ATENÇÃO!
O EPISÓDIO A SEGUIR CONTÉM CENAS E SITUAÇÕES QUE PODEM SER CONSIDERADAS EXTREMAMENTE PERTURBADORAS. NÃO ACONSELHÁVEL PARA PESSOAS MAIS SENSÍVEIS.
ATO DE ABERTURA
É noite, e vemos que Olivia foi até a igreja para rezar. Ela está ajoelhada em frente ao altar com roupas de dormir e em meio às suas orações, ela clama para que um milagre aconteça no Sta. Agatha.
— Por favor, Deus! Não permita que nada aconteça ao Sta. Agatha. Cuide de todos nós, pois precisamos da tua graça e da tua misericórdia. Sei que sou pecadora, mas preciso muito de tua ajuda.
Enquanto Olivia rezava, algo estranho e sobrenatural acontecia ali dentro, ela ainda está de olhos fechados, mas vemos que a igreja começou a ficar iluminada por algo amarelado e que dava para refletir no rosto de Olivia.
Ela percebe que tem algo iluminando demais o seu rosto e também um calor repentino começou ali. Olivia abre os olhos e se depara com a imagem de Jesus Cristo na parede do altar pegando fogo. Ela se levanta, fica completamente aterrorizada, fita a imagem e percebe que lágrimas de sangue estão saindo dos olhos daquela imagem enquanto pega fogo.
Olivia entra em desespero, percebe que toda a igreja começa a incendiar, ela não vê outra saída a não ser fugir daquele lugar imediatamente.
Ela abre as portas da igreja, vemos mais um pouco daquela imagem ali pegando fogo. Quando Olivia sai, já está de dia e ela está em um local que parece um campo. Ela está de camisola, e fica olhando para os lados tentando entender como ela foi parar ali.
Olívia olha mais a frente e vê uma cena um tanto singular. Sua mãe Laurie está juntamente com ela quando pequena ali no meio daquele campo.
— Não se preocupe, Olivia. O papai terá que fazer uma longa viagem.
Ao pronunciar isso, o pai de Olivia aparece no mesmo plano com uma mala na mão e resmungando:
— Eu espero que você sofra pelo resto da vida, Laurie.
O pai de Olivia passa por ela e em seguida desaparece. Quando Olivia olha pra frente de novo, ela já está dentro de sua antiga casa em Londres.
Ela está de pé no quarto de seus pais e os vê discutindo.
— O quê? Câncer? Como assim?
— Sim, já faz um tempinho. Os médicos disseram que eu ainda vou viver por muito tempo se eu fizer os tratamentos adequados.
— Quê? Acha que eu terei dinheiro pra pagar seus tratamentos? Todo o meu dinheiro está para comprar fraldas pra essa garotinha!
— Essa garotinha é a tua filha, Paul! Quer você queira ou não.
— Sim e essa foi a pior coisa que aconteceu! Você ficou doente por causa dessa pirralha! Nunca deveríamos ter tido ela. Nunca!
Olívia vendo aquela cena, fica completamente estarrecida. Ela pisca os olhos e de repente está na cozinha vendo sua mãe na pia chorando.
— Por que, meu Deus? Será que tenho tido tão pouca fé assim? Seria algum castigo que eu esteja pagando? Por que o Paul ficou assim? Por que ele rejeita a própria filha?
Ouve-se um choro de neném.
— Ai, nossa! Olivia, meu amor! Eu já estou indo!
Olivia continua ali na cozinha sem reação, ela põe as mãos na cabeça, fecha os olhos e quando abre, está em seu antigo quarto.
Ali está um berço e a pequena Olivia está ali dentro, ela deveria ter por volta dos dois anos de idade. A Olivia atual se aproxima e fica sem acreditar no que está vendo.
Ela tenta se aproximar do berço e seu pai entra no quarto jogando a gravata no chão e claramente furioso.
— Ahhhhhhhh!! Maldição! MALDIÇÃO! POR QUE TUDO DÁ ERRADO NA MINHA VIDA? POR QUÊ?
Olívia fica observando no canto do quarto. Ela vê a fúria e o ódio que está escancarado em seu pai.
Ele está chorando de ódio no canto da cama, até que ouve o chorinho da pequena Olívia. Ele se levanta, se aproxima do berço e encara a garotinha dizendo:
— Isso tudo é culpa sua!
A Olívia adulta fica completamente em choque.
— Tudo isso tá acontecendo porque você veio ao mundo, Olivia. Maldita hora que você nasceu, maldita hora que você apareceu na minha vida e na da tua mãe! Não é a tua mãe que tem câncer… Você é o próprio câncer nessa família, sua criança estúpida! Se eu pudesse, se eu pudesse… Eu poderia acabar contigo agora mesmo com minhas próprias mãos… Sim! Por que não? Você é a culpada por tudo o que tá acontecendo. VOCÊ É A CULPADA!!!
A Olívia adulta se posiciona atrás do berço segurando-o.
— NÃO, PAPAI! EU NÃO TENHO CULPA DE NADA! DE NADA!
Ele obviamente não a vê e nem a escuta, mas continua a proliferar seu ódio diante da garotinha. Ele estira suas mãos para ela com o olhar transtornado.
— Eu vou me livrar do câncer dessa casa, vou me livrar de você, Olivia.
A Olivia adulta segura firme e grita:
— NÃO!!!!
Olivia arrasta o berço para trás e Paul cai no chão ao vê-lo se mexendo “sozinho”.
— AH! O QUE É ISSO? O QUE É ISSO? UM FANTASMA! UM FANTASMA!
A pequena Olivia começa a chorar, Laurie entra no quarto desesperada, ela vê Paul no chão transtornado, pega Olivia no colo e se assusta com toda a situação.
— O QUE VOCÊ PENSA QUE TÁ FAZENDO COM A CRIANÇA, SEU DESGRAÇADO?
— ESSA… ESSA PIRRALHA É O PRÓPRIO DEMÔNIO! SOLTE ELA AGORA MESMO! ELA É A FILHA DO DIABO!
— NÃO ENCOSTE UM DEDO NA MINHA FILHA!
Laurie sai dali correndo com Olivia nos braços. Paul começa a se debater no chão com muita raiva e quebrando tudo o que vê pela frente. A Olivia adulta, completamente estarrecida diante da verdade, chora e pronuncia algumas palavras.
— VOCÊ NUNCA QUIS TER A MIM, PAPAI! VOCÊ É O PRÓPRIO DEMÔNIO DESTA CASA!
Para a nossa surpresa, Paul ouve o que Olivia disse e olha em direção à ela no canto do quarto.
— EU ESTAVA CERTO! UM FANTASMA! UM FANTASMA! AAAAAAAAHHHHHH!!!
Paul sai correndo desesperado. Olivia percebe que ele a viu e decide segui-lo.
Do lado de fora, Paul está correndo até chegar perto de uma baía.
— AFASTE-SE DE MIM, DEMÔNIO!
— PAPAI, VOLTA AQUI! PAPAI!
Paul chega aos rochedos, as ondas do mar estão altas. Ele não tem saída.
— Eu não sou nenhum fantasma! Eu sou a tua filha!
— Não, não! FIQUE LONGE DE MIM! FIQUE LONGE DE MIM!
Mais atrás, Laurie vê Paul na beira da rocha de longe e corre até ele.
— PAUL! PAUL! O QUE TÁ FAZENDO?
Paul olha para Olivia transtornado.
— Você nunca vai ser minha filha! Eu entrego a minha alma ao diabo para que você sofra pelo resto da tua vida.
Paul faz um sinal com as mãos em sinal de sacrifício e se joga no mar.
— NÃAAAAAAAAAO!!! PAPAI!
— PAUL! PAUL! NÃAO!!
Naquele dia, a verdade assolou o coração de Olivia. Ela se ajoelha no chão e coloca as mãos no rosto e no cabelo como se quisesse arrancá-los fora.
— AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!
Neste momento, Olivia acorda em uma cadeira no pátio do Sta. Agatha, ela acabara de ter um pesadelo terrível, mas aquilo não se parecia nada com um pesadelo. Talvez seja um aviso do que ainda está por vir. Talvez seja a verdade por trás de tudo o que está acontecendo.
A verdade que ainda está para ser revelada.
A verdade do mal que habita em todos nós.
OPENING:
EPISÓDIO 5:
O MAL QUE HABITA EM MIM
ATO I
Os bispos estão saindo do porão completamente insatisfeitos por acharem que foram enganados, o padre Albert tenta aconselhá-los enquanto a madre Mary Hellen e o padre Henry tiram a irmã Mônica daquele cativeiro.
— Bispos, esperem! Está havendo um engano aqui.
Gabriel, rígido, responde:
— É claro que está havendo um engano, padre Albert. Pediu para que viéssemos de longe até aqui para testemunharmos uma brincadeira de mal gosto alegando ser possessão demoníaca, mas não é nada do que eu vejo aqui. Receio ter que avisar aos seus superiores, padre Albert, que é melhor já ir preparando para ser destituído de sua função nessa paróquia, não podemos permitir que esse lugar seja regido por líderes que vivem a base de mentiras.
— O quê? Não pode estar falando sério.
— O mesmo eu digo para a madre superiora deste local, todos vocês serão advertidos e creio que nem o padre Albert e nem a madre Mary Hellen poderão continuar administrando este instituto. Agora se nos permitem, o bispo Michelangelo e eu temos coisas mais importantes para tratar.
Os bispos se retiram do Sta. Agatha desprezando a verdade que estava diante de seus olhos, o padre Albert fica profundamente chateado. O padre Henry, ajudando a irmã Mônica a andar, questiona:
— Está bem mesmo, irmã?
— Eu fiz alguma coisa errada? Eles pareciam bravos.
— Você não fez nada, irmã Mônica, é apenas mais uma vítima nessa história.
Enquanto isso, no quarto da irmã Irene, Ruth continua impressionada diante do que descobriu.
— Estávamos esse tempo todo apavorados com o que está acontecendo aqui, como a senhora…? Por isso a senhora não estava aqui ontem à noite.
— O que você vai fazer, irmã Ruth? Vai me denunciar? Pois bem, faça isso. Mas tem que ser agora, antes que eu me arrependa.
— Como podes dizer isso com tanta tranquilidade? Depois de tudo o que passamos?
— Eu já não me importo com mais nada, estou há mais de 40 anos nesse lugar. E posso dizer que a única coisa que eu me arrependo: Foi não ter mostrado tudo isso pra vocês antes. Agora vá e avise ao padre Albert e a madre superiora, avise-os que estarei aqui esperando. Não olhe pra trás, apenas faça isso.
Ruth ficou completamente intrigada com a frieza da irmã Irene. Ela não perde tempo e decide ir imediatamente até o padre e a madre superiora para dar-lhes o aviso.
Enquanto isso, Olivia está andando pelo corredor e se encontra com Sarah.
— Sarah?
— Sim?
— Por onde esteve esse tempo todo?
— Pode ter certeza que queria estar bem longe daqui, novata. Mas não, estive o tempo todo nessa pocilga, por quê?
— Não… Não ouviu o que aconteceu ontem à noite?
— Algo que eu precisasse saber?
— Não… Não pode ser possível, como que…?
— Ih, já vi que você tá piradona, hein? Vou dar uma volta no jardim e não me siga.
Olivia começa a perceber algo de muito estranho, como Sarah não percebeu nada do que ocorreu na noite passada?
Enquanto isso, os padres e a madre superiora estão juntamente com Mônica no gabinete. Ruth sem ao menos bater na porta, entra.
— Madre! Madre…
— … Algum problema, irmã Ruth?
Ela não pode deixar de notar que a irmã Mônica está ali presente.
— Irmã… Mônica?
— Oi, irmã Ruth.
— É uma longa história, irmã Ruth. Mas prossiga, o que iria me dizer?
— Acho melhor vocês mesmos me acompanharem.
Passado alguns minutos, os padres e a madre superiora chegam aos aposentos da irmã Irene e se assustam com a quantidade de itens macabros que estão esparramados pelo seu quarto. Mary Hellen fica completamente perplexa com o que está vendo.
— Irmã Irene, como? Por quê?
— “Por quê?” Como tem a audácia de perguntar “Por quê?”. Eu passei os últimos 40 anos debaixo da tua sombra, sempre me esforcei pra ser a melhor freira deste lugar mesmo sendo impura… Mas você, Mary Hellen, você sempre estava há um passo na nossa frente. Então eu precisava agir, precisava de algo que chamasse a atenção de todos, eu quis me sentir útil, quis me sentir especial.
— Se sentir especial? Contatando com as trevas? Como podes pensar nisso?
— Ah, por Deus, Mary Hellen! Não seja tão burra! Eu nem preciso contatar as trevas, porque ela já habita no Sta. Agatha há muito tempo. Desde a morte da madre Cláudia, nossas vidas nesse lugar se transformaram em um inferno. Eu era apenas uma noviça tentando recomeçar minha vida e você atrapalhou tudo!
— Não! Eu não posso conceber isso! Éramos amigas, companheiras, desde que você chegou ao Sta. Agatha, eu tentei me aproximar de você e você só me humilhava.
Os padres e a irmã Ruth não falam uma só palavra, apenas observam a discussão entre as duas enquanto fitam aquelas fotos macabras no chão.
— Te humilhava? Você era quem me humilhava, você contou pra todo mundo que eu já estive grávida naquela época e desde então, ninguém mais me respeitava nesse lugar.
— Por Deus, irmã Irene! Isso foi há 40 anos!
— Sim! E assim como há 40 anos, eu posso dizer isso sem medo de errar, porque sei que não vou mais ficar nesse maldito lugar depois disso… Eu odeio você, Mary Hellen! Eu te odeio com todas as minhas forças! Eu amaldiçoou você, amaldiçoou a tua vida, amaldiçoou este lugar e tudo o que você tocar, vai se transformar em morte. Eu desejo do fundo do meu coração que a tua morte seja lenta e dolorosa, que não exista paz nos teus dias e que você agonize sentindo dores de parto, eu desejo o pior para a tua maldita vida e que Deus te castigue por tudo o que você roubou de mim.
Mary Hellen fica completamente devastada com as palavras de Irene e sente tontura até desmaiar. Os padres a tentam acudi-la juntamente com a irmã Ruth. O padre Albert olha pra ela e diz:
— Como podes fazer algo assim? Depois de tudo o que fizemos por ti, irmã Irene?
Irene não demonstra nenhum tipo de remorso com todas as palavras que disse. Os padres levam a madre dali e Irene continua no local esperando e, pelo visto, ela não tem a menor intenção de fugir de seu destino.
Eles avistam alguns enfermeiros e um deles pega uma cadeira de rodas para levá-la até a enfermaria. Enquanto isso, Olivia vê a madre sendo levada e fica com o coração aflito.
— Mas… O que aconteceu?
A irmã Cláudia aparece do lado dela.
— Tem alguma coisa errada, Olivia.
— O que foi?
— Os bispos do Vaticano foram embora, não acreditaram em nada do que ocorreu aqui.
— O quê? Mas eles não viram a irmã Mônica?
— A irmã Mônica está bem. Seja lá o que a possuiu ontem à noite, já não está mais nela. O padre Albert e a madre Mary Hellen foram vistos como mentirosos.
— Isso… Não pode ser possível.
— Mas… Tem outra coisa, Olivia. Eu sinto uma força diabólica muito forte pairando esse lugar e eu estou perdendo a conexão com tudo aqui, quase não consegui chegar até você.
— Como assim?
— Precisa tentar descobrir o que tá acontecendo, Olivia. Vai anoitecer daqui a pouco e… Não sei se vocês vão sobreviver mais uma noite neste lugar.
Enfermaria do Sta. Agatha.
É final da tarde e a madre superiora já está se recuperando do baque que levou mais cedo. A enfermeira Sônia está ali com ela.
— Se sente melhor, madre?
— Acho que sim. Fazia tempo que eu não passava tão mal assim.
— Mas o que aconteceu pra que ficasse desse jeito?
— É uma longa história, enfermeira Sônia!
Olivia chega à enfermaria e se aproxima.
— Madre superiora?
— Olivia… Enfermeira Sônia, poderia nos deixar a sós por uns minutos?
— Claro… Até logo e se cuide!
Sônia se retira para ir até os idosos, Olivia fica próxima à maca onde está Mary Hellen, ela já está se levantando aos poucos.
— A irmã Claudia disse o que aconteceu, que os bispos não acreditaram em vocês.
— Ela ainda está por aqui?
— Sim, mas… Ela não tá conseguindo entrar em contato porque alguma coisa a está bloqueando.
— Foi a irmã Irene, Olivia! A irmã Irene estava por trás de tudo.
— O quê?
— Meu coração está completamente partido, eu nunca imaginei que ela fosse capaz, ela confessou tudo e agora não sabemos o que fazer.
— Jesus Cristo! Então… A irmã Irene foi quem trouxe o mal para este lugar?
— Possivelmente sim.
— Mas… Tem algumas coisas que eu não entendo.
— O quê, por exemplo?
— Nem a enfermeira Sarah e nem a Irene acordaram ontem à noite. Encontrei com a Sarah hoje no corredor e ela disse que não viu nada. Como que só nós vimos tudo aquilo?
— Tem certeza disso, Olivia? A Sarah não poderia estar… Não sei, blefando?
— A Sarah é bem enérgica, mas ela não é de mentir. Estou preocupada com a senhora e com todos daqui. Vai nevar esta noite e… Bom, já sabem o que vão fazer com a irmã Irene?
— Creio que a esta altura do campeonato, o padre Albert já tomou uma decisão, seja lá o que for, estou disposta a apoiá-lo.
Em outra parte da enfermaria, irmã Ruth está conversando com Mônica.
— O quê? Eu fiz isso?
— Não se lembra de nada, irmã Mônica? Foi preciso pegar um sedativo para deter você ontem à noite.
— Não pode ser possível, eu me lembro de ter descido no porão, subi as escadas e… Alguma coisa, não sei, eu lembro de ter visto algo, mas não estou lembrada direito.
Um pouco mais tarde, Olivia está tomando chá no casebre de Aurélio e David.
— … E a madre superiora passou mal com tudo isso e foi parar na enfermaria.
Aurélio, indignado, comenta:
— Isso é um absurdo! Quase morremos ontem à noite, como esses bispos podem não acreditar no que aconteceu?
— Olivia, o que eles disseram?
— Eu não cheguei a vê-los, mas depois a madre superiora me contou que eles ficaram extremamente chateados ao ver que a irmã Mônica não estava mais possuída. Disseram que o padre Albert tentou enganá-los pra receber um crédito da Igreja católica.
— Que absurdo! Que tipo de servos de Deus são esses? Trabalho há mais de 20 anos no Sta. Agatha e o padre Albert sempre foi um homem íntegro, nunca iria viver de enganação.
— Eu não sei, mas… Estou preocupada. E não sabemos o que vai ser da irmã Irene, mas creio que ela não poderá mais continuar na instituição após tudo o que ela revelou.
David se aproxima da janela, abre uma pequena brecha na cortina e diz:
— Melhor o padre Albert tomar uma decisão logo. Começou a nevar, e não sabemos o que pode acontecer esta noite.
Gabinete pastoral, 19h.
O padre Albert se encontra sentado em sua mesa com as mãos nos olhos bastante pensativo, a madre Mary Hellen bate na porta e entra à espreita.
— Padre? Posso entrar?
— Madre superiora! Estava preocupado com a senhora, está melhor?
— Sim, acho que minha pressão abaixou muito com tudo o que ocorreu. Onde está o padre Henry?
— Foi até a cidade, mas vai voltar daqui a pouco, já arrumei o quarto de hóspedes pra ele passar a noite aqui, será uma noite fria e…
— … O que decidiu sobre a irmã Irene?
— Precisamos levá-la ao arcebispo hoje mesmo. Ele vai decidir que destino aplicar a ela, mas ela não pode mais continuar no Sta. Agatha. A senhora pode me acompanhar?
— Claro, padre. A decisão que o senhor tomar, irei respeitar.
Alguns minutos depois, o padre Albert e a madre Mary Hellen chegam aos aposentos da irmã Irene.
— Irmã Irene, arrume suas coisas e nos acompanhe. Vamos leva-la à cidade para o arcebispo.
— Não era mais fácil chamar a polícia?
— Se nem os bispos acreditaram no que aconteceu aqui, a polícia muito menos, e ninguém no século 21 é preso por colecionar fotografias post-mortem.
— Pois bem, já deixei minhas coisas separadas, podemos ir agora?
— É… Bom… Sim, claro.
A irmã Irene sai na frente de cabeça erguida, o padre Albert e a madre superiora a acompanham. Lá atrás, Olivia testemunha eles partindo e sente um aperto no peito.
Os três estão saindo e se encontram com a irmã Ruth.
— Ir… Irmã Irene?
— Adeus, irmã Ruth! Faça bom proveito deste lugar.
Os três continuam a andar até o pátio, até que Irene vira para eles e diz:
— Eu gostaria de pedir um favor… Queria poder rezar uma última vez na paróquia antes de partir.
O padre e a madre se entreolham.
— Ah por favor! Eu não pretendo fugir. Tenho esse direito, quero me confessar para Deus antes da minha partida.
A madre olha para o padre Albert e acena com a cabeça para que ele aceite o pedido.
— Tudo bem, irmã. Vamos até lá.
A noite está fria e nebulosa, Olivia está indo em direção ao seu quarto e se lembra das últimas coisas estranhas que testemunhou:
- Cláudia dizendo pra ela que existe uma força diabólica bloqueando seu contato.
- Ela encontrando Sarah no corredor dizendo que não viu nada.
- A madre superiora contando sobre o que a irmã Irene fez.
- David dizendo que não sabe o que vai acontecer com eles esta noite.
- A entidade sobrenatural dizendo à Olivia que o pior ainda está por vir.
Olivia está atordoada. Entra no seu quarto, fecha a porta, sua respiração está acelerada como se tivesse com crise de pânico, está andando de um lado para o outro totalmente atônita.
Enquanto isso, os três chegam até a paróquia e a irmã Irene fica diante do altar.
— Perdoe-me, pai. Pois eu pequei!
No quarto, Olivia coloca as mãos na cabeça e fica girando por aquele cômodo completamente atormentada.
— DEUS! EIS-ME AQUI! EU NÃO SEI QUAL O PRÓPÓSITO DO SENHOR ME TRAZER PARA ESTE LUGAR, MAS PRECISO QUE ME REVELE! ME MOSTRE O QUE TÊM DE ERRADO NESTE LUGAR, SENHOR! ABRA OS MEUS OLHOS! ME MOSTRE A VERDADE! ME MOSTRE!
Olivia para de frente ao espelho, sente um enorme feixe de luz saindo do objeto, coloca as mãos tampando os olhos e cai para trás. Mas enquanto caía, sentia que estava sendo “levada” para outro lugar, o seu espírito não estava mais no Sta. Agatha, mas foi levado para onde a verdade ficou escondida por tanto tempo.
Vaticano, 1970.
Em um monastério no Vaticano, vemos de costas uma menina correndo com um papel na mão bastante sorridente, ela passa pelas pessoas do local e todos param pra vê-la passar com um sorriso no rosto.
Essa garotinha chega até um quarto e bate na porta. Seu nome é Madeleine, tem 9 anos de idade, cabelos longos ondulados de cor um pouco caramelada. Ela entra no quarto com os olhos brilhando.
— Senhorita Emília, senhorita Emília!
— Madeleine! O que faz aqui a essa hora?
Emilia é uma jovem cuidadora de 22 anos que está a serviço do monastério desde que saiu de Roma.
— Veja! Eu fiz um desenho do papa!
Emilia pega o desenho e admirada, responde:
— Olha! Você será uma ótima desenhista, Madeleine! E quem sabe uma futura arquiteta!
— O que é isso?
— Deixa pra lá… Olha, eu não quero te dar notícias ruins, mas… Amanhã pela manhã, os representantes do asilo de Madalena na Irlanda vão vim te buscar.
— Já é amanhã? Ah não!
— Sei que o que você mais queria era ficar aqui conosco, mas infelizmente não temos a estrutura ideal para uma menina como você aqui.
— Mas eu queria ficar contigo, senhorita Emilia.
— Eu sei, Madeleine. Dói no meu coração saber que não posso fazer nada pra impedir, afinal foi decisão dos sacerdotes, então…
— Você podia me adotar! Assim você seria minha irmã mais velha.
— Eu adoraria muito fazer isso, Madeleine! Mas… Se você se comportar lá, prometo que quando as coisas se resolverem por aqui, eu volto pra te buscar e você vai morar comigo, e não será dentro de um monastério.
— Sério? Promete?
— Prometo!
— Tem que prometer com o dedinho.
— Vamos prometer com o dedinho.
Ambas apertam seus dedos mindinhos e sorriem uma para a outra.
— Bem, agora está na hora da senhorita estudar, jovenzinha. Precisamos mostrar pra aquele asilo que você é mais inteligente que todo mundo.
— Vamos!
As duas saem do quarto, mas tinha outra pessoa ali na janela do lado de dentro observando tudo, essa pessoa é a própria Olívia.
Horas mais tarde, Emilia está conversando com o bispo em relação à Madeleine.
— Bispo Galiel, tem certeza que não há uma forma da Madeleine ficar aqui conosco?
— Pela minha vontade, sabes bem que eu gostaria muito, Emilia. As pessoas daqui gostam muito dela e eu sei que ela é muito apegada à senhorita, mas infelizmente há regras que precisam ser estabelecidas. E o Asilo Madalena é um lugar ideal para pessoas que precisam de ajuda, principalmente órfãs como a Madeleine.
— Estarei rezando para que Madeleine cresça como uma menina de bem naquele lugar e espero que um dia apareça uma família bondosa que queira adotá-la.
— Também queremos muito isso, senhorita Emilia. Nossa Madeleine merece um futuro brilhante.
No dia seguinte, chegou o momento da jovem Madeleine se despedir de seus amigos do monastério, principalmente de Emilia.
— Promete que vai mesmo me buscar?
— Vou sim, Madeleine. Talvez não agora, mas vou te buscar no tempo certo.
— Obrigada!
Madeleine fica um pouco chorosa e Emília a abraça.
— Ei, não chore, seja forte! E me mande cartas, peça para que a madre superiora de lá ou qualquer um outro mande suas cartas que vou responder todas.
— Tá bom.
Um dos motoristas a chama.
— Já estamos de partida. Vamos?
— Vai lá, mocinha, e se comporte.
Madeleine entra no carro com uma mala pequena, na verdade era tudo o que ela tinha.
Asilo de Madalena, Dublin, Irlanda.
Passado algumas horas de viagem, finalmente Madeleine chega a um dos asilos de Madalena, dessa vez a filial de Dublin, na província de Leinster, mesmo local onde foi fundada a primeira sede em 1765.
Por fora, o local parece realmente agradável, principalmente pelo gramado que rodeia a instituição. O motorista leva Madeleine até a porta e lá são recebidos pela madre Lúcia e seu, digamos, escudeiro fiel, Daniel.
— Madre superiora! Vim trazer a garotinha do Vaticano que tanto falamos dela.
— Mas é de fato uma princesa! Como é o seu nome?
— Madeleine.
— Oh! Mais um pouquinho o seu nome seria parecido com o nosso instituto: Madalena. Querida, entre que vamos leva-la ao seu quarto. Muito obrigada, senhor! Depois discutimos o acerto.
— Disponha, madre. Com licença!
Madeleine entra na instituição um pouco tímida e segurando sua mala com as mãos para frente.
— Não precisa ficar acanhada, menina. Logo vai se acostumar. Daniel, podes levar a mala dela?
— Claro, madre.
— Vamos, querida! Vou te levar para o seu quarto.
A madre Lúcia não tinha uma idade tão avançada e deveria ter quase 50 anos, sua aparência ainda era um pouco jovial pra idade que tinha.
Enquanto caminha pelo corredor, Madeleine não pôde deixar de notar algumas das mulheres que estão ali, elas olham pra ela como se quisessem dizer alguma coisa, como se quisessem alertá-la.
Madeleine achou estranho, mas não ligou muito, pensou que talvez fosse pelo fato dela ser uma novata naquele lugar.
Enfim eles chegam ao quarto, Daniel deixa a mala dela em cima da cama. Madeleine entra no quarto um pouco tímida e percebe que o local está em condições o tanto precárias. Mesmo vivendo no monastério, ela nunca chegou a viver em péssimas condições. Foi aí que percebeu que aquele lugar era um pouco diferente do que imaginava.
— E então, querida. Gostou?
— Sim, sim, É… Obrigada! E… Onde fica o banheiro?
— Fica logo no fim do corredor, querida. É o banheiro mais próximo daqui de onde você fica, tem outros lá em cima, mas não creio que vai querer ir pra lá quando estiver muito apertada.
— Está bem.
— Bom, acomode-se que vamos te mostrar as instalações daqui a pouco.
Os asilos de Madalena não são bem como as pessoas imaginam, de fato é um local comandado por freiras assim como o próprio Sta. Agatha, mas em Madalena, as coisas eram muito mais cruéis do que se imaginava.
As mulheres eram obrigadas a trabalharem dia e noite. O local abrigava idosos, órfãos, prostitutas, mães solteiras, crianças e desabrigados. Mas todos tinham que pagar um preço, teriam que dar todo o seu suor para garantir sua permanência no local, do contrário, seriam levados para qualquer outro lugar.
Madre Lúcia está levando Madeleine para conhecer as instalações, elas passam pela lavanderia e Madeleine percebe que aquelas mulheres estão exaustas a ponto de desmaiarem.
— Como podes ver, aqui na lavanderia, nossas mulheres fazem o melhor trabalho possível para garantir que todos do asilo tenham suas roupas sempre limpas. Na outra sala, temos algumas que trabalham com costura e… Bom, aqui todo mundo trabalha pelo o que você pode perceber.
Enquanto passa pela sala de costura, Madeleine não pode deixar de olhar pela janela, duas mulheres do lado de fora cortando lenha, uma delas parecia estar a ponto de ter uma crise de choro e a outra pega em seu rosto repreendendo-a como se estivesse pedindo para ela se recompor. Madeleine podia ser apenas uma garotinha de 9 anos, mas ela era observadora o suficiente pra perceber quando algo está errado.
Elas continuam a andar e, curiosa, Madeleine pergunta:
— Onde estão as crianças?
— Ow, claro! Você já vai conhecê-las, mas já aviso que a maioria das crianças aqui são menores que você, temos poucas, mas elas estão sempre aqui. Inclusive vai poder ter aulas juntamente com elas.
— Eu adoraria!
— Tenho certeza que irá gostar, filha.
Mais tarde, Madre Lúcia apresenta Madeleine para duas crianças: Mickey e Lyla.
— Olá, crianças! Quero que conheça a nova coleguinha de vocês, ela se chama Madeleine.
Ambos cumprimentam em uníssono:
— Oi, Madeleine!
— Oi, gente!
A mãe de Mickey, uma senhora que trabalha na lavanderia, negra e usa um avental e pano no cabelo chega até eles e não pôde deixar de notar a presença de Madeleine.
— Madre, está tudo bem? Meu Mickey fez alguma coisa?
— Claro que não, Esther. Estou apresentando ao seu filho e à Lyla, a nossa nova hóspede, Madeleine.
— Madeleine. Que nome bonito! Quantos anos tem, Madeleine?
— 9 anos.
— Uau! 9 anos, mas já parece uma mocinha.
— Vou fazer 10 em Novembro.
— É uma menina muito linda!
Uma das freiras chega até a madre.
— Madre superiora! Pode me acompanhar um minuto?
— É claro. Senhora Esther, pode fazer companhia à Madeleine por um instantinho?
— Claro que sim.
— Eu já volto, querida.
Esther espera que a madre suma no corredor e depois abraça Madeleine e cochicha algo em seu ouvido sem que possamos ouvir. Madeleine arregala os olhos e fica sem saber como reagir.
Horas mais tarde, Madeleine se encontra no gabinete da madre superiora.
— Bem, Madeleine, creio que já conheceu o suficiente da nossa instituição e o quanto é importante que todos colaborem igualmente para preservarmos este lugar.
— Sim… O que eu posso ajudar?
— Bem… Como você ainda é uma criança, não posso colocá-la para fazer o trabalho pesado. Isso seria um escândalo para o instituto e também poderiam me acusar de executar trabalho infantil, isso não seria nada prudente. Mas… Tenho um trabalho pra você, um que você não vai precisar se sujar ou coisas do tipo, mas que talvez exija um pouco de… Coragem.
— Coragem? Eu sou corajosa.
— Bem, então já tem o principal requisito para este trabalho. Te avisarei quando tivermos algum cliente que necessite dos nossos serviços e vou te chamar para te mostrar como é.
— Legal, pode ser.
— Bem, você já pode ir. Muito cuidado pra não se perder, ok?
— Tá bom.
Madeleine está a ponto de sair pela porta, mas lembra-se de algo e vira novamente para falar com a madre.
— Madre superiora!
— Sim?
— Eu gostaria de pedir um favor.
— Diga, querida.
— Se alguém poderia enviar uma carta minha para a senhorita Emilia amanhã. Eu prometi a ela que iria mandar uma carta pra avisar que eu cheguei bem.
— Mas é claro que pode, querida. Amanhã me entregue a carta que eu peço ao Daniel ou ao Adolph, nosso porteiro, para enviar a carta.
— Muito obrigada, madre!
Já é noite, Madeleine está na pequena escrivaninha de seu quarto escrevendo uma carta:
“Querida senhorita Emilia, já cheguei no asilo de Madalena. Eu gostei daqui, mas tem umas pessoas bem estranhas. Mas vou estudar com outras crianças e vou ajudar a madre superiora em seu trabalho.
Estou com saudades, com amor… Madeleine”.
Madeleine dobra a carta e a coloca dentro da gaveta, ela pega o lençol que foi deixado pra ela ali e se cobre deitando na cama. Enquanto tenta dormir virando para um lado e para o outro, vemos de pé observando ela dormir, Olivia, que até o momento não sabe o que está acontecendo e por que está neste lugar vendo todas essas coisas.
— Meu Deus… O que é isso tudo?
Amanhece o dia, Madeleine vai toda sorridente até a madre superiora entregar-lhe a carta.
— Madre! Aqui está a carta para a senhorita Emília.
— Ah, claro, querida! Adolph vai até o condado esta tarde e peço para ele levar.
— Obrigada!
— Ah! Hoje você terá aula. Vou pedir para que uma das irmãs te levem na sala e estarei lecionando vocês.
— Tudo bem.
Mais tarde, cerca de 10 crianças, entre 6 a 9 anos, estão na sala de aula do instituto. A madre Lúcia está escrevendo na lousa e tentando explicar a lição. Mickey começa a fazer aviões de papel e jogar nos colegas, eles começam a sorrir e Mickey tenta disfarçar a travessura. Madeleine mesmo sendo um pouco mais velha, sentiu vontade de rir do ocorrido, foi aí que a madre para de escrever e olha para Mickey, que imediatamente para de sorrir.
— Ora, ora… Mickey? Pode vim aqui a frente um minuto?
Mickey olha para um lado e para o outro, olha para os colegas que agora não parecem mais estarem rindo da situação.
— Não, não precisa, madre, eu… Eu não faço mais.
— Por favor, querido. Venha!
Mickey se levanta da cadeira um pouco temeroso, a madre pega algum objeto e o esconde nas costas. Mickey vai andando pra frente, os outros colegas olham para ele demonstrando estarem com medo. Madeleine tenta entender o que está acontecendo. Mickey fica frente a frente com a madre superiora.
— Mickey, Mickey… Sabe bem o que acontece com quem desrespeita as regras, não é?
— Eu… Eu…
— Estenda a palma da mão.
— N-não, madre, eu já pedi desculpas.
— ESTENDA… A PALMA… DA MÃO.
Todas as crianças ficam estagnadas olhando para eles esperando com que Mickey faça alguma coisa. Ele estira a sua mão com a palma pra cima. A madre Lúcia começa a acariciar suas pequenas mãos.
— Pobre menino! Tão bonito e… TÃO DESOBEDIENTE!
Madre Lúcia pega uma palmatória e acerta na mão do garoto com toda a força.
— AAAAAAAAHHHHHHHHHHHHiii!!!
As outras crianças ficam completamente assustadas. Madeleine arregala os olhos e fica imóvel.
— VAI CONTINUAR A ME DESOBEDECER?
— PARA, POR FAVOR! PARA!
— EU VOU TE ENSINAR A RESPEITAR ESSE INSTITUTO, SEU MOLEQUE!
Ela bate mais vezes e com muito mais força, Mickey dá gritos agudos e desesperados.
— POR FAVOR, MADRE! PARA! PARA! ME SOLTA! ME SOLTA!
Vendo que o garoto está reagindo, a madre Lúcia usa a mesma palmatória e bate no rosto do garoto fazendo-o cair no chão. Madeleine pensa em se levantar da cadeira, pensa tentar ajudar, mas fica completamente imóvel.
Foi neste momento que ela tem a lembrança do que Esther cochichou em seu ouvido:
“Fuja daqui, menina! Esse lugar é o verdadeiro inferno!”
A madre Lúcia pega no rosto de Mickey que está caído ao chão.
— Tem sorte de ter nascido branco como o seu pai, pois se fosse da pele daquela tua mãe, as coisas seriam muito piores para você, garoto. Agora saia e está de castigo pelo resto do dia sem poder ir para o pátio e ai de ti se me desobedecer!
Mickey se levanta e sai correndo da sala de aula. Madre Lúcia se recompõe, coloca um sorriso amarelo no rosto e diz:
— Então, crianças. Onde paramos?
Naquele momento, Madeleine descobriu que não está no lugar que sempre sonhou.
Horas mais tarde…
Madeleine se encontra em seu quarto e está escrevendo uma carta, alguém bate na porta e ela esconde a carta imediatamente.
— Quem é?
A porta se abre e quem entra é a pequena Lyla, com sua franja e madeixas douradas.
— Oi!
— Ah! Você é a Lyla, não é?
— Sim, eu… Eu vim ver você.
— Eu?
— Sim… Sei que você ficou assustada hoje na sala de aula, mas só vim dizer pra você que tá tudo bem, a madre superiora não queria ter feito aquilo.
— Quantos anos você tem, Lyla?
— Tenho 7.
— Eu posso ser só dois anos mais velha que você, mas… Aquilo não é normal, ninguém pode bater assim nas pessoas.
— Eu sei, eu sei, mas… Esse é o nosso lar, se não fizermos tudo o que mandam, podem nos expulsar daqui.
— Eu… Eu ainda não sei o motivo de me trazerem pra este lugar… Mas nem você e nem o pobre Mickey merecem tudo isso. Mas eu não posso fazer nada, sou apenas uma menina órfã.
— Se você se sentir sozinha, pode vim brincar com a gente. Vamos adorar!
— Muito obrigada, Lyla!
Neste momento, uma das irmãs chega ao quarto de Madeleine.
— Madeleine? (Olhando para Lyla). Ow, Lyla, o que faz aqui?
— Eu… Eu vim dar um “oi” para a Madeleine.
— Ok, já deu, agora volte para o seu quarto.
— Tá bom. Tchau, Madeleine!
— Tchau, Lyla!
— Madeleine, a madre superiora quer vê-la em seu gabinete.
— Eu? Mas… Eu não fiz nada.
— Se não fez nada, então não tem o que temer, vamos!
Madeleine é levada ao gabinete da madre Lúcia. Claramente, a garotinha já não está mais com aquele ânimo de antes e começa a desconfiar de tudo.
— Madre?
— Ow, jovem Madeleine. Entre, por favor!
Madeleine entra no gabinete um pouco tímida e hesita se aproximar da mesa, afinal de contas, ela acabou de testemunhar a madre superiora quase espancando um garotinho.
— Pedi para te chamar porque tenho boas notícias, querida. Conseguimos uns clientes num condado aqui perto. Para aquele trabalho que eu te falei, lembra?
— Ah, legal!
— Sairemos amanhã pela manhã, então não durma muito tarde hoje.
— Tá bom, madre.
— Já pode ir se quiser.
— Tá bom, eu já vou.
Madeleine sai da sala, mas fica completamente intrigada com o cinismo da madre Lúcia, como pode agir tão naturalmente mediante a crueldade que fez com o pobre Mickey?
Ela pode ainda não entender tudo o que está acontecendo, mas sente que literalmente aquele lugar não lhe pertence.
Quarto de Madeleine, Noite.
Já é por volta da meia-noite e Madeleine está na sua cama fria e desconfortável, embrulhada naquele lençol fino e, que em nada aquecia suas noites. Ela vira para um lado e ouve barulhos estranhos como sussurros, cochichos e até mesmo alguns gemidos de dor.
A garotinha não aguentou ficar muito tempo na cama ouvindo aqueles barulhos estranhos e achou por bem se levantar. Vai andando até a porta e a abre lentamente para espiar pelo corredor.
Ela sai do quarto e vai se espreitando pela parede. Percebe que há uma porta no final que leva a uma escadaria para o andar de baixo, possivelmente uma espécie de porão.
Madeleine se aproxima, vê que a porta está semiaberta, ela entra e começa a descer os degraus da escada lentamente e ouve ainda mais forte os gritos das pessoas que estão lá embaixo. Ela vê um padre, algumas freiras e a madre Lúcia no local.
Lá dentro também há uma cama e parece que alguém está deitada nela. Madeleine se agacha na ponta da escada e desce mais alguns degraus com bastante cautela para não ser vista.
Ao conseguir descer mais um pouco e ter uma visão “privilegiada” do que estava ocorrendo, ela vê uma mulher na cama com o cabelo desgrenhado e parecia estar transtornada. O padre lhe faz uma pergunta:
— Vou lhe perguntar só mais uma vez: Quem te enviou aqui?
A mulher só fica rosnando e não responde nada, então o padre joga água benta nela e ela começa a rugir mudando sua expressão facial para uma expressão diabólica. Madeleine vê aquilo e seus olhos ficam grandes como pratos, tapa a boca com a mão para não gritar. As freiras se dão as mãos e começam a fazer orações, o padre mostra a sua cruz e a mulher começa a se retorcer na cama como se estivesse tendo convulsões.
Após se retorcer várias vezes na cama, a mulher fica sentada por uns segundos e em seguida vira o rosto olhando diretamente para Madeleine.
A garotinha percebe que pode está em perigo e sobe as escadas imediatamente, avança pelo corredor e entra no seu quarto fechando a porta. Ela vai para o pé da cama e começa a rezar.
— Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco,
bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte.
Ela repetia aquela oração por diversas vezes. Perto da janela e testemunhando tudo, está Olívia com as mãos na boca e totalmente perplexa com tudo o que está acontecendo. Que tipo de lugar é esse que Madeleine foi parar?
Amanhece o dia. Madeleine acorda um pouco atordoada e rapidamente uma das mulheres trabalhadoras chega para acordá-la.
— Menina! Já está de pé? Vista-se! Vai sair com a madre superiora.
Alguns minutos mais tarde, Madeleine e a madre Lúcia entram dentro de um coche. O condutor delas, Adolph, as estava esperando. Ele é um pouco alto, possui um bigode enorme e usa um chapéu.
Talvez pelo primeiro nome, não iremos reconhecê-lo dessa forma, mas se dissermos o seu sobrenome, as coisas mudam. Seu sobrenome é Harris, Adolph Harris. Exatamente isso, o mesmo Mr. Harris que seria possuído no Sta. Agatha 30 anos mais tarde e, pelo visto, ele ainda tinha muito mais a nos mostrar do que imaginávamos.
Adolph conduz o coche e a jovem Madeleine fica olhando pela cortina, a paisagem verdejante. Ela sente saudades do lugar onde nunca deveria ter saído. Talvez seria melhor pra ela continuar órfã em um local onde é acolhida do que um ambiente completamente estranho e que não transmite a paz que ela gostaria.
Oeste de Dublin.
Cerca de meia hora se passou e eles chegam a uma casa num povoado. Adolph desce do cavalo e abre a porta do coche para que a madre Lúcia e Madeleine desçam.
Lá dentro da casa, vemos uma senhora que está chorando muito à beira do sofá. Ela ouve as batidas na porta, tenta se recompor e em seguida vai atender.
— Madre Lúcia, que bom que veio!
— Vimos o mais rápido possível, senhora Trudes. Esta é a Madeleine, minha assistente.
— Obrigada por virem, podem entrar. Ela está ali dentro.
— Obrigada.
Ao entrar na casa, vemos apenas a expressão assustada de Madeleine fitando algo que ainda não podemos ver. Adolph trouxe uma maleta com algumas coisas e entrega nas mãos da madre Lúcia. Madeleine não para de olhar para, seja lá o que for aquilo, nenhum minuto.
A madre Lúcia observa e sente um forte odor pela casa, algumas moscas começam a passar por ali incomodando elas com os seus zumbidos. Madre Lúcia pega um pano e cobre o nariz e a boca. Ela vira para a senhora Trudes e pergunta:
— Já faz quanto tempo?
— Duas semanas, madre.
— Duas semanas? Por que não nos contataram antes?
— Eu não sei, madre. Fiquei com medo, com receio, conversei com o Anthony, e só depois decidimos o que fazer. Por favor, madre! Me ajude!
— Não se preocupe, vamos ajudá-la. Mas acho melhor a senhora esperar lá fora que iremos fazer o nosso trabalho mais tranquilamente.
— Tudo bem, madre. Ow! Quanta dor, meu pai!
A senhora Trudes olha para o canto da sala e em seguida se retira fechando a porta. A madre Lúcia abre a maleta, tira uma máquina fotográfica de lá e alguns outros objetos.
— Madeleine, agora vou te mostrar como fazemos. Madeleine? Madeleine?
Madeleine está completamente impactada diante do que está vendo na sua frente. Trata-se de uma garotinha de mais ou menos a sua idade, em pé dentro de um caixão. A garotinha está com um vestido marrom e moedas nos seus olhos. A madre Lúcia chama Madeleine mais uma vez e ela finalmente se dá conta de si.
— MADELEINE?
— S-sim?
— Venha aqui, preste atenção. Já ouviu falar em fotografia post-mortem?
— O que é isso?
— Pois bem… Na era vitoriana, as pessoas, quando perdiam seus entes queridos, pediam para que tirassem fotografias deles para guardar de lembrança, era uma forma de abençoar a alma deles. Alguns também colocavam moedas nos olhos ou na boca, ouvi dizer que isso era uma oferta a um deus chamado Caronte, mas não acredito nisso! Acredito que essa é uma maneira de darmos ao defunto, uma travessia tranquila para o outro lado. Por isso que nós somos os poucos que continuam fazendo esse trabalho aqui na Irlanda, não se preocupe que é muito fácil e não tem que se preocupar com nada, afinal estará lidando com pessoas mortas, qual a dificuldade nisso?
Madeleine fica escutando atentamente e ao mesmo tempo impactada com a frieza de palavras e ações que vinham da madre Lúcia. Esta última se aproxima do corpo da garotinha, pega uma moeda e coloca dentro da boca dela. Em seguida, ela monta a máquina fotográfica. É daquelas que são bem antigas onde o fotógrafo necessita ficar debaixo de uma espécie de pano. Mesmo para aquela época, essa máquina já era ultrapassada, mas segundo o rito deles, era pra preservar a fotografia genuína do post-mortem da era vitoriana.
Quando a madre está quase ajeitando tudo na máquina, a senhora Trudes entra dentro da casa chorando muito e lamentando ao ver sua filha morta naquele estado.
— Minha garotinha, minha menina!
— Senhora Trudes, não é prudente a senhora ficar aqui dentro, ainda não terminamos.
— Eu não consigo, eu não consigo!
— Pois bem! Madeleine, vou deixar o resto com você, ficarei aqui fora dando suporte à senhora Trudes.
— Quê? Eu? Mas o que eu faço?
— Calma, a parte mais difícil eu já fiz, agora você vai ajeitar a postura dela pra tirar a foto. Está vendo aqui? Você vai mirar, olhar se ela está em um bom ângulo e em seguida apertar este botão aqui, não tem erro. Te espero lá fora, querida!
— Não, madre. Espera! Madre Lúcia!
Madre Lúcia ignorou o pedido de Madeleine e foi pra fora ficar auxiliando a senhora Trudes.
Agora Madeleine está sozinha com aquele cadáver, não sabe bem o que fazer e como reagir. Quando Madeleine vira para olhar para o caixão, vê que o mesmo está vazio e em seguida o cadáver da garotinha se encontra sentado em uma cadeira. Madeleine se assusta, mas ela olha mais à direita e vê um homem ali, é o pai da menina.
— Desculpa, só queria tirar ela dali pra fotografia ficar melhor… Eu… Eu vou sair, senão vou desabar!
O homem sai dali choroso pela porta da frente. Novamente a pequena Madeleine se encontra sozinha com uma garotinha de uns 7 anos morta na sua frente.
Ela vai até o cadáver e ajeita a postura da garota na cadeira. Em seguida, ela vai até a máquina, coloca aquele pano por debaixo da cabeça e enquanto está ajeitando o ângulo, ela ouve um sussurro chamando pelo seu nome.
— Madeleine… Madeleine! Me ajuda!
Madeleine tira o pano da cabeça, olha para o cadáver da garotinha. Não vê nada, depois coloca o pano na cabeça de novo para tirar a foto e mais uma vez, ouve alguém a chamar.
A jovem se afasta da máquina, vai em direção à garotinha e os sussurros ficam cada vez mais claros.
— Você quer ser liberta? Então me liberte, Madeleine! Me liberte e você será livre!
Madeleine se aproxima, começa a estirar o seu braço que notoriamente está tremendo de tanto medo, seus olhos estão a ponto de desabar de lágrimas. Suas mãos estão prestes a tocar naquela garotinha enquanto os sussurros aumentam como se a tivessem tragando para aquele cadáver.
— Só mais um pouco, querida. Você consegue, vamos!
Quando Madeleine está a centímetros de tocar na testa daquela garota morta, a cabeça da garotinha inclina para baixo abruptamente. Madeleine se assusta caindo para trás.
— AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!! AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHH!!
A madre Lúcia, Trudes e o seu marido entram dentro da casa. Madeleine está no chão tapando os olhos completamente amedrontada.
— Para! Por favor, para! Me tira daqui!
— Madeleine! Madeleine, o que está havendo?
— Me tira daqui, por favor!
— Mas o que foi, menina?
— Ela se mexeu! A garotinha morta se mexeu! Eu vi!
Os três olham para a garotinha novamente. Aparentemente continua da mesma maneira. Trudes e seu marido desabam de chorar e a primeira se ajoelha e diz:
— Será possível? Será possível que Deus poderia trazer a minha garotinha de volta? PAI! TRAGA-A DE VOLTA!
— Sim, meu senhor! Suplicamos que ressuscite a nossa filha!
Os dois começam a rezar em um vislumbre de dor e loucura, como se o cadáver da filha fosse um “deus” a ser idolatrado. Adolph chega até a porta.
— Madre superiora, está tudo bem?
— Sim, Adolph. Acho que já deu por hoje. Vamos!
Mais tarde, eles retornam ao asilo. Madeleine está claramente assustada e chateada e corre para o seu quarto. A madre Lúcia a segue.
— Madeleine! Madeleine, espera!
Madeleine entra no seu quarto e ainda está em prantos.
— Por que a senhora não acredita em mim? Ela se mexeu! Eu vi!
— Querida, talvez foi apenas impressão sua.
— Não, não foi impressão minha. Ela abaixou a cabeça quando eu cheguei perto dela, eu ouvi ela me chamando!
— Pare de devaneios, querida! A garota estava morta, por Deus!
— Não! A senhora disse que iríamos fazer um trabalho fácil e isso não tem nada de fácil.
— Está tirando apenas fotos de pessoas mortas, não está cometendo nenhum crime.
— Não! Eu não quero mais fazer isso!
— O que disse?
— Eu não quero mais fazer esse tipo de coisa! Eu quero voltar para o monastério! Para a senhorita Emília, não quero mais ficar nesse lugar!
Madre Lúcia acerta um tapa em cheio na pobre Madeleine, ela fica um tempo com a mão no rosto completamente impactada com a atitude da madre.
— Escuta aqui, garota… Enquanto você estiver dentro dessa instituição, você vai fazer o que eu mandar, ouviu bem? Sabe muito bem como tratamos crianças mal criadas aqui, ou você cumpre as regras ou haverá consequências, queridinha.
Madeleine fica completamente apavorada com tamanha crueldade.
— Agora fique aí no seu quarto refletindo no que fez, mas por hoje, ficará sem janta, para aprender a me obedecer.
A madre Lúcia se retira e Madeleine desaba de chorar, o calvário para aquela garotinha estava apenas começando.
ATO II
Mais tarde, Daniel e Adolph estão juntamente com a madre Lúcia conversando no gabinete.
— Essa garotinha novata vai nos trazer problemas, ela mal chegou aqui e já começou a questionar muitas coisas.
Daniel responde:
— Deve estar apenas em fase de adaptação, madre… Mas, acha que ela pode nos trazer problemas?
— Não sei, mas ela ficou bastante irritada com o nosso trabalho das fotografias.
— Veja pelo lado bom, esse trabalho não é realizado aqui dentro, então não vamos ficar preocupados se ela abrir a boca. E o Adolph sempre esconde as coisas também.
— Claro que não deixo que ninguém descubra as coisas do post-mortem, por isso que guardo bem o álbum de fotografias.
— O meu medo é essa maldita bastarda tentar abrir a boca quando algum dos nossos superiores nos fizer uma visita.
Daniel com um olhar malicioso diz:
— Bem… Se isso vier acontecer, sabe bem o que fazemos aqui com quem abre a boca, não é?
A madre Lúcia olha pra ele fixamente e não responde nada, claramente está preocupada com o que Madeleine pode fazer.
Já é noite, Madeleine está dormindo, lentamente o trinco da porta de seu quarto começa a girar. A porta é aberta lentamente e vemos uma mão masculina entrando, quando entra totalmente no quarto, vemos que se trata de Daniel.
Daniel encosta a porta levemente para que não se ouça nem mesmo a batida da porta. Em seguida ele se aproxima. Quando passa pelo quarto, vemos Olivia ali dentro temerosa e vendo tudo.
Daniel se aproxima da cama de Madeleine, começa a sussurrar bem baixinho.
— Nada mal, nada mal. Então é você que tá tirando o sono da madre, garotinha?
Madeleine não acorda, Daniel não parecia estar com intenções amigáveis. Ele estende a sua mão para tocar no cabelo da garotinha. Ao pé da cama, está Olivia, que sente que aquele homem pode fazer algum mal à menina. Então ela se impõe dizendo:
— Não se atreva!
O homem se detém, sente algo estranho e em seguida olha para trás, ele está olhando diretamente para Olivia. Ela se assusta, põe a mão no peito, talvez pensasse: “Será que ele me ouviu?”. Mas ele não poderia tê-la ouvido, afinal não era a própria Olivia que estava ali, apenas uma espécie de projeção astral dela. E também porque nos anos 70, Olivia sequer sonhava em nascer.
Daniel se aproxima da direção onde está Olivia, ela fica assustada, acha que o homem a viu ou ouviu. Então ele passa atravessando pelo corpo dela, o homem olha para os lados e pra todas as extremidades do quarto e não vê nada. Olivia percebeu só neste momento que a presença dela ali não era uma presença real.
Daniel, mais uma vez, tenta se aproximar da garotinha. Olivia, impetuosa, se posiciona do lado dela.
— Se encostar um dedo nessa garota, eu não respondo por mim!
Daniel se detém, foi como se ele tivesse sendo impedido de ir para frente. Mas como isso pode ser possível? Olivia estaria influenciando para que ele não avançasse? Mas Olivia não existia naquele tempo e espaço, então como?
Daniel continua parado e por mais que tentasse se aproximar, sentia que algo o estava impedindo. Olivia ainda com medo dele tentar avançar, começa a chamar pela garotinha.
— Madeleine, acorde! Madeleine, você precisa acordar, agora! Madeleine!
Olivia bate na beira da cama e grita:
— MADELEINE, ACORDE!
Madeleine acorda subitamente como se estivesse voltando de um pesadelo. Daniel não está mais ali, mas ela percebe que sua porta está semiaberta.
A garotinha se levanta e sem querer procurar saber o que aconteceu, apenas fecha a porta e volta para a cama. Cada dia que passa, as coisas começam a se complicar para ela.
Alguns dias se passam, Madeleine está do lado de fora e vê que estão entregando correspondências para um dos porteiros. Ela se aproxima dele.
— Oi! Poderia me dizer se tem carta pra mim?
— Claro, menina. Como é o seu nome mesmo?
— Madeleine.
— Ok, ok, deixa eu ver aqui… Hum… Desculpe, querida, não tem nenhuma carta com esse remetente. Estava esperando algo especial?
— Não, é que… É que… Eu só pensei que alguém poderia ter me mandado.
— Talvez ainda vai chegar, não se preocupe, menina. Vai dar tudo certo.
— Tá bom. Obrigada!
Naquele momento, Madeleine percebeu que tinha mais alguma coisa errada. Ela já havia enviado duas cartas para a senhorita Emília no Vaticano e até agora não recebeu nenhuma resposta, o que poderia ter dado errado? Será que Emília não quer mais saber nada dela?
Mais tarde, Madeleine se encontra no gabinete da madre superiora.
— Oi, Madeleine. Como você está?
— Eu tive um sonho estranho ontem. Sonhei que tinha uma mulher vestida de enfermeira no meu quarto.
— Bom, certeza foi apenas um sonho, querida, nada de mais… Bem, Madeleine, nós te demos uma semana para pensar melhor no que fez. Então… Está disposta a colaborar conosco?
Madeleine não responde, fica olhando para a madre Lúcia claramente irritada.
— O que foi? O gato comeu a tua língua?
Madeleine olha firme para a madre e diz:
— As cartas.
— O que disse?
— A senhora não enviou as minhas cartas.
— Ha!
A madre Lúcia sorri sarcasticamente, abre o gaveteiro, se levanta e mostra as cartas que Madeleine havia escrito.
— Está falando dessas cartas aqui?
— Sim, elas mesmas!
— Veja o que faço com suas malditas cartas.
A madre Lúcia rasga cada uma delas, Madeleine se levanta da poltrona indignada.
— NÃO! Por que tá fazendo isso? Como eu vou me comunicar com a Emilia?
— JÁ CHEGA, SUA BASTARDA!
Madre Lúcia segura no queixo de Madeleine com força.
— Escuta aqui… Não tem essa de Emilia, nem de cartas ou mais nada, sua vida no Vaticano acabou, mocinha.
— A senhora… A senhora é má. Como pode dizer que serve a Deus fazendo tanta maldade?
Madre Lúcia acerta um tapa em Madeleine.
— Repita isso novamente.
— A senhora é má!
— Ora, ora, ora… A garotinha tem coragem.
Madre Lúcia se aproxima da estante de seu gabinete, pega uma vela, acende e em seguida se aproxima de Madeleine.
— Veremos se consegue ser tão mal criada sentindo dor.
A madre Lúcia pega a vela e começa a fazer queimaduras no braço da garotinha.
— AAAAHhHHH! Para! Para, por favor!
— Vai continuar a me desobedecer? Vai continuar?
— Para, por favor! Para!
— Talvez eu devesse era queimar a tua língua para aprender a me respeitar, sua garota imbecil!
— Não, por favor, não faz isso!
A madre Lúcia abre a gaveta e pega uma faca pequena. Ela segura o queixo de Madeleine.
— Abre a boca!
— Não! Não!
— Vamos ver como você fica sem essa língua felina, sua garota estúpida!
— Por favor, madre! Não!
— Tem razão… Não seria prudente eu arrancar a língua de uma garotinha tão fofa como você, não é? Pois bem, para te punir por sua desobediência, ficará o dia todo carregando água nos baldes para encher a cisterna das lavandeiras, e você vai andar pelo beco e pegar a água do poço sozinha. Se pedir ajuda pra alguém, vai ser pior. E você só vai parar de carregar balde quando eu mandar, tá me ouvindo? Agora suma da minha frente!
Quando Madeleine está prestes a sair pela porta, a madre a chama novamente.
— Ah, Madeleine! Esqueci de um detalhe. Você precisa de um fator de motivação para facilitar seu trabalho.
Ela pega a mão da garota e faz um corte com sua faca.
— AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!!!
— Agora sim está completo! Vamos ver como você vai carregar os baldes com esse belo corte na mão.
Madeleine não diz nada, apenas chora de dor e muita amargura. Uma das freiras entram.
— Madre?
— Ow, irmã Adelaide! Por favor, leve a garotinha até o poço, mostre a ela como se faz.
— Claro, madre! Venha, mocinha.
Madeleine descobriu que estava dentro do próprio inferno.
Já tendo passado duas horas, Madeleine está completamente exausta de tanto andar de um lado para o outro carregando um balde com água e levando até a cisterna das lavandeiras. O corte em sua mão dificultava ainda mais o seu trajeto.
O sol já se pôs. Todos os trabalhadores já encerraram suas atividades, mas Madeleine continua a carregar aquele balde. A própria madre disse que ela só iria parar quando mandasse.
Chegando perto do beco ao lado, Madeleine está caminhando com o balde e quase desmaiando de exaustão, ela já está prestes a completar 10 anos de idade e é uma menina até crescida para a idade dela.
Dando mais alguns passos, Madeleine começa a sentir uma forte dor na barriga, a dor foi tão forte e aguda que ela deixou o balde cair no chão.
— Ai, ai, ai, ai. O que tá acontecendo? Aii!!
Em meio à sua dor, ela percebe algo úmido escorrendo por entre suas pernas, levanta seu vestido e percebe que é sangue. Madeleine acaba de ter sua primeira menstruação.
Mas a garota não sabe o que é isso e fica apavorada. Mais ali na frente, aparecem bêbados: Daniel, Adolph e um outro capataz chamado Paul (não é o mesmo Paul, pai de Olivia).
Os três se encontram tão bêbados que é possível sentir o odor de bebida deles há metros de distância. Cada um com uma garrafa de bebida na mão e o capataz com um capim na boca.
Adolph vê Madeleine ali parada naquele beco.
— Olha só quem tá aqui! A pequena e maravilhosa Madeleine.
— Senhor, por favor, me ajuda! Eu estou sangrando, acho que me machuquei em algum lugar.
— O quê? Como?
Daniel e Paul também se aproximam, o primeiro olha para o vestido e começa a gargalhar.
Madeleine fica sem entender o motivo da risada.
— O que foi?
Daniel responde:
— Vejam só, rapazes! A garotinha aqui acabou de ficar menstruada. Virou mocinha! Hahahahahahaha!
Os três homens ficam caçoando da pobre garota e ela fica sem fazer ideia do que poderia ser tamanha zombaria. Madeleine se esquiva dos homens para passar pelo beco, mas Daniel impede sua passagem.
— Ei, ei, calma aí, garotinha! Pra quê a pressa?
Adolph complementa:
— A gente só tá brincando, querida.
— Me deixem ir embora!
Paul ainda com o capim na boca, diz:
— Garotinha muito atrevida essa daí, vocês não acham não?
Daniel responde:
— É sim, bem atrevidinha pro meu gosto.
Daniel começa a farejar algo no ar.
— Estão sentindo esse cheiro, rapazes?
Ambos perguntam:
— De quê?
— Cheiro de… Virgem!
Os três homens voltam o olhar para Madeleine, a garotinha começa a ficar cada vez mais assustada. Os três ficam rodeando ela como se fosse uma presa, Daniel passa a mão nos cabelos dela e acaricia seu rosto.
— Já que virou mocinha, ela bem que podia já começar a aprender como a vida funciona, vocês não acham?
Adolph diz:
— Qual é, Daniel? A menina não deve ter nem 10 anos, você pode ser preso.
— Calado, não perguntei nada. Então, garotinha… Já rezou hoje?
— S-sim.
— Verdade? Pois agora eu vou te ensinar uma outra forma de rezar…. Ajoelha! O que tá esperando, menina? Ajoelha!
Madeleine já quase chorando, se ajoelha. Daniel se aproxima da garota com um olhar malicioso segurando seu queixo.
— A forma que você vai rezar hoje é diferente, menina. Vai receber uma ceia diferente do papai aqui.
Os outros homens entenderam a intenção de Daniel. Adolph apesar de não concordar muito, não faz nada para impedir.
Daniel começa a tirar o cinto da sua calça, abaixa o zíper e fica passando a mão na sua genital ainda dentro da calça.
— Hoje você vai provar do néctar dos deuses, princesinha.
Quando Daniel está prestes a colocar o seu órgão genital pra fora, Madeleine se levanta e acerta um chute na virilha dele.
— AAAAAAAAAAAAAHHHHHH!! PIRRALHA FILHA DA PUTA!
Madeleine se desvia e tenta correr.
— SOCORRO! SOCORRO!
— PEGUEM ESSA DESGRAÇADA!
Paul alcança a garotinha.
— Quem você pensa que é, hein?
Ele acerta um tapa no rosto de Madeleine, em seguida a puxa pelo cabelo e a arremessa contra o muro. Adolph se junta a Paul e começam a dar chutes na garota que se destroçava de dor.
— SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA!
— VOCÊS DOIS! SEGUREM ELA NO CHÃO!
Eles seguram Madeleine. Paul a segura pelos braços, enquanto Adolph a segura pelas pernas.
— Abre as pernas dela, Adolph! E segura pra essa desgraçada não me chutar de novo.
— Pode deixar.
— Eu não ia fazer nada contigo, sua imunda! Mas por ter me provocado dessa forma, vou penetrar em você e nem Jesus Cristo vai te ajudar.
— NÃAAAAO!! ME SOLTA! SOCORRO!
Daniel pega uma faca e corta o vestido de Madeleine até as cochas. Paul fica olhando e incentivando-o.
— Isso, Daniel! Mostra pra essa pirralha! Mete nela!
Daniel já com a genital pra fora e a ponto de violar a pobre garota, ouve-se os gritos da madre Lúcia.
— O QUE DIABOS VOCÊS ESTÃO FAZENDO?
Os três rapidamente soltam Madeleine e se levantam.
— Ma… Madre!
— Mas o que…?
Ela observa a situação de Madeleine no chão.
— O que pensam que estão fazendo, seus imundos? Queriam estuprar essa garota? O que deu em vocês?
A madre Lúcia bate forte no rosto de cada um deles. Daniel tentando se justificar, diz:
— Essa pirralha que começou, madre! Ela me provocou e eu queria dar um troco nela.
— E esse troco era a base de satisfazer sua testosterona, seu nojento asqueroso? Todos vocês! Com tantas mulheres donzelas por aí, querem satisfazer seus desejos carnais com uma menina de 9 anos? Imagine o escândalo que isso traria para a nossa instituição! Todos nós iríamos para o olho da rua, meu nome seria manchado e o nome de todos vocês também. Agora eu gostaria de pedir que recolham os seus pênis nojentos e saiam da minha frente agora!
Os três homens, envergonhados, se retiram dali. Madre Lúcia observa Madeleine no chão totalmente machucada. A princípio até pensamos que a madre salvou a vida da garotinha, mas ela só estava pensando na sua imagem.
— Por que você sempre tem que estragar tudo? Por quê?
Madre Lúcia segura Madeleine pelo braço e começa a arrastá-la para outro lado.
— Madre, por favor! Me solta!
Minutos depois, a madre Lúcia joga Madeleine dentro de uma espécie de calabouço frio e que só possui uma janela.
— Você vai ficar aqui a noite toda para aprender a nunca mais provocar escândalo no meu instituto.
— Eu fiz o que a senhora mandou, eles que tentaram me machucar, por favor!
— CALADA! Tem muita sorte de eu ainda ter um pingo de bom senso, garotinha. Do contrário, você estaria no chão jogada como uma boneca de pano após ser violentada por aqueles abutres. Agora fique aí e que Deus te ajude!
— Não, madre superiora! Não me deixa aqui! Por favor! Me tira daqui! Me tira daqui!
Madeleine se ajoelha, deita no chão, começa a se espernear e chorar, sente tanta dor que está a ponto de ter um colapso.
Ela se ajoelha ao pé daquela cama de concreto e começa a rezar.
— Deus!! Por que isso tá acontecendo comigo? Eu sempre fui uma menina boa! Eu sempre fui obediente, mesmo eu não tendo mais meus pais, nunca fiz mal a ninguém. Por que estão fazendo isso comigo? Por que, meu Deus? Por quê? Eu não aguento mais! Eu não aguento maaaais!!
Ao pé daquela cama dura, uma criança com o coração destroçado e cheia de feridas internas e externas. Acima, apenas a luz do luar pela janela. Do lado de dentro, perto da porta, uma Olivia que, com as mãos no rosto, não parava de chorar.
Cada lágrima que escorria do rosto de Madeleine, era como se fosse uma faca que descia atravessada na garganta de Olivia. Não se ouvia mais nenhum outro som naquele calabouço, apenas o choro, os soluços, a dor… E pela primeira vez em sua vida, Madeleine perdeu as esperanças. E a sua fé, que até então, era tão inabalável, começou a morrer.
ATO III (FINAL)
O dia amanhece, alguém entra no calabouço levando um prato de comida para Madeleine, mas ela sequer se levanta e continua inerte ao pé daquela cama.
Anoitece, alguém volta para levar água e comida para ela, mas percebe que ela sequer tocou na comida de mais cedo.
Era pra ter passado apenas uma noite, mas Madeleine passou mais um dia ali. Ela já não tinha mais forças para se movimentar. A fome já não a afetava mais e ali ela permaneceu como uma vegetal.
Nenhuma palavra saía mais de sua boca, seu olhar já não tinha mais nenhum brilho, aos poucos começou a morrer em vida.
Enquanto definhava naquele calabouço, tudo permanecia normal no asilo Madalena, as atividades não pararam e ninguém foi punido pelo o que aconteceu com a menina. Simplesmente “passaram pano”, como se nada tivesse acontecido.
Na sala de aula, a irmã Adelaide está lecionando as crianças.
— Muito bem e é isso. Alguém tem alguma dúvida?
As crianças não respondem, mas Mickey decide levantar a mão.
— Sim, Mickey?
— Onde está a nossa colega Madeleine? Já faz dois dias que ela não vem à aula.
As outras crianças começam a cochichar.
— É, verdade, cadê ela?
— Nossa, ela tá sumida.
— Será que tá doente?
A irmã Adelaide não tem uma resposta concreta naquele momento.
Mais tarde, Adelaide se dirige ao gabinete da Madre Lúcia.
— Madre superiora, desculpe a interrupção, sabe que eu nunca questiono em hipótese nenhuma as tuas decisões. Mas… Não acha que a aquela garotinha já ficou tempo demais no calabouço? Ela está ali há dois dias e não come e nem bebe, e o pior… As crianças hoje perguntaram por ela, se as crianças deram falta, significa que podem começar burburinhos por aí e isso pode chegar aos ouvidos de nossos superiores.
— Bem… Eu não havia pensado nisso. Essa garota está me dando muito trabalho, mas… Deixá-la muito tempo aprisionada pode gerar consequências para o nosso instituto. Muito bem, irmã Adelaide! Chame o carcereiro e alguns enfermeiros para irem com você, tirem a menina de lá e levem para tratamentos médicos.
— Ok, madre.
A porta do calabouço se abre, Madeleine está estirada no chão, os enfermeiros entram e tentam reanima-la. Ela está fraca, pálida, suja e não consegue nem se mexer.
Madeleine é levada para a enfermaria, os recursos ali eram muito precários naquela época, mas a madre proibiu de leva-la até um hospital, pois iriam perguntar como a garota foi espancada daquele jeito.
Então Madeleine passou cerca de uma semana recebendo tratamentos médicos. Havia dias que ela não abria os olhos pra nada, era como se realmente estivesse em um coma profundo.
Na segunda semana de leito, ela começa a melhorar. Sua pele está começando a ter coloração de volta e ela vai voltando a ter apetite de novo. Mesmo sendo aquela comida horrível que eles davam, ela começou a comer.
Em um determinado momento do dia, Madeleine está na maca e os garotos Mickey e Lyla conseguem entrar na enfermaria. Madeleine está levemente acordada e percebe os dois ali.
— O… O que fazem aqui?
Mickey está levando consigo um lindo girassol que tirou do campo, ele entrega à Madeleine e ela fica sem reação. Lyla se aproxima da maca, pede pra que Mickey a levante um pouco pra alcançar o travesseiro, então ela dá um beijo no rosto de Madeleine e diz:
— Você precisa ficar boa logo.
Madeleine fica com os olhos lacrimejando.
Mickey segura na mão dela que ainda está enfaixada e diz:
— Somos teus amigos. A gente nunca vai abandonar você.
Madeleine tenta pronunciar algumas palavras, tenta se conter, mas as lágrimas vieram e ela começa a chorar como se estivesse descarregando um peso enorme da sua alma.
Aquelas duas crianças tão puras e doces, não fizeram mais nada a não ser abraçarem a amiga e chorar com ela, mesmo eles não fazendo ideia do que Madeleine passou.
A pureza, o ódio e a dor andando lado a lado. Naquela enfermaria, o gesto puro e inocente daquelas crianças fez com que outros pacientes, principalmente idosos, que estavam ali, começassem a entoar a canção “Grandioso és Tu”. Um senhor começou e em seguida, todas aquelas pessoas doentes estavam ali cantando.
“Senhor, meu Deus, quando eu, maravilhado
Contemplo a Tua imensa criação
A terra e o mar e o céu todo estrelado
Me vêm falar da Tua perfeição.
Então minh’alma canta a Ti, Senhor
Grandioso és Tu! Grandioso és Tu!
Então minh’alma canta a Ti, Senhor
Grandioso és Tu! Grandioso és Tu!.”
De alguma forma, mesmo perante a tamanha dor. Madeleine despertou a fé naqueles pacientes, a ponto de tirarem forças de onde não tem para cantar. Mesmo que tenha sido turbulenta a sua passagem naquele lugar, ela deixou marcas e com certeza será lembrada pelas pessoas daquele instituto.
Dois dias depois, Madeleine já se encontra recuperada, ainda sente um pouco de dor nas suas costelas, devido aos chutes que recebeu daqueles monstros, mas já se sente bem melhor do que estava.
Está tendo aula, uma das irmãs está lecionando e Madeleine chega à porta e não diz nada. Mickey e Lyla são os primeiros a vê-la e descem das cadeiras para irem abraça-la.
— Madeleine! Madeleine!
As outras crianças mesmo não tendo tanto contato com Madeleine fazem a mesma coisa, ela era a mais velha daquelas crianças e elas viam nela uma espécie de irmã protetora. O coração de Madeleine estremece quando uma das meninas diz:
— Quando crescer, quero ser tão boa e ter tanta fé como você tem.
A irmã tenta dar um jeito de acabar com aquele momento das crianças.
— Já chega, crianças! A aula ainda não acabou.
Mickey se coloca na frente:
— Não! Ela é nossa amiga e a gente sentiu falta dela.
— Como se atreve? Vou chamar agora mesmo a madre superiora!
— Pode chamar.
A irmã se retira, as crianças começam a gargalhar, elas fazem uma roda colocando Madeleine no meio e começam a girar e cantar.
— A Madeleine é uma boa companheira! A Madeleine é uma boa companheira, a Madeleine é uma boa companheiraaaaa… Ninguém pode negar!
No gabinete da madre, a irmã bate na porta e em seguida entra já dando o recado.
— Com licença, madre. Temos um problema na sala de aula.
— Essa não.
Minutos depois, a madre superiora chega à sala de aula e vê as crianças fazendo toda aquela bagunça por causa de Madeleine.
— Ei, crianças! O que pensam que estão fazendo? Madeleine, venha aqui!
Madeleine para imediatamente de sorrir e quando dá um passo a frente para ir até a madre, Mickey se impõe.
— Ela só vai sair daqui quando a gente quiser.
— O quê? Acha que tá falando com quem, moleque?
Lyla também não dá o braço a torcer.
— É isso aí, ela só sai quando a gente quiser.
As outras crianças formam um escudo para que ninguém toque em Madeleine. A madre se irrita ainda mais.
— O que pensam que estão fazendo, seus fedelhos imundos? Se ela não vir comigo agora, eu não respondo por mim!
Madeleine desfaz o escudo.
— Tá tudo bem, gente. Não quero que vocês fiquem de castigo por minha causa, eu já volto.
Madeleine decide acompanhar a madre superiora. Elas chegam ao gabinete e a madre olha pra ela de baixo pra cima dizendo:
— Vejo que está melhor, não é?
Madeleine não responde.
— Aproveita que eu estou boazinha e hoje você vai poder descansar o resto do dia. Vai brincar, se divertir e amanhã vamos trabalhar, ok? Agora vai!
Madeleine vira para ir até a porta, ela se detém por alguns segundos, de repente coloca um sorriso no rosto, volta a se dirigir à madre com uma entonação até mesmo “alegre”.
— Madre superiora?
— Sim?
— Eu rezo e espero do fundo do meu coração que Deus perdoe a senhora… (Sua expressão muda para um semblante carregado de raiva) Porque eu nunca vou te perdoar!
A madre não diz nada, sente-se ameaçada. Madeleine se retira da sala, anda pelo corredor e pela primeira vez, vemos uma expressão de ódio vindo dela. Aquele lugar transformou essa menina tão doce em uma menina cheia de mágoas e rancor.
No dia seguinte, Madeleine acorda mais cedo do que deveria. Era por volta das 6 da manhã e quase ninguém havia se levantado. Ela sente vontade de ir ao banheiro, vira o corredor e entra.
Após urinar, Madeleine ouve uns barulhos estranhos vindo do outro lado do corredor. Enquanto dá alguns passos, alguém a está observando sem que possamos ver quem é.
Madeleine dá mais alguns passos e vê que a porta do quarto da madre superiora está semiaberta e ela tem certeza que ouviu algo. Ela coloca o rosto na brecha da porta e testemunha a bizarra cena da madre Lúcia e Adolph tendo relações sexuais na cama.
Madeleine fica intacta, precisa sair dali, mas a madre olha para a brecha da porta:
— DESGRAÇADA!!
Madeleine se assusta, cai no chão do corredor. Não há mais como segurar um segredo desses, se ela continuar ali, podem matá-la. Enquanto foge, ouve os gritos da madre.
— Depressa, Adolph! Chame o Daniel e vai atrás dela!
Madeleine está correndo por dentro do asilo, então quando passa por um corredor, alguém a puxa pelo braço abruptamente.
— Ahhhhhhhhh!!!
É a mãe de Mickey, Esther. Eles estão escondidos numa passagem da lavanderia.
— Calma, Madeleine! Sou eu!
— A madre, ela…
— … Sim, eu já sei das coisas sujas que a madre Lúcia faz, mas agora você precisa fugir daqui, menina. Você descobriu o pior segredo dela e dessa vez ela não vai deixar você viva. Escute! Tem um caminho por aquela porta que você vai sair pelo campo de centeio, depois das colinas você vai encontrar um povoado e peça ajuda lá! Mas não olhe pra trás.
— Tá… Tá bom.
Mickey abraça Madeleine.
— Vamos sentir sua falta, Madeleine. Eu vou avisar pra Lyla.
— Obrigada, gente!
Ela entra na passagem. Esther mais uma vez a adverte:
— Madeleine!
— Oi?
— Viva por todos nós!
— Obrigada, eu… Eu amo todos vocês!
— Agora vá, menina! FUJA!
Madeleine sai correndo por aquela passagem.
Dentro do quarto da madre, já se encontram Daniel e Adolph preparados. O primeiro pergunta:
— O que fazemos, madre?
Ela olha para eles por alguns segundos e diz…
— Matem a bastarda!
Adolph e Daniel começam a procurar Madeleine em todos os cantos daquele asilo, sem ter o pudor de estar atrapalhando a paz dos outros. Eles entram no quarto de Madeleine, reviram tudo e não a encontram.
Enquanto isso, a pobre garota já está correndo sozinha pelo campo de centeio. Pela janela de seu quarto, Adolph consegue avistá-la de longe.
— Ali está ela! Está fugindo! Vamos!
Os dois saem dali imediatamente e vão para a caçada contra Madeleine. A garota continua correndo e está devidamente cansada. Ela ouve os gritos dos dois homens.
— Ei! Volta aqui!
Madeleine olha pra trás, sente o perigo e tropeça caindo no chão.
Sua queda deu tempo de vantagem para os dois homens se aproximarem. Ela se levanta, continua correndo, mas sente que suas forças estão começando a acabar. Daniel mira a espingarda e acerta um tiro que passa de raspão pelo braço da menina.
— Aaaaaaaahhh!!
— Acertei! Acertei a bastarda!
Madeleine está morrendo de dor, tenta dar mais alguns passos, mas os dois homens acabam a alcançando. Adolph a puxa pelo cabelo e a empurra para o chão.
— Não, por favor! Não!
Daniel, com seu olhar perverso, diz:
— Tá lembrado de mim, sua putinha? Agora a madre superiora não pode te salvar.
Madeleine está ajoelhada naquele campo.
— Por favor, não façam isso!
Os dois apontam as suas espingardas.
— Bora, Adolph! Mata ela!
Adolph põe o dedo no gatilho.
— O que tá esperando? Mata logo essa filha da puta!
— Cala a boca, Daniel! Por que não mata você já que é tão machão assim?
— Tá com medo de atirar numa garotinha, mas não ficou com medo de foder com a madre superiora, né?
— Cala a boca, seu idiota!
Madeleine observa aquela discussão, ela olha pra trás e vê que mais alguns centímetros de distância, tem um enorme barranco. Se a morte era a única saída para ela naquele momento, melhor que seja de outra forma e não por aqueles abutres.
Os dois homens continuam a discutir a ponto de darem empurrões um no outro. Madeleine vai se arrastando pelo campo enquanto eles estão cegos discutindo um com o outro.
Ela chega na ponta daquele barranco, os dois continuam a discutir até que Adolph dá conta que ela não está mais perto deles e olha lá na frente.
— Ei! O que pensa que tá fazendo?
Madeleine olha para eles e em seguida se atira daquele barranco.
— Puta que o pariu! O que ela fez?
Os dois correm até a ponta do barranco e vê a pobre Madeleine estirada no chão.
— Caralho! Caralho, ela tá morta, Daniel!
— Cala a boca, otário! O que a gente vai fazer agora?
— Eu não sei!
— A gente não pode deixar o corpo dela exposto desse jeito.
— Como assim?
— A gente vai ter que enterrar ela, Adolph.
— Quê?
— Sim, vamos voltar e pegar uma pá cada um, a gente desce pela colina e cavamos um buraco pra enterrar ela.
E conforme foi dito, aconteceu. Adolph e Daniel desceram a colina com uma pá e cavaram um buraco ao lado de onde estava Madeleine aparentemente morta.
Ao terminar de cavar, eles pegam a garota e sem nenhum pudor, a jogam dentro daquele buraco. Eles começam a jogar terra dentro até que fique tudo bem tapado para que ninguém perceba o que fizeram.
Ao massagearem a terra, Adolph se apoia na pá, tira o seu chapéu e diz:
— Nossa! Deus nunca vai nos perdoar por isso.
— Deus sequer tá aqui agora, Adolph. Relaxa!
O que Adolph Harris não sabia era que 30 anos mais tarde, ele seria refém de uma força maligna em outro asilo também comandado por freiras. Como dizem, todos vão prestar contas pelos seus atos algum dia. Ele, Daniel e a madre Lúcia, eles terão o seu acerto de contas… Um dia.
É madrugada do dia seguinte e o sol está prestes a nascer, vemos aquele “túmulo” feito para a pobre Madeleine ali. Lá dentro, em meio à escuridão e terra, ela acorda.
— Ah! Ah! On… Onde?
Ela não vai sobreviver muito tempo ali dentro, não tem nenhuma passagem de ar e obviamente ela não vai conseguir sair dali por conta própria.
Então neste momento, ela ouve uma voz grossa e macabra sussurrar na sua mente.
— Olá, Madeleine!
Ela tenta responder, mas sabe que pode engolir ainda mais terra ali dentro.
— Não precisa abrir a boca pra falar, estou dentro da sua mente. Se comunique comigo.
— Quem… Quem é você?
— Quem eu sou? Hahahahahaha! Melhor dizer que eu sou a pessoa que vai te libertar desse cativeiro, queridinha.
— Você é um anjo?
— Eu não diria bem um anjo, mas se você me considera assim, posso ser o teu anjo da guarda.
— Por favor… Me ajuda!
— Claro, querida. Vou te ajudar a sair daqui, mas tem uma condição.
— Qual?
— Você precisa fazer um pacto comigo. Esse pacto vai garantir a tua sobrevivência, você conseguirá sair dessa cova com a força que eu vou entregar a você, mas após sair daqui, não vai mais se lembrar do que aconteceu e nem vai saber que um dia esteve no asilo de Madalena. Acredite, vai ser um favor que estarei fazendo a você, não vai mais se lembrar das dores e traumas que você teve nesse lugar. Você não quer voltar pra lá, não é? Um lugar onde te espancaram e quase te estupraram? Pobrezinha! Por isso que eu serei o seu salvador, Madeleine, deixe-me libertá-la, deixe que eu assume o controle de você.
— Se eu disser que sim, promete que nunca mais eu vou ser maltratada como fui aqui?
— É claro, minha doce jovem. Daqui pra frente você será uma jovem muito mais alegre do que foi, mas para que nosso pacto fique completo, haverá duas coisas: A primeira é que você não vai se lembrar desse pacto até chegar o momento da minha reivindicação. Em outras palavras, você terá uma vida normal e tranquila, poderá fazer o que quiser que eu não irei interferir. A segunda é que você não poderá mais utilizar este nome, vai precisar se tornar uma nova pessoa para que tudo ocorra como deve ocorrer.
— Mas… Que nome eu vou usar então?
— Bem, ao sair daqui, você vai andar alguns quilômetros até encontrar uma estrada lá na frente que deve te levar para um outro asilo. Quando você chegar no local, vai saber o nome que dirá para aquelas pessoas. Mas a Madeleine não poderá mais existir… Combinado?
— Tá bom… Eu aceito!
— O pacto está selado, menina! Foi bom fazer negócios com você. Agora como eu sempre cumpro o que prometo, te darei a tua tão sonhada liberdade, e suas memórias serão apagadas.
De repente tudo escurece, não vemos uma luz que seja, tudo fica no mais terrível e absoluto silêncio. Em seguida, vemos uma parte da terra daquela cova e dá pra perceber que o sol já nasceu.
Neste momento, vemos a mão de Madeleine saindo de dentro daquela cova, ela tira a outra mão e em seguida consegue colocar a sua cabeça pra fora dando um grito desgarrador.
— AAAAAAAAAAHHHHHHHH!!!!
Seja lá qual era a entidade sobrenatural que propôs esse pacto à ela, foi forte o suficiente pra que a garota tivesse uma força descomunal para sair de dentro de uma cova cheia de terra.
E como a própria entidade disse à ela, Madeleine seguiu sozinha caminhando pela estrada, horas se passaram e ela chega à uma outra estrada que levava para uma montanha.
Ela para no meio do caminho e um senhor está passando de carroça ali. Madeleine cai no chão e o senhor desce da carroça e vai acudi-la.
— Meu Deus! Menina! Você está bem? Você está bem?
Aquele senhor pega Madeleine no colo e a coloca dentro da carroça. Ele chega com ela até um lugar onde conhecemos muito bem… Sim! O asilo Sta. Agatha.
— Madre superiora! Madre! Encontrei uma garotinha vagando pela estrada sozinha, a pobrezinha parece está ferida.
E a madre superiora daquela época, já era a irmã Cláudia.
— Meu Deus, traga-a pra cá!
Incrivelmente, antes que o senhor fosse à carroça, Madeleine já havia descido e estava com um semblante diferente como se estivesse aliviada de algo.
— Meu Deus! Você… Você desmaiou na estrada, está bem?
— Estou bem, obrigada!
A madre Cláudia se aproxima dela.
— Como veio parar aqui, menina?
— Eu… Eu não lembro direito, estava em um campo de centeio e… Vim parar aqui.
— Que bom que o Tobias a encontrou, aqui vamos te ajudar.
— Muito obrigada, senhora madre! Muito obrigada mesmo!
— A propósito, menina… Qual é o teu nome?
— Ah sim, o meu nome é…
Naquele momento, Olivia está ali do lado e ouve Madeleine pronunciando o nome para eles. Ela coloca as duas mãos na boca e fica completamente impactada.
— Não, não pode ser! Não pode ser! NÃO PODE SER!
Neste momento, Olivia acorda no chão de seu quarto gritando muito.
— NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAOOOO!!! NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAOOOO!!!
Ela se levanta ofegante, desesperada e completamente atônita.
— EU SEI A VERDADE, EU JÁ SEI DE TODA A VERDADE!
Ela sai de seu quarto desesperada e corre para tentar impedir algo.
— ESTÃO COMETENDO UM ERRO! EU DESCOBRI TUDO! EU SEI O MAL QUE ESTÁ ESCONDIDO NESTE LUGAR! EU SEI DE TUDO!
EPISÓDIO FINAL:
PRÓXIMA TERÇA- 29 DE MARÇO
9 DA NOITE
Meu Deus do céu, o que foi esse episódio, eu tô estarrecido, em prantos e em agonia, como alguém pode sofrer tanto em apenas um episódio, eu tô em choque no nível de crueldade desse episódio. Eu não acho que estou preparando para o final de Rest Home, não acho que ninguém esteja; caraca, a revelação que ficou pro último episódio promete ser a mais bombástica, macabra e aterradora até aqui, eu tô todo arrepiado real. Melqui do céu, tu não tem dó da gente não. Eu tô passando mal.
Amigo, não se preocupe que depois do final, vamos todos nos unir pra pagar a terapia kkkkkkkkkkkkkkkkk.
Após esse episódio a terapia já tá agendada kkkk
A gente tem tudo que fazer uma vaquinha pra pagar nossa terapia, porque olha…
Cara cara cara que coisa mais pesada que acabei de ler,esse 5 cap nao foi so apavorante tanto em terror como acontecimentos e diálogos o cara ai vai e me joga um efeito borboleta 2 no meio da historia.
Que venha o último episódio
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk, esse foi pesado ao extremo, meu amigo. Ao extremo! Muito obrigado pelo comentário.
Meu Deus do céu, o que foi esse episódio, eu tô estarrecido, em prantos e em agonia, como alguém pode sofrer tanto em apenas um episódio, eu tô em choque no nível de crueldade desse episódio. Eu não acho que estou preparando para o final de Rest Home, não acho que ninguém esteja; caraca, a revelação que ficou pro último episódio promete ser a mais bombástica, macabra e aterradora até aqui, eu tô todo arrepiado real. Melqui do céu, tu não tem dó da gente não. Eu tô passando mal.
Amigo, não se preocupe que depois do final, vamos todos nos unir pra pagar a terapia kkkkkkkkkkkkkkkkk.
Após esse episódio a terapia já tá agendada kkkk
A gente tem tudo que fazer uma vaquinha pra pagar nossa terapia, porque olha…
Cara cara cara que coisa mais pesada que acabei de ler,esse 5 cap nao foi so apavorante tanto em terror como acontecimentos e diálogos o cara ai vai e me joga um efeito borboleta 2 no meio da historia.
Que venha o último episódio
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk, esse foi pesado ao extremo, meu amigo. Ao extremo! Muito obrigado pelo comentário.
Conta agora qual é o nome que ela deu!!!!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Ela é a mãe de…
Conta agora qual é o nome que ela deu!!!!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Ela é a mãe de…
Amigooooooo!!!!! Estou em choque com esse episódio quem diria que o início de tudo seria assim tão macabro e forte!!! Além dos horrores sobrenaturais pudemos ver os horrores da humanidade na maldade que cometeram com a pobre Madeline fiquei em choque e com uma emoção enorme! Agora a pergunta que não quer calar…Quem será a Madeline atualmente?
Sim, a origem de todo esse mal veio da Madeleine. Agora é o momento de descobrirmos o que realmente vai acontecer no último episódio amanhã às 21h.
Amigooooooo!!!!! Estou em choque com esse episódio quem diria que o início de tudo seria assim tão macabro e forte!!! Além dos horrores sobrenaturais pudemos ver os horrores da humanidade na maldade que cometeram com a pobre Madeline fiquei em choque e com uma emoção enorme! Agora a pergunta que não quer calar…Quem será a Madeline atualmente?
Sim, a origem de todo esse mal veio da Madeleine. Agora é o momento de descobrirmos o que realmente vai acontecer no último episódio amanhã às 21h.