FAMÍLIA POR ACASO
EPISÓDIO 02
EPISÓDIO ESCRITO POR:
LEONARDO ANTUNES
EPISÓDIO DE HOJE:
“MARTA, O EMPECILHO”
CENA 01. CASA DOS PAIS DE DAFNE. SALA. INTERIOR. DIA.
Marta sentada de pernas cruzadas. Dafne chega da rua.
MARTA — Posso saber aonde a senhorita estava?
DAFNE — Eu fui ali na sorveteria!
MARTA — Ah é? (Se levanta) E por que será que eu não confio nessa sua desculpinha esfarrapada?
DAFNE — Olha, mãe. A senhora vai ter que me desculpar, mas eu estava lá na sorveteria sim!
MARTA — Eu não posso dizer o contrário porque não tenho provas! Mas a minha intuição de mãe, tá me dizendo que você está mentindo na cara de pau!
DAFNE — Vamos fazer o seguinte, mãe: a senhora acredita no que quiser acreditar! Agora se a senhora me der licença! Eu vou para o meu quarto!
MARTA — Olha essa boca garota! Olha como fala comigo, hein! Olha como fala comigo porque pra mim não tem idade e muito menos tamanho! Se eu tiver que dar na tua cara eu não vou hesitar!
Ela se senta no sofá.
MARTA — (P/si) Esses jovens de hoje em dia é só jesus! Tá achando que pode contra mim? Deixa ela, comigo não tem nada disso não! Eu viro logo a cara dela do avesso!
CORTA PARA:
CENA 02. CASA DOS PAIS DE DAFNE. QUARTO DAFNE. INTERIOR. DIA.
Dafne ali em pé.
DAFNE — (P/si) Que droga! Por que essa chata sempre tem que está na minha cola? Eu tô de saco cheio disso já!
Ela se joga na cama e ali fica gritando no travesseiro e se debatendo.
CORTA PARA:
CENA 03. CAMPINHO. EXTERIOR. DIA.
Campinho lotado. Partida de futebol rolando. Laís e Eduardo ali.
EDUARDO — Falando sério agora, Laís… Você acha que a nossa convivência dentro de uma casa daria certo?
LAÍS — Olha Edu. Eu vou ser bem sincera com você. Eu acho que daria certo sim. Desde que todos façam a sua parte.
EDUARDO — Eu sei! Mas mesmo assim eu tô grilado com isso.
LAÍS — Não fica assim não. Você vai ver como as coisas vão ser.
EDUARDO — Já tô até vendo tudo… Eu trabalhando e o preguiçoso do Vitor com as pernas pro alto assistindo TV.
LAÍS — (Sorrir) Deve ser bem assim que ele fica em casa.
Ela ver um carrinho de sorvete passando.
LAÍS — Sorvete! Você quer?
EDUARDO — Não!
LAÍS — Então me espera aí que eu já volto!
Ela vai correndo em direção ao sorveteiro de pernas abertas.
EDUARDO — (P/si) Pra tá de perna aberta, só pode tá assada! Gordo é uma desgrma mesmo, né?!
CAM mostra Laís comprando o sorvete. Mas ficamos mesmo com a partida de futebol. O time faz um gol e toda a plateia vai ao delírio. Eduardo ali incomodado com o barulho.
CORTA PARA:
ANOITECE:
CENA 04. CASA DOS PAIS DE DAFNE. QUARTO DAFNE. INTERIOR. NOITE.
Dafne ali cabisbaixa deitada mexendo no cel. Sérgio bate na porta e entra.
SÉRGIO — (Da porta mesmo) Licença, filha! Posso entrar?
DAFNE — Claro, pai!
Ele entra e se senta a cama ao lado da filha.
SÉRGIO — Que carinha é essa? Aconteceu alguma coisa?
DAFNE — Conta outra, né pai! Sempre que o senhor vem aqui é porque a dona Marta fez alguma fofoca pro senhor!
SÉRGIO — Que isso minha filha?! Não fale uma coisa dessas da sua mãe.
DAFNE — Falo! Falo mesmo! Falo mesmo porque ela é o inverso das outras mães!
CORTA RAPIDAMENTE PARA:
CENA 05. CASA DOS PAIS DE DAFNE. CORREDOR. INTERIOR. NOITE.
Marta ali atrás da porta ouvindo a conversa.
SÉRGIO — (OFF) Por que você tá falando isso minha filha? A sua mãe te ama!
DAFNE — (OFF) Não! Não ama não! Uma mãe que ama a filha não fica aí querendo a infelicidade da própria!
SÉRGIO — (OFF) Mas a sua mãe não quer isso de você filha! De onde é que você tirou isso?
CORTA RAPIDAMENTE PARA:
CENA 06. CASA DOS PAIS DE DAFNE. QUARTO DAFNE. INTERIOR. NOITE.
Os dois nas mesmas posições da cena 04.
DAFNE — Não precisa ser nenhum gênio pra perceber o quanto a dona Marta pega no meu pé.
SÉRGIO — Ela faz isso porque te ama, filha!
DAFNE — Tá bom, pai! Chega! Eu sei que o senhor nunca vai entender o meu lado mesmo.
SÉRGIO — Não fala assim filha. Eu estou aqui pra te ajudar e te aconselhar em tudo!
DAFNE — Sei. Mas na hora de defender os filhos o senhor sempre fica do lado da dona Marta! Mesmo quando ela está errada. O que que é? Tem medo de apanhar dela?
SÉRGIO — Filha, eu acho melhor encerrarmos essa conversa por aqui! Essa conversa está tomando um rumo que eu não estou me agradando!
CORTA RAPIDAMENTE PARA:
CENA 07. CASA DOS PAIS DE DAFNE. CORREDOR. INTERIOR. NOITE.
Marta vai para a sala rapidamente. Sérgio sai do quarto da filha, fecha a porta e ali fica engolindo tudo que ouviu.
SÉRGIO — (P/si) Será que é essa imagem que eu passo para os meus filhos? De um pai que sempre concorda com tudo que a mãe quer?
Ele fica ali pensativo.
CORTA PARA:
AMANHECE:
CENA 08. CASA DOS PAIS DE DAFNE. SALA. INTERIOR. DIA.
Marta ali sentada. Dafne vem do quarto.
DAFNE — Tô saindo, hein!
MARTA — Já que eu tenho a fama de acabar com a tua vida, não vou nem me dá ao trabalho de te perguntar pra onde está indo.
DAFNE — Nossa! Além de tudo ainda é fofoqueira? Tava ouvindo atrás da porta, é?
MARTA — Não! Estava passando pelo corredor quando ouvir você dizer que eu sou o inverso de todas as mães. Que eu quero é o teu mal. Que espécie de mãe você acha que eu sou?
DAFNE — Me reservo ao direito de ficar calada!
MARTA — Pergunta respondida! Logo que você quer sair de casa… Então saia! Saia e nunca mais coloque os pés nessa casa!
DAFNE — Tá vendo só porque a gente não se dá bem? Você é dramática demais!
MARTA — Dramática? A minha filha diz que eu acabo com a vida dela e você ainda diz que isso é drama? Você não sabe o quanto eu sofri pra te colocar nesse mundo!
CORTA RAPIDEMENTE PARA:
CENA 09. CAMPINHO. EXTERIOR. DIA.
Campinho vazio. Eduardo, Laís, Thaís e Vitor ali a espera de Dafne.
LAÍS — Cadê a Dafne, gente?
EDUARDO — Muito estranho a Dafne atrasada! Normalmente ela é a primeira a chegar.
VITOR — Talvez ela percebeu que morar nesse bairro é horrível e desistiu de tudo!
LAÍS — Não, a Dafne não é dessas! Ela é a mais sensata desse grupo!
VITOR — Se vocês pararem pra pensar, o nosso grupo tem de tudo, né? Uma fofoqueira, uma bruta, um descolado, como eu e o nerd do Eduardo.
LAÍS — Fofoqueira? Não vou mentir, eu gosto mesmo de uma fofoquinha!
EDUARDO — (Sorrir) É isso aí, Laís. Assuma que você gosta disso!
THAÍS — Agora só falta você assumir, Eduardo!
Todos começam a rir.
EDUARDO — Para o governo de vocês eu sou espada!
VITOR — Você gosta de espada, isso sim!
EDUARDO — Eu não vou nem dar ao trabalho de responder vocês. Eu sou o que sou e não tenho que provar nada a ninguém!
THAÍS — Mas agora falando sério. A Dafne deve tá demorando por causa da mãe dela.
VITOR — E o que a mãe da Dafne tem a ver com isso?
THAÍS — Ela sempre foi contra a Dafne morar com a gente. Ontem mesmo ela mandou uma mensagem pra mim dizendo que se desentendeu com a mãe dela.
LAÍS — Então agora tá explicado o atraso dela!
CORTA RAPIDAMENTE PARA:
CENA 10. CASA DOS PAIS DE DAFNE. SALA. INTERIOR. DIA.
Continuação imediata da cena 08.
DAFNE — Agora vai jogar na cara que me colocou no mundo?
MARTA — Não! Não estou jogando na sua cara! Eu só estou falando que você não me dá o devido valor! Quando você tiver filhos, vai entender o que eu estou falando!
DAFNE — Acho melhor terminarmos aqui!
MARTA — Também acho!
DAFNE — Então vai ser isso mesmo, né? A senhora vai me colocar pra fora de casa!
MARTA — Não, eu não vou te colocar pra fora de casa! Eu só disse que se você sair por aquela porta pra morar sozinha… Nunca mais coloque os pés aqui!
DAFNE — Depois ainda quer me crucificar por eu achar que você é o oposto das outras mães!
Ela sai.
MARTA — (P/si) Eu só quero o seu bem filha… Mas você não entende isso!
CORTA PARA:
CENA 11. CAMPINHO. EXTERIOR. DIA.
Campinho vazio. Eduardo, Laís, Thaís e Vitor ali.
VITOR — Se a Dafne demorar mais cinco minutos eu vou embora.
THAÍS — Não sei pra que essa pressa toda! Quantas vezes a Dafne disse que chegou aqui e ficou esperando por trinta, quarenta minutos?
LAÍS — Verdade. E ela nunca se queixou!
Eduardo avista Dafne que está chorando se aproximando.
EDUARDO — Olha ela vindo aí gente.
Ela se aproxima do grupo do absurdo.
THAÍS — Que cara é essa, Dafne? Aconteceu alguma coisa?
DAFNE — (Secando as lágrimas) Aconteceu o que eu já esperava que acontecesse!
EDUARDO — (Não entende) Como assim?
DAFNE — Minha mãe e eu tivemos uma discussão feia!
VITOR — Mas por que vocês discutiram?
DAFNE — Porque ela não consegue entender que eu estou adulta e quero ser dona do meu próprio nariz!
LAÍS — Poxa, Dafne… Se a sua mãe é contra que a gente vá morar juntos, eu acho melhor então desistirmos de tudo.
EDUARDO — Concordo! Mãe em primeiro lugar.
THAÍS — A gente marca de se ver pelo menos uma vez por mês!
VITOR — Pra mim tanto faz!
DAFNE — (Determinada) Não! Eu disse que íamos alugar uma casa, e é isso que a gente vai fazer! Se a minha mãe não quer aceitar, o problema é dela!
Closes alternados em todos que trocam olhares. Focamos em Dafne ali determinada. Instantes.
CORTA PARA:
FIM DO SEGUNDO EPISÓDIO