FAMÍLIA POR ACASO
EPISÓDIO 06
EPISÓDIO ESCRITO POR:
RAMON SILVA
EPISÓDIO DE HOJE:
“SAINDO DE CASA”
CENA 01. CAMPINHO. EXT. DIA.
Takes descontínuos do jogo de futebol que está rolando ali. Torcida ali apreensiva. Legenda: TRÊS MESES DEPOIS.
CORTA PARA:
CENA 02. CASA DE SÉRGIO E MARTA. SALA. INT. DIA.
Sérgio ali sentado lendo jornal. Marta vem do quarto.
MARTA — Não sai desse jornal, né, Sérgio?
SÉRGIO — O que meu bem?
MARTA — Enquanto você tá aí lendo esse jornal a sua filha tá lá dentro arrumando as coisas pra sair de casa.
SÉRGIO — Pelo amor de Deus, Marta! Eu pensei que isso já tinha sido resolvido há três meses atrás!
MARTA — E foi! Mas eu não queria que a minha menina saísse de casa.
SÉRGIO — E eu volto a lhe dizer… Eu acho melhor você deixar que ela saia de casa, se der certo, bem. Se não der, amém! Ela vai voltar.
MARTA — Eu sei, mas me machuca muito ver a minha menininha saindo de casa.
Sérgio abraça a amada.
CORTA PARA:
CENA 03. CASA DE LUÍZA. QUARTO THAÍS. INT. DIA.
Thaís ali arrumando sua mala.
THAÍS — (P/si) O que mais eu devo levar?
Luíza entra.
LUÍZA — Licença, filha! Mas o que é que é isso?
THAÍS — Isso? Isso é a minha mudança! Estou saindo dessa casa.
LUÍZA — Mas por que minha filha? Aqui você tem tudo!
THAÍS — Aqui eu tenho quase tudo! Aqui eu não tenho, por exemplo liberdade pra sair por aí dar e não saber pra quem deu. Eu quero dá petê, mãe!
Luíza dá um tapa na cara da filha. Ela fica ali com a mão no rosto
LUÍZA — Olha esse linguajado, garota! Você está dentro de uma casa de família!
THAÍS — Estou, não por muito tempo!
LUÍZA — Onde é que você vai morar, filha?
THAÍS — Com os meus colegas de escola!
LUÍZA — Eu não acredito que você vai levar essa história a sério!
THAÍS — Pois então acredite! Porque eu vou sair por aquela porta e nunca mais vou voltar!
CORTA PARA:
CENA 04. CAMPINHO. EXT. DIA.
Campinho com algumas crianças jogando bola. Eduardo e Laís caminhando com malas e mochilas.
EDUARDO — Olha, Laís. Eu queria conversar com você sobre aquela terrível coincidência do tinder.
LAÍS — Deixa isso pra lá, Edu! São águas passadas! Isso foi a três meses atrás.
EDUARDO — Eu sei, mas é que a gente não conversou sobre isso até então.
LAÍS — Shhh!
Laís vê um homem passando com uma pistola na cintura…
LAÍS — Quem é esse daí?
EDUARDO — Ouvir dizer que ele é o subchefe da milícia.
LAÍS — Eu não acredito que nesse bairro tem isso!
EDUARDO — Tem. Ihh… Minha filha… Você nem imagina. E sabe quem é a chefe máster da milícia?
LAÍS — Quem?
EDUARDO — A presidenta da associação dos moradores!
Fecha em Laís que arregala os olhos.
CORTA PARA:
CENA 05. RUA DE TERRA. EXT. DIA.
Vitor ali caminhando com uma mala e com uma mochila estufada de tão cheia.
VITOR — (P/si) Ai gente… Eu acho que me perdi. Olha só como a minha mala está, cara. É poeira pura! Onde é que fica o campinho mesmo?
Ele vai caminhando e reparando o local.
CORTA PARA:
CENA 06. CASA DE SÉRGIO E MARTA. QUARTO DAFNE. INT. DIA.
Dafne ali com dificuldade pra fechar a mala. Sérgio entra.
DAFNE — (P/si) Fecha troço!
SÉRGIO — Tá com dificuldade aí?
DAFNE — Tô! Essa merda não quer fechar!
SÉRGIO — Deixa eu ver.
Ele tenta e consegue fechar a mala.
DAFNE — Agora acho que tá tudo pronto!
SÉRGIO — Então é isso mesmo, né? Você vai sair de casa e nos deixar abandonados!
DAFNE — Que isso pai? Cadê o seu Sérgio que eu conheço? A única pessoa que eu estou vendo aqui é um Sérgio dramático! Tem aprendido com a dona Marta, não é?
SÉRGIO — (Sorrir) Pois é. Mas eu acho que todos os pais tem esse lado dramático!
DAFNE — Não precisa se preocupar, pai! Eu vou morar logo ali. Quando o senhor quiser me fazer uma visita, será bem-vindo!
SÉRGIO — E pode ter certeza que eu vou, hein!
Ele abraça a filha.
CORTA PARA:
CENA 07. CAMPINHO. EXT. DIA.
Campinho com algumas crianças jogando bola. Edu e Laís ali. Ela comendo um sanduíche.
EDUARDO — Você não para de comer um minuto, né?
LAÍS — Ih… Me deixa, hein, Edu! Me deixa! Você mais do que ninguém sabe que eu não gosto de esperar ninguém. Me dá uma fome…
EDUARDO — Você nunca pensou, sei lá, em fazer uma dieta e parar com essa comilança toda, não?
LAÍS — Ih… Olha! Você tá chato, hein! O que é que é? O espírito de Vitor baixou em você, é? Pelo que eu saiba esse é o texto dele.
Vitor chega.
VITOR — É, viado! Para de roubar meu texto! Cadê a Dafne e a Bruta?
EDUARDO — Também gostaríamos de saber!
LAÍS — E enquanto elas não chegam… Eu fico aqui comendo!
Eles olham pra ela meneando a cabeça negativamente.
CORTA PARA:
CENA 08. CASA DE LUÍZA. SALA. INT. DIA.
Thaís vem do quarto com sua mala e uma mochila. Luíza vem atrás.
LUÍZA — Filha, pense bem antes de fazer alguma besteira!
THAÍS — Mãe, não adianta a senhora ficar falando no meu ouvido. Eu já tomei a minha decisão e não vou voltar atrás! Eu quero morar com os meus amigos!
LUÍZA — Eu sei, filha… Mas aí vocês vão sobreviver de que? Se nem trabalhar, você trabalha, Thaís!
THAÍS — Não sei, mãe! Eu vou dar um jeito!
LUÍZA — Olha só! Eu vou ser bem direta contigo… Se você sair por aquela porta e virar essas meninas que ficam rodando bolsinha por aí… Pode esquecer! Eu não vou te querer dentro da minha casa!
THAÍS — Pode deixar! Pode deixar que você seria a última pessoa a quem eu procuraria!
Ela sai e Luíza fica ali apreensiva e aflita. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 09. CASA DE SÉRGIO E MARTA. SALA. INT. DIA.
Sala vazia. Sérgio e Dafne vem do quarto.
DAFNE — Cadê a dona Marta? Eu poderia jurar que ela estaria aqui pra fazer mais dramas e chantagens emocionais.
SÉRGIO — A sua mãe disse que não ia querer ver a filha dela saindo de casa e por isso ela foi pra casa da Ana.
DAFNE — Ah tá.
SÉRGIO — Deixa eu te ajudar.
Os dois saem para fora.
CORTA PARA:
CENA 10. CASA DE SÉRGIO E MARTA. FRENTE. EXT. DIA.
Os dois saem da casa.
SÉRGIO — Então, filha…. Aqui é o nosso ponto de despedida, né?
DAFNE — Pois é, pai!
SÉRGIO — Eu não vou mentir pra você. Isso tá sendo muito difícil pra mim!
DAFNE — Olha, pai. Eu sei que tá sendo difícil e tudo mais… Só que você e a mamãe têm que entender que cedo ou tarde esse momento ia chegar.
SÉRGIO — Eu sei, mas mesmo assim a gente nunca tá preparado pra isso! Mais um abraço?
DAFNE — Quantos o senhor quiser!
Os dois se abraçam novamente.
SÉRGIO — Tem certeza que não quer que eu te leve lá?
DAFNE — Não precisa, pai. Tchau!
SÉRGIO — Tchau, filha! Vai com Deus!
Ele fica ali emocionado olhando a filha se distanciar e entra na casa.
CORTA PARA:
CENA 11. CASA DO ABSURDO. FRENTE. EXT. DIA.
Rua bastante movimentada. A mesma fofoqueira da temporada passada ali. O nosso quinteto vem caminhando.
VITOR — Olha aquela véia lá de novo! Não é possível, ela deve tá ali desde aquele dia.
EDUARDO — Fala mais baixo, Vitor!
LAÍS — É, ele tá querendo que a gente já seja odiado antes de morar aqui.
Eles chegam à frente da casa.
DAFNE — Então, gente… Vocês estão prontos para verem as mudanças na casa?
LAÍS — Só se for agora!
EDUARDO — Tô curioso!
THAÍS — Espero que esteja melhor do que aquela casa em estado lastimável que você nos apresentou a três meses atrás.
LAÍS — Melhor já está, né, Thaís? Até a frente tá mais bonitinha.
VITOR — Vamos entrar logo, gente!
Eles entram na casa.
CORTA PARA:
CENA 12. CASA DO ABSURDO. SALA. INT. DIA.
Casa toda pintada, bonitinha. Janelas novas… O grupo entra. Todos ficam ali encantados com a casa.
THAÍS — (Impressionada) Nossa! Fizeram um bom trabalho aqui, hein!
LAÍS — Verdade!
VITOR — Nem parece aquela mesma casa trapo que a gente viu a algum tempo atrás.
EDUARDO — Quantos quartos tem essa casa?
DAFNE — Três! Mas eu proponho que as mulheres durmam em um e os homens no outro.
THAÍS — Mas e o terceiro quarto?
DAFNE — A gente deixa pra quando quiser trazer alguém!
Todos ali maliciosos.
DAFNE — Não me olhem com essas caras não gente! Nós somos jovens! É óbvio que nós vamos querer convidar alguém pra se divertir a noite toda, né? Agora vamos escolher os nossos quartos!
Todos vão para os quartos.
CORTA PARA:
CENA 13. CASA DE SÉRGIO E MARTA. SALA. INT. DIA.
Sérgio ali sentado lendo jornal. Anderson chega da rua.
ANDERSON — Pai, será que o senhor pode me explicar porque eu vi a Dafne saindo com uma mala?
SÉRGIO — É que ela foi morar com os colegas dela de escola!
ANDERSON — Como é que é? E vocês deixaram?
SÉRGIO — Infelizmente não tem como a gente prender a Dafne.
ANDERSON — Então isso vale pra mim também, né?
SÉRGIO — É claro que não! A sua irmã já é adulta, você só tem 16 anos.
ANDERSON — Sei… Mas mesmo assim a Dafne adulta, vocês sempre puxaram o saco dela, já eu… Fico jogado.
Ele vai para o quarto.
SÉRGIO — Ah vai garoto dramático! (P/si) Esse daí tem o DNA do drama da mãe!
Ele volta a ler o seu jornalzinho.
CORTA PARA:
CENA 14. CASA DO ABSURDO. QUARTO FEMININO. INT. DIA.
Quarto vazio. Com três colchões no chão. E algumas caixas de papelão. As meninas ali tirando algumas peças de roupas da mala.
THAÍS — Olha, meninas… Eu espero que isso dê certo, viu. Porque se não der… Pra casa eu não posso voltar mais!
LAÍS — Por que amiga? A tua mãe te expulsou de casa, é?
THAÍS — Não diretamente! Mas ela agora deu pra implicar comigo… Assim como a mãe da Dafne faz.
DAFNE — Pois é! A minha mãe andava tão irredutível nesses últimos dias que eu saí de casa sem ver ela.
THAÍS — E você, Laís? Quando saiu de casa sua mãe também implicou?
LAÍS — Sim. Mas ela disse que se não desse certo… As portas lá de casa estariam abertas.
DAFNE — Tá vendo só, Thaís? Por que as nossas mães não são como a da Laís?
Thaís responde não saber com os ombros.
CORTA PARA:
CENA 15. CASA DO ABSURDO. QUARTO MASCULINO. INT. DIA.
Quarto com dois colchões e mais algumas caixas de papelão. Edu colocando suas roupas na caixa de papelão. Vitor mexendo no cel.
EDUARDO — A sua mãe não disse nada sobre você vim morar com colegas de escola?
VITOR — Não! Até porque um a menos pra ela sustentar é melhor!
EDUARDO — Não fala assim, cara. Ela é tua mãe! Com certeza ela vai sentir a tua falta.
VITOR — Você tá pensando o que, Eduardo? Nem toda família é igual a tua! A sua família tem o jeito de ser amorosa, de querer cuidar de você, já a minha mãe… quer mais é que eu me exploda!
Fecha em Edu ali indignado com o que ouviu.
CORTA PARA:
CENA 16. CASA DE LUÍZA. SALA. INT. DIA.
Ela ali chorando com a foto de Thaís pequena nas mãos.
LUÍZA — (P/si, chorando) Por que você tinha que ir embora minha filha querida? Como se já não bastasse o canalha do teu pai ter me abandonado com você recém-nascida por causa de uma vagabunda… Agora você também me abandona.
Ela fica ali fazendo carícias na foto. Instantes. Emoção.
CORTA PARA:
CENA 17. CASA DO ABSURDO. SALA. INT. DIA.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Alguém batendo e muito na porta. Vitor vem atender.
VITOR — (Grita) Já vai! (P/si) Povinho mais mal-educado!
Ele abre a porta e Judith entra com dois homens armados.
VITOR — Mas o que é que é isso?
Ela fica ali reparando a casa. Os quatro vêm do quarto e gritam.
JUDITH — Calem a boca! Eu estou aqui pra lhes dizer as regras para se viver nesse bairro. Vocês são novos aqui?
DAFNE — Sim, nós nos mudamos pra cá hoje!
JUDITH — Ótimo! Então são fresquinhos! Sabem o que eu vou fazer com vocês?
LAÍS — (Medo) Nos matar?
Judith dá altas gargalhadas malignas e todos ali de olhos fechados com medo. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO SEXTO EPISÓDIO