ATO DE ABERTURA
TRIBO DAS SOMBRAS- 50 ANOS ANTES
Uma senhora de aproximadamente 80 anos de idade, está em uma casa modesta de madeira. Velas acesas e um painel antigo para desenhos em sua frente, ela parece estar forjando algum tipo de imagem através de pintura a mão.
Ao terminar, as mãos da senhora soltam uma pequena fumaça negra e, em seguida, a fumaça evapora.
Ela olha para o alto e murmura com ela mesma:
— Então é verdade.
Uma moça negra de aproximadamente 30 anos, entra na casa. Ao abrir a porta, o vento gelado de uma possível tempestade tropical, adentra ao recinto fazendo com que as velas se apaguem.
— Vovó, o que está fazendo? Já era pra senhora estar dormindo a uma hora dessas.
— É verdade… Realmente é verdade.
— Do que está falando, vovó?
— Já havia várias noites que eu tinha sempre o mesmo sonho, mas não estava associando que era uma das minhas visões.
— Uma visão? Tem a ver com a guerra? Com o conflito dos santos?
— Não o conflito de 50 anos atrás, mas… De algo que ainda vai acontecer.
— Mas o que é então, vovó?
— Veja você mesma na pintura.
A mulher pega o painel de sua avó e vê desenhada uma mulher de pele negra com cabelos encaracolados e um chapéu na cabeça.
— O que significa isso, vovó? Quem é essa moça?
— A profecia… A profecia fala que em tempos de uma grande calamidade, nascerá a bruxa das sombras.
— A bruxa das sombras?
— Sim, uma mulher de tamanho poder que, se tornará implacável para os seus inimigos. Alguém com uma magia ancestral muito mais poderosa que a de um sacerdote.
— Mas como podemos impedir o nascimento dessa bruxa?
— Não há como impedir, minha neta. Já tracei a rota várias vezes nas minhas visões. Entretanto… Se ela escolher o lado certo, poderá utilizar o seu dom para o bem, mas se escolher o lado sombrio… Que Deus tenha piedade da geração em que ela nascer.
— E quando a senhora acha que isso vai acontecer?
— Não sei, talvez hoje, talvez amanhã, daqui há uma semana, ou… Daqui há 50 anos… O poder ficará oculto até chegar o momento propício.
Nos dias atuais, Frida chora ajoelhada, a imagem dos seus pais soterrados naqueles escombros de sua casa começam a perturbá-la.
— ISSO NÃO DEVIA TER ACONTECIDO!
Frida libera um pulso supersônico de si e arremessa todos que estão por perto para longe.
Seus olhos começam a ficar brancos, uma energia sobrenatural densa e sombria começa a surgir de dentro dela.
Eric tenta impedi-la.
— FRIDA! FRIDA, NÃO FAZ ISSO!
Frida começa a flutuar, ela abre os seus braços e uma nuvem negra se forma dominando todo o território. Rapidamente, o prédio inteiro fica da cor da noite. Uma energia poderosa e sombria está saindo do corpo de Frida de maneira descontrolada.
— FRIDA! POR FAVOR, NÃO PRECISA FAZER ISSO! FRIDA!
— É tarde demais… Todos nós vamos morrer aqui.
Frida amplia seu poder e a fumaça negra cobre todo o gabinete. Ícaro, em desespero, grita:
— FRIDA! NÃAAAO!!
Naquele momento nascia… A bruxa das sombras.
OPENING:
EPISÓDIO 8:
O QUE SE ESCONDE NAS SOMBRAS
ATO I
ALA DO FOGO, QUARTO DE KIRA E FIE
Kira percebe que alguma coisa está muito errada no prédio.
— Fie, o que tá acontecendo? Tá escurecendo de repente.
— Não sei, amiga. Mas estou com medo.
Na ala da luz, Vladimir olha pela janela de seu quarto,e vê a escuridão tomando conta.
— Mas o que é…?
No quarto de Munique, esta sai no corredor e observa o interior do prédio sendo consumido por aquela fumaça negra.
— Meu Deus, será que são os espectros de novo?
Dentro do gabinete de Maldonado, Frida está descontrolada com seu poder descomunal.
Maldonado, Niel, Ícaro, Sylvya, Orfeu, Dora e Eric estão agachados cada um em um canto tentando achar uma forma de impedir que ela faça coisa pior.
— KIRA, PARE COM ISSO!- Grita Eric.
Niel tenta se levantar, mas aquela fumaça também está provocando uma ventania ali naquela sala.
— Frida, me escute!
Niel conjura uma magia aquática e não surte nenhum efeito em Frida. A jovem lança um “chicote sombrio” e Niel é arremessada para trás da mesa do escritório.
— Ahhh!!
Os olhos de Frida continuam esbranquiçados, é como se estivesse em um transe onde ela não consegue sair.
No prédio, Kira e Fie se encontram com Vladimir e Munique.
— GENTE! O que tá acontecendo?- Grita Kira.
— Eu não sei, é um poder sombrio muito poderoso, eu nunca vi nada assim.- Diz Vladimir.
Na sala, Silvya alerta Orfeu.
— Majestade, o senhor é conjurador da luz.
— Tentarei, mas se eu usar meu poder aqui, posso machucar a garota.
— Querido, vamos usar a luz apenas para afastar as trevas de perto da gente.- Diz Dora.
— Tudo bem.
Ambos conjuram a magia da luz para que a fumaça se afaste deles. Silvya chama Ícaro e Eric para se juntarem a eles.
— Depressa! Venham pra esse lado.
— Ícaro, vá com a Silvya.
— Mas e você?
— Eu me encarrego disso, agora vá!
Ícaro corre na direção de Silvya e dos demais. Eric arregaça as suas mangas, anda mais um pouco, fica de frente olhando para Frida no ar. Em seguida, ele conjura uma magia das sombras que faz com que ele flutue e fique cara a cara com Frida.
Ícaro e os demais se impressionam com tamanho poder emanando de ambos.
— Escuta, Frida! Você não precisa fazer isso, está descontrolada, concentre-se em si.
Frida dispara seu chicote sombrio contra Eric, ele revida e dispara uma bola das sombras.
Frida avança até Eric e com as duas mãos solta raios negros e o atinge. Ele é arremessado contra a parede.
Todos aflitos. Ícaro principalmente.
— ERIC!
Ícaro corre até o meio e encara Frida no alto.
— Frida, o que está fazendo? Somos os teus amigos! Pare com isso!
— ÍCARO, SAI DAÍ!- grita Niel.
— Não vamos conseguir segurar a luz por muito tempo. – Alerta Dora.
— Por favor, Frida, tente se lembrar de mim.
Frida abaixa a sua cabeça de vez encarando diretamente Ícaro. Ao fazer isso, ele fica paralisado.
— Fr… Frida.
E estando paralisado, Frida faz com que Ícaro flutue na direção dela.
— Por… Por favor. Frida!
Frida estende uma de suas mãos e começa a fechar o punho lentamente. Na medida que fecha, Ícaro sente sua garganta sufocar como se fosse explodir.
Eric se levanta e tenta impedir.
— FRIDA! PARE!
Neste momento, o chão do gabinete se abre ao meio e galhos começam a surgir de lá de baixo e sobem cortando o elo psíquico de Frida com Ícaro.
Ícaro cai e Eric corre imediatamente para apanhá-lo.
— ÍCARO!
Os galhos começam a prender os braços de Frida. Os presentes no recinto não entendem o que está acontecendo até a porta abrir de uma vez.
Atrás da fumaça, se encontram Pablo e Collin que estão usando magia da terra para impedir que Frida cometa o pior.
Fin aparece atrás e usa os seus raios para se fundirem com os galhos forjados por Pablo e Collin.
Frida começa a se ser eletrocutada. Kira corre para a frente do salão.
— Parem! Assim vão machucar ela!
Kira olha a amiga naquela situação.
— FRIDA! FRIDA, POR FAVOR!
Willa chega até a porta.
— KIRA!
Ela olha para Willa e esta usa sua magia do ar e faz com que Kira flutue até a altura de Frida.
— Por favor, soltem ela!
— NÃO! É PERIGOSO!- Grita Pablo.
Frida está se retorcendo de dor tentando se soltar.
— Por favor, confia em mim, ela tá sofrendo.
Pablo e Collin libera os galhos que seguravam Frida, ela imediatamente parte para atacar Kira.
— CHEGA!!
Kira emite uma energia avermelhada fazendo com que Frida se detenha no ar.
Neste momento, Kira começa a ter flashes de ensinamentos que ela tinha com o seu pai quando era criança.
— Como destruir a escuridão, filha?
— Com a luz?
— A resposta está correta, mas a luz por si só não derrota a escuridão.
— Então o quê?
Neste momento intercalamos com a voz de seu pai e ela mesma declamando a frase:
— “… Porque somente o fogo pode destruir tudo o que lhe atinge.”
É nessa hora que Kira se aproxima de Frida, a abraça e de repente, um escudo de fogo surge ao redor delas.
Magnus e Glaus chegam e assistem aquilo. Todos os outros ficam sem saber o que fazer. Fie olha aquela cena e de repente, sente que vai emanar algo de dentro de si.
— O fogo… O fogo queimará tudo o que ainda resta.
Brasas saem do corpo de Fie, essas brasas começam a dissipar toda a sombra que está ao redor da sala. Orfeu e Dora terminam a conjuração e ficam impactados com tamanho poder emanando daquelas garotas.
Kira e Frida, envolvidas por uma bola de fogo enorme, um fogo que não mata, mas consome. Kira olha bem nos olhos de Frida e diz:
— Lembre-se de quem você é!
Através das lágrimas, os olhos de Frida começam a recuperar a coloração normal. A áurea sombria que estava por volta do prédio do torneio começa a se dissipar.
Frida recobrando a sua consciência, chora muito e Kira a abraça.
— Tá tudo bem, amiga. Tá tudo bem.
— Meus pais… Eles mataram meus pais!
Kira fica sem entender, pois ainda não sabia o que havia acontecido na tribo das sombras. Ícaro chora nos braços de Eric, os outros garotos também ficam impactados e receosos com o que aconteceu.
O sofrimento acabou despertando um poder oculto em Frida. Poder esse que pode acarretar sérios problemas para ela e para as pessoas que ela ama.
COMITÊ SECRETO- 1 HORA DEPOIS…
O homem misterioso está olhando na tela, a catástrofe na tribo das sombras. Através do sombreamento de seu capuz, dá pra ver que ele está dando um pequeno sorriso sarcástico.
Morbius chega em seguida com uma prancheta na mão.
— Olha, eu entendo que o senhor está chateado e quer fazer de tudo para se vingar, mas precisava mesmo ter atacado a tribo das sombras daquele jeito?
O homem solta uma gargalhada perversa:
— HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA.
— Do que ri, senhor?
Ele se vira para Morbius, dá outra gargalhada e diz:
— Esse é o problema, Morbius. Não fui eu que ataquei a tribo das sombras.
— O que disse?
— Te juro, nem me movi daqui, não fui eu que mandei aqueles espectros atacarem aquela tribo.
— Mas… Se não foi o senhor que atacou a tribo das sombras… Então quem foi?
O homem sorri de orelha a orelha.
TRIBO DO FOGO, GABINETE DO SACERDOTE ELIN.
Elin se encontra em pé diante de sua mesa apagando e ascendendo uma vela com os seus poderes de fogo. Um dos seus guardas se aproxima dele.
— Senhor Elin?
— O que deseja?
— Recebemos informações que aconteceu algo na tribo das sombras.
Elin se vira novamente para ele e ainda sem levar a sério a notícia, pergunta:
— Hum! E o que aconteceu na tribo das sombras?
— Parece que… Ela foi atacada por espectros, senhor.
— O quê?
— Sim, centenas de feridos… E algumas mortes, incluindo crianças.
Elin sente a seriedade do assunto.
PRÉDIO DO TORNEIO, SALA DE REUNIÕES.
Orfeu está completamente indignado após o que Niel e os outros lhe revelou.
— Como assim? Essa espada não pode ter aparecido aqui e justamente neste momento que estamos passando.
— Eu sei, senhor, para nós também foi um choque, e ainda está sendo. – Diz Niel.
— Como pode? Achei que essa espada já nem existia mais, e o garoto sabe da importância dessa espada?
Silvya responde:
— Sim, majestade. Ele é da minha tribo. Ele só não sabe da regra da transferência do poder da espada pra outra pessoa.
— Precisam manter esse garoto protegido, se a pessoa por trás de tudo isso que está acontecendo aqui souber dessa espada, não temos como detê-lo.
Eric diz:
— Não se preocupe, majestade. O Magnus é um garoto de bom coração e certamente sabe que está sob uma responsabilidade muito grande.
— Ok, até segunda ordem, não comentem com ninguém sobre essa espada, pra nenhum dos outros sacerdotes, principalmente… Principalmente o Elin.
Silvya estranha e pergunta:
— Por que o Elin?
— Não sei. Sinto que não devo confiar nele.
Eric ressalta.
— Mas o Elin é o sacerdote do fogo, a profecia…
— … Eu sei muito bem o que as profecias dizem, Eric. Deveria saber também que o que aconteceu aqui hoje, se cumpre uma profecia da sua própria tribo. Eu… Irei convocar uma reunião com todos os sacerdotes durante a realização da última prova, assim não teremos riscos de nenhuma das crianças descobrirem sobre o que estamos discutindo.
Niel diz:
— Me parece uma boa ideia, senhor.
— Agora preciso voltar ao palácio e, em seguida, pensar em uma forma de ajudar as pessoas que sobreviveram naquela tribo. Vamos, querida?
— Claro, querido.
— Também voltarei para a tribo da água, devem estar precisando de mim. Por favor, rei Orfeu, me informe o dia e horário da reunião com os sacerdotes que certamente eu estarei presente.
— Sei que posso contar com você, Silvya. Niel, Maldonado e Eric… Cuidem-se! E, por favor, nos mantenha informado sobre a recuperação da garota.
— Claro, majestade- Diz Maldonado.
ALA MÉDICA- 2 HORAS DEPOIS…
Frida começa a acordar aos poucos. Sua visão ainda está meio embaralhada, e quando começa a ver mais nítido, está Eric ali do seu lado.
— Você nos deu um baita susto, hein Frida?
— E… Eric? Onde eu…?
— Tranquila, tranquila… Você está na ala médica se recuperando. Você dormiu por mais de 3 horas.
— Eu… Eu machuquei vocês, não machuquei?
— Confesso que você é mais durona do que pensei, mas não tem problema.
— Me desculpa, eu… Eu não sei o que aconteceu comigo, eu estava fora de mim.
— Olha… Eu preciso te contar uma coisa que eu acho importante que você saiba. Circula uma profecia de 50 anos atrás na nossa tribo… Onde em um tempo de calamidade, iria nascer uma bruxa.
— Uma bruxa?
— Sim, a bruxa das sombras. E que o poder dessa bruxa é tão grande que nem um sacerdote poderia detê-la. Frida… Você é a bruxa da profecia.
— Eu? Mas, não pode ser possível, bruxas são más, eu sempre aprendi assim que elas são seres perversos e fazem coisas horríveis.
— Bom… O feiticeiro que criou a magia ancestral não era mau. E se não fosse ele, nunca teríamos o poder da magia. O que algumas pessoas usaram desse dom depois, aí já é com eles, mas ele nos deu essa dádiva, então ele não era um feiticeiro cruel.
— Mas se eu for mesmo essa tal bruxa, eu não posso me tornar sacerdotisa.
— Quem disse que não? Ocupando o sacerdócio, você terá sempre a mente ocupada e vai receber mais treinamento pra poder controlar seus poderes.
— Você vai me ajudar, Eric? Vai me ajudar a controlar os meus poderes?
— É claro que sim, minha doce Frida. Lembre-se que tenho você e o Ícaro como meus filhos que nunca tive.
— O senhor nunca teve filhos? Desculpa, é que… Toda pessoa que eu conheço da tua idade, já tem pelo menos um filho.
— A senhorita está me chamando de velho?
— Não, não, não é isso, é que…
— … Está tudo bem, estou brincando. Veja a Niel, ela tem praticamente a minha idade e também nunca casou e teve filhos.
— É verdade… Eu não tinha prestado a atenção nisso.
— Bom, estou falando muito sendo que suas amigas estão há quase meia hora lá fora esperando pra poder entrar pra te ver.
Eric vai até a porta e chama.
— Meninas, podem vir.
Kira e Fie chegam na porta da ala médica e vão imediatamente abraçar Frida na cama.
— FRIDA!!
— Meninas, estou tão feliz por vê-las.
— Eu fiquei tão preocupada com você, amiga. Que bom que está bem.- Diz Kira.
— Sim, eu não ia ficar sossegada enquanto não soubesse que você iria se recuperar, minha amiga.- Ressalta Fie.
Frida olha para Eric, ele assente com a cabeça e se retira deixando as três sozinhas.
PALÁCIO REAL DE VANIDIAN- MEIA HORA DEPOIS.
O rei Orfeu está em seu trono, as portas se abrem abruptamente e Elin entra com passos firmes e um olhar sério. Um guarda vem atrás dele. Orfeu olha para Elin com reprovação.
— Majestade, eu tentei impedi-lo de entrar, e ele não quis me ouvir.
— Tá tudo bem… Deixe-nos a sós.
— Sim, majestade.
O guarda se retira e fecha as portas, assim que fecha, Elin não dispensa sua rispidez contra Orfeu.
— Então é isso? Eu sou sempre o último a saber das coisas?
— Um “boa tarde, majestade” pra começar, cairia bem.
— Boa tarde, o caramba! Já cansei de ficar sendo tratado como o seu fantoche.
— O que veio reclamar dessa vez, Elin?
— A tribo das sombras… Foi atacada por espectros.
— Sim, já estou ciente.
— É claro que você está ciente. E como sempre, joga tudo por debaixo do tapete, né?
— Escuta, Elin. Entenda que a situação está mais séria do que você imagina.
— Imagino mesmo que esteja, agora vai falar também que o que aconteceu na tribo das sombras foi um surto de cogumelos venenosos?
— Houve outras mortes, Elin.
— O quê?
— No prédio do torneio, houve outras mortes.
— Além da “garota do cogumelo”?
— Um garoto da tribo do ar e… Outro garoto da tribo da água.
— Por que não nos contou nada?
— Não falamos pra ninguém, nem mesmo para os outros sacerdotes.
— Tá vendo só como eu tenho razão? Essa sua omissão é o que te mata, Orfeu. Você finge que as coisas não acontecem, quando ela se passa bem no meio da tua cara.
— Nós iremos convocar uma outra reunião com todos os sacerdotes durante a realização da última prova.
— Ótimo, agora lhe convém realizar essa reunião, não é? Pode ficar tranquilo, que eu faço questão de comparecer só pra ver a tua cara se contradizendo toda vez que tenta esconder a verdade para o seu povo.
Elin dá as costas. Orfeu, furioso, se levanta de seu trono e dá alguns passos a frente.
— ESCUTA AQUI, ELIN DURVAL! Eu exijo que me respeite e não me dê as costas assim porque até onde eu sei, eu ainda sou o teu rei.
Elin vira para ele novamente e diz:
— Você pode ser o rei do quinto dos infernos, eu não ligo nem um pouco. Sabe de uma coisa? Bartiel e você se merecem, ele será um ótimo substituto ao trono. É tão babaca quanto você.
— Elin, não se atreva a me desafiar.
— Deveria pensar nisso antes de ter escondido pra todo mundo o que está acontecendo, Orfeu! Se quer fazer alguma coisa, faça, mas lembre-se… Enquanto essa droga de torneio não terminar, eu ainda sou o sacerdote do fogo. Então não se meta nas minhas decisões, do contrário… Todo mundo vai saber que você carrega nas mãos o sangue de todas essas vidas inocentes que morreram.
Elin se retira da sala real. Orfeu pega uma taça de ouro que está em cima de uma bandeja e a lança contra a pilastra, furioso.
— AAAAAAAAAHHHH! MALDITO MOLEQUE!
ATO II
No dia seguinte, é manhã e Eric leva todos os 14 finalistas ao campo para treinarem.
— Bem, queridos amigos. Confesso que estava bastante ansioso pra chegar este momento pra ensinar uma coisa bem legal pra vocês, ao menos pra alguns de vocês.
Willa pergunta:
— Por que estamos tão abaixo do campo? Não é perigoso a gente ficar tão longe do prédio?
— Boa pergunta, senhorita Willa, mas lá perto eu não poderia mostrar pra vocês esses…
Eles descem mais um pouco e todos avistam algo. Eloy grita:
— CAVALOS!
14 cavalos estão posicionados ali para eles.
— Se vocês querem se tornar guerreiros, precisam aprender a montar a cavalo, acredito eu que alguns de vocês já devem saber montar, isso vai facilitar muito a minha vida, porque vocês podem se ajudar uns aos outros.
— Ai, meu Deus! Eu nunca andei a cavalo na minha vida, tenho medo.- Diz Eloy.
— Relaxa, Eloy. Eu te ensino.- Responde Fin.
— Ótimo. Mais alguém?- Pergunta Eric.
Kira e Fie se aproximam.
— Não pense que somos tão frágeis como vocês imaginam, eu monto a cavalo desde pequena.- Diz Kira.
— E eu também, então nem tentem nos fazer passar vergonha.
Magnus pergunta a Kira.
— Kira?
— Sim?
— Não me diga que… Você sabe andar a cavalo?
— Você não sabe?
— Bom, é… É que…
— Glaus?
— Opa. Eu também não sei.
— Eu não acredito que a Fie e eu vamos ter que ensinar esses dois marmanjos a andar a cavalo.
Os dois sorriem sem graça.
Na floresta ao lado do campo, acompanhamos os garotos treinando a montaria. Eric conduz cada um deles conforme suas necessidades.
— Preciso que aprendam pelo menos o básico da montaria, vocês vão precisar para a última prova amanhã.
Magnus tem um pouco de dificuldade a princípio, mas Kira o está conduzindo perfeitamente.
— Se você quiser virar ele pra esquerda, você segura as cordas e vira para a esquerda, se for pra direita, faz o mesmo procedimento, entendeu?
— Acho que eu entendi, é… E como eu faço pra fazer ele andar? Tipo, não andar devagar como se tivesse puxando ele.
Ela se agacha pra pegar alguma coisa no chão e diz:
— Ah sim, é só você bater com os dois pés no corpo dele.
Ele bate com os dois pés, porém mais forte que o normal.
— Assim? AAAAAAAAAAAAAAAHHHHH
— MAGNUS!!
O cavalo sai galopando e deixa Magnus apavorado.
— ME AJUDA!!
Kira sobe em seu cavalo e vai atrás dele.
— Você bateu nele muito forte!
— E VOCÊ VEM ME DIZER ISSO SÓ AGORA? COMO QUE FAZ PRA PARAR?
— PUXA A CORDA!
— QUÊ?
— PUXA A CORDA PRA TRÁS!
— Ah tá…
— ESPERA, MAS NÃO VAI PUX…
— AAAAAAAAHHHHH!!
O cavalo levanta de vez, Kira o alcança, desce de seu cavalo e vai até ele.
— CALMA, PANGARÉ! CALMA!
— CUIDADO, MAGNUS!
Magnus é derrubado do cavalo e cai em cima de Kira.
Eles sorriem, Magnus se levanta um pouco e fica encarando Kira ainda em cima ela.
Os dois trocam olhares por alguns segundos até serem interrompidos pelo pigarro de alguém.
Os dois se levantam imediatamente, envergonhados. É Fie e Glaus que estão ali.
— Ai… Meu… Deus! Eu não acredito que estou vendo essa cena.
— Você não viu nada, Fie.
— É, a Kira só estava me ajudando com o cavalo.
— Oh sim, claro, uma ajuda bem contraditória não é, Glaus?
— Magnus, foi mal, irmão, mas tu mente ruim pra caramba!
— O… O quê? Até você, Glaus?
Fie e Glaus começam a rir.
— Desculpa, mas eu acho que quem lançou a rede em você foi a Kira.
— Olha, eu vou te bater.
Magnus começa a correr atrás de Glaus.
Fie segura a barriga de tanto rir enquanto observa os dois correndo pela floresta. Ela olha novamente pra Kira e percebe que ela está com a cara emburrada.
— É… Essa é a hora que eu começo a correr, não é?
— Você me paga, sua traidora! Vem aqui!
— NÃO, KIRA! EU TAVA BRINCANDO!
Kira persegue Fie pela floresta, ambas rindo muito.
Em outro lado, Ícaro está sendo conduzido por Frida.
— Muito bem, Ícaro. Nunca pressione tanto o cavalo. Ao terminar, sempre faça um carinho nele. Cavalos precisam entender que eles são companheiros nossos e não objeto de montaria.
— Como você aprendeu tudo isso, Frida?
— A necessidade me obrigou, né? Mas vamos tentar mais uma vez.
Eric está sentado em uma pedra observando Fin quebrando a cabeça pra ensinar Eloy que é o que mais sente dificuldade para aprender a montar. Ele escuta as vozes deles de longe.
— Eu não vou conseguir montar nesse cavalo sozinho, tenho 1,60.
— Claro que você consegue, deixa de frescura, vamos tentar de novo.
Distraído ao observar aquela cena, Eric não percebe que Pablo chega do seu lado esquerdo e está estendendo uma maçã pra ele.
— Com fome?
— Ahh! Você me deu um susto, garoto da terra.
— Já falei pra não ficar me chamando de garoto da terra.
Se assenta na pedra ao lado dele, parte a maçã ao meio e entrega uma banda pra ele.
— Por que não está treinando a montaria?
— Já treinei. Já monto a cavalo e o Collin também sabe. Só quis descansar um pouco.
— Entendi.
— Veja ali os dois da tribo do ar, estão andando a cavalo como se estivessem voando.
Willa e Sycario estão montando felizes, sentindo o sabor do vento.
— AI QUE SAUDADES EU ESTAVA DISSO!
— Você monta muito bem, Willa.
Voltando aos dois, Eric conversa com Pablo.
— Foi muito corajoso o que você fez ontem pela Frida. Você e seu parceiro de tribo.
— Ah, não foi nada, o importante é que agora ela esteja bem. Foi um susto muito grande pra todos nós, já basta as coisas que estão acontecendo.
— E como você tá lidando com tudo isso?
— Não, eu que lhe pergunto: Como está lidando com tudo isso? Tipo, a sua tribo foi praticamente devastada, e você não voltou lá ainda.
— Ainda não tive coragem de voltar lá, e… Preciso me focar na minha missão aqui no torneio senão eu surto e acabo me explodindo.
— Me desculpa, eu não quis tocar nesse assunto, sei que não é legal nem pra você e nem pros garotos da tua tribo.
— Não se preocupe, Pablo. Eu já estou calejado, aguento muita pedrada ainda.- Morde a maçã ao concluir a frase.
Pablo observa o rosto de Eric.
— Tem… Tem um pedaço da casca da maçã bem aqui.
— Aonde? – pegando no canto direito do rosto.
— Não, aí não, é…
Pablo segura o rosto de Eric, passa o dedo no lábio dele onde estava sujo. Ele fica uns segundos observando aqueles lábios carnudos, molhados e altamente atrativos.
Uma faísca ascende e vemos segundos de uma atração mútua inexplicável vinda dos dois. É possível notar a leve inclinação de seus troncos na direção do outro.
Ao se aproximarem um pouco mais, Eric olha para atrás de Pablo lá no campo e observa algo incomum.
— EI, GAROTOS! ESPEREM!
Sycario segura na mão de Willa a cavalo, e ambos ativam a sua magia do ar e, em seguida, os cavalos começam a voar e os dois riem ao sabor do vento.
— PESSOAL! DESÇAM IMEDITAMENTE! É PERIGOSO!
— Me desculpa, eu acabei te distraindo do seu trabalho.
— Tá tudo bem, a culpa não é sua. Nos vemos hoje no jantar?
— Claro que sim.
Em outra parte do campo, está Munique montada em seu cavalo e o tanto pensativa com os últimos acontecimentos.
Vladimir se aproxima dela a cavalo.
— Está bem, minha irmã?
— Sim, estou, é que… Eu não sei como esses garotos conseguem se divertir com tanta coisa acontecendo.
— São crianças, você sabe. Somos um pouco mais velhos que eles, mas fomos criados como dois adultos desde cedo.
— Sim… Ás vezes invejo eles, não vou mentir. Claramente tiveram todos uma infância feliz, dá pra perceber a inocência nos olhos deles.
— Lembre-se de uma coisa, o papai quer isso. Que a gente fique se comparando com os outros pra que nós venhamos nos sentir mal depois. Você é uma Andreas como eu, mas não precisa ser como o nosso pai.
— Obrigada, meu irmão.
Algumas horas se passaram, todos estão na mesa de jantar, conversando, comendo, rindo, um verdadeiro tumulto como se estivessem bem mais pessoas do que os 14 ali.
Magnus e Kira, mesmo após o ocorrido, estão sentados lado a lado. Fie do outro lado da mesa, diz:
— Admita, amiga. O que você e o Magnus estavam fazendo naquela hora, hein?
— Amiga, pelo amor de Deus, para de me envergonhar.
— Eu já disse, nós não estávamos fazendo nada, eu caí do cavalo e a Kira foi me socorrer, só isso.
Todos eles começaram a gritar.
— UUUUUUUUUUUUUUHHHHHHHHHHHHHH SEI.
Entre gargalhadas, Kira claramente envergonhada, e Magnus pergunta:
— Tá, mas e se a gente tivesse alguma coisa? Qual seria o problema?
— MAGNUS?
— Relaxa, Kira, eu sei o que eu estou fazendo.
Fie diz:
— Bom, se caso isso acontecer, por favor, que eu seja a madrinha do casamento e não aceito menos.
Glaus colocando lenha na fogueira, diz:
— Ah qual é, gente? Tá na cara que vocês dois se gostam. E tá tudo bem com isso.
— Tá bom, gente. Chega!- Diz Kira.
Neste momento, Niel aparece e dá um recado a eles.
— CRIANÇAS! CRIANÇAS! Por favor, me escutem um minuto.
Todos eles param de fazer barulho para escutarem atentamente à Niel.
— Fico feliz que tiveram uma boa aula hoje com o professor Eric sobre como montar, porque vocês vão precisar deles para a última prova amanhã.
Todos eles ficam cochichando um com o outro.
— Sim, sim, crianças! Amanhã é a grande final do torneio e espero que todos vocês estejam preparados. Será uma das provas mais difíceis e complexas, então peço que descansem bastante. Bom torneio a todos!
Cerca de 1 hora se passou, muitos já estão se dispersando. Fie se retira por alguns instantes no corredor deixando Kira sozinha. Magnus chega em seguida.
— Oi.
— Oi, me desculpa por toda essa confusão. Eu realmente não queria que as pessoas levassem esse mal entendido tão a sério assim.
— Eu estive pensando, Kira. E se não foi tão mal entendido assim?
— O… O quê?
Ele se aproxima dela, segurando uma de suas mãos.
— Eu realmente gosto de você, Kira. De verdade.
— Fogo e água não se misturam, Magnus.
— E quem disse isso? Olha, eu sei, eu sei que… Eu não estou aqui pra isso e creio que nem você, mas… Vai chegar uma hora que a gente não vai mais conseguir parar de fingir na frente deles.
— E quando esse dia chegar, eu já estarei pronta.
— Promete?
— Prometo… Deixa eu ir então.
— Espera!
— O quê?
— Esqueci que prometi a mim mesmo que iria me vingar de você.
Magnus segura o rosto de Kira gentilmente e a beija. Eles ficam por alguns segundos vivendo aquele momento até que Magnus para de beijá-la e diz:
— Agora sim estamos quites. Até amanhã!
Magnus sorri e se retira, Kira vai correndo para o seu quarto. Fecha a porta e fica com as costas escorada um tempo. Fie está ali com uma espécie de secador de cabelo na mão.
— O que foi, amiga?
— Ele me beijou!
— Quê?
— É isso, o Magnus me beijou!
— Ai, meu Deus! Mentira!
— Sim, sim, é verdade, me beijou.
As duas se juntam e começam a pular e gritar.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHH!!
Niel está passando pelo lado de baixo do corredor da ala do fogo, ouve os gritos histéricos de Fie e Kira.
— Ai ai, adolescentes!
ALA DAS SOMBRAS- 2 HORAS DEPOIS.
É por volta de 11 da noite, alguém bate na porta do quarto de Eric.
Quando ele abre, se trata de…
— Pablo? O que tá fazendo aqui? Você pode ser penalizado.
— Eu… Eu não parei de pensar desde aquele dia na noite estrelada.
— Você… Você não pode…
Eric está sem camisa, mostrando todo o seu físico esbelto.
— Cara, você ainda não entendeu?
— O quê?
— Quer saber? Dane-se!
Pablo empurra Eric pra dentro do quarto e o beija ardentemente. Eric fecha a porta do quarto.
— NÃO! Isso é loucura.
— Sim… E eu quero viver essa loucura.
Os dois se beijam ardentemente, um vislumbre de paixão e desejo pairam entre os dois até o amanhecer.
MANHÃ SEGUINTE, CAMPO FLORESTAL NAS ARRENDONDEZAS DO PRÉDIO.
Edger está narrando para toda a população.
— QUE MOMENTO, MEUS AMIGOS! Finalmente chegamos na grande final do nosso torneio e nossos 14 finalistas já se encontram ali a cavalo, para podermos realizar a nossa última prova. 7 deles serão os próximos sacerdotes das nossas tribos de Vanidian. Pra quem vai a sua torcida?
Niel explica os detalhes das prova final.
— CANDIDATOS! Sejam bem vindos à última prova do torneio deste ano: “CAÇA AO TESOURO”.
Todos olham uns para os outros.
— Neste enorme campo, além da floresta e das montanhas, vocês percorrerão por todo esse caminho atrás de uma bandeira específica de cada uma de suas tribos. Haverá duas bandeiras de cada tribo espalhadas pelo território de forma aleatória. Cada bandeira está na cor correspondente à sua tribo: A bandeira do fogo é vermelha, da água é azul, do ar é lilás, da terra é verde, do trovão é amarela, da luz é branca e das sombras é preta.
Nas tribos, todos ficam atentos assistindo.
Niel prossegue.
— Vocês vão se dividir em duplas e percorrerão pela floresta atrás dessas bandeiras. O primeiro a encontrar a bandeira correspondente à sua tribo… Será o novo sacerdote, em outras palavras, nessa disputa que há dois de vocês de cada tribo… Um vai eliminar o outro.
Kira olha pra Fie. Igualmente Magnus olha pra Glaus.
— Sei que vocês criaram laços aqui. Mas chegou a hora da decisão. Então, pelo menos por agora, terão que deixar as amizades de lado e focarem em vencer. E outra coisa: As duplas não podem ser a mesma tribo, quanto mais longe seu parceiro de tribo estiver, melhor para evitar distrações. Formem os seus grupos!
Magnus fala com Kira.
— Kira! Vem comigo.
— Tá fechado.
Fie conversa com Glaus.
— Glaus, tudo bem eu ir com você?
— Claro. Sem problemas.
Eloy fica em dúvida.
— E agora com quem eu vou?
Ícaro diz:
— Vamos juntos, Eloy.
— Beleza, eu topo.
Munique chama Frida.
— Frida? Quer ir comigo?
— Luz e sombras juntas, quem diria?
Vladimir escolhe Sycario. Pablo escolhe Willa. Tin escolhe Collin. As duplas já estão formadas.
Niel pede para que elas se juntem cada dupla.
— Bem… Temos aqui as 7 duplas da última prova:
- Kira e Magnus
- Fie e Glaus
- Eloy e Ícaro
- Frida e Munique
- Sycario e Vladimir
- Pablo e Willa
- Collin e Tin.
Em seus respectivos lares, Ali e também Lucy estão assistindo a transmissão.
— Todos vocês serão televisionados através de drones, câmeras de CCV, tudo será transmitido ao vivo para Vanidian e as 7 tribos. O tempo dessa prova é 24 horas. Peço que tomem muito cuidado, há armadilhas em todos os lados nessa floresta, nenhuma dessas armadilhas vão machucar vocês, mas vão lhes fazer atrasar e fazer com que o outro ganhe vantagem. Alguém de vocês tem alguma pergunta?
Ela olha para os 14,ninguém se manifesta.
— Ótimo. 24 horas na tela, 14 competidores. Senhoras e senhores, bem vindos à última prova do torneio!
A voz no computador faz a contagem regressiva.
— ATENÇÃO, INICIANDO A PROVA “CAÇA AO TESOURO”. Contagem regressiva em 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1… JOGO AUTORIZADO!
Os 14 jovens se separam em seus cavalos, cada dupla vai em uma direção diferente. Não há mais tempo para brincarem, essa é a última prova, tudo aqui está em jogo.
SALA DE REUNIÕES, 2 HORAS DEPOIS…
No prédio do torneio, como combinado, o rei Orfeu reuniu os sacerdotes novamente para conversarem. Orfeu entra na sala juntamente com Dora e Silyvia. Ambos estranham ao ver que Elin já está ali presente.
— Elin? Chegou cedo.- Pergunta Silvya.
— Eu não poderia deixar de vir nessa reunião, não é mesmo, majestade?
Orfeu olha pra Elin percebendo o seu desdém.
Minerva, Aldo e Telmar chegam juntos, em seguida.
— Olha, nós temos muito que conversar mesmo nessa reunião, porque é cada coisa. – Diz Minerva.
— Essas reuniões estão se tornando cada vez mais comuns.- Diz Aldo.
Telmar prefere não dizer nada ainda e toma assento.
Bartiel chega logo em seguida.
— Me desculpem a demora, pessoal! Eu estava.
Elin, em tom de deboche, diz:
— Nossa, Bartiel! Mas não consegue mesmo chegar no horário, poxa vida.
— Eu não tenho que te dar satisfações, Elin.
— Realmente não precisa, já é protegido da corte, não é mesmo?
— Já chega! Podemos começar, majestade?
— Não, estamos esperando mais uma pessoa, a Niel está liderando a prova do torneio.
Eric entra em seguida.
— Com licença, senhores.
Bartiel estranha a presença de Eric e diz:
— O que ele faz aqui?
— Eu o chamei porque ele é testemunha ocular dos eventos ocorridos aqui.
Elin sorri com deboche e diz:
— Confesso que ele é bem melhor companhia do que você, Bartiel.
— Hahaha, engraçadinho.
— Já chega, senhores! Eric, obrigado por vir, por favor, tome assento.
— Obrigado, majestade.
— Bem, a essa altura do campeonato… Creio que já devem supor do assunto que iremos tratar.
— Por favor, sem rodeios, majestade! Vá direto ao ponto e pare de mentir pra eles.- Disse Elin com muita firmeza nas palavras.
Aldo percebe o clima tenso e pergunta:
— Espera um pouco, eu perdi alguma coisa? Pensei que chamaram a gente pra falar do ataque na tribo das sombras.
— Depois da nossa última reunião… Tivemos mais duas mortes de crianças.
— O quê?
Bartiel pergunta:
— Espera, duas? Eu pensei que…
— … Antes daquela fatídica noite da invasão dos espectros, encontramos um garoto da tribo do ar enforcado em uma árvore. Supostamente se suicidou.
Aldo pergunta:
— Mas… Por que não nos avisaram?
Elin responde:
— Boa pergunta, Aldo. Fiquei sabendo que houve um ataque aqui de espectros onde um garoto foi assassinado e três sacerdotes estavam aqui presentes, e adivinha, Aldo? Nem eu e nem você fomos convocados.
Silvya completa:
— Eu também não estava aqui no dia.
— Sim, mas Minerva, Telmar e até o idiota do Bartiel vieram nessa noite. Um garoto morreu nas mãos de um espectro. E vocês agiram com tanta naturalidade que deixaram o torneio rolando normalmente como se nada tivesse acontecido.
— O que queria que fizéssemos? Que cancelássemos o torneio?- Pergunta Orfeu.
— Essa seria a alternativa mais competente a se tornar desde o primeiro dia quando a garota da água foi encontrada morta. Mas é claro, são cadelinhas do governo, do senhor Andreas, de certas famílias ricas e privilegiadas que patrocinam toda essa merda.
— Escuta, Elin, pare de ficar falando…
— EU AVISO QUANDO FOR A SUA VEZ DE FALAR, BARTIEL. AGORA CALA ESSA BOCA E ME ESCUTA!
Silêncio entre eles. Eric não esperava a tensão que essa reunião teria.
— Tudo isso está acontecendo, rei Orfeu… Por conta das suas mentiras. E eu posso apostar que o senhor ainda não contou pra gente tudo o que tem pra contar, não é?
Orfeu começa a soar frio, nunca se sentiu tão humilhado por alguém com um cargo hierárquico muito inferior a ele.
Eric vendo que o clima já estava pesado, se manifesta.
— Com licença, senhores, se me permite falar. O que estamos passando no momento não é nada fácil, eu concordo com o direito de omissão do rei Orfeu…
— Estão vendo só?
— Mas também concordo com a visão do sacerdote Elin.
— Olha só, alguém finalmente concordando comigo.
— Acredito que se nós pararmos de sermos tão extremos, todos nós podemos chegar em um consenso, mas agora as nossas crianças estão lá no campo competindo para a última prova, então só nos resta esperar pra eleger os novos 7 sacerdotes, e… Vê o que vai acontecer.
Orfeu prossegue:
— Bom, é por isso que eu digo que devemos nos unir, porque juntos nós somos mais…
Ouve-se uma risada masculina sarcástica.
— O que é isso? Quem deu essa risada desrespeitosa? Elin?
— Nem olha pra mim, eu não fiz nada.
— Bom, como eu estava dizendo, nós precisamos estar…
As risadas voltam e dessa vez estão mais altas. Agora todos podem ouvir essa risada debochada e sarcástica em alto e bom som. As risadas dão vida a vozes.
— HAHAHAHAHAHAHA, ai como vocês são patéticos! Brigando uma hora dessas?
De repente, uma sombra começa a surgir no canto da parede formando uma silhueta. A silhueta termina completamente de se formar e se trata de alguém que já conhecemos. O homem misterioso de manto negro.
— Vocês não mudam nunca mesmo.
Elin percebe de quem se trata e sobe em cima da mesa e vai correndo para atacá-lo.
— Aaaaaaaaaaaaaaahhh!!
Elin saca a sua espada, o homem saca outra e forceja com ele.
— DESGRAÇADO!
— HAHAHAHAHA, que prazer em te reencontrar também, Elin. Meu velho amigo.
— VOCÊ DEVERIA ESTAR MORTO! E VOU ME ASSEGURAR PRA QUE MORRA!
Elin dispara um chicote de fogo no homem, ele desvia e, em seguida, pisa no chão fazendo com que todos os demais sejam arremessados pra fora das mesas.
Bartiel conjura uma magia da luz e ele segura a magia dele e absorve dentro de suas mãos.
Todos os outros sacerdotes ficam em posição de ataque para conjurarem magia. Bartiel vendo aquilo, pergunta:
— Mas… Mas quem é você?
Elin se levanta, e diz:
— VOCÊS NÃO PERCEBERAM AINDA QUEM ELE É? VEJAM POR VOCÊS MESMOS! TIRE O CAPUZ, COVARDE!
O homem não hesita e tira o capuz lentamente. É um homem loiro com uma mancha pintada de preto em formato de retângulo em um dos olhos.
Bartiel perde a compostura e diz:
— Ai, meu Deus… É você… Você voltou!
— É um prazer revê-lo também, caro amigo Bartiel.
— O que faz aqui?- Pergunta Elin.
O homem manifesta toda a sua energia sombria tomando conta daquele lugar. Ventos sobrenaturais invadem a sala.
— Eu disse que cedo ou tarde, o dia da minha vingança chegaria. Sacerdotes… ESTE É O JUÍZO FINAL DE VOCÊS!
NA PRÓXIMA TERÇA, DIA 3 DE SETEMBRO, NÃO PERCAM AS EMOÇÕES DO ÚLTIMO CAPÍTULO DE VANIDIAN!
E NO MESMO DIA, O LANÇAMENTO DO ÚLTIMO SINGLE DA TEMPORADA “O CONFLITO DOS SANTOS” MAIS UMA PARCERIA MELQUI RODRIGUES E A BANDA FURTHER RED.