Antunes está na pensão. Após ter Realizado o sonho de Quirina, que era o de reencontrar sua filha Rosa, o jovem, agora runirá no particular com Romero e Divina, afim de por em pratos limpos outra questão.
ANTUNES: Estamos vivendo um momento difícil, onde meu pai perdeu o controle sobre suas ações. E mexendo em suas pastas de documentos, encontrei um, que pensei que só vocês dois pudessem me esclarecer. Pois meu pai não está em condições de assim o fazer… Pois bem, como disse encontrei esta certidão de nascimento de um homem, vejam.
Antunes passa para as mãos do casal a certidão. O casal, leram a certidão, olharam um para o outro e…
ANTUNES: O que vocês me dizem sobre?
DIVINA: Penso que está na hora de falar toda a verdade.
ROMERO: Sim, pode falar a Antunes, ele é maduro o suficiente e irá entender e nos ajudar.
ANTUNES: Podem falar. Preciso saber. Meu pai está escondendo muitas coisas sobre seu passado de todos nós.
DIVINA: (Se levanta e começa) Bem, esse Cassiano que consta nesta certidão, é nosso filho. Criamos ele com todo carinho, amor, ensinando sempre a ser digno, honesto. Mostrando a ele o que era certo e errado. E entre tantos ensinamentos, ele preferiu abraçar para ele uma vida de erros, maldade, ganância, ambição. Tudo o que lhe ensinamos foi rejeitado por ele.
ANTUNES: Mas, cadê o filho de vocês? E até agora não consegui entender o porque desta certidão do filho de vocês está com o meu pai, sendo que é visto que ele não tem aproximação nenhuma com os senhores.
ROMERO: Nosso filho, cometeu uma atrocidade no passado, abrindo mão até de nossa companhia, de nossa presença junto dele… Foi assim, Cassiano a 30 anos atrás ficou sabendo, não sei como, que iria chegar um casal recém casados no porto da Baía, pois morávamos lá. E esse casal estava vindo só, haviam ganhado uma fazenda aqui no Brasil e que ficava aqui em Minas Gerais. Então, o nosso filho teve a triste ideia de capturar este casal e assumir a identidade do rapaz recém chegado. Para isso ele teve a ajuda de um outro amigo de péssima índole também. O que fizeram? Os dois pegaram este casal, o mataram e jogaram os corpos no mar, Cassiano assumiu a identidade do moço, passando a ficar com todos os bens do mesmo, inclusive a fazenda que fica aqui.
ANTUNES: Não pode ser? É isso que estou imaginando?
DIVINA: É isso sim, Antunes. Nosso filho Cassiano Pimentel, assumiu a identidade de Alfredo Fagundes Rodrigues, vulgo Coronel Fagundes.
ANTUNES: A que ponto chegamos. Meu pai é um monstro… Mas, vocês falaram de um amigo, companheiro do filho de vocês, nesta trapaça, quem era? Ou melhor quem é?
ROMERO: Feitor Brum. Este era o amigo inseparável de Cassiano, topava tudo, homem carrasco, cruel com os escravos. Portanto após este horrendo crime, ele veio para cá e ficou na fazenda até ser morto pelo escravo José no dia da abolição.
ANTUNES: Estou sem chão. Sabia que tinha algo de errado com o passado de meu pai, mas jamais pensei que era tão catastrófico assim.
DIVINA: Então, quando ele veio pra cá, nós como pais, sofremos muito com isso e tínhamos medo do que pudesse acontecer com ele, pois é nosso filho. Vendemos o pouco que tínhamos lá e embarcamos para cá, chegando aqui, encontramos este imóvel a venda e fizemos um investimento para estarmos perto dele, mesmo não concordado com as atitudes dele.
ANTUNES: E pelo o que vejo ele não gostou disso?
ROMERO: De forma alguma! Hora e outra está nos fazendo ameaças. Nos ignora o tempo todo.
ANTUNES: Estou absurdamente surpreso… Então sou neto de vocês? Que para mim é uma honra… Por isso que minha mãe disse, que quando se casaram, ele apenas levou seus documentos para um tabelião e o registro do casamento foi feito sem a presença dela.
DIVINA: Sim, Cassiano pagou o tabelião para assim proceder.
ANTUNES: Meu pai, não está bem, sua mente está perturbada por causa do passado. Hoje o medo lhe traz inquietação. Aquele moço que veio de Portugal, o Raul, é irmão de Alfredo, filho desse casal que está aí. Está explicado o porque meu pai trancou Raul no porão.
ROMERO: Antes de Raul ir para a fazenda, ele enviou um telegrama à sua família, dizendo ter encontrado o irmão, por isso que os pais dele e o filho vieram diretamente aqui.
ANTUNES: Bom, agora tenho outro desafio pela frente, tenho que contar isso tudo ao casal Agenor e Tereza,os pais do verdadeiro Fagundes.
Enquanto isso, Fagundes, saiu da fazenda e está se dirigindo para a vila. Raimundo, Serena e Julio, temendo por algo trágico, pois Quirina, Antunes e Helena, já estão lá e não sabem do que aconteceu na fazenda.
Na pensão Antunes, inicia sua conversa com Agenor, Tereza e Roberto. Que ficam sabendo de tudo o que aconteceu.
TEREZA: E cadê meu filho Raul? Já que Alfredo foi morto a tanto tempo.
AGENOR: Que tristeza. Tivemos tantas esperanças de rever nosso filho Alfredo, com sua esposa Leonor e com filhos!
ROBERTO: Precisamos ir à fazenda salvar meu pai!
RAUL: (Chega) Não precisa filho. Estou aqui e bem. Pensei que nunca mais os veria, mas graças a Raimundo e seu filho, fui salvo.
A família vai ao seu encontro e o abraça.
ANTUNES: O que houve seu Raul.
RAUL: Teve uma batalha na fazenda… Raimundo e seu amigos invadiram a casa grande, renderam Fagundes e arrombaram o porão onde eu e Serena estávamos presos.
ANTUNES: E cadê meu pai? O que aconteceu com ele?
RAUL: Ele ficou bem. Tiramos todas as armas dele e o deixamos lá irritadíssimo.
Nesse momento, Raimundo, Julio e Serena também chegam.
RAIMUNDO: Não se preocupem Antunes e dona Helena. Por causa de vocês não fizemos maldade nenhuma com ele.
HELENA: Precisamos ir até lá. Não podemos deixá-lo a sós.
De repente!
FAGUNDES: Não é preciso ninguém ir. Estou aqui.
ANTUNES: Meu pai !Como estás?
DIVINA: Meu filho. Conserte sua vida. Ainda é tempo.
ROMERO: Todos já sabem de tudo meu filho!
FAGUNDES: Não me chamem de filho. Um coronel como eu não pode ser filho de um casal de velhos enxeridos, bisbilhoteiros como vocês dois.
ANTUNES: Papai, todos nós queremos ajudar o senhor.
AGENOR: Espera aí, eu e minha família só queremos que ele pague por tudo o que fez e principalmente pela morte de meu filho e de minha nora.
FAGUNDES: Vocês todos terão o mesmo fim do filho de vocês. Vou acabar com a raça de todos. Não tinham que aparecer aqui.
HELENA: Fagundes, fique calmo!
DIVINA: Meu filho, por favor, reconheça que errou e mude de vida.
Fagundes se aproxima de Divina e…
FAGUNDES: Cale a boca velha nojenta (dá um empurrão na mesma e a joga no chão)
Romero se aproxima para ajudar a esposa e é agredido também. Nesse momento Sara e Quirina adentram no salão da pensão, Fagundes tem uma ação súbita, pega uma faca que está sobre o balcão e rende a mesma, com a faca em seu pescoço.
FAGUNDES: Escrava maldita, você também é outra que veio até aqui só pra tirar a minha paz. Não quero ver você junto ao meu filho. Vou te matar, assim Antunes não casará com você.
Momentos difíceis, todos estão vivendo. Uns querem que Fagundes pague por tudo, outros querem que ele reconheça os seus erros e peça perdão.
ANTUNES: Papai, por favor, solte Sara!
QUIRINA: Por favor coronel. Não tire minha filha de mim de novo. Agora que a encontrei não quero perde-la novamente. Já sofrei muito.
FAGUNDES: Cale a boca velha rabugenta. Não tenho nada a perder.
DIVINA: Tem sim Cassiano.
FAGUNDES: Não me chame assim. Eu sou o coronel Fagundes.
DIVINA: Não. Você não é o coronel Fagundes. Você é Cassiano, meu filho e de Romero. Agora por favor, mesmo que não queira, mas eu peço, me ouça.
FAGUNDES: Não quero saber de ladaínhas.
DIVINA: É para o seu bem. Reconheça seus erros cometidos no passado, assuma quem você realmente é, assim seu coração, a sua alma terá paz. O fato de ter errado não quer dizer que terás de viver no erro a vida toda. Você está tendo a chance de mudar, de pedir perdão, de reconhecer que tem quem te ama. Eu e seu pai jamais deixamos de te amar, mesmo com você nos rejeitando o tempo todo. Hoje você tem sua esposa, seu filho, que te amam. Abra seu coração, aquiete seu coração. Você poderá recomeçar sua vida de uma maneira digna, honesta, com verdades.
FAGUNDES: Não quero ser pobre. Sou um homem rico.
ROMERO: Filho, não adianta viver de mentiras. Ser alguém que não és. Você matou, roubou, enganou. Esqueça esse terrível passado e se disponha a pagar pelos erros mas convicto de que és um novo homem.
ANTUNES: Papai por favor solte minha noiva.
Nesse momento,o coração de Fagundes começa a esmorecer. Mas, continua mantendo Sara como refém.
FAGUNDES: Como posso me tornar uma pessoa boa, depois de tudo que fiz? Depois de ter matado muitas pessoas, de ter roubado e enganado muita gente?
ANTUNES: Papai, estamos com o senhor, lhe ajudaremos a vencer a recomeçar. Eu, a mamãe, seu Romero e dona Divina ,somos a sua família e te amamos, mesmo sabendo de tudo o que o senhor fez no passado.
FAGUNDES: Naquele porão, tranquei muita gente e deixei que morressem lá dentro. Quantos compradores de escravos que chegaram com dinheiro para comprar algumas peças, eu os rendia, pegava o dinheiro e os trancavam lá e morriam. Eu e o feitor Brum. Rendemos o casal Alfredo e Leonor, lá no porto da Baía, os matamos e os jogamos no mar. Abri mão de meus pais, ignorei-os e os humilhei. Separei Quirina de sua filha, causando-lhe muitas dores, enfim, quantos escravos chicoteei até a morte, e por fim tranquei Raul e Serena naquele porão só porque colocavam em risco a fortuna que não é minha, minha intenção era de deixa-los lá até a morte. Vejam quanto mal eu fiz e ainda me dizem que terei uma nova chance? Sou do mal, meu coração é de pedra.
Fagundes, solta Sara e a empurra de perto dele. Quirina abraça a filha. Mas Fagundes continua sua batalha interna, o mal lutando contra o bem.
CONTINUA…
No próximo capítulo, continua a saga de Fagundes/Cassiano. E que ainda terá uma atitude inesperada por todos.