Wei Ying – Parte 2

“Lan Zhan, diga-me o que é tudo isso? Conte-me por que me sinto assim, angustiado e sem rumo. Lan Zhan… Lan Zhan…”

A mão tocava suavemente os cabelos do rapaz deitado no sofá, um gesto sutil de uma conotação emocional imensa para o segundo mestre Lan. Os olhos claros vagavam na silhueta coberta por manta que aparentemente estava inquieto.

Wei Ying algumas vezes murmurava choroso o nome do outro, WangJi sentou na beira do sofá ao seu lado, segurou a mão dele e lhe enviou energia espiritual. Analisava situação do núcleo dourado que naqueles dias havia ficado nebuloso. Não havia mais como evitar, Wei Ying precisava desenvolver e cultivar para conseguir controlar a energia espiritual que crescia dia a dia de forma descontrolada no seu recém desperto núcleo.

WangJi inspirou suavemente quando o rapaz acalmou o sono, afastou a mão de seu pulso e tocou levemente a testa para em seguida afagar os cabelos que escorriam pela face.

Wei Ying ainda dormia, mas em seu inconsciente sentia leve toque de alguém lhe confortando, seu corpo reagiu com leves arrepios que percorriam todo o corpo até ouriçar os cabelos na nuca. Não precisava abrir os olhos, até porque, os mesmos estavam tão cansados que não conseguia. Mas ele sabia e sentia quem era ao seu lado e com isso relaxou se acomodando embaixo da manta quente e macia.

— Lan Zhan… – Murmurou em resposta aquele afago que sentiu nos cabelos.

WangJi baixou um pouco o corpo acreditando que o rapaz havia acordado, após uma rápida verificação notando por fim que ainda dormia. Apoiando um dos braços na beira do sofá, inclinou mais o corpo ao ponto de seu rosto estar bem próximo ao de Wei Ying. Voltou a afastar as mechas de cabelo quando baixou o rosto e beijou demoradamente a testa dele. Os segundos passaram quando afastou os lábios, roçou leve a ponta do nariz quando fitou os seus lábios.

Recordações passadas vieram em sua mente e seu peito ardeu saudoso ao mesmo tempo envergonhado, aquela não era sua postura, não sabia o que o fez agir tão impulsivamente.

— Wei Ying, naquele tempo quisera poder ter evitado o que sofreu… – Sussurrando o outro aproximou mais os lábios aos do rapaz adormecido. – Foi errado, como estar sendo errado agora… – Inspirou fundo e ergueu o corpo afastando, voltando a posição de sentado ao lado de Wei Ying.

Naquele dia, WangJi caminhava pela floresta da montanha Fênix, ao longe ouviu claramente a flauta de Wei Ying e percebeu que todas as criaturas haviam sumido, tornando a montanha silenciosa. Decidido resolveu se aproximar, caminhou embrenhando-se pela mata até vê-lo descansando no tronco tombado da enorme árvore. Seu coração batia tão forte que por um momento tudo que lhe fazia ter bom senso desapareceu.

Tão logo se aproximou soube que o outro já havia notado a sua presença, para não denunciar quem era manteve-se silencioso ouvindo-o questionar aproximação. Wei Ying estava vendado, sua face um leve sorriso divertido e sentado a vontade como quem esperasse por WangJi.

“— Está aqui pela caçada?” – Ele perguntou.

WangJi não respondeu e continuou se aproximando, verdadeiramente estava em um estado inebrio diante de tudo que sentia por Wei WuXian.

“— Você não será capaz de conseguir nada de bom perto de mim.”

WangJi silenciosamente se aproximava encantado com o sorriso solto e relaxado do outro. Em seu peito o coração pulsava tão intensamente que podia dizer que sairia pela boca.

Wei WuXian endireitou o corpo e sentou levando a mão para a venda em seus olhos, WangJi rapidamente se aproximou e o segurou para evitar que tirasse.

As costas de Wei WuXian bateram contra a árvore. Sua mão direita estava quase puxando a venda, quando seu pulso foi torcido para trás. A força era muito intensa; ele não conseguia sequer lutar para se soltar, apesar de não haver intenção assassina. A manga esquerda de Wei WuXian se moveu. Quando ele estava prestes a jogar talismãs, WangJi notou sua intenção e o pegou antes. Suas duas mãos foram pressionadas contra a árvore, com movimentos fortes. Wei WuXian ergueu sua perna e estava pronto para chutar quando sentiu um calor em seus lábios. Ele congelou imediatamente.

O toque era estranho e desconhecido, úmido e quente. No começo, Wei WuXian não conseguia entender o que estava acontecendo. Sua mente ficou completamente em branco. Quando finalmente compreendeu, ele ficou chocado. WangJi, segurando seus pulsos, estava pressionando-o contra a árvore e o beijando. E Wei WuXian de repente se debateu, querendo se libertar daquilo e puxar a venda, porém falhou.

WangJi sentia a macieis daqueles lábios finos contra os dele e querendo mais e todo seu corpo tremia incontrolavelmente entregue aquele momento

WangJi sentia a macieis daqueles lábios finos contra os dele e querendo mais e todo seu corpo tremia incontrolavelmente entregue aquele momento. Atento ao outro que parou de lutar e os dois pares de lábios de viraram lado a lado, cuidadosamente, porém inseparáveis. WangJi percebeu que o outro não fez resistência e irritado forçou-o abrir mais a boca e recebe-lo em um beijo mais agressivo, tentando se controlar em vão.

WangJi notou que o outro estava um pouco difícil de respirar, tentando virar a cabeça, mas apertou seu rosto e o virou de volta. Entre a agitação de lábios e línguas, ele também se sentiu tonto, até que mordeu o lábio inferior de Wei WuXian. Após um momento de persistência, os lábios finalmente se afastaram com relutância, e ele enfim conseguiu se recuperar.

WangJi soltou os braços do outro e se afastou rapidamente do lugar, seus olhos estavam encharcados de angustia e seu coração batendo forte pela emoção que sentira com aquele beijo.

Quando finalmente estava longe parou perto das árvores e respirou fundo para buscar um ponto de equilíbrio, sua retidão e preceitos foram todos jogados por terra diante daquele que sempre o provocou. Levando a mão tremula sobre os lábios irritou-se consigo mesmo por e desferiu diversos golpes na árvore a sua frente.

O toque da campainha despertou WangJi de suas lembranças, lançou um breve olhar a Wei Ying quando se levantou para atender a porta. XiChen como havia combinado, sorriu ao irmão quando entrou no apartamento, olhando em volta até chegar na sala e ver Wei Ying dormindo.

— Como ele está?

— Bem.

— Isso é bom. – XiChen andou até perto do sofá, puxou uma cadeira e sentou de frente ao rapaz. – E o núcleo estar estável?

— Hn.

— Nenhum sinal de energia ressentida?

— Não e aparentemente a sua energia espiritual tem evoluído rapidamente.

— Entendo. – XiChen segurou levemente o pulso de Wei Ying e analisou por uns minutos. – WangJi, se o tio o testar é essencial que seja essa a energia que sinta como estou sentido.

— Wei Ying vai precisar cultivar ou a energia o consumira.

— Sim, tenho certeza que a pessoa indicada é você. – XiChen afastou a mão do pulso do rapaz apoiando-a no sofá.

— Irmão, ele não pode voltar para o orfanato.

— WangJi, entendo sua preocupação.

Wei Ying se mexeu e murmurou baixo virando o corpo acomodando-se na manta.

— Vamos acorda-lo, melhor falarmos no seu escritório. – XiChen seguiu para o outro cômodo.

WangJi virou-se e acompanhou-o, tão logo entraram ele fechou a porta.

— WangJi, manter o jovem mestre Wei aqui sem autorização da família é o mesmo que concordar que o tinha mantido preso no apartamento naquele período. – XiChen estava sendo sensato em manter o irmão no foco.

WangJi não respondeu de início, ele já havia falando ao telefone com a irmã que o rapaz estava com ele, pois sofrera um mal-estar e dormia para se recuperar.

XiChen entendia a aflição de seu irmão por ter esperado por tanto tempo e todo aquele impedimento para ficar ao lado do rapaz.

— WangJi tudo irá se resolver, só precisamos tirar o foco do governo sobre a empresa e você, o tio testar a energia espiritual dele e por fim conversar com a família para que permita que seja o tutor dele. – XiChen sabia que a senhora que criara o rapaz como neto era uma cultivadora aposentada e sorriu leve. – A senhora Meng não pode evitar o inevitável, se o destino do jovem mestre Wei é a cultivação ela não poderá segurar por muito tempo. – XiChen levantou e caminhou pelo lugar parando de frente a janela. – Eu acredito que se cuidarmos dele agora evitaremos muitos problemas no futuro, afinal basta conviver com ele para perceber que não existe sentimentos ruins ou vingativos que tanto os demais clãs temem.

— Hn. – WangJi levantou e pegou seu telefone. – Vou informar que o levarei para casa assim que acordar. – Mesmo murmurando aquelas palavras, WangJi sentia o peito arder em ter que se separar novamente do rapaz.

— Faça isso e amanhã combinaremos com o tio para testa-lo.

Na sala, Wei Ying se mexeu e rolou para o lado, seus olhos piscaram algumas vezes até que os abriu por completo. Olhando o ambiente um pouco confuso afastou a manta e sentou. Passou as mãos nos cabelos ajeitando-os e inspirou, lembranças imediatamente adornaram sua mente e recordou como chegou ao apartamento de WangJi.

Seu rosto corou imediatamente ao lembrar que disse ao amigo. Levou uma das mãos aos lábios e tremulo pensava em como iria encara-lo diante do que dissera.

— Lan Zhan, eu não sei o que me deu…? – sussurrou quando se levantou, cambaleando um pouco por ainda se sentir zonzo. – Onde ele está? – Atordoado chegou perto da porta do escritório e ouviu seu nome e um teste. – Por que querem me testar?

Wei Ying afastou da porta e voltou para a sala, voltou a deitar no sofá e resmungou consigo.

A porta se abriu e XiChen apareceu seguindo para a porta do apartamento.

— Eu vou conversar com o tio e me informe quando deixar o jovem mestre Wei em sua residência. – Vestindo seu casaco pesado de frio XiChen curvou em seguida a WangJi se despedindo. – Evite atritos com a senhora Menga, deixo-o e amanhã conversaremos com calma sobre a situação.

WangJi se mantinha silencioso e olhou algumas vezes para Wei Ying deitado no sofá.

— Hm. – Concordou apesar de não estar satisfeito em ter que leva-lo para o orfanato.

XiChen deixa o lugar um pouco mais aliviado por ter convencido WangJi a levar o rapaz para casa.

WangJi fecha a porta e fica um tempo ali parado pensando em tudo que estavam passando, por fim se virou e olhou para o rapaz que estava sentado no sofá olhando para ele com uma leve tristeza no olhar, apesar de forçar o seu sorriso alegre e despreocupado.

— Lan Zhan… Desculpe, dormir no seu sofá. – Olhando para ele, finalmente reparou que WangJi havia cortado os longos cabelos negros. Uma pontada de tristeza atingiu ainda mais seu coração. – Eu estava deixando o meu crescer para ficar igual ao dele… – Murmurou baixinho para si mesmo vendo o outro se aproximar.

— Wei Ying, não precisa se desculpar, conosco não há necessidade de desculpas … – WangJi caminhou até ele e sentou ao seu lado olhando-o intensamente. – Como se sente?

— Hahahahaha… Ok, eu havia esquecido dessa promessa que fizemos no hospital. – Wei Ying baixou a cabeça e coçou leve a ponta do nariz. – Estou bem, acho que estava em crise de ansiedade… hahahahahaha… Preciso mesmo aprender essas coisas de meditação, me ajudou quando eu fiz ao chegarmos aqui.

— Com o tempo lhe ensinarei mais formas de controlar sua ansiedade. – WangJi chegou a levantar a mão para tocar o rosto de Wei Ying, mas parou no meio do movimento, retrocedendo a mão.

Wei Ying reparou e seu coração deu duas batidas rápidas alarmando-o, seus olhos fixaram na mão de WangJi e instintivamente segurou-a entre a suas mãos.

— Lan Zhan… Eu… Quero seu carinho… – Wei Ying apesar de está sem jeito desejava aquele afago.

— Wei Ying está confuso é… – WangJi estremeceu quando sua mão foi apertada pelas do rapaz. – O dia de hoje foi confuso e quando descansar…

Wei Ying temeu ouvir as palavras de rejeição do outro e o desespero tomou conta de si. Imediatamente ergueu o corpo e avançou sobre WangJi fazendo praticamente encostar no sofá quase deitando sobre o outro.

— Lan Zhan, por favor só me ouça… – Vendo que apesar de surpreso o outro não o afastou, tomou fôlego e falou: – Eu mudei muito desde que te conheci, todos os dias eu penso em como Lan Zhan estar e sinto sua falta. Não quero ficar um dia longe de você, quero ouvir usa voz mesmo que seja só seu “Hn” e só isso já me faz feliz… – Wei Ying abaixou e ficou sobre o outro quase sentando em seu colo. – Eu não estou confuso… Eu só quero que saiba que, não quero ser seu filho… Eu o quero… – Wei Ying aproximou os lábios ao do outro desejando beija-los desesperadamente.

WangJi estava totalmente entregue aquelas palavras, se estava sendo difícil leva-lo para casa, após ouvir aquela declaração, sua mente ficou atordoada. Ele ergueu os braços para o envolver a cintura do rapaz e ofegante aproximou os lábios aos de Wei Ying.

O instante seguinte foi um grande susto que despertou ambos daquele clima, a campainha tocava sem parar e a dupla sem jeito se afastou. Wei Ying sentou no sofá, passou a mão no rosto e depois olhou-o levantar e ir até a porta. Virou o rosto para dar mais uma olhada em Wei Ying e ver se estava bem. Constatando que o outro se acalmara, abriu a porta deparando-se com SiZhui e JingYi com expressão assustada.

— HanGuang-Jun, perdão por incomodar, mas tentamos falar pelo telefone como não atendeu viemos.

WangJi notou a urgência de ambos e seus olhos estreitaram.

— Um ataque na periferia, alguns cult… – JingYi se interrompeu ao ver Wei Ying aproximando deles.

— Ataque na periferia? – Wei Ying tinha os olhos preocupados.

— Vamos todos. – WangJi virou-se para buscar sua espada e seu casaco. – Wei Ying fique aqui, voltamos logo.

— Que ataque é esse? – Negou com a cabeça. – É no orfanato? Eu vou com vocês.

— Wei Ying, vamos cuidar de tudo. – SiZhui se aproximou e segurou-o pelo braço o trazendo para a sala. – Confia em nós, vamos resolver o problema e espere aqui que HanGuang-Jun, voltará para te buscar.

WangJi que havia entrado em seu quarto retornou já vestido em um longo sobretudo branco e carregava nas costas sua Guqin e na cintura a Bichen. Aproximou de Wei Ying e tocou o rosto dele para o encarar.

— Confie.

JingYi olhou para SiZhui que acenou com a cabeça e logo em seguida se retirou do apartamento para juntar mais discípulos do clã.

— Lan Zhan, você promete que me ligará para dizer que estão todos bem e nada aconteceu no orfanato?

— Hm. – Confirmou, virando-se para SiZhui disse: – Fique com ele.

— Claro HanGuang-Jun. – Curvou o corpo com as mãos a frente unidas.

Wei Ying não tinha bom pressentimento, o ar estava tenso e algo gritava dentro dele que a situação não era simples, mesmo assim ficou ali de pé imóvel vendo o outro sumir porta a fora do apartamento.

— Vai ficar tudo bem Wei Ying. – SiZhui se aproximou dele e tocou seu ombro. – Confie em HanGuang-Jun. – Sorrindo gentilmente caminhou para a cozinha. – Que tal comermos algo enquanto esperamos?

— Dr. SiZhui, desculpa eu… – Wei Ying não chegou a terminar a frase, abriu a porta do apartamento e correu para fora seguindo pelas escadas até o andar de baixo.

SiZhui saiu em seguida tentando pará-lo, porém se impressionou com a rapidez que o rapaz desceu as escadas, seguiu no mesmo ritmo e chegou quase junto com ele no amplo salão onde diversos discípulos do clã estavam montando suas espadas e seguindo atrás de WangJi que já estava do lado de fora do prédio montado em Bichen.

— Lan Zhan… – Wei Ying estava em choque vendo aquela cena, olhava para WangJi sem acreditar que o outro flutuava no ar sob uma espada.

— SiZhui, não conseguiu segurar Wei Ying? – JingYi olhava para Wei Ying preocupado.

— Ele foi rápido, bem rápido… – SiZhui se aproximou.

WangJi olhava para Wei Ying, ambos se encaravam silenciosos, até que o rapaz esticou a mão para ele.

— Lan Zhan me leva…

WangJi imediatamente voltou e segurou a mão dele pairando com Bichen a poucos centímetros do chão.

— Pise na lâmina.

Obedecendo, apesar de receoso pisou na lâmina da espada e sentiu o braço do outro envolver sua cintura. Os lábios de WangJi estavam perto de seus ouvidos quando ouviu mais instruções.

— Como é a primeira vez pode sentir náuseas, voaremos rápido e não se preocupe estar seguro.

— Tudo bem Lan Zhan… – Wei Ying finalmente olhou para baixo percebendo a cidade abaixo deles. – Minha nossa… – Arfou o ar e ficou tenso.

— Não olhe para baixo.

— Ok… Não vou olhar… – Tremeu sentindo o ar gelado tocar a face.

WangJi precisava ser rápido, mas ao mesmo tempo manter Wei Ying seguro, apertou o abraço em sua cintura e olhou para os demais acenando com a cabeça para seguirem.

SiZhui se juntou a eles e voava ao lado de JingYi que acenou para os outros cultivadores, o grupo de seis discípulos se juntaram a eles e voaram para a região da periferia.

No orfanato, Meng Su estava invocando arranjos para proteger o lugar, mandava ZiXuan levar as crianças e YanLi para o salão da biblioteca e se trancar com eles lá. Mesmo a contra gosto o rapaz fez o que ela pediu.
No lado de fora, diversos cadáveres ferozes atacavam o entorno do orfanato, tentando invadir o lugar, alguns batiam forte no portão do templo e outros tentavam escalar o muro.

— Ah, seus merdas não vão entrar em minha casa. – Meng Su abanou seu leque e num movimento elegante mais preciso liberou energia atingindo alguns que conseguiam subir no muro. – Ofegou baixo e olhou para o templo, vendo que ZiXuan retornara com uma barra de ferro nas mãos. – O que está fazendo ZiXuan? Volte e cuide dos outros.

— YanLi e as Crianças estão seguras, não vou deixar a vó sozinha com essas coisas. – Ele preparou a barra para atacar os cadáveres que conseguiram pular o muro.

— Garoto desobediente, já não me basta Wei Ying… – A mulher ralhou com o outro quando retirou da manga de seu robe diversos amuletos e atirou naquelas criaturas para para-los.

ZiXuan acertava com barra de ferro a cabeças de alguns e com alguns movimentos derrubava outros.

— São muitos, de onde vem tantos?

— Vamos entrar, não dá para segurar tantos.

A dupla derrubou mais alguns cadáveres e correu para dentro do templo, ao entrarem fecharam as portas e ZiXuan empurrava moveis para bloquear as entradas. Meng Su desenhava arranjos nas janelas e portas para impedir que entrassem.

— Vá cuidar de YanLi e as crianças. – Apontou para o rapaz seguir a biblioteca.

Todas as tentativas de proteger o lugar eram desfeitas com aproximação daquela orda de criaturas mortas que se amontoavam nas portas e janelas do templo.

— Algo está errado, os arranjos deveriam funcionar, mas… – Seus olhos atentos notaram que havia alguém do lado de fora, uma figura negra que sobre o muro não era atacada pelas criaturas e ao que parecia não agia como um cadáver feroz. – Eles são controlados.

Meng Su ficou ainda mais surpresa com o que viu reluzir na mão daquela figura negra sobre o muro e boquiaberta murmurou para si mesma.

— Amuleto do Tigre Estígio…

O grupo sobrevoava o céu de Pequim rumo a periferia, Wei Ying olhava para frente ansioso e ao mesmo tempo curioso. O que eram eles? Que tipo de poder era esse que conseguiam voar sobre espadas? O rapaz formulava diversas perguntas, mas em seu coração havia uma aceitação além do normal que chegou a assusta-lo. Por fim, suspirou acreditando ser a sua confiança em WangJi.

A pessoa que o segurava com firmeza e de ar gélido, que no fundo era tão cálido que qualquer outra pessoa poderia ser. Wei Ying confiava cegamente em WangJi e seja lá o que eles fossem, sabia que no fundo eram pessoas boas e que iriam protegem sua família no orfanato.

— Lan Zhan.

— Hm.

— Olha, estamos chegando. – Ele olhou para baixo vendo o templo se tornar mais próximo diante deles. – O que é aquilo? – Assustou-se ao notar que havia diversas pessoas em volta do local, tentando escalar o muro e derrubar o portão. – Isso é… – Arregalou os olhos ao ver o que era aquelas pessoas.

“Como no meu sonho, são pessoas mortas…”

— Lan Zhan, são pessoas mortas, andando…?
— Acalme-se, vamos controlar. – WangJi fez um leve gesto com a cabeça e todos pararam ainda no ar sobre o templo. Novamente com outro gesto sutil, mas entendido por todos liderou o ataque aqueles mortos que tentavam invadir o lugar.

Wei Ying ainda estava preso em um dos braços de WangJi quando a espada inclinou para descerem, olhou para os lados preocupado com a quantidade que tentava invadir o templo. Alguns cadáveres que conseguiram entrar no pátio estavam nas portas e janelas batendo para derrubar e invadir.

No lado de dentro do templo Meng Su não teve muito tempo para analisar aquela visão sombria no alto do muro e correu entre uma janela e outra para manter os selos evitando que o lugar fosse invadido, mas no exato momento que se dirigiu para a porta, antes de finalizar o encantamento do selo a mesma escancarou-se e alguns cadáveres entraram e avançaram para atacar a senhora.

Meng Su rapidamente abriu seu leque e com um gesto gracioso e preciso lançou diversas vezes golpes de sua energia espiritual com o abanar do leque. Alguns cadáveres que entraram primeiro foram derrubados, mas haviam outros que se empurravam pela porta estreita que conseguiram abrir.

Sem muitas opções, Meng Su preferiu se refugiar junto com ZiXuan, YanLi e as crianças na biblioteca quando correu para a porta da mesma. Nesse instante que bateu para entrar, ouviu o som das cerdas estridentes ecoarem pelo pátio.

— Abra! – Bateu na porta e logo em seguida ZiXuan abriu-a e ela entrou antes de se agarrada por um grupo de cadáveres.

Meng Su olhou todos, as crianças estavam sentadas no canto perto da mesa com YanLi, algumas choravam nervosas e a neta tentava conforta-los apesar de seus olhos demonstrarem terrível pavor.

ZiXuan empurrou o sofá para a porta e pegou a barra de ferro, caminhou parando ao lado de Meng Su que olhava pelo vidro da janela.

— Chegou ajuda.

— Como? – ZiXuan olhou para fora e viu diversos cultivadores de branco, com suas espadas abatendo os cadáveres. — Sr. WangJi, como ele ficou sabendo?

— Eu liguei para o Dr. SiZhui. – YanLi falou de onde estava com as crianças. – Lembrei que eles nos ajudaram daquela vez.

ZiXuan concordou com a noiva e virou o rosto para ver o que acontecia no lado de fora, assustou-se ao ver Wei Ying no meio daquele tumulto de criaturas.

— Wei Ying.

— O que? – Meng Su olhou para a direção vendo o neto descer da espada junto com WangJi.

O olhar da senhora não demonstrava surpresa pelo contrário, algo dizia a ela que o segundo mestre Lan, não manteria segredo por muito tempo. – ZiXuan, vou selar as janelas e aguardaremos os mestres cultivadores fazerem a limpa do lugar.

O rapaz concordou e afastou da janela observando a senhora reforçar o selo das janelas.

“CangSe SanRen, infelizmente seu último desejo não pude cumprir, seu filho seguirá o caminho ao qual deu sua vida para evitar…”

Meng Su em seus pensamentos lamentou pela amiga e Wei ChangZe que se sacrificaram para levar o filho que tinha alguns meses para o interior e entregar a Meng Su. Para fugirem e assim levarem em seu encalço os perseguidores do Patriarca YiLing que acabará de reencarnar.

— SanRen é perigoso. – Meng Su embalava o bebê nos braços entristecida com o casal de amigos. – ChangZe pensem em outra alternativa.

— Não há outra alternativa. – A jovem aproximou de Meng Su e afagou a cabeça de seu filho. – Wei Ying só terá chance se ficar longe da cultivação, longe desse mundo onde todos os cultivadores o odeiam pelo que ele foi no passado. – Seus olhos estavam lacrimosos enquanto continuava a afagar o filho.

— Eu queria que fosse de outra forma, mas não temos realmente escolha, sabem sobre ele e estão atrás de nós. – ChangZe olhava a esposa e tocando seu ombro fez um gesto para o acompanhar.

— Prometa Meng Su, nunca o deixe chegar perto de cultivação, muito menos de algum cultivador que possa identificar quem ele é. – Olhou para o marido e sorriu entristecida. – Wei Ying será um menino normal e sei que terá um bom coração. – Aproximou os lábios finos e beijou a testa do bebê.

— Não se preocupem, se depender de mim Wei Ying crescerá como um menino comum e viverá sua vida longe do mundo da cultivação. – Meng Su prometerá ao casal de amigos.

— Eu peço desculpas por ter que lhe impor tamanha responsabilidade, mas…- ChangZe tocou a cabeça do filho e beijou-lhe a testa. – Ele terá uma chance ao menos.

Meng Su recordava daquele dia como se fosse ontem e agora que via pela janela o neto junto com um dos mais poderosos cultivadores sentiu-se em total falha com seus amigos. No dia que foi deixado na sua residência, essa a qual ainda era no interior da China, em uma província agrícola ao qual ela tinha um sítio, chovia muito e havia previsão de que iria ocorrer tempestades e vendavais.

Quando viu o casal de amigos partirem sentiu um forte aperto no peito e imediatamente a sensação de que não os veriam mais. Pouco tempo depois, soube que ambos faleceram no mesmo dia onde o carro que viajavam foi arrastado numa enxurrada junto com a ponte que ligava o vilarejo a rodovia principal.

No pátio do templo, WangJi juntamente com Wei Ying saltaram de Bichen

No pátio do templo, WangJi juntamente com Wei Ying saltaram de Bichen. Estavam lado a lado quando o garoto viu o outro tirar sua guqin das costas e usar as cordas para acertar com fechos de luz azulada alguns cadáveres que tentavam entrar no templo.

SiZhui e JingYi saltaram de suas espadas atacando os demais cadáveres, o grupo de cultivadores que acompanhavam travavam uma luta do lado de fora dos muros do templo. Aquela noite fria de natal estava particularmente estranha, o clima era ébrio, todos sentiam que haviam arranjos preparados em torno do lugar para tornar mais difícil aproximação de pessoas que tentassem ajudar.

— JingYi, sentiu isso? – SiZhui abatia mais um cadáver quando atentou para a estranha energia espiritual.

— Desde que nos aproximamos, tem alguém muito hábil por perto. – JingYi virou o rosto para ver onde estava WangJi com Wei Ying. – HanGuang-Jun.

WangJi logo após abater mais um grupo de cadáveres, agarrou o pulso de Wei Ying e o levou para o lado extremo do pátio do templo. Wei Ying não entendeu a princípio até ver surgir em volta dele um círculo azul intenso.

— Lan Zhan?!!! – Wei Ying tentou segui-lo, mas o círculo mágico o impediu.

— Fique. – WangJi sacou Bichen, fazendo-a voar para o grupo de cadáveres que tentava pular o muro.

Wei Ying olhava todo o ataque acontecendo sem poder sair do lugar, alguns dos mortos tentava ataca-lo, porém eram queimados pela luz azul do círculo em volta do rapaz.

Algum tempo depois o grupo de cultivadores do lado de fora, sobrevoaram por cima do muro e se aproximaram.

— HanGuang-Jun, nós limpamos o entorno do templo, mas está vindo uma ordem maior de cadáveres. – O cultivador sênior curvou respeitosamente apesar de assustado e ofegante.

SiZhui e JingYi subiram no muro e se alarmaram com a imensa quantidade de mortos vivos que se aproximavam.

— HanGuang-Jun, são muitos vamos precisar de ajuda. – SiZhui gritou ao mesmo tempo que atirava selos no grupo que tentava escalar o muro.

WangJi trouxe Bichen para sua bainha e subiu no muro, com guqin nas mãos usou as vibratórias cordas para atacar os mortos que se aproximavam.

— Escudo.

Todos os cultivadores se posicionaram sobre os muros do templo e invocaram com suas energias espirituais um escudo que foi unificando um ao outro até se tornar um. Assim a redoma cobriu todo o templo protegendo dos invasores.

WangJi fez sinal para SiZhui usar o sinal de emergência e logo que o atirou no céu se juntou aos demais para com suas espadas derrubarem os cadáveres que vinha em massa pelas ruas estreitas.

Wei Ying ficou boquiaberto com tudo que via, sua mente perguntas surgiam enxurrada e mesmo com medo sentia um forte desejo de ajuda-los.

— Wei Ying!!! – A voz assustada o chamou.

O rapaz virou o rosto imediatamente para o templo e lá da janela viu sua família. YanLi esboçava um sorriso nervoso ao lado de ZiXuan que estava pulando a janela.

— ZiXuan fique aí, não tem como me tirar do círculo.

O que Wei Ying não havia notado era que o outro não pulava a janela para ir até ele. ZiXuan estava com a barra de ferro em mãos pronto para golpear a sombra que surgia de trás do garoto dentro do círculo que WangJi havia preparado de proteção. A sombra estava com uma espada e ergueu para golpear Wei Ying.

O que ocorreu em seguida foram uma sucessão de flash de golpes de barra de metal contra metal e ZiXuan empurrando Wei Ying para longe.

A sombra golpeou a barra de ferro que o outro segurava tentando se proteger, Wei Ying não conseguia sair do círculo e avançou para a sombra deferindo um soco em sua face negra.

— Wei Ying, sai daqui!!! – ZiXuan gritou levantando com a barra de ferro em punho para voltar a atacar.

— Eu não consigo sair. – Wei Ying pegou pedras do chão e as atirou na criatura sombria.

A sombra que tinha o contorno de uma pessoa gargalhou para eles enquanto desviava dos ataques da barra de ferro que ZiXuan investia.

— Vai conseguir. – ZiXuan retirou do bolso um amuleto de papel e entregou a ele, em seguida o empurrou para fora do círculo. – Corre para a janela, vai…

Wei Ying cambaleou para fora do círculo mal podendo acreditar que aquele amuleto facilitou sua saída, assustado fez exatamente o que ele pediu e correu para a janela onde YanLi e Meng Su estenderam a mão para ajuda-lo a entrar.

— ZiXuan!!! – YanLi gritou em desespero ao ver o noivo sendo arremessado longo pela aquela sombra estranha.

Wei Ying ao se apoiar na janela do lado de dentro para ver aonde ZiXuan foi jogado derrubou da cômoda sua flauta, ao baixar o olhar para o instrumento um estalo na mente. Imediatamente agarrou a flauta e subiu na janela.

— Wei Ying aonde vai? – YanLi agarrou a blusa do irmão.

— Eu tenho uma ideia.

— Solte-o. – Meng Su os irmãos.

YanLi soltou e voltou a olhar para fora, a criatura de sombra estava indo na direção de ZiXuan que havia caído desacordado ao bater contra a pilastra do templo.

Toda aquela ação aconteceu tão rapidamente ao mesmo tempo que WangJi atacava os cadáveres do lado de fora, quando ouviu o grito vindo de dentro dos muros, alarmado deferiu novos golpes com a citara e saltou para dentro do lugar avistando a sombra negra que corria para atacar ZiXuan.

WangJi desembainhou BiChen e avançou em ataque a sombra evitando que chegasse ao rapaz desfalecido. Ambos travaram uma luta no local.

Wei Ying saltou pela janela e correu para ajudar ZiXuan, ao se aproximar agachou tocando no ombro dele e percebeu que havia fraturado o braço. Vendo o outro ferido Wei Ying se irritou e virou para o agressor que naquele momento travava uma luta de espadas com WangJi.

Wei Ying sentiu o sangue ferver e levantou e girou a flauta nos dedos levando em seguida aos lábios. Ele lembrava da melodia tocada em seus sonhos com Wei WuXian, sabia que aquela melodia controlava os cadáveres, foi com esse pensamento que mesmo sem saber se daria certo ou não começou a tocar.

   

No momento que tocava, uma energia sombria começou a cerca-lo e pouco depois todo o lugar foi tomado de sombras. Todos os cadáveres sem exceção pararam o ataque e ficaram aguardando imóveis o comando da flauta que Wei Ying tocava. WangJi assustou-se ao ouvir a melodia e a figura sombria parou no mesmo momento para olhar o rapaz que tocava sem nenhuma dificuldade o som que outrora foi temido por todos cultivadores.

— Hahahahahahahahahaha… – Ecoou da figura sombria risos descontrolados. – Meu trabalho está feito… Hahahahahahahahaha… – O instante que avistou Bichen avançar sobre ele, o ser sombrio sumiu no ar com um talismã de transporte.

Wei Ying olhava para eles sem acreditar que a melodia havia funcionado, baixou a flauta dos lábios e olhou para WangJi, todo seu corpo tremia descontroladamente. Levou a mão sobre o peito e arfou o ar como se estivesse lutando para respirar.

— Wei Ying!!! – WangJi correu para ampara-lo e segurou em seus braços.

WangJi ergueu no colo, os demais cultivadores que estavam no muro mantendo o escudo olhavam para o rapaz sem acreditar que ele conseguiu com a melodia da flauta para o ataque dos cadáveres.

SiZhui estava alarmado e olhou para JingYi que tinha os olhos arregalados fitando em direção a WangJi.

— SiZhui… JingYi… – A voz calma de WangJi chamou-os. – Ajudem ZiXuan.

Ambos saltaram do muro e caminharam rapidamente até o outro que estava ferido, ajudaram amparando e levando para dentro do templo. WangJi entrou em seguida com Wei Ying nos braços.

Wei Ying olhava-o e sua mente estava confusa, tudo começou a girar e uma dor aguda no peito o fez gemer alto se agarrando na gola das vestes brancas de WangJi.

— Wei Ying. – WangJi rapidamente tocou o peito dele e enviou energia espiritual.

Wei Ying choramingou e fechou os olhos. O núcleo dourado estava oscilando dentro do peito e a energia ressentida tentava se unir a ele. WangJi havia se sentado no chão da sala e continuou a usar sua energia espiritual para purificar o corpo de Wei Ying, eliminando todo o rastro da maculosa aura negra.

SiZhui ajudava a ZiXuan sentar, o outro estava acordando e sentindo dores no braço fraturado. JingYi focou sua energia espiritual para tratar o ferimento dele.

— Wei Ying?! ZiXuan?! – YanLi entrou na sala assustada e correu para o noivo, olhando o irmão nos braços de WangJi.

YanLi chorou sem compreender o que havia acontecido, o que eram aquelas criaturas e todos aquelas pessoas. Mal conseguia falar ou formular pensamentos de tão nervosa que estava.

As crianças se amontoaram na sala e Meng Su estava as confortando para não ficarem mais assustadas do que estavam.

— Vamos todos sentam-se e se acalmem. – A senhora se aproximou de WangJi e abaixou olhando o neto sendo tratado pelo outro.

WangJi ergueu o olhar, mesmo que não falasse nada ele sabia que a senhora compreendia a situação atual.

— Wei Ying. – Meng Su tocou levemente a testa do garoto e afagou os cabelos que escorriam para trás. – Esse caminho é perigoso, mas não vou mais poder evitar que o siga…

Meng Su suspirou e levantou olhando para a porta onde alguns discípulos cultivadores estavam de pé.

— Os cadáveres? – Ela Questionou-os.

— Sumiram. – Um dos discípulos curvou andando a frente do grupo e respondeu. – Eles sumiram, todos desapareceram na noite fria.

A senhora voltou a face para olhar o neto.

— O que faremos HanGuang-Jun? – Ela olhava-o entristecida. – Eles sabem quem ele é, eles o encontraram… O que acontecerá com meu neto se todos vierem atrás dele?

WangJi sentindo que o núcleo dourado de Wei Ying estava estabilizado e seu corpo limpo, encerrou o envio de sua energia espiritual e levantou com o rapaz em seus braços.

— Ele irá dormir umas horas. – Olhou para a jovem YanLi. – É melhor cuidar deles no quarto. – Virou a face para ZiXuan.

— Certo. – YanLi olhou o noivo e sorriu vendo que estava voltando a si.

— Acabou o ataque. – ZiXuan ofegava sentindo dor em todo corpo.

— Acabou, vamos para o quarto vou cuidar de você.

— O braço dele vai ficar inchado um tempo, mas não está quebrado. – SiZhui sorriu gentilmente para o casal.

— Obrigada Dr. SiZhui. – YanLi levantou e deu o braço para o noivo.

ZiXuan ainda tonto levantou e se apoiou nela. JingYi rapidamente amparou-o e ajudou ambos a irem pra o quarto. WangJi seguiu atrás deles para colocar Wei Ying na cama.

SiZhui se aproximou de Meng Su e se ofereceu para levar as crianças para o dormitório e acalma-las, porém antes ordenou aos demais discípulos que limpassem o lugar e principalmente o entorno do templo.

Alguns minutos depois WangJi retornou e parou diante da porta aberta da biblioteca, avistou a senhora cultivadora com a flauta em mãos olhando-a.

— Vamos conversar HanGuang-Jun.

WangJi entrou e fechou a porta parando diante dela aguardou-a silencioso e atento as suas palavras.

— Fazem algumas centenas de anos que resolvi abdicar da cultivação e passei a ver o mundo mudar e mudar de longe, criei expectativas e frustrações ao longo de minha existência imortal. – A mulher endireitou o corpo que antes parecida velho e cansado para uma mais fina e elegante. Inclinou a face para WangJi e sorriu gentilmente. – Acredito que sabia quem eu era a muito tempo.

— BaoShan SanRen, a primeira imortal.

— Hum… Eu cheguei a esse patamar quando você nasceu, vi muitos nascerem e morrerem. – Caminhou para perto da janela. – Amigos e discípulos. – Suspirou baixo.

— Eu posso protege-lo.

— Eu creio que será bem mais difícil, depois de terem visto o que ele fez. – SanRen sentou em sua poltrona e abriu o leque abanando-se lentamente. – O patriarca YiLing Wei WuXian merece sua proteção HanGuang-Jun?

WangJi caminhou e parando de frente a mulher disse:

— Eu tenho evidências que no passado tudo que aconteceu foi provocado para ocorrer da forma trágica que terminou.

— HanGuang-Jun, está dizendo que Wei WuXian sofreu algum tipo de tramoia?

— Hm.

A mulher baixou o olhar e inspirou leve para depois soltar o ar como quem tivesse tirado um alívio do peito. Ergueu o olhar e cobriu os lábios com o leque olhando para a porta da biblioteca.

— Lan QiRen, seja bem vindo a meu humilde templo.

A porta se abriu e QiRen entrou sendo seguido por SiZhui, JingYi e XiChen.

— Vejam só quanta honra, todos os Lans em minha casa.

Todos que entraram na sala da biblioteca se curvaram em reverencia a primeira imortal.

— BaoShan SanRen. – QiRen tomou a iniciativa tão logo a mulher mostrou a outra poltrona para ele sentar-se. – Presumo que se manter escondida sobre a face de uma idosa foi uma boa forma de passar o milênio.

— Lan QiRen e para um imortal custou a descobrir. – A mulher cobriu os lábios com leque deixando um leve sorriso debochado escapar.

O outro estreitou os olhos para ela, porém preferiu ignorar a provocativa.

— Seu sobrinho quer proteger meu neto. – Ela olhou para WangJi. – O patriarca Wei WuXian.

Qiren apertou o punho sobre a sua perna.

— WangJi garante que o garoto é normal.

— Sim, totalmente. – A mulher sorridente abaixou o leque. – Eu não o eduquei como cultivador foi um pedido dos pais dele antes de falecerem. – Virou o olhar para o grupo. – Pode testa-lo, meu neto está limpo de qualquer energia ressentida ou vestígios de que reencarnou atrás de vingança como todos os clãs por eras exaltaram.

— Irei testa-lo, depois de tudo que ocorreu não tenho escolhas…

XiChen aproximou de WangJi e sorriu parecendo satisfeito com o resultado.

— Sabemos bem que tal acontecimento dessa noite chegará a todos os clãs, principalmente ao Cultivador chefe. – QiRen continuou. – O clã Lan não poderá ser responsabilizado por ter escondido tal fato a todos.

— Eu me responsabilizo. – BaoShan SanRen fechou o leque. – Podem falar que eu o criei e escondia-o e se teme pelo seu sobrinho, diga que ele foi ludibriado por mim.

WangJi se afastou de XiChen e parou ao lado da mulher dizendo de forma incisiva.

— Eu não me afastarei, irei protege-lo.

— WangJi!!! – QiRen se exaltou levantando e segurou o braço de WangJi. – Não vamos repetir o erro do passado, não vai proteger esse garoto… – Virou o rosto para a mulher sentada na poltrona. – BaoShan SanRen já proteção suficiente afinal está assumindo a responsabilidade.

SiZhui estava ao lado de JingYi e segurava firme a mão de seu amado, tremulo murmurou ao outro.

— Eu já imaginava que era ele, por muitas ocasiões quis perguntar para confirmar… – SiZhui arfou o ar baixo e virou o rosto para JingYi. – Sr. Wei voltou.

JingYi apesar de muito preocupado com aquela situação, apertou firme a mão de seu namorado e murmurou algumas palavras o confortando.

— O que decidirem é independente do que você decidir e eu estarei do seu lado.

Ambos olharam o grupo de mestres esperando por uma decisão, sentiam que a situação piorava com a intransigência do ancião QiRen.

— Meu tio. – XiChen se aproximou para apaziguar a situação. – WangJi fez tudo que pediu, a reclusão, depois a penitência e por fim a doação. – XiChen olhou para o cabelo curto do irmão, que havia cortado em sinal de doação durante a penitência para assim ter o direito do teste ao núcleo dourado de Wei Ying. – Ele fez tudo para que testasse o garoto e desse aval para que ele continuasse com os processos e claro a proteção de Wei Ying.

QiRen soltou o braço de WangJi e irritado se afastou.

— O que acham que vai acontecer? Mesmo que ele esteja limpo de energia ressentida… Mesmo que seja um garoto normal… Isso não vai mudar o fato de Wei Ying ser Wei WuXian.

— Eu sou Wei WuXian?

A voz do rapaz ecoou no ambiente e todos viraram os rostos surpresos por não notarem a presença dele que estava ali de pé na porta aberta da biblioteca.

— Lan Zhan… É verdade que seu tio disse? Eu sou Wei WuXian…?

Wei Ying olhava todos confuso, ainda estava zonzo por conta do ataque e a dor que sentiu no peito.

— Wei Ying. – A imortal BaoShan SanRen chamou, voltando a sua aparente forma envelhecida de Meng Su. – Venha até mim, meu neto.

Wei Ying andou olhando desconfiado todos até chegar em sua avó.

— O que está acontecendo? – Wei Ying inspirou e prendeu o ar no peito receoso, afinal presenciara tantas coisas inacreditáveis que mal conseguia formular uma lógica em tudo que viu.

— Senhores, permitam-me conversar com meu neto a sós. – BaoShan olhou-os.

QiRen virou-se para sair, sendo seguido por SiZhui e JingYi. Lan XiChen aproximou de Lan WangJi o chamando.

— WangJi.

WangJi não se queria deixar o rapaz sozinho, andou até a mulher e curvou respeitosamente.

— HanGuang-Jun, não se preocupe. – BaoShan apontou ao neto que sentasse ao lado dela na outra cadeira. – Não pretendo usar arranjo de esquecimento em meu neto.

Wei Ying queria falar, mas sentia-se receoso preferindo calar-se e esperar.

— Em tal ápice dos acontecimentos, ficar velado na ignorância de seu passado pode-lhe ser fatal.

WangJi levantou e fitou Wei Ying por uns segundos antes de se virar e sair sendo acompanhado por XiChen. BaoShan SanRen ainda sob a forma de Meng Su levantou e foi até a porta fechando-a em seguida, quando ela virou para o neto apresentou sua verdadeira aparência.

Wei Ying abriu ligeiramente os olhos surpreendido por aquela mudança, seu coração palpitou levemente e mesmo que aquela situação fosse surreal, ele se sentia tranquilizado.

— Wei Ying, meu nome verdadeiro é BaoShan SanRen, sou cultivadora aos poucos lhe contarei sobre o que presenciou essa noite. – Observava-o atentamente. — Lembra-se de quando conversamos no dia que fugiu para encontrar com sr. WangJi, eu lhe disse que havia muitas situações que poderiam colocar todos nós em perigo, inclusive HanGuang-Jun?

O rapaz engoliu seco ao recordar da conversa e que prometera não se aproximar mais do amigo para não lhe prejudicar.

— Eu não cumpri a promessa, mas… – Wei Ying sentiu os olhos marejarem encarando a mulher a sua frente. – Eu sinto muito.

BaoShan SanRen caminhou para perto dele e se sentou na poltrona ao lado dele. Abriu seu leque e se abanou levemente.

— O que não tem remédio, remediado estar… – Balbuciou voltando a face para o rapaz. – Não adianta lamentarmos, certo?

Wei Ying olho-a e levou a manga do casaco para enxugar os olhos lacrimosos, suspirou e concordou com um sorriso sem jeito.

— Eu sou Wei WuXian?

— Reencarnação, sim, mas ainda é o meu neto e nada muda o fato. – A mulher levou a mão afagar o rosto dele. – Há mais de mil anos atrás existiu um jovem tão promissor que em tão tenra idade já era considera um gênio na Cultivação. Naquele tempo, cultivação era o mais natural entre as pessoas, alguns desenvolviam e outros eram pessoas normais. Ainda existe, mas com era moderna foi preciso encobrir e tornar apenas parte de contos de fadas e fantasias.

— O que todos aqui usaram foi cultivação? – Wei Ying estava cada vez mais curioso.

— Sim, voar em espadas, criar feitiços e arranjos. – BaoShan estendeu a mão e fez manifesta sua energia espiritual, uma luz branca quase translucida emanou entre seus dedos desenhando no ar caracteres invocando um arranjo.

Os olhos de Wei Ying brilharam maravilhado com aquele pequeno feitiço.

— Gostou?

— Sim… – Sorrindo amplamente voltou atenção a ela. – Eu posso fazer arranjos? Eu consigo ser um cultivador?

— Sim, agora pode… – Ela sorriu a ele e continuou. – Eu contarei e lhe mostrarei para assim poder entender a história de sua vida passada.

— Todos odeiam Wei WuXian. – Wei Ying falou exaltado e suspirou lembrando de Lan Zhan. – Lan Zhan, ele… – Engoliu seco ao perceber que no fim era por isso que o outro o protegia.

— HanGuang-Jun quer lhe proteger, pois a partir de amanhã sua vida vai mudar, o mundo da Cultivação saberá que o Patriarca YiLing Wei WuXian reencarnou. – A mulher expressou um ar triste com aquelas palavras. – Eu vou lhe contar o que sei, não presenciei nenhum desses fatos, mas posso garantir que mesmo sabendo quem era quando chegou aos meus braços, nunca, em nenhum momento deixei de te amar.

Aquelas palavras emocionaram Wei Ying, chegando a estremecer conforme sentia o olhar carinhoso da mulher.

— Ele… Aliás, eu fiz coisas ruins?

— Sim, muitos são aqueles que desejam vingança e acreditam que sua volta é para trazer o caos novamente ao mundo da cultivação.

Wei Ying se arrepiou e negou com a cabeça várias vezes.

— Eu não quero vigar-me.

— Eu sei, você é um ser de coração limpo e puro. – BaoShan segurou a mão de Wei Ying. – Contarei o que sei e ouvi naquele tempo.

Wei Ying silenciou-se, apesar de curioso sobre a cultivação, ele preferiu conhecer um pouco de sua vida passada. Ambos ficaram algo mais de 1 hora e meia trancados na biblioteca.

Na sala principal do tempo, WangJi estava próximo a uma janela olhando a neve que começou a cair cobrindo em uma fina camada o pátio do lado de fora. XiChen estava ao seu lado e aguardava silencioso tendo a face na mesma direção olhando a neve.
QiRen que se mantinha sentado em uma poltrona era assistido por SiZhui e JingYi. Vez ou outra SiZhui olhava para WangJi querendo se aproximar.

— Vai lá… – JingYi sussurrou ao outro. – Aproveita e fala com HanGuang-Jun.

— Mas… – SiZhui olhou-o.

— Eu fico com nosso ancião, vai logo… – JingYi cutucou empurrando o outro.

SiZhui inspirou fundo e caminhou até as jades de Gusu e curvou levando ambas as mãos a frente.

— HanGuang-Jun, gostaria de lhe falar.

WangJi virou o rosto para o filho e depois para XiChen. Este curvou leve a cabeça e se afastou para deixar o rapaz a vontade com seu mestre.

— Ele… Wei Ying… – SiZhui estava visivelmente emocionando.

— Sim, não tivemos tempo de conversarmos. – WangJi olhava o jovem cultivador sabendo do quanto era forte seus sentimentos. – Ele vive nova vida, não há lembranças mesmo que lhe digam quem ele foi no passado.

— Eu compreendo.

— Não se preocupe, pretendo contar-lhe o que sei e sobre você.

SiZhui suspirou e sorriu em seguida. Curvou agradecendo ao pai que cuidou dele, em um tempo passado ao qual perdeu o pai que o amparou quando criança.

— Espero que tudo se resolva, mas temo pelos outros clãs o que podem fazer com ele.

— Eu o protegerei.

— Eu também vou…

— Hm.

WangJi não iria impedir SiZhui de fazer o mesmo, afinal eles sabiam melhor que qualquer um naquele lugar que Wei WuXian não era o ser maligno que descreviam durante milênios de lendas criadas em seu nome.

Nesse mesmo instante a porta da biblioteca se abriu e BaoShan juntamente com Wei Ying saíram. O rapaz varreu a sala com olhar em busca de WangJi avistando-o perto da janela. Inclinou a face para a avó e cochichou algo.

A mulher parecia concordar e seguiu para se juntar a todos, após isso falou em um tom mais solene.

— A partir de hoje Wei Ying é um jovem aprendiz de cultivação.

QiRen estreitou os olhos e passou a mão na barba analisando cauteloso cada palavra dita por ela.

— Wei Ying precisa aprender a se defender, afinal não estarei 100% em todos os lugares que vá para manter sua segurança. – BaoShan olhou QiRen. – Eu acredito que todos irão querer testar a energia espiritual dele, pretendo estar junto, mas desejo que ao menos o clã Lan garanta que seja feito o correto e sob a exigência das regras tão sagradas do mestre Lan An que se comprometam a garantir que os testes sejam justos ao meu neto.

WangJi caminhou a frente parando diante do tio e curvou se ajoelhando.

Wei Ying arregalou os olhos, tal ato foi chocante para ele, que sem pestanejar foi até WangJi e segurou seu braço para este se levantar.

— Wei Ying, se afaste! – BaoShan tinha um tom severo ao rapaz.

Wei Ying soltou o braço do outro ainda receoso e suspirou sentindo o toque no ombro de uma mão cálida.

— Jovem Mestre Wei, apenas aguarde. – XiChen sorriu-lhe gentil e virou a face a mulher imortal. – Acredito que tal pedido possa ser cumprido por nosso clã, afinal mantemos a honra, eu pessoalmente estarei encarregado junto ao cultivador chefe para que seja feito o justo.

— BaoShan, entenda que não vamos lhe dar proteção, somente garantir que sejam feitos os testes de maneira clara e justa. – QiRen olhava WangJi e fez um gesto para este se levantar.

— Eu o protegerei

— Eu o protegerei. – WangJi olhou o tio sem vacilar, chegou aquela posição e não teria mais volta.

Wei Ying sorriu baixinho ao ouvir que o outro lhe protegeria, seu coração palpitava freneticamente, estava ansioso para fazer várias perguntas a WangJi.

QiRen levantou e ajeitou seu longo casaco pesado de frio e olhando XiChen concordou com a posição de seu sobrinho que era líder do clã Lan.

— A noite de hoje foi demais desgastante, amanhã nos encontraremos. – QiRen olhou para BaoShan e curvou-se despedindo. – Vamos!

SiZhui, JingYi e XiChen se curvaram a mulher imortal se despedindo, seguiram e seguida atrás de QiRen que olhou para WangJi.

WangJi não tirava os olhos de Wei Ying, este retribuía com sorriso largo. O velho ancião inspirou fundo quando saiu do lugar aparentemente insatisfeito com o desenrolar dos fatos.

— HanGuang-Jun haverá um momento apropriado. – BaoShan chamou-lhe atenção. – Se os testes forem corretos e “conseguirmos” evitar que todo mundo da cultivação não queira atacar meu neto eu assinarei o seu pedido de tutela.

Os olhos de WangJi desviaram para ouvir as palavras da imortal, oscilaram com aquela confirmação.

— Lan Zhan, a vó Su disse que vai me ensinar a ser como você, eu quero ser um cultivador. – O rapaz sorria com as bochechas levemente coradas. – Eu vou passar em todos os testes você verá.

WangJi tinha em sua face um leve curvar de lábios.

— Hm.

— Claro que você superar qualquer teste, não há energia ressentida e seu núcleo dourado é puro. – BaoShan confiava em suas palavras. – Boa noite, HanGuang-Jun. – A mulher curvou-se e virou-se dando um tapinha com leque no ombro de seu neto. – Faça as honras da casa e leve seu futuro mestre até a porta do templo. – Caminhou pelo corredor deixando ambos na sala sozinhos.

— Lan Zhan.
— Wei Ying.

Ambos se chamaram ao mesmo tempo e o rapaz caiu na gargalhada um pouco nervoso andou até o outro com as mãos para trás.

— Tudo que lhe contaram, está tudo bem? – WangJi estava curioso, o rapaz não demonstrava medo depois de saber a verdade.

— Está sim, eu ainda tenho um monte de perguntas, mas… – Passou o dedo na ponta do nariz coçando. – Algo me diz que vai ficar tudo bem. – Sorriu amplamente.

— Não vai.

— Claro que vai, eu vou ser como você e vou mostrar para todos eles que posso… – Wei Ying foi interrompido com o outro puxando-o pelo braço e o envolvendo em seus braços. – Lan Zhan, está muito preocupado, eu posso dá conta…

— Hm. – WangJi fechou os olhos e afagou os cabelos dele.

— Lan Zhan. – Wei Ying afastou um pouco para olha a face do outro. – Eles me odeiam…

— Eu não…
— Sim… E é o que importa. – Wei Ying aproximou o rosto e beijou suavemente os lábios de WangJi.

WangJi congelou com aquele ato e olhou-o sem saber o que fazer, seu coração batia rápido, ele desejava aquele carinho, mas…

— Wei Ying… – Afastou-o de seus braços sutilmente suspirou ajeitou seu casaco.

Wei Ying seguia-o com os olhos cheios de sentimentos, queria sentir o toque dos lábios do outro e tentou se aproximar.

— Wei Ying, não.

— Por quê? – Impedido de continuar ficou frustrado.

— Em outro momento, quando tudo se acalmar, conversaremos. – WangJi estava internamente lutando contra todos os seus preceitos, querer toma-lo em seus braços e beijar seus lábios era o que mais desejava. No entanto, a situação ainda não lhe permitia.

— Poxa, você não gosta de mim…? – Murmurou voltando a coçar a ponta do nariz.

WangJi abriu levemente os olhos sentindo aquelas palavras voltando a se aproximar falando um tanto apressado.

— Eu gosto de você, mas não é o momento…

— É só beijo e estamos sozinhos. Que mal há? – Wei Ying murmurou perto dele.
Ambos estavam tão perto que podiam sentir a respiração um do outro, WangJi fechou os olhos alguns instantes para voltar a abri-los. Suas mãos vagaram pelo corpo do rapaz, um braço envolveu a cintura e a mão livre segurou a nuca de Wei Ying.

Wei Ying ofegou e sentiu as pernas amolecerem, seu corpo todo estava tremulo e o coração pulsava tão forte que poderia sentir sair pela boca

Wei Ying ofegou e sentiu as pernas amolecerem, seu corpo todo estava tremulo e o coração pulsava tão forte que poderia sentir sair pela boca. Seus braços envolveram os ombros de WangJi e seus lábios roçaram o do outro.

— Lan Zhan, eu … amo… – Ofegou quando os lábios se encontraram.

O beijo foi inevitável, ambos se perderam naquele contato que começou tímido e terminou em uma troca de línguas ansiosas.

O contato durou alguns segundos, mas foi o suficiente para atordoar ambos e mesmo relutantes se afastaram. WangJi respirava lento para acalmar sua mente e Wei Ying tocava seus lábios com os olhos marejados encarando o outro.

— Incrível… – Sorriu consigo ainda sentindo seus lábios latejando pelos ansiosos trocados.

WangJi olhou para ele e depois para a porta de saída, sabia que estavam sozinhos a tempo o tio e os demais partiram, pensativo por ter agido no impulso voltou ao rapaz.

— Não se repetira…

Wei Ying arfou e seus olhos piscaram confuso.

— Eu não entendo… – Virou o rosto para o lado e resmungou. – Você preferiria que fosse como na outra vida, que eu fosse Wei WuXian? – Franziu a testa chateado.

— Não pense assim… Eu o amo do jeito que é… – WangJi segurou-o voltando a trazer para os braços e sussurrou ao seu ouvido. – Há vários olhos sobre nós, qualquer motivo será motivo para nos perseguir. – Se afastou dele e afagou o rosto dele. – Seja paciente e nosso tempo chegará.

Wei Ying inspirou e expirou para se acalmar e concordou, segurando a mão do outro e levou aos lábios pousando leves beijos.

— Vou tentar. – Wei Ying soltou a mão dele e mesmo relutante foi a porta e abriu-a. – Lan Zhan ainda queria tirar aquelas fotos de Natal.

WangJi seguiu-o porta a fora e caminhando pelo pátio olho-o.

— Vamos tirar.

— Ahhhh, agora estou feliz… Lan Zhan… – Wei Ying tirou do bolso seu smartphone e mostrou ao outro. – Pelo menos tenho meu telefone de volta, vamos poder conversar de novo hahahahahahaha…

— Hm.

WangJi desembainhou Bichen e a fez sobrevoar para monta-la.

Wei Ying olhava maravilhado e começou a tagarelar.

— Lan Zhan, quero fazer isso, eu quero montar na espada…

— Vou lhe ensinar.

Wei Ying sorriu ainda mais com aquela possibilidade.

— Até amanhã, Wei Ying. – WangJi já sobrevoava em volta dele.

Wei Ying estendeu a mão e o outro a segurou ainda sobrevoando montado em Bichen, a cena era mágica, as vestes brancas voavam com a brisa fria e a neve fina que caia. Encantado com a visão maravilhosa da pessoa que amava, Wei Ying sorriu e disse:

— Feliz Natal, Lan Zhan!

— Feliz Natal, Wei Ying!

Os dedos se soltaram e WangJi ainda assim relutava em deixa-lo, mas era necessário, agora que toda verdade veio a tona, precisava preparar-se para o próximo dia e o quanto teriam que enfrentar para evitar que todos queiram atacar Wei Ying. Partiu ainda olhando-o de longe.

Wei Ying não tirava os olhos de WangJi até não o ver mais na noite escura, pegou seu telefone, correu para casa e depois para seu quarto. O dia seguinte ainda tinha muito para o rapaz descobrir e possivelmente novas forças precisaria ter para o que iria enfrentar, porém estava seguro já que não estaria sozinho.

– Fim ?-

[yotuwp type=”videos” id=”PylEldqtHX4″ column=”1″ template=”grid” player=”mode=large”]

Quero deixar aqui algumas palavras de agradecimento, essa fanfic tem sido meu xodó e com o sucesso dela no Wattpad, fui convidada a torna-la uma obra original. Com isso estou trabalhando na mudança do cenário e mitologia. Espero futuramente apresentar o trabalho em formato de livro. A fanfic está sendo postada no Wattpad. Apesar de encerrar aqui na Widcyber, a mesma continua sendo postada no meu perfil da plataforma. Agradeço a Widcyber por mais uma vez me apoiar no meu trabalho autoral.

Se desejar acompanhar a nova fase da fanfic só acessar o link: https://www.wattpad.com/story/194800425-mdzs-i-se-n%C3%A3o-for-voc%C3%AA-n%C3%A3o-ser%C3%A1-mais-ningu%C3%A9m-arco

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Publicidade

Inscreva-se no WIDCYBER+

O novo canal da Widcyber no Youtube traz conteúdos exclusivos da plataforma em vídeo!

Inscreva-se já, e garanta acesso a nossas promocionais, trailers, aberturas e contos narrados.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo