FAMÍLIA POR ACASO
EPISÓDIO 04
EPISÓDIO ESCRITO POR:
LEONARDO ANTUNES
EPISÓDIO DE HOJE:
“APRENDA COM O PAPAI, MARTA!”
CENA 01. CASA DOS PAIS DE DAFNE. SALA. INTERIOR. DIA.
Continuação imediata da última cena do episódio anterior.
MARTA — Anda! Eu estou à espera de uma resposta!
SÉRGIO — Marta, você não entende. Eu quero ver a nossa filha feliz! Se ela não está se sentindo bem nessa casa, pra que continuar forçando a coitadinha a viver aqui contra a vontade dela?
MARTA — Do jeito que você fala até parece que eu não quero a felicidade da nossa filha!
DAFNE — Não! Você não quer! O que você quer é que eu continue morando aqui nessa casa e sendo infeliz!
MARTA — Claro que eu quero o seu bem, garota! Mas acontece que sair de casa pra morar com aquele povinho não é a solução! Será que é só eu que enxergo que isso nunca vai dar certo?
Dafne bate o pé e vai para o quarto. Os dois se olham sérios. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 02. CASA DOS PAIS DE DAFNE. QUARTO DAFNE. INTERIOR. DIA.
Dafne entra, bate à porta violentamente e se joga na cama aonde fica se debatendo e dando socos no colchão.
DAFNE — (P/si) Que ódio! Que ódio! Eu odeio viver nessa casa!
CORTA PARA:
CENA 03. BAR DO BAIRRO. SALÃO. INTERIOR. DIA.
Bar lotado de homens. Há poucas mulheres ali. Todos assistindo futebol. Edu nem aí pro futebol e mexendo em seu cel. Vitor ali apreensivo com o jogo.
VITOR — Vai cara! Faz o gol!
O jogador erra o gol e os homens ficam ali reclamando.
VITOR — O que você tanto faz nesse celular aí?
EDUARDO — Tô aqui vendo umas coisas! Aqui vai uma curiosidade/
VITOR — (Corta) Poupe-me dos relatos da sua nerdice!
Atenção Sonoplastia: Entra aqui o som do tinder.
Eduardo fica ali cheio de vergonha.
VITOR — Eu conheço esse barulho, hein! Tá usando o tinder, nerd?
EDUARDO — Tô! Agora será que dá pra você falar mais baixo?
VITOR — Relaxa, cara. Apesar do tinder ser um aplicativo um pouco antigo. Usar ele é a coisa mais normal do mundo! Eu vou te dar umas dicas. Peguei três mulheres nesse aplicativo!
Vitor ver uma morena bonita, alta passando.
EDUARDO — Qual a dica que você vai me dar, Vitor?
Ele ali babando na morena que vai conversar com um grupo e mulheres lindas.
EDUARDO — (Chama) Vitor!
Ele de costas pra Eduardo coloca a mão na cara dele e arremata.
VITOR — Depois a gente conversa! Agora deixa eu conhecer a morena mais linda desse mundo!
Ele se ajeita e vai conversar com as mulheres lindas.
EDUARDO — (P/si) Pronto! Agora fiquei eu aqui sem as dicas de um pegador como o Vitor. (Olha pro cel.) Não sei o que responder.
Ele fica ali pensativo.
CORTA PARA:
CENA 04. CASA DOS PAIS DE DAFNE. SALA. INTERIOR. DIA.
Continuação não imediata da cena 01. Clima tenso. Os dois ainda ali. Mas um de costas para o outro.
SÉRGIO — Marta, eu quero que você pelo menos tente entender os motivos que me levaram a fazer isso!
MARTA — Eu não entendo! Eu não entendo porque você colocar a nossa filha pra morar com um bando de jovens desmiolados! Coloca a mão na consciência, Sérgio! Isso nunca vai dar certo!
SÉRGIO — Eu também acho que não vai dar certo!
MARTA — Então por que você tá arrumando casa pra eles?
SÉRGIO — Meu amor, tenta entender que a gente não pode manter a Dafne aqui dentro! Se ela quer sair de casa e viver com os amiguinhos dela, deixa ela sair!
MARTA — Sérgio, eu não tô conseguindo entender essa sua linha de raciocínio!
SÉRGIO — Meu amor. Pensa que as vezes nós temos que passar uma coisa muito ruim pra tomarmos a direção certa na vida!
Fecha em Marta ali apreensiva.
CORTA PARA:
CENA 05. RUA DE TERRA DO BAIRRO. EXTERIOR. DIA.
Rua deserta. Laís ali caminhando mexendo no cel.
LAÍS — (P/si, intrigada) Ué! Por que será o gatinho não respondeu? Será que ele não gostou da minha foto? Mas que pergunta, né, Laís! Com uma foto dessas, é obvio que ele vai gostar! Qualquer um gostaria de ter uma gostosa como essa pra chamar de “sua”!
CAM detalha a tela do cel. De Laís com a foto de uma mulher super bonita e detalhe… magra. Ela continua a caminhar.
CORTA PARA:
CENA 06. BAR DO BAIRRO. SALÃO. INTERIOR. DIA.
Bar lotado. Vitor ali conversando com as mulheres. Eduardo ali aflito olhando pro cel.
EDUARDO — (P/si, aflito) E agora, meu Deus? O que eu escrevo pra ela?
Corta para um outro ponto do bar: Vitor ali conversando com quatro mulheres lindas.
MULHER — (Impressionada) Não brinca! Então você é um jogador de futebol?
VITOR — Sou!
MULHER 2 — Então como é que a gente nunca ouviu falar de você?
VITOR — É que eu ainda jogo num time pequeno. Mas tô pra assinar contrato com um dos maiores times do Rio de Janeiro.
MULHER 3 — Ah é? (Tira do decote um número) Então liga pra mim quando você estiver jogando na série A!
Ela coloca o papel no nariz dele que fica ali maravilhado.
VITOR — Pode deixar que eu vou ligar pra todas irem tomar banho na piscina da minha mansão!
CORTA PARA:
CENA 07. CASA DOS PAIS DE DAFNE. SALA. INTERIOR. DIA.
Continuação imediata da cena 03.
MARTA — Aonde é que você tá querendo chegar com isso, Sérgio?
SÉRGIO — A Dafne indo morar com os amiguinhos dela, ela vai perceber o quanto é difícil ser adulto e morar sozinha.
MARTA — (Entende) Ah… Agora eu tô entendendo qual é a sua real intenção deixando ela sair de casa.
SÉRGIO — Tá vendo só? Às vezes eu tenho que tomar as minhas próprias decisões estratégias pra você me entender.
MARTA — É… Devo admitir que essa foi uma ideia excelente! Ela vai quebrar a cara e vai voltar pra casa!
CORTA PARA:
CENA 08. BAR DO BAIRRO. SALÃO. INTERIOR. DIA.
Bar lotado. Eduardo ali ainda aflito, pensativo. CAM vai passando por todos os figurantes ali. E para em Vitor conversando com as quatro mulheres lindas.
VITOR — Me diz uma coisa aqui… Quatro mulheres tão lindas quanto vocês estão fazendo o que por aqui sozinhas?
MULHER — Meu amor, você nem imagina! (Chama) Montanha!
Um homem alto, forte, todo musculoso se aproxima e Vitor arregala os olhos.
MULHER — Ele quer saber o que a gente está fazendo aqui sozinhas?
MONTANHA — (Tom) Ah… Ele quer saber, é?
Montanha pega Vitor pela blusa.
VITOR — (Medo) Que isso cara? Pra que violência quando a gente pode resolver isso numa conversa?
MONTANHA — (Tom) Tá achando que vai mexer com as minhas meninas e vai ficar assim?
VITOR — (Medo) Ai mamãe me salva!
Eduardo intervém.
EDUARDO — Montanha?
Ele se vira e arremata.
MONTANHA — Eduardo? Quanto tempo cara!
EDUARDO — Pois é. A gente não se ver desde quando eu fui lá na tua casa ver a tua máquina. Como ela está?
MONTANHA — Travando, mas ainda dá pra usar.
VITOR — (Com dificuldade) Tá me sufocando!
MONTANHA — (Tom) É o que? Eu não ouvi direito!
VITOR — Ele tá comigo, cara!
MONTANHA — Isso aqui é seu colega?
VITOR — Colega não! Eu diria um conhecido!
MONTANHA — Ah tá! (Solta Vitor) Agradeça o seu conhecido, senão eu ia acabar com a tua raça!
Montanha pega suas quatro mulheres e sai do bar. Vitor fica ali se recompondo.
VITOR — De onde é que você conhece esse cara?
EDUARDO — Há muitas coisas sobre mim que vocês nem imaginam!
Vitor fica ali com a mão no pescoço.
CORTA PARA:
CENA 09. CASA DOS PAIS DE DAFNE. QUARTO DAFNE. INTERIOR. DIA.
Dafne ali deitada na cama. Ela olha pra mesinha de computador e arremata.
DAFNE — (P/si) Eu ainda tenho você, é?
Ela se levanta e vai até a mesinha, aonde pega o diário.
DAFNE — (P/si) Faz tanto tempo que eu não escrevo! Mas eu tô precisando de uma sessão com você doutor terapeuta diário.
Ela pega uma caneta e se senta ali a mesa aonde começa a escrever.
DAFNE — (OFF) Querido diário! Faz tanto tempo desde a última vez que escrevi em você. Mas agora tá acontecendo cada coisa em minha vida que eu vou voltar a ter sessões com você, meu preferido terapeuta…
Ela continua ali escrevendo…
CORTA PARA:
CENA 10. RUA DE TERRA. EXTERIOR. ANOITECENDO.
Rua deserta. Eduardo ali caminhando com o cel. na mão.
EDUARDO — (P/si) O que eu respondo pra ela, gente?
Ele pensa por um instante.
EDUARDO — (P/si) Já sei! (Digitando) Deixa eu colocar o meu cabo na sua porta USB? (P/si) Enviar!
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 11. CAMPINHO. EXTERIOR. ANOITECENDO.
Campinho vazio. Laís ali caminhando.
Atenção Sonoplastia: Entra aqui o som do tinder.
LAÍS — (P/si) Deve ser o meu paquera.
Ela pega o cel. e lê a mensagem.
LAÍS — (Lendo) Deixa eu colocar o meu cabo na sua porta USB? (P/si) Nossa! Mas que cantada mais nerd! Bloqueia! Não faz o meu tipo!
Ela vai caminhando e mexendo no cel.
CORTA PARA:
CENA 12. CASA DOS PAIS DE DAFNE. COZINHA. INTERIOR. NOITE.
Marta ali batendo uma massa de bolo. Sérgio vem da sala e tira um copo d’água na geladeira.
MARTA — Tô até agora pasma com você, meu amor!
SÉRGIO — Por quê?
MARTA — Porque você conseguiu bolar um excelente plano como aquele.
SÉRGIO — Pois é, meu amor. Eu também sei pensar e sei tomar algumas decisões. Aprenda com o papai aqui, Marta!
MARTA — Também não começa se exibir, né!
SÉRGIO — (Se aproxima dela) Começo sim! Que tal se mais tarde a gente se exibir na nossa cama?
Ele fica ali beijando o pescoço dela.
MARTA — Até que não seria uma má ideia.
Os dois ficam ali agarradinhos.
CORTA PARA:
CENA 13. CASA DOS PAIS DE DAFNE. QUARTO DAFNE. INTERIOR. NOITE.
Dafne ali sentada escrevendo do diário.
DAFNE — (OFF) E foi assim que tudo aconteceu querido diário!
Ela deixa o diário ali e se levanta.
DAFNE — (P/si) É… Me sinto até mais leve! Estava mesmo precisando disso!
CAM detalha o diário e…
CORTA PARA:
FIM DO QUARTO EPISÓDIO