FAMÍLIA POR ACASO

EPISÓDIO 10

EPISÓDIO ESCRITO POR:

LEONARDO ANTUNES

EPISÓDIO DE HOJE:

“MAS O QUE É CONVIVÊNCIA MESMO?”

 

CENA 01. CASA DO ABSURDO. QUARTO MASCULINO. INTERIOR. DIA.

Quarto uma zona. Há roupas e muitas outras coisas espalhadas por ali. Vitor ali deitado mexendo no cel. Eduardo entra todo arrumado, calça, tênis, camisa social e uma pasta debaixo do braço.

VITOR                 — Nossa! Posso saber aonde você foi todo arrumado desse jeito?

EDUARDO          — Ao contrário de você que só fica deitado, eu saio em busca de emprego!

VITOR                 — Ah é? Mas me responde uma coisinha aqui. Você sai atrás de emprego. Mas conseguiu alguma coisa?

EDUARDO          — Não!

VITOR                 — Tá vendo só porque eu não perco o meu tempo? Eu não vou encontrar nada mesmo!

EDUARDO          — Você não vai encontrar nada se não se mexer, né? Ficar aí nesse celular o dia todo é moleza! Quero ver sair, dar as caras e cair dentro!

VITOR                 — Eu caio dentro!

EDUARDO          — (Sorrir) Faça-me rir, Vitor! E olha só esse quarto! Quando eu sair de manhã, não estava tão podre assim!

VITOR                 — É que eu estava procurando uma coisinha aqui e acabei fazendo essa baguncinha.

EDUARDO          — Baguncinha? Parece que passou um tsunami aqui!

VITOR                 — Relaxa, nerd. Pra que todo esse drama por isso?

EDUARDO          — Eu sabia! Eu sabia que ia ser impossível dividir o quarto com você!

Eduardo sai rapidamente.

VITOR                 — (P/si) Cara mais dramático! Nem é tanta bagunça assim! Dafne 2!

CORTA PARA:

CENA 02. CASA DO ABSURDO. QUARTO FEMININO. INTERIOR. DIA.

Quarto uma bagunça só. Há muitas coisas por ali jogadas. Laís entra no quarto.

LAÍS                    — Mas o que é que aconteceu aqui?

THAÍS                 — Aqui? Nada!

LAÍS                    — Como nada? Olha só o redevú que esse quarto está!

THAÍS                 — Para de drama, Laís! E tá bagunçado do seu lado, não o meu!

LAÍS                    — Porque você é cara de pau demais e joga as suas imundices pro meu lado!

THAÍS                 — Imundice uma ova!

Laís pega tudo que está ali e joga em cima de Thaís arrematando.

LAÍS                    — Isso é seu! Não vou tolerar esses troços do meu lado!

THAÍS                 — Que história é essa de lado agora?

Dafne entra.

DAFNE               — O que é que está acontecendo aqui, gente?

LAÍS                    — É a Thaís que tem se mostrado bastante imunda com o quarto.

THAÍS                 — (Cresce) Olha só. Eu não vou nem te responder, pra não te magoar! Porque a resposta que está aqui, ó (aponta pra garganta) era daquelas bem cabeludas!

DAFNE               — Gente pelo amor de Deus! Ordem! A Laís tem razão, Thaís. Esse quarto está um horror!

THAÍS                 — E o que é que eu posso fazer?

DAFNE               — Arrumar!

THAÍS                 — Mas eu não durmo aqui sozinha!

LAÍS                    — Mas acontece que a bagunça é sua!

THAÍS                 — Mas o que é que custa vocês me ajudarem?

LAÍS                    — Eu me recuso a te ajudar! Essa bagunça é tua!

Laís sai do quarto. Thaís encara Dafne.

DAFNE               — Não me olha com essa cara! Eu não vou te ajudar!

Dafne sai.

THAÍS                 — (P/si) Eu mereço!

CORTA PARA:

 

CENA 03. CASA DO ABSURDO. SALA. INTERIOR. DIA.

Eduardo ali sentado puto. Laís vem do quarto.

EDUARDO          — Que cara é essa?

LAÍS                    — Cara de quem não aguenta mais dividir o quarto com uma pessoa imunda!

EDUARDO          — Eu também!

LAÍS                    — Não me diga que o Vitor tá deixando o quarto uma zona?

EDUARDO          — Zona? Zona é apelido! Aquilo lá está inabitável!

LAÍS                    — Eu não me conformo com isso! Como é que uma pessoa pode ser tão desleixada desse jeito?

EDUARDO          — Tá ficando difícil, Laís!

LAÍS                    — Tá mesmo! Conviver assim, tá impossível!

CORTA PARA:

 

CENA 04. CASA DOS PAIS DE DAFNE. SALA. INTERIOR. DIA.

Sérgio sentado lendo jornal. Marta vem do quarto arrumada para sair.

SÉRGIO              — Tá indo aonde, Marta?

MARTA              — Indo resolver algumas coisas por aí.

SÉRGIO              — Ah sim. E eu posso saber que coisas são essas?

MARTA              — Não! Não pode saber não, Sérgio!

SÉRGIO              — Por quê?

MARTA              — Não é você mesmo que sai e diz a mesma coisa pra mim?

SÉRGIO              — Ah… Entendi… Tá retribuindo na mesma moeda, né?

MARTA              — É isso que dá ficar escondendo as coisas da esposa!

SÉRGIO              — Só espero que não tenha nada a ver com a Dafne!

MARTA              — O que é que é, hein, Sérgio? Você tá querendo me privar de ver, de falar com a nossa filha?

SÉRGIO              — Não! A única coisa que eu estou querendo evitar é que vocês duas briguem de novo!

MARTA              — Não se preocupe que isso não vai acontecer!

Marta sai.

SÉRGIO              — (P/si) Essa mulher não é mole não! Só espero que ela não esteja indo atrás da Dafne.

Ele fica ali preocupado. Instantes.

CORTA PARA:

 

CENA 05. CASA DO ABSURDO. SALA. INTERIOR. DIA.

Eduardo, Laís, Thaís e Vitor ali sentados. Em pé, perante eles está Dafne andando de um lado para o outro arrematando.

DAFNE               — Gente… Antes de morarmos nesta casa, eu conversei muito com vocês! E se tem uma coisa que eu não deixei de falar, foi sobre CONVIVÊNCIA! Mas eu acho que o que eu falei, entrou por um ouvido e saiu pelo outro.

VITOR                 — Pra que a gente tá perdendo tempo com isso aqui, gente?

DAFNE               — Isso aqui não é perca de tempo não, Vitor! Se você acha isso…. Então nós temos um grande problema!

EDUARDO          — Temos mesmo! Porque não é possível uma pessoa viver num chiqueiro daquele e achar que tá tudo bem.

LAÍS                    — Concordo! E a Thaís é igualzinho!

DAFNE               — Gente, foco! O que eu preciso saber é se todos estão de acordo a começarem a fazer o ambiente em que vivemos agradável? Poxa, os quartos estão horríveis! Olha só, vou ser curta e grossa! Ou vocês mudam ou a nossa convivência dentro desta casa ficará impossível!

EDUARDO          — Você quis dizer mais impossível do que já está, né?

DAFNE               — Ou vocês arrumam a bagunça que fizeram… Ou nós, três seremos obrigados a pegar mais pesado!

Closes alternados em todos. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

 

CENA 06. CASA DOS PAIS DE DAFNE. SALA. INTERIOR. DIA.

Sérgio ali sentado pensativo. Anderson chega da rua.

ANDERSON       — E aí, paizão? O que o senhor faz aí?

SÉRGIO              — Eu? Estou aqui pensando em uma coisa.

ANDERSON       — Ah é? E o senhor tá pensando em que coisa?

SÉRGIO              — Estou aqui intrigado com a sua mãe.

ANDERSON       — O que a dona Marta fez dessa vez?

SÉRGIO              — Ela saiu daqui toda misteriosa e não me disse aonde estava indo.

ANDERSON       — E o senhor sabe por que isso, né?

Anderson vai para o quarto.

SÉRGIO              — (P/si, intrigado) O que será que ele quis dizer com isso?

Ele fica ali intrigado. Instantes.

CORTA PARA:

 

CENA 07. CASA DO ABSURDO. SALA. INTERIOR. DIA.

Continuação imediata da cena 05.

THAÍS                 — O que você está querendo dizer com isso?

VITOR                 — Eu acho que ela está nos expulsando de casa!

THAÍS                 — Mas como assim? Eu também pago tudo como qualquer outro morador desta casa! Quer dizer… As mulheres pagam tudo, né? Porque os homens são uns inúteis!

EDUARDO          — Que isso! Agora você já está ofendendo!

DAFNE               — Chega, gente! Essa conversa está tomando um rumo muito perigoso!

VITOR                 — Então acaba logo com essa merda então!

DAFNE               — Calma, senhor estressadinho! Eu não quis dizer que vocês devem sair de casa. Eu só quero dizer que vocês têm que começar a fazer as coisas direito!

THAÍS                 — Tá bom, senhora Dafne! Eu vou arrumar o quarto.

EDUARDO          — E você, Vitor? Vai arrumar aquela zona que está o nosso quarto?

Atenção Sonoplastia: Entra aqui cuíca de grilo.

VITOR                 — Tá! Eu arrumo!

DAFNE               — Ótimo! Logo que tudo já está resolvido, eu vou fazer umas contas da DAFITI!

LAÍS                    — E eu vou sair!

Dafne vai para o quarto e Laís sai para a rua.

EDUARDO          — Espero que você cumpra com a sua palavra!

Ele vai para o quarto com Vitor arrematando.

VITOR                 — Ah… Ou! Vai dormir!

THAÍS                 — Tá pensando no mesmo que eu?

VITOR                 — Não! Eu vou arrumar aquele quarto logo de uma vez!

THAÍS                 — Eu não tô te entendendo mais, Vitor! Cadê aquele cara que armava contra esse povo?

VITOR                 — Ele morreu! Tô na paz agora!

Ele vai para o quarto.

THAÍS                 — (P/si) Essa casa tá ficando cada vez mais chata!

CORTA PARA:

 

CENA 08. BAR DO BAIRRO. SALÃO. INTERIOR. DIA.

Bar com movimento mediano. Marta ali sentada tomando uma latinha de refrigerante. Luíza entra no bar e se senta ao lado ela.

LUÍZA                 — (P/garçom) Traz uma latinha de refri aí!

Ela olha para Marta e arremata.

LUÍZA                 — Afogando as mágoas nesse poço calórico, é?

MARTA              — Pois é! Eu estou aqui porque sou uma rejeitada! A minha filha não está nem aí pra mim!

LUÍZA                 — Nossa, menina! Então estamos no mesmo barco! A minha filha não dá a mínima pra mim também!

MARTA              — Por quê?

LUÍZA                 — E ela ainda é ignorante comigo!

MARTA              — Esses jovens de hoje em dia são fogo, né menina?

LUÍZA                 — Verdade!

As duas permanecem ali conversando fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

 

CENA 09. RUA DE TERRA DO BAIRRO. EXTERIOR. DIA.

Rua deserta. Laís caminhando. Montanha se aproxima dela.

MONTANHA      — Olá, Laizinha!

LAÍS                    — Oi, Montanha! Tá sumido! Desde aquele dia que eu não te vejo.

MONTANHA      — É… Eu andei ocupado.

LAÍS                    — E como é que você está?

MONTANHA      — Bem! E o que você faz por aqui?

LAÍS                    — Eu estava fazendo uma fezinha no jogo do bicho ali.

MONTANHA      — Ah sim. Então você gosta de jogar, né?

LAÍS                    — Gosto! Adoro jogar!

MONTANHA      — Ah é? Então vamos até o bar e você me conta mais!

LAÍS                    — Pode ser. É até bom que eu fico sabendo mais de você, Montanha! Você é um cara misterioso!

MONTANHA      — Eu tenho que ser, né, Laizinha? Tenho que ser!

Os dois vão caminhando.

CORTA PARA:

 

CENA 10. CASA DOS PAIS DE DAFNE. SALA. INTERIOR. DIA.

Sérgio ali sentado. Anderson vem do quarto.

SÉRGIO              — O que você quis dizer naquela hora?

ANDERSON       — O senhor sabe!

SÉRGIO              — Não, não sei! Será que teria como você me explicar?

ANDERSON       — O senhor sabe que a Dafne e eu achamos da dona Marta sempre dar a palavra final em tudo.

SÉRGIO              — Isso não é verdade! Eu também tenho voz própria!

ANDERSON       — Aonde? Que eu ainda não vi!

SÉRGIO              — Então é isso? Vocês me acham com cara de capacho da sua mãe?

ANDERSON       — Não sou eu quem está falando isso.

SÉRGIO              — Mas você quis insinuar!

ANDERSON       — Pensa pai! Pensa que eu tenho certeza que o senhor vai entender!

Ele vai para a rua.

SÉRGIO              — (P/si) Não acredito que os meus filhos têm essa imagem de mim.

CORTA PARA:

 

CENA 11. BAR DO BAIRRO. SALÃO. INTERIOR. DIA.

Bar com poucas pessoas. CAM vai passando pelas mesas. Laís e Montanha ali conversando e se divertindo fora de áudio. CAM para em Marta e Luíza.

LUÍZA                 — Então as nossas filhas se parecem!

MARTA              — Pois é menina!

LUÍZA                 — Será que ela ainda vai voltar pra casa?

MARTA              — Claro que vai! Essas meninas não vão conseguir sobreviver sozinhas por muito tempo! Elas que não fazem ideia do quão é difícil morar sozinha e ter responsabilidades com contas e tudo mais…

LUÍZA                 — Eu tenho medo, sabe?

MARTA              — Tem medo de que mulher?

LUÍZA                 — De que a Thaís precise da minha ajuda e não venha me procurar!

MARTA              — Relaxa, Luíza! As nossas filhas não têm mais a quem procurar, a não ser a gente!

Fecha em Luíza ali aflita.

CORTA PARA:

 

CENA 12. RECANTO. EXTERIOR. ANOITECER.

Takes descontínuos do anoitecer no bairro. Instantes.

CORTA PARA:

 

CENA 13. CASA DOS PAIS DE DAFNE. SALA. INTERIOR. NOITE.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Sérgio ali sentado. Marta entra.

MARTA        — Oi, Sérgio! O que você tá fazendo aí?

SÉRGIO        — Tô aqui pensando no nosso relacionamento!

MARTA        — Por que isso agora?

SÉRGIO        — Porque as pessoas têm a imagem de um homem que é subordinado pela esposa!

MARTA        — Como assim, Sérgio?

SÉRGIO        — Eu descobrir que os nossos filhos têm essa imagem de mim!

MARTA        — E porque você tá se preocupando com isso?

SÉRGIO        — Porque eu não quero as pessoas dizendo por aí que eu sou mandado pela minha esposa!

Ele vai para o quarto.

MARTA        — (P/si) E mais essa agora!

Ela fica ali de braços cruzados. Instantes.

CORTA PARA:

FIM DO DÉCIMO EPISÓDIO

 

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