É manhã de um novo dia.
Na vila, chega uma carruagem trazendo um casal e um jovem rapaz, que ao desembarcarem se dirigem á pensão de Romero e Divina.
AGENOR: Com licença!
ROMERO: Pois não meu senhor! Em que posso ajudar?
AGENOR: Há vaga para um casal e para o meu neto Roberto, até nos dirigirmos à fazenda de nosso filho?
ROMERO: Temos vaga sim. Qual é o nome do senhor?
AGENOR: AgenoR Fagundes Rodrigues, minha esposa Tereza Maria Rodrigues e meu neto Roberto Fagundes Rodrigues. Viemos de Portugal após recebermos um telegrama de nosso filho Raul que veio ao Brasil para encontrar nosso primogênito que a 30 anos veio pra cá com sua esposa e nunca mais deu notícias.
Divina que estava em outra área da pensão, ao ouvir toda esta apresentação dos novos hóspedes, levou um susto, deixando o objeto que estava em suas mãos cair…
ROMERO: Então os senhores são os pais de seu Raul?
TEREZA: Sim, foi ele quem nos indicou a pensão dos senhores para nos hospedar. E esse rapaz aqui é filho de Raul. O senhor conhece o nosso filho fazendeiro aqui na redondeza?
ROMERO: (Um pouco constrangido) Conheço sim, a fazenda dele fica bem próxima daqui da vila.
ROBERTO: O senhor tem visto meu pai?
ROMERO: Seu Raul desde o dia em que se dirigiu à fazenda, não retornou aqui nem para pegar suas coisas que aqui ficaram.
TEREZA: Ele e o irmão Alfredo devem estar se sentindo muito felizes com o reencontro.
DIVINA: (um tanto sem graça) Os senhores se acomodem ali naquela mesa, que irei servir um cafezinho.
Os novos hóspedes se afastam e Divina se aproxima do marido.
DIVINA: E agora ? O que vai ser?
ROMERO: Não sei! É hora da colheita dele. Ele plantou agora vai colher.
DIVINA: E um dos frutos desta colheita será nossa amargura. Sei que ele errou muito, mas me dói só de pensar no que pode acontecer.
ROMERO: Precisamos ser fortes. Já sofremos muito. Agora vamos aguardar pelo que vem.
Na fazenda, Antunes conversa com a mãe, sobre o que encontrou nos guardados do pai.
HELENA: Como assim meu filho? Uma certidão de um homem filho de seu Romero e dona Divina?
ANTUNES: Sim mamãe! O nome é Cassiano Pimentel.
HELENA: Não sabia que o casal dona da pensão tinha filho.
ANTUNES: E descobri mais. Papai se casou em Portugal com uma mulher chamada Leonor.
HELENA: Como assim?
ANTUNES: Mamãe tem muitos mistérios no ar sobre o passado do papai.
HELENA: Vivo com seu pai há 25 anos e não o conheço?
ANTUNES: Onde está a certidão de casamento da senhora com o papai?
HELENA: Está guardada.
ANTUNES: E como está escrito lá?
HELENA: Sabe filho, nunca tive a curiosidade de ler. Não tivemos cerimônia. Foi uma coisa estranha. Ele levou meus documentos e o tabelião redigiu a certidão e já estávamos casados. Nem precisou de minha presença. Fagundes, a guardou e nunca a li.
ANTUNES: Precisamos encontra-la mamãe. Procure-a enquanto converso com Raimundo e Julio.
Helena vai até seu armário no seu quarto e encontrou a sua certidão de casamento e a escondeu consigo e saiu a procura do filho para lhe entregar.
Enquanto isso, na vila Sara vai até ao boteco de Tunico, onde André está trabalhando.
SARA: Bom dia a todos!
TUNICO: Bom dia senhorita Sara! Que bom revê-la
SARA: Obrigada seu Tunico. Como passou André?
ANDRÉ: Bem. Muito bem. Meu pai está felicíssimo com a casa que você nos presenteou.
SARA: A felicidade é toda minha, em poder ajudar alguém que realmente valoriza a ajuda. Ainda mais se tratando de pessoas tão especiais como você e o Tio João.
TUNICO: E Antunes Sara, por onde anda?
SARA: Ele está em casa ocupado com uns acontecimentos estranhos por lá. A esposa do funcionário da fazenda desapareceu misteriosamente. E Antunes está lá tentando ajudar a encontra-la.
TUNICO: Estranho mesmo! E tem também o seu Raul, irmão do coronel, que se dirigiu para lá e não foi mais visto.
SARA: Espero que tudo se resolva bem… Mas estou o aguardando hoje.
Na fazenda, Antunes conversa com Raimundo e pede só mais um pouco de tempo.
ANTUNES: Olha, realmente dentro do armário, tem uma portinhola, como Serena havia dito a vocês. Mas estou agindo na surdina, sem que meu pai veja, para não provocar a ira nele e piorar a situação. Fiquem calmos vai dar tudo certo.
JULIO: Calma Antunes? E se minha mãe estiver presa lá dentro? Temos que arrombar aquilo lá.
ROMERO: Julio tem razão seu Antunes.
ANTUNES: Mas precisamos ter calma… Confiem em mim. Irei resolver isso. Meu pai não está bem. Não podemos deixá-lo nervoso, que poderá ser pior.
E nesse instante, Helena vem ao encontro de Antunes, trazendo a certidão de seu casamento com Fagundes.
HELENA: Aqui está meu filho. Não deixe seu pai perceber que esta certidão está com você.
ANTUNES: Fique sossegada mamãe! Papai não sai daquele escritório por nada.
Antunes começa a analisar o documento.
HELENA: E aí meu filho tem alguma novidade?
ANTUNES: (Olha para a mãe) A senhora não é casada com Alfredo Fagundes Rodrigues. És casada com Cassiano Pimentel, filho de seu Romero e dona Divina. E eu tenho no meu registro o nome de Alfredo, sendo que para registrar um filho estando com um documento pessoal consegui registrar, por isso sou filho do coronel Fagundes e não de Cassiano.
HELENA: Que confusão!
ANTUNES: Diante disto posso deduzir que Fagundes e Cassiano neste documentos se referem á uma pessoas só. Embora sejam distintas.
Helena se assusta.
HELENA: O que está dizendo filho? Mas então quem são estes Alfredo Fagundes e Leonor. Por que esta certidão de casamento deles está aqui? Por que Cassiano não é Cassiano? E quem são os pais do Alfredo?
ANTUNES: Os pai de Alfredo são Agenor Fagundes Rodrigues e Tereza Maria Rodrigues. Teremos muitas coisas para descobrir. Mamãe, fique calma. Acredito que a senhora terá muitas surpresas. Não só a senhora, como toda a região. O papai não é quem pensamos. Ele é um praticante do mal. Se hoje não chega a tanto pode ter certeza que no passado o foi. Com certeza fez muita gente sofrer, além dos escravos. Não deixe transparecer nada. Daqui a pouco eu, a senhora e Quirina iremos a vila. E muita coisa será compreendida.
HELENA: Que horror! Fagundes nos enganou a tanto tempo, a troco de que?
ANTUNES: Tem muitas coisas nas entrelinhas desta história ainda. Mas tudo será esclarecido.
O mais rápido, foi então a ida de Antunes, Helena e Quirina para a vila. Chegando lá, imediatamente, o jovem deu um jeito de apresentar a noiva às suas acompanhantes.
Sara ainda estava no boteco de Tunico, quando foi surpreendida com o seu namorado.
SARA: Antunes! Meu querido namorado.
ANTUNES: Como vai minha doce amada! (Se beijam) Trouxe duas pessoas muito especiais para você conhecer.
SARA: Quanta honra!
ANTUNES: Esta é minha mãe Helena (as duas cumprimentam) e esta é minha ama de leite, Quirina.(Se cumprimentam)
SARA: Que prazer em conhece-las. Dona Helena e Dona Quirina. Antunes fala muito das senhoras.
HELENA: O prazer é todo meu Sara. Antunes fala muito de você também e pessoalmente vejo que tudo o que ele fala ainda é pouco. Parabéns meu filho sua namorada além de bonita é muito simpática.
SARA: Obrigada dona Helena.
QUIRINA: A moça é muito bonita mesmo. Dona Helena tem razão.
ANTUNES: Assim eu me apaixona ainda mais… Sara,creio que nosso dia hoje será de muitas emoções, descobertas e esclarecimentos, para a minha família e para você também. Então gostaria que você nos acompanhasse, afinal em breve você será da família.
SARA: Com muito prazer!
HELENA: Espere um pouco, preciso cumprimentar meu irmão Tunico. Pois faz tempo que não o vejo.
Enquanto isso na fazenda do coronel Fagundes…
RAIMUNDO: Não aguento mais esta angustia. Esse sumiço de sua mãe está me deixando inquieto.
JULIO: E Antunes diz que ía nos ajudar e foi para a vila.
RAIMUNDO: Vamos nós dois falar com o coronel. Ele tem que nós dizer o que tem por traz do tal armário e o que está lá.
Fagundes, sabendo que todos da casa saíram, decide sair do escritório, foi para a cozinha preparar dois lanches e ao retornar para o escritório, se depara com Raimundo e Julio na sala querendo falar com ele.
FAGUNDES: O que vocês dois estão fazendo aqui dentro de minha casa. Eu não os chamei!
RAIMUNDO: Precisamos ter uma conversa com o senhor.
FAGUNDES: Agora não posso, está na hora do meu lanche.
JULIO: E porque dois lanches coronel?
FAGUNDES: Estou com fome e vou comer dois lanches rapaz.
RAIMUNDO: É sobre o sumiço de Serena.
FAGUNDES: O que eu pudia fazer, eu já fiz. Liberei todos os empregados para lhe ajudar nas buscas. Se quiserem libero de novo.
RAIMUNDO: Não há necessidade. Serena não está longe daqui.
FAGUNDES: Como assim? Então vocês sabem onde ela está?
RAIMUNDO: Serena antes de desaparecer, nos contou todo a história daquele homem que esteve aqui e sumiu aqui dentro da casa grande e ela ainda descobriu uma porta secreta dentro de um armário. Com certeza o senhor notou que ela estava ciente dos fatos e resolveu trancá-la neste armário também antes que mais alguém soubesse. Queremos que o senhor a solte.
FAGUNDES: Como assim? Isso é uma acusação grave. Eu não escondi ninguém em lugar nenhum.E se ela disse sobre o tal homem e dessa porta secreta, ela devia estar maluca. Não existe nada disso.
JULIO: Podemos verificar coronel?
FAGUNDES: Estão duvidando de minha palavra? Peço que se retire imediatamente de minha casa. Vão cuidar do serviço de vocês. Ou querem ser demitidos?
RAIMUNDO: Enquanto não encontrarmos Serena não nos ocuparemos de outra coisa. E faça o que o senhor achar melhor. Agora o que importa é minha esposa.
FAGUNDES: Então vai procura-la em outro lugar, pois aqui dentro ela não está.
JULIO: Temos a certeza de que ela está trancada aqui em algum lugar. E o senhor sabe.
FAGUNDES: Saem daqui.
RAIMUNDO: Vou reunir meus amigos e invadiremos esta casa até encontrarmos minha esposa.
FAGUNDES: Façam isso! Muito sangue irá correr.
Pai e filho se retiram da casa grande e vão juntar forças para invadirem a casa grande.
O coronel, ficou ainda mais nervoso com a situação e se prepara para esperar o grupo prometido por Raimundo.
Aguardem as emoções dos últimos capítulos.
CONTINUA…