Traidores
C1. BARRACO. INTERIOR. NOITE.
O close lindo de um pequeno diamante brilhando. Abre e vemos o rosto enorme de Darwin analisando a pedra.
DARWIN ── É magnífico. Mais um pouco, sou capaz de ficar cego. Hipnotizante!
LORELAINE ── Muita grana, muita grana. Estamos ricos!
O sorriso de Liége se desfez.
LIÉGE ── Como assim estamos ricos? Esse dinheiro é pra pagar o Valdivea! Não explicaram isso pra ela?
LORELAINE ── Que? Vocês estão loucos? Vão dar tudo isso aqui pra um agiota maluco? Só porque não souberam ficar quietos.
LIÉGE ── Você não tem nem noção do que está falando!
CHRISTIAN ── Vocês querem se acalmar!
LIÉGE ── Esse dinheiro aqui é para salvar a vida da minha família! Incrível como você só consegue enxergar isso aqui com cobiça e vontade de gastar…
LORELAINE ── Você nunca passou necessidade, meu bem. Você não sabe o que é isso, então me venha falar//
LIÉGE ── (corta brava) Você não sabe nada da minha vida, nada!
DARWIN ── Calma aí moça…
LORELAINE ── não, não, alguém tem que dizer algumas verdades pra essa mulher.
LIÉGE ── Que verdade? Que moral você tem pra falar de mim, uma pobre infeliz que mora num barraco e namorada de um cascudo.
DARWIN ── Opa, dona, não precisa ofender! (ao Christian) Ô irmão, ajuda aqui.
CHRISTIAN ── A Liége só está querendo proteger a família dela. Lorelaine, você faria o mesmo.
LORELAINE ── Eu não entraria na casa de ninguém pra insultar. Não sou desse tipinho.
CHRISTIAN ── Não sei por que tanta discussão esse dinheiro nem é de vocês.
DARWIN ── Epa, e de você também não!
LIÉGE ── Se não fosse por mim vocês não veriam a cor desse dinheiro!
LORELAINE ── Era só que faltava, vai me dizer que graças você ter matado o Iuri que estamos com essa bolada?
LIÉGE ── (gritando) Exatamente, e é melhor você abaixar a tua bolinha se não quiser ter o mesmo destino que ele!
CHRISTIAN ── Liége, calma cara…
Liége se afasta pra se acalmar e volta.
LIÉGE ── Tá bom… vocês me desculpem. (p/ lorelaine) Eu não deveria falar esse tipo de coisa, me desculpa mesmo. Eu… estou desesperada, entende? Eu não sei mais o que fazer, meus filhos estão correndo risco de vida…
LORELAINE ── Pensasse nisso antes de fazer merda por aí.
DARWIN ── Lorelaine, se desarma poxa..!
LIÉGE ── (rendida) Por favor, eu já não sei mais o que fazer. Eu imploro, me ajudem a salvar a minha família, por favor…
LORELAINE ── Não sei, eu não sei… você pode convencer eles com esse teatrinho de Fernanda Montenegro, mas pra cima de mim não, jacaré!
LIÉGE ── (irritada) Para com essa palhaçada! Me dá aqui esses diamantes!
Liége tenta agarrar o saco onde estão os diamantes, Lorelaine segura.
CHRISTIAN ── Não! Larga isso!
Liége puxando de um lado e Lorelaine do outro.
LIÉGE ── Me dá isso! Isso não pertence a vocês!
LORELAINE ── A gente foi atrás, a gente descobriu isso… pertence a nós sim!
LIÉGE ── Me dá!!
O saco não se agüenta e se rasga, fazendo voar os pequenos diamantes pelo barraco.
CHRISTIAN ── Não…!!
Voando os diamantes em slow. Alguns caem pelas frestas de madeira que tem chão. Darwin e Christian se atiram no chão para tentar salvar alguns.
ABERTURA
Narrador ── Traidores.
C2. BARRACO. INTERIOR. NOITE.
Liége e Lorelaine sentadas longe uma da outra, mais calmas. Porém, Christian está mais nervoso.
CHRISTIAN ── Criancice! Coisa de criança quando vê doce. Pelo amor de Deus, gente! Vão acabar se matando!
DARWIN ── Essa brincadeirinha deve ter nos custado uma fortuna.
LIÉGE ── (preocupada) Perdemos muito?
CHRISTIAN ── Cara de pau!
LIÉGE ── Tá bom, vocês podem ficar com a parte de vocês, se quiserem podem ficar com tudo isso, mas vocês vão ter que me ajudar num plano.
DARWIN ── Ih, esse lance de plano eu sempre acabo me dando mal.
CHRISTIAN ── Que plano?
LIÉGE ── Eu vou tentar colocar o Valdivea na cadeia, com a ajuda da polícia.
DARWIN ── (nervoso) Polícia? Enlouqueceu? Se eles juntarem dois mais dois, quem vai presa é você…
LORELAINE ── Cala boca, Darwin! Deixa ela continuar.
CHRISTIAN ── É, desenvolve melhor essa sua idéia de envolver a polícia nisso!
LIÉGE ── (explicar) O Delegado da cidade está caidinho por mim. Se eu falar pra ele que estou sendo coagida por um agiota ele prontamente vai me ajudar.
CHRISTIAN ── Peraí, se o Valdivea for preso ele vai contar tudo sobre o Iuri.
LIÉGE ── Quem vai acreditar num agiota vigarista e trambiqueiro? Vai ser a palavra da mulher idônea de um advogado renomado da cidade contra a de um bandido salafrário.
CHRISTIAN ── Arriscado. Quem vai garantir que eles não vão abrir uma investigação?
LIÉGE ── Uma coisa de cada vez, por favor.
LORELAINE ── Adorei o plano! O risco é todo seu e a grana toda nossa.
LIÉGE ── Vocês precisam falsificar algumas notas desse dinheiro e até esses diamantes. Vou entregar os falsos pra ele no show.
DARWIN ── Show? Que show?
LIÉGE ── Esse final de semana vai ter o show de um cantor famoso aqui na cidade, e vai ser lá que vamos nos encontrar com Valdivea. E deixar a polícia pega-lo em flagrante.
CHRISTIAN ── A cidade toda vai estar nesse lugar.
LIÉGE ── Quanto mais pessoas, menos risco a gente corre. Vamos fazer o seguinte…
Sem áudio Liége continua contando seu plano, e todos escutando e fazendo comentários.
C3. CASA MEIER. FRENTE. EXT. NOITE.
Liége aperta a campainha da casa. Segundos depois quem abre é Meier, ele fica muito surpreso em ver ela.
MEIER ── D. Liége? Mas que você//
LIÉGE ── Desculpe aparecer sem avisar.
MEIER ── Como sabe onde eu moro?
LIÉGE ── Não foi difícil, o senhor é uma dos homens mais importantes da cidade, então… todo mundo conhece.
MEIER ── (saindo de casa; fechando a porta) O que você quer aqui?
LIÉGE ── Preciso ter uma conversa séria com o senhor. Só o senhor pode me ajudar. Eu estou cansado de tudo que está acontecendo na minha vida, quero abrir o jogo.
MEIER ── Tudo bem, me procure amanhã na delegacia.
LIÉGE ── Se não fosse urgente eu não veria até sua casa incomodar. (sonsa) Delegado Meier, preciso de ajuda. É algo que me deixa completamente envergonhada. Uma coisa que estou escondendo do meu marido.
MEIER ── (interessado) Pode falar.
LIÉGE ── Primeiro, quero que me prometa uma coisa, por favor.
MEIER ── Prometer? Prometer o que?
LIÉGE ── Que não vai contar nada pro meu marido.
MEIER ── D. Liége, se houver um risco grande eu não posso garantir que//
LIÉGE ── Por favor, por favor!! Eu preciso que me prometa.
MEIER ── (hesitar) Tá, ta bom… eu prometo. Não vai ser por mim que ele vai saber. Agora, vamos ao que interessa.
LIÉGE ── (suspirar) Eu acabei me metendo numa dívida terrível, numa dívida sem fim. Precisava de dinheiro. E fui atrás desesperada atrás do agiota argetino Valdivea. O senhor deve conhecer ele por…
MEIER ── Sim, sim… aquele argentino dono daqueles açougues e postos de gasolina. Pra falar a verdade estamos encima desse cara a dias.
LIÉGE ── É mesmo? Eu não sabia. Então, eu estou devendo muita grana pra ele, só que não tenho como pagar. Eu estou desesperada, eu tenho medo que ele faça algo com a minha família, comigo pouco me importa, porque eu sou a culpada disso, só que minha família não pode e não deve pagar por mim.
MEIER ── Eu entendo, eu entendo… você fez bem em me procurar. Quem mais sabe disso?
LIÉGE ── Christian, meu genro. Aliás, foi ele quem nos apresentou. Ele só fez o que eu pedi, ele não sabia que ia acontecer toda essa confusão.
MEIER ── O que vocês iam enterrar aquele dia no matagal?
LIÉGE ── Íamos esconder o dinheiro que ele nos emprestou, eu não sabia onde esconder do meu marido. Deus me livre, se o Giovanni souber ele é capaz de me matar!
MEIER ── Ninguém vai matar você, não vou deixar! Eu te protejo.
LIÉGE ── É mesmo? O senhor vai me ajudar?
MEIER ── Vamos armar um flagrante e por o homem na cadeia.
Liége abraça Meier, ele gosta, ela por trás faz uma carinha de pilantra.
C4. SHOW. EXTERIOR. NOITE
Um enorme palco montado; bem bonito a decoração e moderna. Um telão enorme, várias luzes de pirotecnia. Uma multidão fazendo gritaria ensurdecedora. Para a abertura do show no palco entrar o grupo de dança Os Maloka. Tomar música para a apresentação deles. Eles dançam daquele jeito esquisito. CAM vai deles para a multidão que fica toda alvoroçada com a dança deles.
De longe chegam em algum lugar da multidão: Liége, Giovanni, Thailyz, Christian e Aleff.
ALEFF ── Caralho, velho! É os Maloka!
Liége e Giovanni se entreolham.
GIOVANNI ── Nunca vi na vida. Essas músicas de doido.
LIÉGE ── Cadê o Kevinho?
THAILYZ ── Essa é a abertura, mãe.
LIÉGE ── (ironizar) Se essa é a abertura…
CHRISTIAN ── Nossa, é tem muita gente.
THAILYZ ── Não é todo dia que tem um evento grande desse, tem gente até de outras cidades, com certeza.
CHRISTIAN ── Vamos cuidar para não se perder.
Christian faz um sinal para Liége…. para ela olhar em uma direção, ela olha e vê de longe, no camarote está Valdivea, assistindo o show dando risadas.
BUM. Uma explosão no palco. Os Malokas agradecem e se retiram. Vem uma voz do auto-falante.
VOZ ── E agora, com vocês e pra vocês: Kevinho!!
Começa a tocar a música Rabiola. Explosões, fogos e jogo de luzes para a entrada do cantor. Kavinho entra no palco cantando. A gritaria da multidão é enorme. Ele canta e rebola. Fala com a galera.
Thailyz filmando o show com o seu celular. E gritos e gritos. Aleff cantando junto a música bem deslumbrado. Darwin de longe faz sinal para Christian.
CHRISTIAN ── Cara, to cheio de cede. Alguém mais? Vou comprar coisa pra gente tomar.
THAILYZ ── Tá bom, vai lá, amor! Eu vou ficar aqui vendo o… KEVINHO TE AMOO!
GIOVANNI ── Quer que eu vá com você?
LIÉGE ── Não… deixa que eu vou. Eu preciso conversar com o Christian sobre um assunto.
GIOVANNI ── Liége, deixa o cara em//
LIÉGE ── Calma, eu não vou matar ninguém. Cuida deles.
Liége e Christian saem. Giovanni fica ali com Aleff e Thailyz. De longe, Christian e Liége se encontram com Darwin que está com a maleta que era de Iuri.
CHRISTIAN ── Trouxe?
DARWIN ── Tá na mão. Chegou agora, vim direto pra cá, tudo falso. As notas e os diamantes.
LIÉGE ── Me dá. (pega) Ele está nos esperando. A polícia está toda em volta daquele camarote. Vamos.
Eles vão. E o Kevinho canta a música Agora é tudo meu. Ele faz a multidão cantar. Show rolando solto.
C5. CAMAROTE VALDIVEA. EXTERIOR. NOITE.
Valdivea dançando no meio de uma loira e uma morena com uma taça de champanhe nas mãos. Bem louco, embriagado é claro. Chegam acompanhados dos seguranças Liége e Christian. Valdivea os vê.
VALDIVEA ── Olha só quem ta aí… se juntem a festa. Curto demais esse maluco que ta cantando… (cantar um pedaço dá música)… (risos/gole do champanhe) Eu quero saber quem eu mato primeiro, porque eu tenho certeza que vão me dar um migué e dizer que não conseguiram os meus milhões.
Liége mostra a maleta.
VALDIVEA ── Espera… quer que eu acredite que 5 milhões cabem nessa maletinha?
LIÉGE ── Abre pra você ver.
Valdivea faz sinal para um de seus capangas abrir. Sorrindo para Liége ele oferece champanhe.
VALDIVEA ── Quer? Pra dar uma animada… você me parece tão séria.
LIÉGE ── Não obrigado.
CHRISTIAN ── Eu aceito! É da marca importada…
VALDIVEA ── Abusado… Tá, deixa eu ver o que tem aí. Que isso? Dólares e diamantes…? Vocês estão e pegadinha comigo? Eu ainda vou ter que vender e trocar tudo isso.
CHRISTIAN ── Quer tudo de mão beija? Porra, cara já está sendo um sacrifício ter que dar essa bolada toda você ainda…
VALDIVEA ── Calma aí, calma aí camarada… quer estragar o show do Kevinho? Quer? Por não ta me custando nada te dar um balaço na fuça…
C6. SHOW. PALCO. EXTERIOR. NOITE.
Kevinho termina de cantar e fala com a multidão.
KEVINHO ── Ladies and gentlemen! Fala aê, Miripituba!! Só quero saber! Só quero saber! Só quero saber quem vai subir aqui no palco e dançar coladinha comigo?
Gritos alvoroçados da platéia. Thailyz gritando feito doida. Giovanni e Aleff assistindo. Aparece uma produtora e vai até Thailyz. A produtora fala alguma coisa no ouvido de Thay, que fica ainda mais animada. Thailyz olha para o seu pai e faz sinal de que vai com ela.
GIOVANNI ── IH, tua irmã vai se perder por aí!
Giovanni olha para o lado e é empurrado pelas pessoas querendo chegar perto do palco, perde seus filhos de vista. Aleff é empurrado pra longe de Giovanni, mas ele está animado acompanhado a galera. Giovanni ainda tenta encontrar, mas sem sucesso.
C7. SHOW. LADO DE FORA. EXTERIOR. NOITE.
Darwin no telefone com Lorelaine.
DARWIN ── (cel.) Entreguei a maleta com o dinheiro falso pra eles. Cuida bem dos verdadeiros, não vai…//
C8. BARRACO. INTERIOR. NOITE.
Lorelaine ao celular respondendo Darwin.
LORELAINE ── (cel.) Eu não sou idiota que nem você pra perder uma coisa tão preciosa assim. Vai demorar muito aí?
DARWIN ── (cel./off) Só o tempo desse plano idiota deles der certo, ou errado.
LORELAINE ── Ok, estou esperando. Não demora.
Lorelaine desliga, abre mais a imagem e revela que ela está com as malas prontas e as crianças arrumadas.
FILHO ── Aonde vamos, mamãe?
LORELAINE ── Vamos embora filho! Agora nós vamos ter uma boa vida, bem longe desse barraco. Vamos ter tudo do bom e do melhor. Pega a sua mochilinha. E vamos. Isso… Vamos lá. Descer o morro e pegar um taxi… rapidinho.
Lorelaine pega as malas e os filhos e vai saindo de casa.
C9. SHOW. PALCO. EXTERIOR. NOITE.
Thailyz sobe no palco com autorização da produtora. Abraça Kevinho, quase o derraba.
KEVINHO ── Você que vai ser minha dupla, vamos botar pra quebrar nesse palco, hoje!! Solta DJ!
Começa a tocar a música Terremoto.
KEVINHO ── Ladies and gentlemen, essa mina gosta de botar terror! Cê acredita?!
Kavinho começa a cantoria, e Thailyz começa a dançar a música. De longe Giovanni assistindo o show esmagado pela multidão; Aleff gritando para a irmã. Thailyz feliz da vida rebolando no palco junto com o Kevinho, bem animada.
C10. SHOW. CAMAROTE. EXTERIOR. NOITE.
Um capanga de Valdivea conferindo os dolores. Christian e Liége tensos; Valdivea acabou de beijar uma mulher que estava do lado, percebe a tensão deles.
VALDIVEA ── Porque essas caras, meus queridos? Se está tudo certo, não tem porque se preocupar, certo?
CHRISTIAN ── (transparecer tranquilidade) Tá tranquilo, Valdivea. Na real, eu até vou aceitar um gole do… meu Deus!
Christian parou de falar porque viu alguma coisa, instintivamente olha para Liége. Valdivea é chamado pelo capanga. Liége não entende o espanto de Christian, ele faz sinal para ela olhar para fora do camarote. Ela olha e vê: Thailyz encima do palco dançando a música com Kevinho.
LIÉGE ── mas, mas… Não, não.. isso não ta acontecendo.
Liége e Christian se entreolham. Valdivea chama pelos dois.
VALDIVEA ── Eu to querendo entender porque vocês quiseram entregar o dinheiro aqui, perto dessa multidão, isso não vai impedir que eu mate vocês… Porque eu vou. Eu vou. Porque vocês estão me fazendo de otário.
Valdivea irritado alguns diamantes no chão eles quebram como vidro.
VALDIVEA ── Com essa falsificação porca realmente acharam iam me enganar… é uma afronta a minha inteligência. Ai, é uma pena, eu queria tanto ficar rico. E eu gostava de vocês.
Valdivea saca a arma para atirar, de repente aparece invadindo o camarote Meier, Bryan e Roger. Roger e Bryan rendem os capangas. Meier aponta para Valdivea.
MEIER ── Larga a arma!
Tudo muito rápido: Valdivea no susto, pega Liége por trás, e a faz refém, Christian se afasta em posição de rendição, se escondendo.
VALDIVEA ── Opa, opa… que isso? Ah! Vocês trouxeram companhia, seus filhos da puta…
MEIER ── Ei, cara, abaixa arma. Solta ela!
VALDIVEA ── Não me diz o que fazer seu gordo estúpido! Você tá na minha cola faz tempo, não é? Mas eu não vou me render, não! Antes eu vou fazer uma baguncinha…
MEIER ── Para com isso, homem! Vai fazer besteira, as coisas vão ficar piores pro teu lado. Solta ela, vai ser melhor!
Enquanto eles falam, Valdivea vai indo para trás com Liége até se escorarem na beira do camarote de costas para a multidão que assiste o chão. Christian escondido.
VALDIVEA ── Melhor pra quem? Eu sei que vou pra cadeia. E vou ficar lá por bom tempo, mas antes vou mandar esses dois traíras pro inferno!
Christian aparece.
VALDIVEA ── Ah! Te achei! Você vai ser o primeiro!
Valdivea aponta a arma para Christian, Liége bate em seu braço e o tiro erra. Todos se abaixam. Christian avança encima dos dois, com o impacto os três caem do camarote encima das pessoas que estavam embaixo, a queda foi amortecida. Meier corre apara ver eles. Valdivea pega arma e sai correndo de quadro entre as pessoas. Liége e Christian se levantam, as pessoas os ajudam.
CHRISTIAN ── Tá tudo bem, tá tudo bem… desculpe, desculpe. Vamos sair daqui.
Christian e Liége se embrenham na multidão.
C11. SHOW. EMBAIXO DO CAMAROTE. EXTERIOR. NOITE.
Valdivea se escora num pilar machucou o braço.
VALDIVEA ── Desgraçados, desgraçado filhos da puta do caralho, eles vão me pagar…
Vadivea consegue sem querer ver Christian e Liége andando entre as pessoas.
VALDIVEA ── E vai ser hoje…
Valdivea começa a segui-los.
C12. SHOW. PALCO. EXTERIOR. NOITE.
Thailyz e Kevinho terminando de dançar a música.
KEVINHO ── Uma salva de palmas pra novinha que debochou esse noite… (cont.)
Enquanto isso. Lado do palco para Christian faz Liége parar de andar, ele revela ela que machucou a pé com a queda.
LIÉGE ── Que foi?
CHRISTIAN ── Ah, meu pé… to fodido do pé.
LIÉGE ── Tá, se escora aí.
Valdivea de longe tenta apontar a arma para eles, mas com a movimentação tensa de pessoas ele não consegue mirar neles. Se irrita e dá um tiro pra cima, quem está na volta sai correndo. Liége até tenta fugir, mas ele dá outro tiro, e ela desiste de correr.
LIÉGE ── Calma, espera, por favor.
VALDIVEA ── Sem choro e nem vela.
Valdivea ia atirar neles e um homem que estava correndo pega em seu braço, eles briga pela arma, tiros são dados e um deles acerta canhão de fogos no palco que cai e é acionado fazendo soltar faísca direto na decoração do palco, que obviamente começa a pegar fogo. Os seguranças arrancam Kevinho e Thailyz do palco. Corte continuo para:
C13. SHOW. PALCO. EXTERIOR. NOITE.
Cena forte. Com todo esse alvoroço, se instaura pânico em todas as pessoas que estão assistindo o show. Correria e gritaria. Giovanni desesperado procurando Aleff e Liége, preocupado com Thailiz. Aleff no meio da multidão, sendo empurrado, nervoso deixa cair a bombinha no chão. Tenta pega e é derrubado. Cai no chão e começa a ser pisoteado. Aleff geme de dor. Pessoas pisam em todo o seu corpo, as penas, no tronco, na cabeça, uma mulher com um salto fino pisa em seu estomago, ele grita de dor. Giovanni é levado arrastado pela multidão para bem longe de Aleff no chão sendo pisoteado, leva um chute na cabeça, fica zonzo. Ouvimos um estalo de osso quebrando, Aleff urra de dor. Com outro chute que leva, não aquenta e desmaia.
Méier tenta chegar perto do palco, mas é muita gente para ele conseguir passar, não consegue.
C14. SHOW. PALCO. EXTERIOR. NOITE.
Liége aproveita que Valdivea continua brigando com o homem e leva Christian para cima, nos bastidores do palco. Valdivea acerta um tiro na cara.
VALDIVEA ── Ah… maldito. É isso que você ganha por bancar o herói!
Valdivea dá mais um chute no homem. Procura por Liége e Christian e os vê de relance entrando nos bastidores. Ele sorri e vai atrás.
O fogo de alastrando por todo palco. Bombeiros estão ajudando as pessoas. Correria é grande.
C15. BASTIDORES. COXIA. INTERIOR.
Liége e Christian tentando se esconder.
VALDIVEA ── (off) A coisa ta feia lá fora, meus amiguinhos. Venham… vamos se juntar na festa.
Christian para em um canto com Liége.
CHRISTIAN ── Aqui. Fica aqui, Liége. Eu vou dar um jeito nele.
LIÉGE ── Você? Com esse pé?
CHRISTIAN ── Vou fazer ele ir atrás de mim, e você aproveita pra fugir.
LIÉGE ── Não, que plano de merda é esse?
CHRISTIAN ── Melhor um de nós escapar, não precisa morrer os dois, né?!
LIÉGE ── Christian, você//
CHRISTIAN ── Fica aqui… cala boca. Se esconde.
Liége se esconde. Christian sai correndo.
CHRISTIAN ── (gritando) Valdivea! Você é um baita de um otário! Nunca vai me achar, eu vou fugir e você vai virar madame na cadeia! Nome de mulher você já tem!
Valdivea aparece bem na frente de Liége, ele não percebe que ela está ali, ele de costa pra ela.
VALDIVEA ── Eu nunca vou ter tanto gosto pra matar alguém! Cadê você, seu merdinha?
Fumaça começa aparecer pela estrutura.
CHRISTIAN ── Valdivea! Dona Valdivea!
VALDIVEA ── (sai correndo e gritando) Vou te matar!!
Liége sai do canto por que está muito quente, pronta para fugir, ela resolve ir atrás de Valdivea.
C16. BASTIDORES. ESTRUTURA. EXTERIOR. NOITE.
Valdivea aparece e vê Christian subindo uma escada que dá acesso a uma plataforma encima do palco, onde a equipe de luz faz seu trabalho. Valdivea dá dois tiros em direção de Christian, erra os dois e as balas acabam. Valdivea grita de ódio.
VALDIVEA ── (histérico) Ahhh!! Eu vou matar você com as minhas próprias mãos!
Valdivea dá uma olhadinha para lado e vê um machado dentro de uma caixa de vidro, aquele para emergência. E sorri e diz calmamente:
VALDIVEA ── Amigo, hoje você está com um azar do caralho.
Com um chute ele quebra o vidro e pega o machado e vai atrás de Christian. Christian subindo na estrutura. Liége aparece seguindo Valdivea. O cenário está sendo tomado pelo fogo.
VALDIVEA ── Você acha mesmo que vai escapar de mim, Christian…? Acha que eu tenho medo de altura?
Valdivea começa a subir atrás de Christian. Algumas lâmpadas e holofotes começam a cair de cima, Liége se esquiva, as coisas caem perto dela. Liége olha pra cima e vê Valdivea subindo a estrutura atrás de Christian e perto deles a uma corda em trilho, numa ponta bem perto de uma plataforma a corda está com formato de forca e a outra ponta da corda está um saco de areia para fazer peso no chão. Ela tem uma idéia e vai atrás de Christian e Valdivea, começa a subir.
Na plataforma, Christian acaba de subir, se vê sem saída, de um lado fogo vindo do palco, e outro esta subindo Valdivea.
CHRISTIAN ── Droga, droga, droga, droga…
Vadivea aparece com um machado na mão.
VALDIVEA ── Oi! Parece que você ficou entre o fogo e o machado… pula vai. Eu quero ouvir o doce barulho dessa tua carcaça caindo lá em baixo, vai…
CHRISTIAN ── Valdivea, mano, em nome dos velhos tempos, não precisa disso…
VALDIVEA ── Esse se poder de convencimento é uma bosta. Nada vai me impedir de meter esse machado nessa tua cabeça de mamão macho… traidores têm que morrer da pior maneira.
Liége de surpresa aparece e coloca a corda no pescoço de Valdivea, no susto ele a empurra, Christian se avança nele pegando o machado; Christian derruba Valdivea da plataforma. Vladivea está com a corda no pescoço, ele cai e o saco de areia sobe. Liége se levanta, ouvimos uma explosão, a plataforma começa a balança. Vladivea sufocando com a corda no pescoço, uma cortina de fogo cai encima dele, ele acorda pegando fogo. Liége e Christian se segurando para não cair.
LIÉGE ── Ali! Vamos pular juntos. Se agarra naquilo!
Os dois pulam agarrados no saco de areia, eles descem e Valdivea sobe com a corda no pescoço e pegando fogo. Ouvimos os gritos de desespero dele. Liége e Christian chegam ao chão devagar, assim que soltam o saco, Valdivea cai em outro canto. Claro que Christian e Liége saem correndo.
C17. SHOW. PALCO. EXTERIOR. NOITE.
Todo o palco e sua estrutura vem a baixo, bombeiros já estão fazendo seus trabalhos. Liége e Christian saíram em tempo. Então surrados, cansados e machucados. Eles dão uma olhada no ambiente: tudo destruído, lixos espalhados, pessoas sendo amparadas
CHRISTIAN ── Meu Deus, um caos…
Um grupo de pessoas vendo os paramédicos atenderem um garoto. Liége olha bem e estranha, ela repara mais e vê Giovanni ajoelhado, nervosa ela corre até o grupo de pessoas…
LIÉGE ── Não, não… não pode ser.
Liége vê já deitado em uma maca sendo medicado.
LIÉGE ── Meus Deus do céu, o que houve? Meu filho, Aleff. Pelo amor de Deus, o que houve com ele? Filho!!
GIOVANNI ── (chega até ela) é grave, é grave… ele foi pisoteado, ele ta todo quebrado, Liége..
LIÉGE ── Não, gente, o quê é isso..?
GIOVANNI ── Ele… ele teve traumatismo craniano.
LIÉGE ── Não, não, não! ALeff, filho… meu filho, meu filho…
Liége se ajoelha no chão chorando. Giovanni também chorando, Christian penalizado. Cabisbaixo. Abre um plano geral para mostrar a catástrofe que foi o show.
C18. HOSITAL. QUARTO. INTERIOR. NOITE.
CAM passeia pelo quarto até chegar em Leonard deitado no quarto desacordado. Bem perto do seu rosto, close em seus olhos. Eles se abrem!
C19. CASA LONGARAY. QUARTO IANE. INTERIOR. NOITE.
Iane de cadeira de rodas, tranca a porta do quarto. Vai ao rádio. Liga e começa a tocar a música Mulher do Fim do Mundo – Elza Soares. Ela chega até o criado-mudo, olha seu reflexo. Abre uma gaveta, tira uma caixa. Até chegar o refrão da música, ela abre a caixa. Revela tirando da caixa o valioso colar Neil Lane’s. Fita-o com admiração e coloca em seu pescoço. Agora, olha de novo seu reflexo no espelho com o belo colar em seu pescoço. Ela gira a cadeira, close em seu pé, um leve movimento. Enfim, ELA SE LEVANTA DA CADEIRA. De pé, ela começa a dançar a música, com o colar no pescoço. Aparenta felicidade. Closes alternados, no ritmo da música, ela dança, canta e por fim se atira na cama dando risada. Se deita, põe a mão no colar, suspirar.
FIM DO ÚLTIMO EPISÓDIO DA TEMPOADA