CENA 01 – IGREJA MATRIZ – DIA:
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR:
Chega o dia do casamento de Heloísa e Daniel. O rapaz já está no altar esperando, ansioso.
Daniel, olhando para o relógio: Meu Deus, e esse atraso?
João: Calma aee, pai. Logo, logo ela chega.
De repente, a marcha nupcial começa a tocar e os convidados ficam em pé, olhando para a porta.
João: viu, não falei?
As portas se abrem. Close na expressão de felicidade de Daniel.
Pelos portais da igreja, Heloísa entra acompanhada pelo pai, sorridente e deslumbrante. Os seus olhos estão fixos em Daniel, que, por sua vez, não se contém e chora de tanta felicidade. Eles chegam ao altar e Aristides entrega a filha ao genro.
Por fim, a cerimônia transcorre lindamente.
Padre: Daniel Vieira, você aceita Heloísa Rangel como sua legítima esposa, prometendo amá-la, cuidá-la e respeitá-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?
Daniel: Sim. Eu aceito!
Padre: Heloísa Rangel, você aceita Daniel Vieira como seu legítimo esposo, prometendo amá-lo, cuidá-lo e respeitá-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?
Heloísa: Aceito!
Padre: Então, diante de Deus e destas testemunhas, eu vos declaro marido e mulher. Os noivos podem se beijar.
Daniel e Heloísa se beijam. Todos os convidados os aplaudem. Eles saem da igreja e, na porta, recebem uma chuva de arroz dos convidados. Todos seguem para a festa.
CENA 02 – RESTAURANTE BON’ APETIT – DIA:
O restaurante foi fechado para a festa de Daniel e Heloísa. Em uma mesa, estão sentadas Paola, e Mirella. De repente, vem Rafael, de cadeira de rodas.
Mirella: Oi, meu amor. – os dois trocam um selinho – Onde você tava?
Rafael: Eu tinha ido a um banheiro. Demorei porque, na minha situação, qualquer atividade fica mais difícil, né… mas ainda bem que o banheiro daqui é adaptado.
Mirella: Pois é. Seria bom se todos os locais fossem assim.
Rafael: é, mas você viu o perrengue que foi na nossa chegada né? Aqui não tinha rampa de acesso, foi difícil subirmos com essa cadeira de rodas pela escada.
Paola: Isso eu achei um absurdo. Não sei como o dono não foi multado ainda. Os locais devem oferecer, por lei, acessibilidade para qualquer deficiência. Mas enfim.
Rafael: Bom, mudando de assunto. – ele tira uma caixinha de veludo do bolso. – Mirella Vieira Rangel. Você aceita se casar comigo, e ser minha esposa para toda vida?
Mirella, radiante: isso é sério?
Rafael: Nunca falei tão sério em toda minha vida.
Mirella: é claro que eu aceito. – os dois se beijam e ele coloca o anel de compromisso no dedo dela.
Mirella: Meu amor, vamos dançar?
Rafael: Não tem como né meu amor? Olha minha situação.
Mirella: Bobagem. Hoje em dia, não existem limites, meu querido. Vem.
Eles vão e deixam Paola sozinha.
Paola: Pois é. Eu fiquei aqui. Sozinha. Será que a vida não vai me dar uma oportunidade para amar?
De repente, chega João e se assenta ao lado dela.
João: Olá, moça bonita.
Paola: Oi João.
João: sozinha?
Paola: Pois é… sua irmã está lá, toda feliz com o Rafael e eu fiquei aqui. Sem ninguém nem pra dançar, ao menos.
João: Não seja por isso. Quer dançar comigo?
Paola: Com você? Duvido que saiba dançar.
João: Então tá. Fique ai sozinha. – ele vai saindo, quando ela a chama novamente.
Paola: João, espera. Vamos dançar. Mas ‘ai’ de você se pisar no meu pé.
Os dois riem e vão para a pista de dança e começam a dançar.
Em uma outra mesa, Ofélia e Aristides estão conversando.
Aristides: Vamos dançar também?
Ofélia: Ari, não tenho mais idade pra isso.
Aristides: E desde quando existe idade certa pra dançar? Vamos, querida.
Ofélia: Ta bom, vamos.
Os dois vão pra pista de dança e começam a dançar. De repente, Ofélia passa mal e cai no chão. Todos se desesperam.
Heloísa, chegando perto: Mãe, mãe!!!
Aristides, tentando animá-la: Ofélia, querida, por favor…
Ofélia, perdendo os sentidos: Helô, minha filha… chegou a hora de sua mãe partir e se encontrar com sua irmã. Saiba que eu te amo muito só quero que seja feliz… só te digo isso… seja feliz..
Heloísa, chorando: Mãe, por favor, não se vá.
Ofélia: E Ari, meu amor. Saiba que… eu sempre… eu sempre te amei. E continuarei te amando no além.
Ofélia desmaia e morre. Heloísa se desespera em cima do corpo da mãe. Aristides chora, bem como Mirella e João.
CENA 03 – CEMITÉRIO MUNICIPAL NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS – DIA.
No dia seguinte, ocorre o velório de Ofélia. Os familiares e amigos lhe prestam sua ultima homenagem. O caixão, enfim, é lacrado e segue para o túmulo para ser sepultado. Lá, o caixão é sepultado debaixo de muita comoção e lágrimas, principalmente de Aristides, Heloísa, Mirella e João.
PASSAM SE DOIS ANOS…
CENA 04 – CASA DA FAMÍLIA BARRETO – TARDE:
Joana está organizando a mesa para almoçar. Francisco está na sala brincando com a filha, Rebeca, de um ano e meio. De repente, chega Olavo, que já estava com 17 anos, prestes a completar 18, totalmente recuperado da leucemia. Ele vinha acompanhado de uma garota, Sara, de 16 anos, cabelos ruivos até a cintura, e olhos claros.
Joana: Oi, filho. Que bom que vocês já chegaram. O almoço já está sendo servido.
Francisco: E quem é a moça bonita?
Olavo: Então. Pai, mãe, Rebeca, rsrs. Essa é a minha namorada, a Sara.
Joana: Nossa, que moça mais linda! – ela beija no rosto da menina – que prazer te conhecer, querida.
Francisco também a cumprimenta: Prazer, minha flor. – ele a beija no rosto, também.
Sara, meio envergonhada: Oi gente. O prazer é todo meu.
Joana: Bom, vamos pra mesa, lá a gente conversa mais.
Lá, eles conversam, em off, dando risada. Joana e Francisco trocam carícias e beijos. Olavo e Sara também trocam selinhos e se divertem com o Rebeca, a nova integrante da família.
CENA 05 – APARTAMENTO DE HELENA / HELOÍSA – TARDE:
Toda família está reunida para o almoço. Seu Aristides, Daniel Heloísa, Mirella e, Rafael, João e Paola, que assumiram o namoro, e Zoraide.
Daniel: Pessoal, eu quero fazer um anúncio aqui a todos. A galeria será reinaugurada.
Todos aplaudem a novidade.
Heloísa, surpresa: mas como assim? Achei que demoraria mais.
Daniel: Pois é, mas eu fiz tudo com um pouquinho de pressa e consegui terminar a reforma. Tudo está lindo. E já faremos uma exposição.
Heloísa: Que Maravilha, meu amor. E qual será o tema?
Daniel: O tema será: Helena, Intensa Como ela Mesma.
Heloísa: Já gostei.
Aristides: Bela Homenagem, meu caro. Bela homenagem.
Todos apoiam a ideia e continuam a conversar, alegres, em off.
CENA 06 – FLASHES – DIA E NOITE:
– João Victor, após se recuperar, passou a palestrar em escolas a respeito de drogas, e dos transtornos e tragédias que elas trazem.
– Aristides, após a morte da esposa, passou a viver sozinho na casa de campo. Mas não fazia disso motivo para solidão. Ele ocupava o seu tempo cuidado do jardim, lendo livros, passeando e cuidado da filha e dos netos.
– Olavo e Sara iniciam um projeto que visa dar palestras e ajudar na divulgação da importância da doação de medula óssea.
– Mirella e Rafael se casam em uma linda cerimônia na praia. No mesmo dia, ela anuncia estar grávida do rapaz, que não se contém com tanta felicidade.
– Joana e Francisco saíram em segunda lua-de-mel, viajando pelo litoral do nordeste brasileiro.
– Zoraide recebe uma visita muito especial: Sua irmã Maria Antônia, a quem não via a muitos anos.
– Daniel e Helena cuidavam pessoalmente dos preparativos para reinauguração da galeria, que estava prestes a acontecer.
PASSAM-SE ALGUNS DIAS…
CENA 07 – GALERIA ART’ VIDA – DIA:
A galeria está toda reformada. Várias pessoas estão acompanhando a exposição, com vários quadros pintados em homenagem a Helena.
Daniel, pegando um microfone: Boa noite, amigos e amigas. Este é um momento muito especial na história da galeria Art’ Vida. Depois de muitas situações difíceis, a nossa galeria será reinaugurada. – todos aplaudem – E, para recomeçar muito bem, decidimos fazer uma exposição em homenagem a aquela que foi fundamental para que essa galeria crescesse. Helena Rangel, que tragicamente faleceu a dois anos atrás.
Heloísa continua: ela era dona de uma personalidade forte, era decidida, e muito teimosa. Mas, com um coração de outro, aberta a ajudar as pessoas. Essa é a Helena que todos conheciam. Além de tudo, era a melhor irmã do mundo. Por isso, gostaria que todos a aplaudissem nesse momento.
Todos aplaudem com calorosas palmas, gritos e assovios entusiasmados.
Daniel conclui o discurso: Enfim, quero agradecer a todos pela presença, e desejo boa exposição!
Todos aplaudem novamente e começam a observar as obras. Aristides é um dos que observam.
Aristides olha os quadros, emocionado: quanta falta, você me faz, minha filha… quanta falta…
Ele continua a observar os quadros. Daniel e Helena se olham apaixonados e felizes com tudo o que estava acontecendo.
Daniel: Minha nova vida não poderia começar melhor.
Heloísa: Não temos do que reclamar, né.
Os dois se beijam.
Daniel e Heloísa: Eu te amo!!!
Os dois se beijam novamente.
PASSAM-SE AS HORAS E ANOITECE EM ESPERANÇA.
CENA 08 – APARTAMENTO DE HELENA / HELOÍSA – NOITE:
Daniel está na portaria, se preparando para viajar.
Heloísa: Olha, meu amor, eu ainda acho que não é uma boa ideia você ir agora. Espera amanhecer. Descansa bem.
Daniel: Não, meu amor. Vai dar tudo certo. De acordo com meus cálculos, eu chego em São Paulo pela madrugada. Descanso um pouquinho, e amanhã cedo resolvo o que tenho pra resolver e volto assim que concluir tudo. Fica tranquila, amor.
Heloísa: Tudo bem, então. Tchau, boa viagem. Se cuida, pelo amor de Deus!
Daniel: Sim, senhora! – os dois se beijam. Daniel entra no carro e vai embora.
Daniel já está na estrada. De repente, começa a chover forte. No som do carro, tocava Dressed in Black – Sia. De repente, ele vê o espírito de Fernanda no meio da estrada e, assustado, ele tenta desviar, perde o controle e cai numa ribanceira. O carro vai capotando até parar no fim do precipício, virado de cabeça para baixo. O espírito de Fernanda observa tudo.
Fernanda: Eu te avisei, meu amor. Eu disse que voltaria pra te buscar.
De repente, o carro explode. Fernanda cumpriu sua promessa e veio buscá-lo. Ela começa a gargalhar e se ajoelha, olhando para o céu e gargalhando, cada vez mais forte e insana. E assim termina nossa Exposição de amores, incertezas, desencontros, alegrias e tristezas.
FIM.