CENA 01. LANCHONETE. INT. TARDE.

Continuação imediata do final da cena do episódio anterior. CAM alterna entre Célio e Júlio.

CÉLIO

Não vai me dizer que o Gabriel aprontou alguma coisa na escola?!


JÚLIO

Não, seu filho não fez nada de errado. Não vi aqui para falar sobre a vida acadêmica dele. Estou aqui para falarmos de outro assunto?


Olha para Leila ao seu lado, percebendo-a bastante apreensiva. 


CÉLIO

Então diga, do que se trata?


Júlio olha para Leila, a espera de uma reação dela.


JÚLIO

É algo relacionado aos nossos filhos. Eu não vou rodear muito para não prolongar esse assunto. Sei que é delicado, precisamos agir com a razão, mas também não podemos esquecer um pouco da emoção. Porque querendo ou não, são crianças que mal conhecem o mundo. O quanto suas ações e suas atitudes mais tarde irão cobrar deles um preço alto. 


CÉLIO 
(impaciente)

Para alguém que não iria enrolar, você até que tá falando demais. (olha para sua esposa) Será que você pode me dizer o que está acontecendo mulher?


Leila não responde, continua imóvel. 


JÚLIO

Os nossos filhos estão namorando! 


CÉLIO

Só isso?


JÚLIO

O namoro de dois adolescentes, normalmente, assusta os pais, por diversos fatores. 


CÉLIO

Eu não.


JÚLIO

Por isso que eu disse, que normalmente, você parece ser uma exceção. Enfim, o fato é que os dois estão namorando. Sabemos que são crianças boas, que se dedicam nos estudos, certamente foram criados e educados da melhor forma possível…


CÉLIO

Você continua enrolando ainda e não vai ao ponto final.


JÚLIO

É porque não é um assunto fácil a se tratar, então estou procurando um jeito melhor a dizer o assunto. (olha para Leila) 


CÉLIO

Estou perdendo muito tempo, então se você puder resumir.


JÚLIO

Precisamos pensar como agir porque além de estarem namorando, os nossos filhos…


Júlio não finaliza a frase. Por algum motivo, fica com a voz travada. 


LEILA

Nossos filhos vão ter um bebê!


Célio imediatamente olha para Leila, sua expressão fica fechada.


CÉLIO

Isso é alguma brincadeira?


LEILA

Não.


JÚLIO

Por isso viemos aqui para resolvermos essa situação da melhor maneira possível, tanto para eles dois como para o bebê que está sendo gerado.


CÉLIO

Sério mesmo isso? (encara) Eu preciso conversar sozinho com minha esposa.


JÚLIO

Eu acho que esse assunto devia ser discutido junto…/


CÉLIO

Você não tem que achar nada aqui. Então é melhor ir embora, que deixa que eu e minha esposa vamos resolver isso. 


JÚLIO

Desculpa, mas eu não vou a lugar nenhum. 


CÉLIO

Não vai?! Quero ver se você não vai embora agora mesmo. (dá a volta no balcão, indo em direção a Júlio. Segura forte na gola da camisa dele o empurrando em direção a saída) Quero é ver se você não vai sair agora daqui.


JÚLIO

Irmão, eu não sou de violência, mas se você continuar desse jeito, você não me dá outra maneira, entendeu?!


LEILA 
(ficando entre eles)

Ele já está indo embora, Célio. Não precisa disso. Vamos resolver, solta ele por favor.


CÉLIO

Porque você tá defendendo esse cara, hein? Ele é o que seu? (ambos chegam na entrada da lanchonete) 


JÚLIO

Eu não vou avisar novamente, cara me solta…


CÉLIO 
(o soltando fora da lanchonete)

Agora vá embora.


JÚLIO

As coisas não podem ser sempre do seu jeito, não sabia disso?!


CÉLIO

E você… (segura forte o braço de Leila) …quando chegarmos em casa, vamos ter uma conversa séria sobre a burrice que seu filho fez.


JÚLIO

Não ouse tocar nela seu animal. (vai para cima de Célio, o socando forte no rosto) Você tá bem?


Célio se enfurece e vai para cima de Júlio. Os dois iniciam uma lutar corpo a corpo, caem no chão. Leila se desespera, tenta entrar no meio, mas fica com medo de acabar se machucando. CAM destaca a briga dos dois no chão, com Célio em cima de Júlio tentando se defender. 


Não vendo outro jeito, Leila pega uma cadeira ao lado e bate forte nas costas de Célio o derrubando. Rapidamente ajuda Júlio a ser levantar e saem da lanchonete apressados. 


CAM destaca Célio no chão, desacordado.


CORTA PARA


CENA 02. APARTAMENTO DE JÚLIO. SALA. TARDE. INT.


Júlio no sofá, com Leila a sua frente curando do machucado no rosto dele. 


LEILA

Ele iria te matar.


JÚLIO

Não veria problema nenhum morrer pra te proteger.


LEILA

Não diga uma besteira dessa nem de brincadeira. Eu nunca me perdoaria se isso acontecesse.


JÚLIO

Confesso que tive um pouco de medo mesmo. Aquele cara é completamente descontrolado. Como você conseguiu viver esses anos todo ao lado dele?


LEILA

Tem certas coisas que nem mesmo uma mulher consegue explicar. (termina de cuidar dos ferimentos de Júlio, se afasta um pouco dele)


JÚLIO

Você não pode mais voltar naquele lugar. Precisamos avisar ao Gabriel não ir pra lá. 


LEILA

Eu já mandei mensagem a ele, não se preocupa.


JÚLIO

Menos mal.


LEILA

Só que eu preciso pegar minhas coisas. Tenho algum dinheiro guardado em casa, que é meu. Não posso deixar.


JÚLIO

Calma. Vamos voltar lá sim, mas desse vez protegido com policiais. Quero ver se ele tem coragem de fazer alguma coisa.


LEILA 
(nervosa)

Acho que fizemos errado. Não devíamos ter provocado ele direto. 


JÚLIO

Calma… (a abraça) Eu estou aqui, está bem! Nada vai acontecer.


CAM os destaca abraçados. 


CORTA PARA


CENA 03. PRAÇA. TARDE. EXT.


Gabriel e Lívia andando de mãos dadas, ela com um sorvete nas mãos.


LÍVIA

Acho isso perigoso. E se seu pai te pega lá?


GABRIEL

Ele não vai estar em casa esse horário. Preciso aproveitar esse momento, pegar algumas roubas. Tem o dinheiro que minha mãe guardou esses anos. Vamos precisar para a nossa nova casa.


LÍVIA

Então melhor avisar o papai. Ele pode ir lá com você. 


GABRIEL

Eu vou ser rápido. De lá já vou direto para o apartamento do seu pai.


LÍVIA

Então eu vou com você.


GABRIEL

Não, nem pensar. Melhor eu ir sozinho, mais rápido. Não se preocupa, está bem. Rapidamente eu vou voltar e ficar do seu lado. Dessa vez, nada vai ficar entre a gente agora.


Gabriel coloca seu braço ao redor de Lívia, beijando-a na testa.


LÍVIA

Seja rápido. E quando sair de lá me mande mensagem imediatamente, está bem?!


GABRIEL

Pode ficar tranquila, tá. Vai dá tudo certo!


Os dois continuam andando juntinhos.


CORTA PARA


CENA 04. CASA DE GABRIEL. SALA. TARDE. INT.


Gabriel entra na sua casa devagarinho. Analisa atentamente o local, verificando se realmente não tem ninguém. Ao perceber tudo em silencia, tem certeza de que seu pai não está lá.


GABRIEL

Anda Gabriel, pegue só o necessário e vaza daqui.


Gabriel anda apressado em direção aos quartos.


CORTA PARA


CENA 05. COLÉGIO SÃO RAFAEL. SALA DOS PROFESSORES. TARDE. INT.


Júlio organizando alguns papéis em uma pasta larga. Roberto está ao seu lado.


ROBERTO

Cara, se eu tivesse lá eu iria enchê-lo.


JÚLIO

Isso não ia resolver nada, Roberto. Sabe que violência só gera cada vez mais violência.


ROBERTO

Você vai na polícia, não vai?


JÚLIO

Vou. Mas quero ir com a Leila. Ela por enquanto tem medo de denunciar o marido.


ROBERTO

Natural, claro. Sabe-se lá o que ela tem vivido nos últimos anos ao lado daquele demônio.


JÚLIO

Vi rapidamente aqui na escola pegar essas provas, pois vou corrigir elas em casa nesse final de semana. 


ROBERTO

Sim, claro.


JÚLIO

Qualquer coisa, se até lá ela não criar coragem e ir na delegacia, vou precisar da sua ajuda para tirar as coisas dela daquela casa.


ROBERTO

Meu irmão, você pode contar comigo para o que precisar. E olha, depois do que ele fez com o seu lindo rostinho, estou doido para encontrar esse verme na minha frente.


JÚLIO 
(ri)

Até em momentos sérios você não perde a piada, né?!


Ambos riem, Júlio continua arrumando sua pasta.


CORTA PARA


CENA 06. CASA DE GABRIEL. SALA. TARDE. INT.


Gabriel retorna para o cômodo trazendo uma mochila nas costas, umA pequena nas mãos e uma sacola cinza em seu braço. Vai direto em direção ao sofá.


GABRIEL

Preciso ver se não esqueci nada.


Coloca a pequena mochila sobre o sofá, a abre e coloca a sacola dentro dela.


GABRIEL

Esse dinheiro da mamãe vai ajudar muito a gente. E também quando eu estiver trabalhando, vou poder ajudar mais ainda. 


Fecha a mochila, olha ao redor do ambiente.


GABRIEL

Acho que não estou esquecendo nada. Melhor ir, aproveitar e avisar a Lívia que estou indo.


Coloca a pequena mochila no ombro, retira o celular do bolso e começa a digitar. Vai em direção a porta e ao abri-la, encontra seu pai a sua frente.


CÉLIO

Vai há algum lugar, moleque?!


Os dois se encaram. Gabriel guarda o celular após enviar a mensagem.


CÉLIO

Sua mãe pode ter fugido de mim, mas você não escapa.


CLOSE no rosto de Gabriel, sério.


CORTA PARA

CENA 07. APARTAMENTO DE JÚLIO. QUARTO DE LÍVIA. TARDE. INT.


Lívia deitada na cama, com o olhar fixado no teto. Seu celular toca ao receber uma mensagem. Ela senta-se rapidamente, desbloqueia o aparelho. Ler a mensagem que recebeu de Gabriel com um sorriso no rosto.


LÍVIA
 (tranquila)

Graças a Deus. (digita) Ok. Estamos te aguardando aqui. 


Bloqueia o celular, deita novamente com um sorriso no rosto. Fica com as mãos sobre a sua barriga, feliz. 

FIM DO EPISÓDIO.

 

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