FAMÍLIA POR ACASO

EPISÓDIO 09

EPISÓDIO ESCRITO POR:

RAMON SILVA

EPISÓDIO DE HOJE:

“O BACALHAU DA DAFNE”

 

CENA 01. CASA DO ABSURDO. COZINHA. INT. DIA.

Há muitas coisas ali sobre a mesa, alimentos. Dafne ali fazendo anotações num bloquinho.

DAFNE               — (P/si) Será que eu esqueci alguma coisa?

Laís vem da sala.

LAÍS                    — O que são essas coisas aqui?

DAFNE               — São as coisas que nós vamos usar pra fazer a comida da Dafiti!

LAÍS                    — Isso aqui é bacalhau?

DAFNE               — É!

LAÍS                    — Nossa! A comida vai ser de primeira, hein!

DAFNE               — Vai mesmo!

Thaís vem do quarto.

THAÍS                 — O que as duas estão fazendo?

LAÍS                    — Tô aqui olhando a Dafne anotar coisas no bloquinho dela!

DAFNE               — Logo que vocês duas estão aqui, vamos agir que a comida tem que estar pronta antes de meio dia.

THAÍS                 — Ai gente! Eu acabei de acordar agora!

LAÍS                    — Larga esse espírito de preguiça e vem aqui me ajudar!

Elas ficam ali agindo as coisas da comida em FLASH.

DAFNE               — Vocês viram os meninos por aí?

THAÍS                 — A última vez que eu vi, eles estavam na sala!

DAFNE               — Tenho que falar com eles!

Ela vai para a sala com alguns panfletos que estavam sobre o fogão.

CORTA PARA:

 

CENA 02. CASA DO ABSURDO. SALA. INT. DIA.

Edu e Vitor ali mexendo no cel. Dafne vem da cozinha com os panfletos.

DAFNE               — Tenho uma missão pra vocês!

VITOR                 — Ih, já vem essa garota chata!

DAFNE               — O que que é, hein, Vitor? Tá achando que vai ficar aí deitado o dia todo com a perninha pro alto enquanto nós ralamos feito umas filhas da… Prefiro nem completar a frase!

VITOR                 — Nossa! Pra que esse estresse todo, menina? Se acalma! Estresse dá rugas!

DAFNE               — Olha, Vitor… Eu só não vou te dar uma resposta de baixo calão sobre rugas… Por que eu tô muito ocupada e estou perdendo tempo aqui.

Ela dá uma metade a Edu e a outra Vitor.

EDUARDO          — Dafiti? Mas o que que é isso?

DAFNE               — Como vocês ainda não arrumaram emprego… Vão panfletar! Agora andem que a Dafiti até então vai ser a nossa única fonte de renda.

Ela volta para a cozinha.

EDUARDO          — Logo que as meninas estão empenhadas, eu vou ajudá-las!

VITOR                 — Isso, vai lá!

EDUARDO          — Você não vem não?

VITOR                 — Vou, mas não agora!

Eduardo sai para a rua indignado. Vitor permanece ali mexendo no cel.

CORTA PARA:

 

CENA 03. CASA DE SÉRGIO E MARTA. SALA. INT. DIA.

Marta ali sentada costurando uma saia. Sérgio vem do quarto em ponta de pé e tenta sair, mas…

MARTA              — Aonde o senhor pensa que vai?

SÉRGIO              — Eu? Eu estou saindo pra dar uma volta, algum problema?

MARTA              — Não! Só espero que esse problema não se chame: “Dafne Assumpção”!

SÉRGIO              — Que Dafne o que, Marta? Eu estou indo ver uma coisa com o Magno.

MARTA              — Ah sim… Tá vendo só como a gente pega a pessoa na mentira?

SÉRGIO              — (Finge não entender) Como assim, meu amor?

MARTA              — Você mesmo me disse antes que o Magno trabalhava. Como é que você está indo resolver um problema com ele se hoje é quinta-feira?

SÉRGIO              — É que ele está de folga hoje, meu amor! Eu já te falei! Não precisa dessa desconfiança toda! Tchau!

Ele sai para a rua.

MARTA              — (P/si) Se ele pensa que aqui (aponta para a testa) está escrito IDIOTA. Ele tá muito enganado! Eu tenho certeza que ele tá escondendo alguma coisa de mim! E eu vou descobrir o que é!

Ela sai atrás do marido.

CORTA PARA:

 

CENA 04. RUA DE TERRA. EXT. DIA.

Eduardo ali entregando panfletos para os moradores que vão passando.

EDUARDO          — Aqui, ó, quentinhas da Dafne! Dafiti! Lá é tudo fitness! Você come, e não engorda como nos outros restaurantes! Tudo fitness!

MORADOR         — Onde é que fica?

EDUARDO          — Na rua nove, o endereço está aí. Pode passar lá pra comer o bacalhau da Dafne!

MORADOR         — Mas ela tá dando o bacalhau?

EDUARDO          — Aí meu filho! No panfleto!

MORADOR         — (Entende) Ah… Então é desse bacalhau que você tá falando.

EDUARDO          — Claro! O que o senhor pensou que eu estava falando?

MORADOR         — Nada não, meu filho! Nada não!

Ele vai andando e Eduardo fica ali sem entender nada. Vitor se aproxima.

VITOR                 — E aí? Divulgando muito a quentinha da amiga?

EDUARDO          — Sim! O bacalhau da Dafne vai fazer sucesso!

VITOR                 — Cuidado com o que fala, hein!

EDUARDO          — (Não entende) Por quê?

VITOR                 — Mas é muito inocente mesmo, né? Ou é, ou se faz de inocente!

EDUARDO          — Do que é que você tá falando?

VITOR                 — Olha, Edu… Bacalhau existem de dois tipos.

EDUARDO          — Ah é? Eu pensei que só existia o bacalhau peixe mesmo!

VITOR                 — Não! Há pessoas que chamam o triângulo de bacalhau!

EDUARDO          — (Não entende) Triângulo?

VITOR                 — Quer saber de uma coisa? Deixa pra lá e continua aí divulgando as quentinhas! Não entende nada mesmo!

Vitor vai caminhando.

EDUARDO          — Mas e a divulgação?

VITOR                 — Continue assim! Você está indo bem!

Ele vai caminhando. Montanha se aproxima.

MONTANHA      — Fala meu mano, Eduardo!

EDUARDO          — E aí, Montanha? O que que tu mandas?

MONTANHA      — Eu não mando nada, meu chapa! Muito pelo contrário. Eu recebo ordens!

EDUARDO          — Pois é. Vida difícil essa!

Edu entrega um panfleto pra ele.

MONTANHA      — Dafiti?

EDUARDO          — É, a Dafne resolver fazer quentinhas fitness em casa pra juntar uma grana.

MONTANHA      — Ah tá. Agora deixa eu ir lá, cara!

EDUARDO          — Valeu!

Montanha vai caminhando e Eduardo continua ali a panfletar. Instantes.

CORTA PARA:

 

CENA 05. CASA DO ABSURDO. COZINHA. INT. DIA.

As meninas ali cozinhando… Laís prova da comida.

LAÍS                    — Ai gente… Que comida horrorosa! Quem é que come uma coisa dessas?

THAÍS                 — Quem é que come? Quem come são pessoas que querem se manter magras, lindas e acima de tudo sexys.

LAÍS                    — Se for para comer uma coisa dessas, é melhor continuar gorda!

DAFNE               — Gente, pelo amor de Deus! Parem com isso e foco! Tudo tem que sair perfeitamente na inauguração das quentinhas da DAFITI!

Atenção Sonoplastia: cel. de Thaís apita mensagem.

Thaís larga a panela e vai ver o seu cel.

THAÍS                 — Gente… Olha só o que tá acontecendo aqui…

As duas se aproximam.

DAFNE               — O que?

THAÍS                 — As suas quentinhas estão fazendo o maior sucesso!

DAFNE               — Que bom!

LAÍS                    — Mas pelo que eu tô vendo aqui não é o tipo do sucesso que você quer Dafne.

DAFNE               — Como assim?

THAÍS                 — Tem gente falando que vai vir aqui especialmente pra comer o bacalhau da Dafne!

Fecha em Dafne horrorizada. Instantes.

CORTA PARA:

 

CENA 06. RUA DA CASA DO ABSURDO. EXT. DIA.

Rua com movimento mediano. Sérgio ali caminhando e atrás dele se escondendo aonde der, vem Marta.

MARTA              — (P/si) Sabia que ele viria pra cá.

Ele chega à casa do absurdo e bate na porta. Ela vai para o outro lado da rua e se esconde, aonde fica a observar tudo. CAM mostra Dafne abrindo a porta e dando um super abraço no pai.

DAFNE               — Pai! Que bom que o senhor veio!

SÉRGIO              — Vim minha filha. E como vão os negócios das quentinhas?

DAFNE               — Estão indo, né, pai! Entre!

Os dois entram. Corta para Marta:

MARTA              — (P/si) Quando eu falo que ninguém me engana, acho que esse meu povo não me leva a sério! A mim, ninguém engana!

CORTA PARA:

 

CENA 07. BAR DO BAIRRO. SALÃO. INT. DIA.

Bar vazio. Judith ali tomando uma cervejinha. Montanha entra.

MONTANHA      — E então, Judith? Está a par da nova quentinha do Recanto?

JUDITH               — O que? Que história é essa de quentinha?

Ele dá um folheto a ela.

MONTANHA      — Essa!

JUDITH               — Mas o que é que significa isso?

MONTANHA      — Quentinhas ué!

JUDITH               — Não é disso que eu tô falando, palerma! Você mais do que ninguém sabe que qualquer comércio que vá inaugurar aqui, tem que haver o meu consentimento!

MONTANHA      — Verdade! Eu tinha me esquecido! Mas pode deixar que eu vou falar com eles!

JUDITH               — Não! Deixa que eu faço questão de cuidar desse caso pessoalmente!

Ela sai do bar.

MONTANHA      — (P/si) Espero que eu não tenha atrapalhado o meu mano Eduardo!

Ele fica ali aflito.

CORTA PARA:

 

CENA 08. RUA DE TERRA. EXT. DIA.

Eduardo ali entregado panfletos.

EDUARDO          — Eu tenho certeza que vocês não vão se arrepender! É a melhor comida do Recanto!

Atenção Sonoplastia: Ouve-se risadas de mulheres. Eduardo olha e ver Vitor ali conversando com duas “novinhas”.

EDUARDO          — Mas que desgraçado!

Ele se aproxima determinado.

VITOR                 — Que que foi? Que cara é essa, Eduardo?

EDUARDO          — Cara de quem está ali trabalhando e você aí de putaria com essas meninas!

As meninas se sentem ofendidas.

VITOR                 — Que isso, cara? Pra que esse linguajado?

EDUARDO          — (Firme) Ainda tem a cara de pau de me perguntar… Eu ali trabalhando e você aí de putaria! Quer saber de uma coisa? (Joga os panfletos pro alto) Eu não aguento mais isso!

Ele vai caminhando e Vitor fica ali sem entender nada.

VITOR                 — Vocês entenderam a cena que acabou de acontecer aqui, meninas?

Elas meneiam a cabeça que não.

CORTA PARA:

 

CENA 09. CASA DO ABSURDO. FRENTE. EXT. DIA.

Marta ali a observar. Judith vem e entra na casa.

MARTA              — (P/si, intrigada) Mas o que essa mulher foi fazer ali? Eu nunca vi mais gorda!

CORTA PARA:

 

CENA 10. CASA DO ABSURDO. COZINHA. INT. DIA.

Sérgio ali sentado olhando a mulherada trabalhar.

DAFNE               — Desculpa não te dar atenção, pai!

SÉRGIO              — Se preocupa não, filha. Eu só vim mesmo pegar o meu cartão. Não quero atrapalhar em nada.

Judith vem da sala.

JUDITH               — Ora, ora, ora… Olha só o que nós temos aqui!

DAFNE               — Como é que a senhora entra na casa dos outros desse jeito?

JUDITH               — Eu acho que você não entendeu ainda! Eu sou a manda chuva desse bairro. Eu entro a hora que eu quiser e quando eu quiser em qualquer lugar!

SÉRGIO              — Quem é essa mulher, filha?

DAFNE               — Essa é a tirana aqui do bairro, pai!

Judith a encara seriamente por um instante.

JUDITH               — Vocês não podem vender comida nesse bairro.

THAÍS                 — Mas por que não?

LAÍS                    — É! Tem um monte de lugar que vende, porque só a gente não pode?

JUDITH               — Porque vocês não pediram a permissão da Judith, a suprema!

DAFNE               — Ainda tem isso aqui, é?

JUDITH               — Tem!

Laís pega uma colher do bacalhau e pisa do pé de Judith. Ela grita e abre a boca, Laís enfia uma colherada de bacalhau na boca dela.

THAÍS                 — Você tá maluca, Laís? Por que você fez uma coisa dessas?

JUDITH               — Sua elefanta! Você quase esmaga o meu pé!

LAÍS                    — Olha o drama, dona Judith! Diz aí se não ficou show!

JUDITH               — Isso foi um golpe baixo, mas eu devo admitir que o tempero de vocês é o melhor que eu já provei aqui no Recanto.

As três reagem felizes.

DAFNE               — Isso quer dizer que a gente tem a permissão pra vender quentinhas?

JUDITH               — (Faz suspense) Tem!

Todos ficam ali comemorando. Laís abraça Judith que não entende nada.

CORTA PARA:

 

CENA 11. RECANTO. EXT. ANOITECER.

Takes do anoitecer no bairro.

CORTA PARA:

CENA 12. CASA DE SÉRGIO E MARTA. SALA. INT. NOITE.

Marta ali sentada. Anderson jogando no cel. Sérgio chega.

SÉRGIO              — Oi, meu amor!

MARTA              — (Fria) Olá, Sérgio!

ANDERSON       — Tava aonde, pai?

SÉRGIO              — Tava na rua resolvendo umas coisas com o Magno!

MARTA              — Nossa! E que coisa mais demorada foi essa? Você saiu daqui cedo, antes do almoço e só me volta agora?

SÉRGIO              — Desculpa, meu amor. É que o problema que eu fui resolver não é tão facilmente resolvido assim… Do nada!

MARTA              — Sérgio… Até quando você pretende mentir pra mim assim na cara de pau?

ANDERSON       —  Já vi que o bicho vai pegar! Saindo!

Ele vai para o quarto.

SÉRGIO              — Marta, eu não estou mais aguentando essa sua desconfiança!

MARTA              — (Firme) Quem não está mais aguentando sou eu! Você acha que eu sou idiota?? Eu sei muito bem que você tava lá na casa da Dafne. Por que você tem que esconder de mim que estava na casa da nossa filha? É isso que eu não consigo entender!

CORTA PARA:

 

CENA 13. CASA DO ABSURDO. SALA. INT. NOITE.

Todo o grupo ali.

DAFNE               — Não sei porque você e o Edu não estão bem… O meu bacalhau que tava na roda e nem por isso eu tô com raiva de alguém.

EDUARDO          — Vocês não me entendem, né? Eu carrego esse peso de fazer as coisas sozinho, desde a época da escola. Eu não aguento mais ter que carregar tudo nas minhas costas! Como um fardo!

LAÍS                    — Isso eu tenho que concordar com ele. O Vitor errou e feio de ficar com as “novinhas” enquanto só o Edu trabalhava.

THAÍS                 — Concordo, Laís! Mas esse daí sempre foi assim!

DAFNE               — Você errou mesmo, Vitor!

VITOR                 — Então vai ser assim, né? Todos estão contra mim!

THAÍS                 — Você tem que entender que errou e pronto e acabou!

VITOR                 — Tá! O que vocês querem que eu faça?

DAFNE               — Peça desculpas ao Edu!

VITOR                 — Tá! Desculpa, Eduardo! Prometo que da próxima vez, vou ser um parceiro melhor de trabalho!

EDUARDO          — Tudo bem!

LAÍS                    — Agora pra encerrar! Um abraço!

Eles meneiam a cabeça que não.

ELAS                   — Abraço, abraço, abraço!

Eles se abraçam e todos ficam ali felizes. Instantes.

CORTA PARA:

 

FIM DO NONO EPISÓDIO

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