Quando o coronel Fagundes, estava pra iniciar com o castigo ao escravo José, foi surpreendido com a chegada de alguns soldados que traziam um telegrama enviado pela corte a todos os senhores de engenho.
Coronel Fagundes ao ler o telegrama se irritou com a mensagem. Feitor Brum se aproxima do mesmo e o questiona.
FEITOR BRUM: O que foi coronel?
FAGUNDES: Não posso acreditar. É o cúmulo!
ANTUNES: O que foi papai?
FAGUNDES: A princesa Isabel acabou de libertar a todos os escravos do Brasil. É o fim da escravidão. Quanto prejuízo. Quanta insensatez .
ANTUNES: É verdade isso soldado?
SOLDADO: Verdade. Todos os escravos estão livres a partir de hoje. Diante desta notícia, peço ao coronel Fagundes que retire este homem do tronco imediatamente e quero fazer o comunicado a todos os escravos desta fazenda.
FAGUNDES: Não posso acreditar em tamanho absurdo. Feitor Brum, retire este escravo do tronco.
Antunes num êxtase, saiu correndo e foi dar a notícia a sua mãe.
ANTUNES: Mamãe! Mamãe!
HELENA: O que foi meu filho? O que seu pai fez com José.
ANTUNES: Nada. Aliás, não poderá castigar José mais.
ANTUNES: Como assim?
ANTUNES: A abolição aconteceu. Não existe mais a escravidão no Brasil.
HELENA: Sério isso filho?
ANTUNES: Sim! Vamos lá onde todos estão! Os soldados trouxeram a mensagem da corte.
Helena e Antunes se dirigem apressadamente até a senzala.
FAGUNDES: Solte Brum este escravo logo.
FEITOR BRUM: Certo patrão.
Ao soltar José, o mesmo teve uma atitude de vingança prometida por ele várias vezes contra o feitor Brum.
JOSÉ: Me solte maldito. Sua hora está chegando. Vou te mandar pro inferno.
FEITOR BRUM: Os soldados estão todos ali. Você quer sair do tronco e ir pra cadeia.
JOSÉ: Não me importo. O que quero é me vingar de você e do coronel.
José ao ser solto das correntes que o prendia ao tronco, mesmo debilitado, conseguiu aplicar um golpe certeiro em Brum e o matou. Os soldados então, o prenderam quando já estava se dirigindo ao coronel Fagundes para fazer o mesmo com ele.
QUIRINA: Não faça isso meu irmão! Agora você vai pra cadeia.
JOSÉ: Não tem problema minha irmã,assim pelo menos terei acabado com quem muitas vezes me bateu e não me respeitou como um ser humano.
QUIRINA: Por favor soldados, não judie mais do meu irmão.
Quirina abraça José e se afasta dele e é apoiada por Helena e Antunes.
E ao ser rendido pelos soldados, José ainda faz uma outra promessa.
JOSÉ: (Olhando para o coronel Fagundes) Sua vez ainda vai chegar. No dia em que eu sair da cadeia voltarei aqui para lhe matar, maldito.
José é conduzido pelos soldados para a cadeia como um assassino.
Fagundes, então providencia o sepultamento de seu feitor e horas depois, reúne todos os escravos e lhes dirige uma palavra de revolta, devido a abolição da escravatura.
FAGUNDES: Agora vou até a senzala conversar com aquela gente. Não consigo acreditar em tamanha imprudência dessa princesa Isabel.
HELENA: O que você fará? Manterá toda essa gente como empregados?
FAGUNDES: De maneira nenhuma. Perco toda minha safra, mas não quero ver essa gente em minha propriedade. Quero que desocupem imediatamente.
HELENA: Me dá pena. Pois não tem pra onde irem.
FAGUNDES: Mas não era a liberdade que queriam, agora a tem, pois façam uso dela.
HELENA: E Quirina? A deixaremos ir também? Gostaria que muito que ela continuasse aqui com a gente como empregada.
FAGUNDES: Apesar de ser da mesma laia, se ela quiser pode ficar. Quirina tem um valor inestimável pra nossas vidas.
HELENA: Que bom que você pensa assim. Antunes ficará muito feliz.
FAGUNDES: Agora vou ter com os és escravos e manda-los embora daqui. Raimundo irá comigo.
Então, o coronel Fagundes, irá escoltado pelo seu empregado Raimundo para dispersar todos os libertos de sua fazenda.
Enquanto Fagundes reúne a todos na senzala, Antunes procura a mãe desesperado.
HELENA: Por que está chorando meu filho?
ANTUNES: A Quirina disse que irá embora com os libertos. Faça alguma coisa mamãe.
HELENA: Calma filho. Seu pai quer que ela fique e lhe pagará salário.
ANTUNES: Vá até ela e converse com logo então.
Helena irá convencer Quirina de ficar?
Na senzala.
FAGUNDES: Hoje vocês conseguiram o que tanto queriam, a liberdade, de maneira imprudente por uma pessoa sem escrúpulos. Infelizmente não posso fazer nada por vocês de hoje em diante. Então, peço que saiam imediatamente de minha propriedade e celebrem a vitória de vocês longe daqui. Prefiro perder toda a minha safra do que pagar a vocês para executar a colheita. Portanto, sumam daqui.
A notícia para os libertos soou como o nascimento para uma nova vida. Ambos se alegraram explosivamente e com suas respectivas famílias se retiram do cativeiro onde sofreram por longos anos. Saíram em busca de seus sonhos, os quais nunca deixaram de alimentar ao longo de suas vidas. Enquanto trabalhavam, sonhavam intensamente, pois neste ninguém poderia invadir, nem roubar e nem impedir que sonhassem. Nem o feitor e nem o senhor do engenho podia limitar.
Fagundes, então propôs a Quirina que permanecesse na casa grande como assalariada. E que por insistência de Antunes, a quem ela amamentou, aceitou a proposta e ali ficou, mas em seu coração mantinha o grande sonho de um dia conseguir reencontrar sua filha Rosa que no passado fora obrigada a deixá-la em posse de outro senhor de engenho, em outra cidade bem distante.
E assim, os dias se passam, Fagundes contrata alguns colonos para trabalhar na fazenda.
José, preso, foi condenado a dez anos de prisão pela morte do feitor Brum.
O adolescente Antunes, retorna aos seus estudos na capital de belo Horizonte.
CONTINUA…