CENA 01. APARTAMENTO DE JÚLIO. SALA. DIA. INT.
CLOSE alternados entre Célio e Júlio.
CÉLIO
Vim buscar minha família.
JÚLIO
Sua família? A mesma família que você agride todos os dias.
CÉLIO
E o que você tem a ver com isso! (retira a arma da cintura, aponta para Júlio) Eu não vou sair daqui sem levá-los para casa.
JÚLIO (erguendo calmamente os braços para cima)
Calma, melhor você guardar isso. (récua para dentro do apartamento)
CÉLIO
Eu não vou falar novamente, onde está a minha família. (entra calmamente no apartamento, enquanto Júlio récua)
Percebendo a situação, Roberto se afasta de trás da porta, se preparando para pegar Célio desprevenido.
JÚLIO
Eles não estão aqui.
CÉLIO
Isso é o que vamos ver.
Assim que passa da porta, Roberto aproveita o momento e salta em cima de Célio. Com a arma sendo apontada para o chão, Júlio também vai para cima dele e os dois conseguem imobilizá-lo. A arma é jogada no chão, e Célio é pressionado contra a parede por Júlio e Roberto.
ROBERTO
Você é muito louco, não é cara?!
JÚLIO
Vamos chamar a polícia para resolver tudo isso, entendeu.
CÉLIO
Seus covardes, não sabem lutar de forma justa.
ROBERTO
Sério que você quer falar de justiça enquanto segundos atrás estava apontando uma arma para o meu amigo?!
Leila, Lívia e Gabriel entram na sala.
CÉLIO
Eu sabia que vocês estavam aqui.
LEILA
Como nos encontrou aqui?!
CÉLIO
Eu desconfiava de que você estava tendo um caso com esse professorzinho de merda. Sabia que se o seguisse, o encontraria aqui.
JÚLIO
Rapaz, é melhor você maneirar como você fala comigo, viu. Porque se coloca na tua atual situação e lembre-se que tudo que disser ou fizer poderá ser usado contra você.
ROBERTO
Gabriel, poderia ligar pra polícia. Tá na hora desse cara saber como respeitar as pessoas.
Imediatamente Gabriel pega o celular, disca um número e realiza uma ligação. CLOSE alternados entre os rostos de Célio, furioso por estar imobilizado e de Leila, preocupada com toda aquela situação.
CENA 02. DELEGACIA. RECEPÇÃO. TARDE. INT.
Gabriel e Lívia sentados lado a lado, Roberto em pé encostado na parede. Júlio e Leila vem em direção a eles.
ROBERTO
Então? (indo até o amigo) Contaram tudo, não é?!
JÚLIO
Sim. (aliado) A Leila foi muito corajosa. Contou tudo o que viveu nos últimos anos ao lado desse cara.
GABRIEL
A senhora está bem?!
LEILA
Estou. Estou sim, querido. É que, estou me sentindo bem mais leve, sabe?! Como se eu tivesse tirado um grande fardo de meus ombros e pudesse andar livremente daqui pra frente.
JÚLIO
É assim que você deverá andar, livre. Como sempre deveria ser.
LEILA
No fundo eu acreditava que ele pudesse mudar. Porém, eu estava enganada. Pessoas não mudam do dia para noite.
JÚLIO
Algumas pessoas mudam, sim. Outras, no entanto, preferem ficar na escuridão.
ROBERTO
O que importa agora é que acabou, esse cara vai ficar um bom tempo na cadeia…
JÚLIO
É o que esperamos.
ROBERTO
Então podemos voltar para o seu apartamento, não é?! Porque acredito que ainda tenha ficado um pouquinho da sobremesa. (ri)
JÚLIO
Vamos, vamos sim. (segura a mão de Leila) Hoje vamos poder comer e se divertir, sem preocupação nenhuma. (a conforta, Leila sorri)
Todos saem da delegacia.
CORTA PARA
CENA 03. PIZZARIA. INT. NOITE.
Todos reunidos a mesa, comendo e se divertindo. Gabriel observa aquele momento por um segundo, olha para sua mãe feliz, para Júlio ao lado contando algo engraçado, Roberto comendo um pedaço de pizza e já colocando outro em seu prato. Olha para o lado e se atenta para Lívia, que também o encara com um pequeno sorriso no rosto.
LÍVIA (tom baixo, próximo a Gabriel)
Tudo bem?!
GABRIEL
Sim.
LÍVIA (ri)
Bobo.
JÚLIO
Depois desse dia nunca mais pisei nessa loja.
ROBERTO
E olha que ele não sai da lá, hein. Estava certo de que você trabalhava nessa loja, de que havia uma funcionária parecida com você.
JÚLIO
Passei alguns berregues para te encontrar.
ROBERTO
Eu sabia que vocês iriam se encontrar novamente. Só não queria dizer nada para não criar muitas expectativas nessa cabeça fértil que é a sua.
LEILA
Eu também todos os dias, esperava te encontrar por aí, assim como te encontrei naquela noite.
JÚLIO
Importa agora que deu tudo certo e estamos aqui. (segura a mão dela, sorri)
ROBERTO
Gabriel agora poderá focar no time e ganhar algumas medalhas para a nossa escola.
GABRIEL
É, quem sabe.
ROBERTO
Vamos focar muito nos seus treinos, viu. Eu não vou ficar dando pano para você não. Os jogos começam em algumas semanas, tenho que te preparar.
JÚLIO
Ih, Gabriel… se você não conhecia o professor Roberto focado, agora você vai conhecer.
ROBERTO
Pode ter certeza que vou cobrar sim. E vou monitorar sua alimentação viu, conhecendo bem as belas mãos culinárias que sua mãe tem, você vai seguir à risca um cardápio que eu vou montar.
GABRIEL
Ih, será que ainda dá tempo para pedir pra sair do time.
Todos riem, PLANO GERAL do ambiente, com todos se divertindo.
CORTA PARA
CENA 04. SEQUÊNCIA DE CENAS.
CENA 01: Gabriel jogando futebol na quadra. Lívia na arquibancada assistindo tudo, vibra com cada passe que o namorado faz.
CENA 02: Júlio em sala de aula explicando um conteúdo. Todos atendo ao que ele está passando.
CENA 03: Leila organizando a lanchonete. Joga água no ambiente, esfrega com o rodo, limpa algumas cadeiras com um pano molhado, retira alguns adesivos das paredes. Se aproxima do balcão, olha brevemente para o resultado que está ficando o lugar.
CENA 04: Gabriel dando algumas voltas na quadra, sendo monitorado por Roberto. Júlio entra na quadra, observa no canto em silêncio.
CENA 05: Júlio, Leila, Gabriel e Lívia sentados a mesa no apartamento dele. Conversam como uma grande família, felizes.
CENA 06: Gabriel jogando seu primeiro campeonato. Júlio, Lívia e Leila na torcida, vibram por cada jogada do rapaz. Roberto na beira do campo, dando instruções ao time. Gabriel faz um gol, todos vão a loucura. CAM destaca brevemente a barriga de Lívia, mostrando-a estar de aparentemente 9 meses. Gabriel faz outro gol. Partida se encerra, o time dele ganhou. Todos correm para abraçar o técnico. CAM destaca Lívia.
LÍVIA (olha para suas pernas)
A bolsa.
LEILA
Tudo bem, querida?! (olha para as pernas dela) A bolsa estouro.
Ao ouvir isso, Júlio olha rapidamente para a filha, se desespera.
JÚLIO
Vai nascer? Agora? O menino vai nascer agora?!
LEILA
É o que parece, Júlio. Calma, precisamos descer daqui.
JÚLIO
Vem, filha. Se apoia em mim.
LEILA
Ajude-a até o carro. Vou encontrar um jeito de avisar ao Gabriel.
JÚLIO
Tá bem.
Apoiada em Júlio, Lívia desce da arquibancada. Leila tenta ir atrás do filho.
CORTA PARA
CENA 05. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. TARDE. INT.
Júlio andando de um lado para o outro. Roberto com um copo de café nas mãos, encostado na parede. Leila sentada na poltrona, ansiosa.
JÚLIO
Eu acho que um de nós devíamos estar lá dentro. São duas crianças, eles precisam de um adulto.
LEILA
Eles podem ser crianças, mas a mentalidade deles está bem elevada para suas idades. Eles vão saber se virar nesse momento.
JÚLIO
Você não acha melhor a gente ir lá ver como estão? Se já tiveram alguma notícia? E se tiver tido alguma complicação?!
LEILA
Não pensa besteira, Júlio. Nossos filhos são fortes, são mais fortes do que a gente imagina. Eles vão se sair bem nessa. Agora mantenha um pouco a calma, senta aqui do meu lado e espera.
Júlio continua andando por alguns segundos. Senta-se ao lado de Leila, segura a mão dela e pelo seu toque, ela percebe o quanto ele está nervoso.
Horas depois a enfermeira aparece indo na direção deles. Júlio é o primeiro que se levanta, indo até ela.
JÚLIO (preocupado)
Então doutora? Como estão as crianças?
MÉDICA
Ambos estão bem. Tanto os pais, como o menino.
JÚLIO (feliz, emocionado)
Então nasceu o menino! Tudo certo com ele?!
MÉDICA
Sim, tudo está bem. (Júlio e Leila se abraçam) Vocês poderão vê-los daqui alguns minutos.
Roberto abraça o amigo!
ROBERTO
Parabéns, vovô. Sabia que você seria vô mais primeiro do que eu.
JÚLIO
Valeu, cara. Obrigado por estar ao meu lado, em mais essa etapa da minha vida.
ROBERTO
Que é isso, irmão. Pode apostar como estarei lá quando você for bisavô. (ambos riem)
CORTA PARA
CENA 06. APARTAMENTO DE JÚLIO. QUARTO. NOITE. INT.
Lívia deitada na cama com seu filho nos braços. Gabriel sentado na borda da cama ao seu lado. Leila do outro lado, também cuidando do neto. Júlio está em pé, na ponta da cama, admirando todos.
JÚLIO (v.o.)
Quem diria que um dia eu teria uma família assim. Se eu ouvisse essa frase um tempo atrás, não acreditaria no poder dela. Mas hoje, vendo as pessoas que estão ao meu lado e as benções que a vida me presentou, acredito que tudo é possível.
CLOSE no rosto feliz de Júlio. PLANO GERAL todos felizes.
FIM DO EPISÓDIO.
FIM DA TEMPORADA.