A viagem até o continente de Airo levou pouco mais de um dia e meio de viagem, Drew fora um dos últimos a desembarcar, Milla e Arrende ainda levariam mais metade de um dia navegando até deixar Jimmy no seu destino e depois partiriam para o castelo de Ezius com Lucca para toma-ló das mãos de Az.
Ele havia sido deixado a deriva quando o barco atolou próximo a um rio ligado diretamente ao mar, o garoto pôs a mochila nas costas pulou na água e nadou até encontrar terra firme. A noite já cobria de negro o céu fazendo com que ele procurasse um esconderijo para passar a noite.
Sem muitas opções Drew se embrenhou em meio a mata e procurou uma árvore alta para se abrigar e se proteger dos perigos que a noite escondia. Sozinho ali ele era um alvo fácil.

O guardião usou os seus poderes para flutuar até o alto da arvore usando um de redemoinho que o levou até o alto. Dali ele pode ver toda a extinção daquele território.
Airo era uma região pacifica outrora, quando os seres humanos habitavam o lugar, Arhedel lhe explicara sobre tudo, antes e depois da grande guerra.
Nos dias atuais, Airo era apenas um lugar a ser explorado para manter Nova Tecuns, a capital do reino em funcionamento, daqui era retirado todo o minério usado nas construções e a água potável das nascentes do rio graças as suas cadeias de montanhas, que serviam como filtros naturais para abastecimento.

Uivos, gritos e ruídos estranhos rompiam o silêncio noturno trazendo o guerreiro de volta a realidade. Umas infinidades de luzes despontavam no horizonte, decerto alguma aldeia que o garoto visitaria em busca de pistas pela manhã. Ele buscou na mochila um pedaço de corda grossa que trouxera consigo e se amarrou a árvore para que não caísse, assim conseguiria passar a noite tranquilo sem preocupações.
“Quem diria que um filme me daria uma ideia. Obrigado Katnis Enverdeen pela ajuda! ” — Disse ele a si mesmo.
Adam se ajeitou no tronco e esperou até adormecer.

 

 

***

 

Antes que se dessa conta os raios de sol queimavam seu rosto, trazendo-o de volta de um sono tranquilo, Drew desamarrou a corda que o prendia a árvore, colocou-a em sua bolsa e ficou de pé no galho que servira de cama a noite passada.

O rapaz se permitiu respirar o ar fresco da manhã, esticando os braços para o alto, tentando amenizar as dores que sentia, ele observou o lugar por um bom tempo maravilhado antes de seguir com sua exploração.
Drew iniciou sua caminhada tentando conhecer o caminho, marcando as árvores de tempos em tempos para não se perder no futuro. Ele aproveitou o passo lento para coletar um pouco de água e estudar as propriedades das plantas cultivando venenos para morte ou soros para a cura, ele não gostava muito da ideia real de matar uma pessoa, mas sua experiência em jogos de RPG de mesa ou ‘online’ lhe diziam o contrário. A coisa mais importante a se fazer era garantir a própria sobrevivência a cima de tudo para só então obter sucesso na missão que lhe fora confiada. Drew sabia muito bem que se ali tinha o dedo podre do insuportável Ângelo Azos eles poderiam esperar qualquer coisa. Enquanto estudava, o rapaz coletou utensílios uteis e alimento guardando algumas provisões para mais tarde.

Para ele todas as tardes e noites perdidas em meio aos livros, as fichas de personagens e habilidades ou conhecimentos da vida selvagem não lhe renderiam mais do que boas horas de diversão, ele nunca imaginaria usar as perícias em D&D numa situação real.
Poucos dias atrás ele nunca se imaginaria como um predestinado, desde que iniciara seus estudos nas artes ocultas Drew se via apenas como um amigo ajudando outro a se enturmar, não como o responsável por salvar uma infinidade de dimensões de uma energia maligna capaz de destruir tudo com um toque. Parar em um mundo totalmente novo, descobrir que ele está destinado a salvar todo um povo, acreditar nisso e cruzar o oceano em um barco precário construído com troncos galhos e folhas para enfrentar algo que nem mesmo ele conhece é uma total loucura. Qualquer pessoa normal estaria histérica uma hora dessas.

Um barulho no meio da floresta o trouxera de volta de seu devaneio. Olhando ao redor Drew se pôs em alerta pronto para atacar qualquer coisa que viesse em seu encalço.
— Quem está aí? — Perguntou para a floresta.
O garoto respirou fundo, e soltando o ar pela boca criou uma espécie de fumaça branca e densa que seguiu em todas as direções ocultando sua presença. Se ele estivesse com qualquer um dos amigos aquela seria uma situação mais fácil de se lidar, mas sozinho ele não teria nenhuma chance num ataque corpo a corpo.

A fumaça criada por ele era um campo sensorial e lhe permitia enxergar qualquer coisa que entrasse em seu caminho, possibilitando um atacar sem ser notado em qualquer direção.

— Ai esta você! — Ele caminhou sorrateiro para onde a nevoa indicava um corpo estranho.

Os sons se tornavam cada vez mais perceptíveis, qualquer que fosse a coisa que estava ali ela estava sofrendo, ferida ou quem sabe em seus últimos suspiros em um agouro de morte. Escondido em meio aos arbustos Drew não quis arriscar um ataque direto e esperou mais alguns segundos antes de dissipar a nevoa que o encobria e encararseu inimigo misterioso.

O medo o fizera perder toda a confiança, ele sorriu ao perceber do que realmente se tratava. O bater de asas de um pequeno pássaro se debatendo no chão em busca de equilíbrio, reverberara pelas árvores tornando o barulho maior do que realmente era.

— Fique calmo amiguinho. — Disse ele segurando o animal entre as mãos. — Eu vou ajuda-lo. Vamos ver o que aconteceu com você.

Drew examinou o pequeno animal com cuidado e delicadeza, não havia sangue, nem nenhuma parte quebrada aparentemente. As asas e pernas estavam perfeitas, pelo que pode perceber poderia ser algo interno ou simplesmente doloroso para o bicho em suas mãos.
— O que você tem amiguinho?

Antes que ele tivesse resposta sentiu uma fisgada junto ao pescoço, alguém o havia acertado com um tranquilizante, sua visão estava turva quando notou a aproximação de alguém. Sentindo as pernas bambearem ele caiu no chão antes de perder os sentidos.

 

 

***

 

Nada daquilo era normal para ele.
A cabeça estava zonza, o teto a cima de sua cabeça não parava de girar, seus sentidos meio grogues. O que estava acontecendo?
Ele tentou levantar, por um instante, pontos luminosos dançaram diante de seus olhos, o mundo girou mais uma vez. Drew tentou se apoiar onde quer que fosse, fechando os olhos para que eles não lhe pregassem peças mais uma vez.
“Onde estou? ”

Um ambiente escuro, úmido e frio, poucas possibilidades vinham a sua mente com essa combinação.

— Olá, — Ele gritou, ouvindo o ressoar de sua voz de volta. — Tem alguém aí?

— Não precisa gritar! — Alguém respondeu ao seu lado.

— Quem é você? O que fez comigo?

— Acalme-se garoto e faça silencio. — Ele respondeu às pressas. — Você não quer que elas nos encontrem, não é?

— Elas? Elas quem?

— De que planeta você vem garoto? Você está em Airo lar das harpias. É hora da caçada, por isso não faça barulho, ou nós vamos morrer!

— Como?

— E serio cara, de onde você vem?

— É complicado, digamos que o rei Arthur me mandou aqui.

— Ah! ele. — Respondeu a figura misteriosa ao seu lado.

Pelo tom de voz Adam percebeu que a menção a Arthur não era boa coisa naquele lugar.

— Quem é você?

— Sou Jonas, e você quem é?

— Drew, muito prazer. Que lugar é esse?

— Estamos dentro de uma caverna no escuro, esperando a hora certa para sair daqui.

— Como vim parar aqui?

— Desculpe eu te trouxe para cá. Pensei que fosse uma das harpias então o ataquei, quando percebi que você era um humano procurei abrigo até que você acordasse.

— O que tenho?

— Você foi envenenado por um dos meus dardos paralisantes, vai passar em poucas horas, até lá descanse, temos uma caminhada longa até Zéfiro.

 

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