quais os motivos daquela linda jovem estar naquele estado deplorável.

Jay abre a geladeira caindo aos pedaços. O interior está quase vazio, não fosse uma garrafa plástica cheia de água, uma maçã quase podre e um pote com alguma comida dentro. Ele mexe no bolso das calças e tira algumas notas amassadas de dinheiro que ganhou com sua música. Olha para Rebeca dormindo no seu sofá. Ele tem um coração bom e acredita que ela também tenha. Guarda as notas no bolso. Precisa comprar comida para sobreviver à mais um dia. E agora são duas bocas para alimentar, pois sua boa índole não iria deixar Rebeca ir embora sem comer. Aliás, do jeito que ele a olha, dificilmente vai querer deixar ela sair de sua vida.

Jay se agacha diante de Rebeca no sofá. Acaricia, cuidadosamente, os seus cabelos vermelhos sujos. Se ela cruzou seu caminho, decerto existe algum propósito nisso. Ele se levanta e vai para a porta. Abre-a com cuidado para não fazer barulho e acordar Rebeca, e sai.

Delegacia de Alcatraz – sala da delegada Carmen

Carmen Sanchez está concentrada colocando os trabalhos em dia. Ela está separando os casos mais relevantes. Coloca em uma pilha àqueles que podem aguardar um pouco mais e numa outra pilha os casos mais urgentes. Ao pegar uma próxima ficha, fica perplexa. No topo está escrito: João Acácio de la Rocha – caso em aberto. Seu pensamento vagueia para longe. Para o pavilhão abandonado onde ficou de frente com João e esteve perto de morrer. Lembra de Jairo também sofrendo, do seu colega Gaitán já falecido, lembra de Miranda e, lembra também, claramente como se estivesse ali na sua frente, a pequena Rebeca. Ela larga o documento sobre a mesa. Sente um arrepio que à faz levar a mão na nuca. Sorri timidamente.

Carmen
– Que isso, Carmen.

Imediatamente, pega a lista telefônica e folheia parando em uma página que diz: clínicas psiquiátricas. Passa o dedo none por nome procurando algo específico. Encontra.

Carmen
– Cheque!

Carmen pega o telefone e disca rapidamente.

Clínica Psiquiátrica Frederick Angels

Um enfermeiro negro entra pela porta principal da clínica empurrando uma senhora em uma cadeira de rodas. A recepção é aconchegante, com cores vivas e flores. Atrás do balcão da recepção está a recepcionista, uma mulher de 40 anos, magra e loira de cabelos lisos amarrados. O telefone toca e ela, imediatamente, o atende ao mesmo tempo em que observa o enfermeiro passar o crachá liberando a entrada para as salar interiores.

Recepcionista
– Clínica Frederick Angels, bom dia.

Ela escuta a voz do outro lado por alguns instantes.

Recepcionista
– Qual o nome da paciente, por favor?

Ela prende o telefone ao ouvido com o ombro enquanto digita algo no teclado do computador na sua frente.

Recepcionista
– Rebeca…deixa eu ver…

Vemos os dados que ela consegue na tela do computador. Tem a foto de Rebeca, com dez anos de idade, na época em que deu entrada na clínica, e abaixo todo o seu histórico escrito. A recepcionista vai passando os olhos e descendo a tela quando algo chama sua atenção.

Recepcionista
– Com quem eu falo mesmo?

Ela escuta por alguns segundos.

Recepcionista
– Certo, delegada. Não tenho autorização para passar tais informações. O que posso dizer é que os dados ainda constam no nosso sistema. E que você pode estar vindo diretamente aqui na clínica e falar com nosso atual diretor, seu Henrique Reichert.

A recepcionista continua descendo a tela até a parte em que, claramente, diz que Rebeca fugiu da clínica há um ano e meio atrás após ter feito cinco vítimas: três enfermeiras, um vigilante e uma faxineira.

Recepcionista
– Ok. Não precisa marcar não. Vou deixá-lo avisado que você virá. E já posso deixá-lo à par do que se trata.

A recepcionista desliga o telefone ao mesmo tempo em que o atual diretor da clínica, seu Henrique Reichert está chegando. Um sujeito alto e forte, de aproximadamente 45 anos de idade, cabelos grisalhos e bigode.

Henrique
– Bom dia.

Recepcionista
– Bom dia seu Henrique. Tenho um recado pra você e acho que você vai querer saber do que se trata.

Henrique, com sua pasta preta em mãos, larga-a sobre o balcão da recepção.

Henrique
– Problemas logo cedo?

Recepcionista
– Ou apenas respostas.

Henrique
– Ok. Me diga o que é.

A recepcionista faz sinal para o diretor Henrique passar atrás do balcão ver os dados no computador sobre o que se trata. Ao chegar em frente à tela, Henrique muda sua expressão. O assunto ‘Rebeca’ tinha lhe dado muita dor de cabeça nestes três anos à frente da clínica. Se alguém gostaria de falar sobre tal caso, ele ia escutar com toda atenção, porque aquilo já tinha lhe importunado muito.

Barraco de Jay

Jay volta ao seu barraco com uma sacola de compras. Larga sobre a mesa e nota que Rebeca continua no sofá dormindo, porém está um pouco inquieta. Se vira para os lados seguidamente e, algumas vezes, se debate.

Jay sabe exatamente o que está acontecendo. Rebeca está começando a ter leves sintomas de abstinência de drogas. Ele aproxima-se do sofá e senta próximo à ela. Põe a sua mão sobre a fronte dela e nota que ela está suando frio. Desgruda alguns fio de cabelos de sua testa e acaricia-os. Rebeca abre seus olhos arregalando-os e se senta de imediato assustando Jay.

Jay
– Você está bem?

Rebeca baixa a cabeça, encolhe as pernas e as abraça.

Rebeca
– Tá frio aqui…

Jay
– Não está não. Você tá suando frio. Precisa de alguma coisa?

Ele pergunta para ver o que ela vai responder, mas no fundo já sabe do que se trata.

Rebeca
– Eu…eu…ahh, deixa pra lá. Tu não vai entender.

Jay sorri. Estende a mão para acariciar novamente os cabelos vermelhos da jovem, mas ela se esquiva.

Jay
– Eu sei o que tu precisa. Pode acreditar, também já usei muita droga na minha vida.

Rebeca levanta a cabeça e o encara.

Rebeca
– Sabe é?

Jay
– Um ex usuário conhece outro…mas tu precisa ser forte. Se for se entregar cada vez fica mais difícil largar.

Rebeca
– E quem disse que eu quero parar?

Rebeca olha braba para Jay.

Rebeca
– Se tu usava, sabe dizer onde encontro algo agora né? Pra cheirar, fumar, injetar, sei lá, qualquer coisa. Mas eu preciso.

Rebeca abraça novamente as pernas e começa chorar compulsivamente.

Rebeca
– Merda!

Jay tenta novamente uma aproximação, desta vez com maior sucesso. Ele a abraça e ela deita a cabeça sobre seu ombro chorando.

Rebeca
– Tá doendo…

Jay
– Eu sei que tá…e eu vou te ajudar.

Rebeca
– Tu vai trazer pra mim?

Jay
– Não. Isso não seria te ajudar. Sossega aqui, relaxa…depois nós vamos comer…

Rebeca choraminga, mas vai diminuindo a intensidade. Relaxa as pernas que estavam encolhidas e se aconchega melhor com a cabeça no ombro de Jay.

Jay começa cantarolar baixinho.

Jay
– “Eu quero ser curado… e ajudar curar também
Eu quero ser melhor… do que eu nunca fui
Quero fazer o que eu posso… pra me ajudar…”

Rebeca sussurra com a cabeça no seu ombro.

Rebeca
– Fica pra sempre comigo? Pra me ajudar?

Jay lhe dá um beijo na cabeça e continua cantarolando na melodia da música.

Delegacia de Alcatraz

Um carro preto de vidros fumê estaciona do outro lado da rua em frente à delegacia. Ele fica parado por alguns instantes sem que ninguém saia de dentro. O cabo Raúl sai pela porta da delegacia e desce rapidamente as escadas. Ele vai para o seu carro que está estacionado em frente àquele preto de vidros fumê.

Quando está atravessando a rua ele aciona o alarme. Dá uma olhada para aquele carro e, como todo bom faro de policial, olha para sua placa. Entra no seu veículoo, dá mais uma olhada pelo retrovisor, liga o motor e logo sai.

Dentro daquele veículo de vidros fumê está Arthur. Ele usa um boné para disfarçar. Fica ali parado olhando para a delegacia.

Na sala da delegada

Carmen Sanchez está atrás da sua mesa e na sua frente está o capitão Soares.

Capitão Soares
– Então, delegada, já sabe no que vai dar ênfase nesta sua volta?

Carmen
– Já sei sim, capitão.

Carmen pega a pasta com o caso que pretende dar atenção e empurra sobre a mesa para o capitão Soares. Ele a abre e vê o nome no alto do documento.

Capitão Soares
– Acha mesmo que conhece aquela menina do retrato falado do noticiário?

Carmen
– É ela, capitão. Não me resta dúvidas.

Capitão Soares
– Ela esteve na Frederick Angels, não é?

Carmen
– Exatamente. E hoje à tarde eu vou até lá, conversar pessoalmente com o atual diretor de lá. Quero saber tudo o que aconteceu enquanto Rebeca esteve lá até a sua fuga.

Capitão Soares
– Ok. Quem sou eu pra contrariar. Precisando de ajuda pode contar com nossa equipe. Por falar nisso, e teu novo policial?

Carmen sorri e se joga para trás no encosto da sua cadeira.

Carmen
– Cabo Raúl, um pouco atrapalhado, mas me parece qualificado e disposto a dar o melhor de si. Inclusive já saiu em sua primeira missão.

Capitão Soares
– Sobre o caso?

Carmen
– Rebeca provavelmente tinha um cúmplice quando matou o Catarina. Alguém que controla a rua e queria o cargo dele. Mandei ele encontrar este cara.

Capitão Soares empurra a pasta novamente para Carmen.

Capitão Soares
– Bom, pelo jeito começou de cara no trabalho. Precisando é só chamar.

Carmen
– Sei que posso contar com vocês…bom, se me dá licença.

Carmen olha as horas.

Carmen
– …preciso ir pegar Joaquim na escola, ir almoçar, ver como Jairo está…e a tarde será longa.

Capitão Soares se levanta. Carmen faz o mesmo e o acompanha até a porta. A abre para o capitão.

Capitão Soares
– Bom ter você de volta, Carmen. Sabemos que as coisas vão voltar a serem como era antes.

Carmen
– Assim espero, capitão. Assim espero.

Carmen Sanchez desce as escadas da delegacia. Olha para os lados e atravessa a rua. Seu carro está no estacionamento próximo à padaria.

De dentro do veiculo de vidros fumê, Arthur a observa. Ele se abaixa um pouco para não ser visto de maneira alguma, já que Carmen passa bem ao lado. Depois que ela passa ele retorna à sua posição olhando pelo espelho retrovisor.

Após alguns instantes escuta-se o barulho do motor de um carro. É Carmen Sanchez no seu veículo. Ela passa pelo carro de Arthur, que espera ela chegar na outra quadra, liga o motor e dá a partida.

Barraco de Jay

Jay e Rebeca estão sentados ao redor da mesa velha comendo um prato de macarrão e bebendo suco. Jay a observa comendo com vontade.

Jay
– Estava com fome, não é?

Rebeca apenas faz sinal de positivo com a cabeça e continua comendo.

Jay
– Desculpa se só tem macarrão.

Rebeca
– Tá ótimo.

Jay
– Quis guardar um pouco do dinheiro pra te levar jantar fora hoje.

Rebeca interrompe a refeição e encara Jay.

Rebeca
– Tá falando sério?

Jay
– Tô te falando. Acho que nós merecemos.

Rebeca fica séria o encarando e, de repente, solta uma gargalhada. Jay, um pouco sem entender, também solta sua gargalhada. Continuam comendo. Parece que a vida torna-se mais leve em momentos assim. Pode ser um modo de encarar os problemas ou de estancar as feridas…um jeitinho de sentir-se mais sereno…

Longe dali

Carmen estaciona em frente à escola do seu filho. Um grupo de crianças já saem pelo portão principal. Carmen avista Joaquim, abre o vidro e faz sinal chamando-o. Uma quadra para trás, Arthur estaciona seu carro de vidros fumê, abre o vidro e fica observando o garoto entrar no carro de Carmen.

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  • Mais um episódio excelente. Quase chorei com a cena do Jay consolando a Rebeca. E que personagem é esse heim? O Jay é muito bom. Ele traz um suspiro pra história que é incrível. Gostei muito dessa nova adição ao time.
    A Carmen continua incrível na sua jornada em busca da Rebeca. Quero vê como essas tramas irão se cruzar.
    E você acertou em cheio em colocar a Rebeca junto com o Jay. Isso humanizou demais a personagem, mesmo sabendo que ela pode antagonizar no resto da história. A questão é que dá mais profundidade e camadas para a personagem. Muito bom mesmo.
    Amigo, o desenrolar da trama tá no ritmo perfeito. Tô curtindo muito! Parabéns!

    • Obg meu amigo. É, Jay dá o que falar. Mas tem surpresa no próximo capítulo. Aguarde!! Ele apareceu pra humanizar Rebeca. Para mostrar que ela tem alguma salvação…ou talvez não. Veremos. Abraços!

  • Mais um episódio excelente. Quase chorei com a cena do Jay consolando a Rebeca. E que personagem é esse heim? O Jay é muito bom. Ele traz um suspiro pra história que é incrível. Gostei muito dessa nova adição ao time.
    A Carmen continua incrível na sua jornada em busca da Rebeca. Quero vê como essas tramas irão se cruzar.
    E você acertou em cheio em colocar a Rebeca junto com o Jay. Isso humanizou demais a personagem, mesmo sabendo que ela pode antagonizar no resto da história. A questão é que dá mais profundidade e camadas para a personagem. Muito bom mesmo.
    Amigo, o desenrolar da trama tá no ritmo perfeito. Tô curtindo muito! Parabéns!

    • Obg meu amigo. É, Jay dá o que falar. Mas tem surpresa no próximo capítulo. Aguarde!! Ele apareceu pra humanizar Rebeca. Para mostrar que ela tem alguma salvação…ou talvez não. Veremos. Abraços!

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