Antunes e Sara, ainda conversam com Tio João, na pensão…
TIO JOÃO: Você disse um nome que já ouvi em algum lugar.
SARA: Qual nome Tio João?
ANTUNES: Que bom!
TIO JOÃO: Sebastiana. Esse nome não me é estranho… Mas, não consigo recordar a pessoa, o local.
ANTUNES: Tudo bem Tio João, quando o senhor recordar diga para nós.
SARA: Isso mesmo. O senhor fale para nós.
TIO JOÃO: Agora, preciso ir.
ANTUNES: Obrigado Tio João… Pena que a memória dele não está boa. Tenho certeza que ele sabe de alguma coisa.
SARA: Vamos torcer para ele se lembrar e nos contar.
Antunes se despede de Sara e a diz que terá que fazer uma breve viagem a São Paulo, para pegar seu diploma que está em uma universidade para ser assinado por representantes, mas, que ao retornar continuará a ajuda-la na busca da mãe.
No dia seguinte, Café da manhã, casa do Coronel Fagundes.
ANTUNES: Farei hoje uma viagem a São Paulo, mas estarei de volta o mais rápido possível.
HELENA: Meu desejo é que faças boa viagem meu filho.
ANTUNES: Obrigado mamãe.
FAGUNDES: E quando retornar, quero que você invista seu conhecimento de agrônomo, aqui em nossas terras.
ANTUNES: Sim, meu pai. Com maior prazer… Mas irei dedicar um tempinho para ajudar uma amiga minha a encontrar sua mãe.
FAGUNDES: É daquela escrava liberta lá da pensão que você está falando!
ANTUNES: É de Sara sim, meu pai.
FAGUNDES: Vás perder seu tempo para ajudar uma desconhecida, que pode está querendo enredar mais um para aplicar seu golpe.
ANTUNES: Não consigo ver estas características em Sara meu pai. Ela transparece ser uma pessoa idônia, de caráter. O senhor precisa conhece-la melhor.
FAGUNDES: Não quero aproximação com esse tipo de gente. E te aconselho a ficar longe dela.
ANTUNES: A propósito meu pai, quando retornar de São Paulo, gostaria de fazer algumas mudanças ao redor de nossa casa.
FAGUNDES: Mudança? De que mudanças você está falando?
ANTUNES:O pelorinho, a senzala, precisamos acabar com isso. São lembranças tristes do passado.
FAGUNDES: Tá aí uma coisa que você não se atreva a mexer. Jamais os destruirei. Ainda sonho em usá-los um dia, como no passado.
HELENA: Seu pai ainda está preso no passado.
ANTUNES: Quando eu retornar, continuaremos essa nossa conversa. Preciso ir. Senão perderei o trem.
Antunes se despede dos pais, vai até a cozinha se despedir de Quirina também e parti.
Na vila, hora do café na pensão, Raul senta em uma mesa e convida Romero e Divina para se sentarem com ele, afim de começar sua investigação sobre seu irmão fazendeiro que viera para o Brasil a cerca de 30 anos.
RAUL: Quero me tornar amigo de vocês, pois são os primeiros aqui na região, com quem estou tendo este contato. E tudo o que eu quero neste momento é encontrar meu irmão para dar uma satisfação aos meus velhos pais que querem notícias do filho primogênito.
ROMERO: Ajudaremos naquilo que estiver dentro de nossas possibilidades. Foi a cerca de 30 anos que eu e minha esposa, Divina, também chegamos aqui e abrimos nossa pensão com as economias que tínhamos.
DIVINA: Viemos sem rumo, sem perspectiva, sem termos uma explicação de o porque morar aqui nesta vila. Mas, tivemos que vir, ficamos e a 30 anos nosso coração sangra. E temo pelo o que pode acontecer em nossas vidas a qualquer momento. Faz 30 anos que estamos vivendo dentro de uma bomba relógio.
ROMERO: Mas, não vamos falar disso agora… Seu Raul, em que podemos lhe ajudar?
RAUL: Como já lhes disse, vim a procura de meu irmão e de minha cunhada que se casaram lá em Portugal e vieram morar aqui no Brasil numa fazenda comprada pelo meu pai e dada de presente aos noivos. E desde o embarque deles para cá, nunca mais tivemos nenhuma notícia. Tudo que nossa família quer agora é encontrar meu irmão e sua esposa Leonor. E pelo que os negociantes de meu pai na época falaram, é aqui nesta região que fica a tal fazenda.
ROMERO: Sua cunhada, como você mencionou, se chama Leonor. E seu irmão, o dono da fazenda,como se chama? Talvez conhecemos. Pois aqui tem muitos fazendeiros, eis donos de engenhos.
RAUL: Meu irmão se chama Alfredo.
Ao ouvir o nome os semblantes de Romero e Divina mudam completamente.
DIVINA: Alfredo de que?
RAUL: Alfredo Fagundes Rodrigues
O casal, novamente se espanta e olham um para o outro.
ROMERO: Olha Raul, se você não se importar depois continuaremos nossa conversa. Agora temos que atender nossos hóspedes.
Neste momento, Sara chega ao salão para tomar seu dejejum. Os dois se levantam com uma expressão de preocupados e saem para servirem o café a jovem. Raul então, comunica a eles que irá caminhar pela vila e depois retorna para dar continuidade à conversa.
Na Fazenda do Coronel Fagundes, após ter tirado a mesa de café, Quirina na cozinha já está dando início ao almoço da casa. Lá também está Helena, dando algumas ordens à empregada, quando são surpreendidas com a chegada de José.
HELENA: José!O que fazes aqui?
QUIRINA: Meu irmão, que saudade. (se abraçam)
JOSÉ: Vim te ver minha irmã.
HELENA: Não deixa Fagundes te ver, por favor. Vou lá para a sala distraí-lo, até você ir.
JOSÉ: Preocupa não dona Helena, hoje não vim com a intenção de matar o maldito não. Vim apenas ver minha irmã. Mas, se ele me agredir ele terá o troco na hora.
QUIRINA: Para com essas ideias meu irmão. Você agora é livre.
HELENA: Não quero confusão José. É por isso que irei entreter meu marido.
Pereira estava cavalgando pelos arredores de sua fazenda, quando viu José passar rumo à fazenda de Fagundes. Chegando em casa…
PEREIRA: Sabe Mariana, estou preocupado.
MARIANA: Preocupado com o que meu marido.
PEREIRA: Aquele eis escravo, que matou o feitor Brum na fazenda de Fagundes, o José, foi em direção da casa do amigo.
MARIANA: E você se lembra que ele jurou matar o coronel?
PEREIRA: É justamente por isso que estou preocupado. Poderemos ter uma tragédia por aqui… Pensando bem, vou fazer uma visita ao Coronel. Quem sabe consigo evitar que José faça algo contra o nosso amigo.
Pereira, pegou seu cavalo e saiu em direção à fazenda do Coronel Fagundes.
Chegando na fazenda do coronel, Pereira, procura por Raimundo…
PEREIRA: Bom dia Raimundo
RAIMUNDO: Bom dia seu Pereira.
PEREIRA: Cadê o seu patrão?
RAIMUNDO: Está em casa.
JULIO: O senhor quer falar com ele?
PEREIRA: Quero sim meu rapaz, mas antes… Vocês viram se o eis escravo José chegou por aqui.
RAIMUNDO: Vimos não.
JULIO: Vou até a cozinha, ele deve está com Quirina.
RAIMUNDO: Vá meu filho.
PEREIRA: Não demore. Estamos aguardando.
Julio, foi na surdina e constatou que José realmente estava lá. Voltou e …
PEREIRA: E aí?
JULIO: Ele está lá conversando com Quirina, mas parece está calmo.
PEREIRA: Mas de qualquer forma,vocês dois ficam atentos, que eu vou até ao meu amigo, o coronel.
CONTINUA…
No próximo capítulo
Raul descobre seu irmão conversando com Tunico. Tio João, procura Sara e diz recordar quem era Sebastiana. José conversa com Raimundo e Julio e deixa a fazenda. Raul decide imediatamente ir ter com seu irmão, mas antes já envia um telegrama para a família avisando que encontrou o ente. Pereira tenta descobrir a origem do Coronel Fagundes numa conversa com o mesmo.