ME BEIJA

 

C1. LOCAL DESCONHECIDO. IMAGEM. INT.

Cacos de vidro no chão e salpicos de sangue.

ABERTURA

 NARRADOR —— Episódio: Me beija.

C2. CASA LONGARAY. QUARTO CASAL. INT. NOITE.

Liége entra e Giovanni vem logo atrás querendo saber onde ela estava. Liége fala com ele tentando desviar olhares.

LIÉGE —— (levando na esportiva) Que isso, Giovanni?! Você realmente não existe. Pensar que eu estaria te enrolando. Por qual motivo?

GIOVANNI —— Justamente isso que eu gostaria de saber. Você me diz uma coisa, tua mãe diz outra… Que você quer que eu pense?

LIÉGE —— Não passou na sua cabecinha em unir as duas coisas? Pensei que você fosse mais esperto, como advogado você…//

GIOVANNI —— (agressivo) Para de me enrolar!

LIÉGE —— (surpresa/se explica) Giovanni… calma. Tá tudo bem. Porque você tá assim? A mamãe estava se queixando de dor. O meu chefe me ligou dizendo que a loja estava sendo assaltada. Estava muito tarde, não tem farmácia aberta. Eu passei lá na loja estava tudo certo. Calma, não tem ninguém te enrolando aqui, pelo amor de Deus.

GIOVANNI —— (solta o ar aliviado) Tá… ah, você não liga… Não liga pra mim. Eu tô só assoberbado com a tua mãe. Eu não tô aguentando mais ela. É só isso. Eu já cheguei me estressando com ela, e tô aqui desabafando encima de você. Você me desculpe, tá bom?

LIÉGE —— Calma, Giovanni, tá tudo bem. Olha… me espanta você ainda não ter se acostumado com o jeito bronco da mamãe.

GIOVANNI —— Nunca vou conseguir me acostumar.

Liége sente pena de Giovanni. 

LIÉGE —— Vem cá. Me abraça. (abraço) Eu tô precisando disso hoje.

Liége segura o rosto de Giovanni, e dessa vez procura ele no olhar.

LIÉGE —— Eu te agradeço. Agradeço pela sua paciência.

GIOVANNI —— Eu tô mudado. Não sei se minha paciência vai durar tanto tempo. Aguentei bastante por você, pelos nossos filhos… Eu quero estar mais em casa. Com vocês, e não com ela.

LIÉGE —— Eu sei que tá difícil…

GIOVANNI —— Você não sabe, Liége. Você não enxerga. A sua culpa deixa você cega. Você não enxerga o jeito desumano que ela te trata.

LIÉGE —— (escapando) Não vamos continuar essa conversa hoje. Por favor. Eu preciso de um banho. Urgentemente. Pra que o cansaço do dia exaustivo que tive vá pelo ralo.

GIOVANNI —— Tá bom.

Liége dá um beijo em Giovanni. Ela sai. Ele curtiu o beijo.

C3. CASA LONGARAY. QUARTO IANE. INTERIOR. NOITE.

Liége desabafa com sua mãe, mas em tom baixo. 

LIÉGE —— Deu tudo errado!

IANE —— Como foi?

LIÉGE —— A gente foi lá no meio do mato desovar o corpo e me aparece o delegado da cidade. Cê acredita nisso? Por pouco, mas por muito pouco que ele não vê o cadáver dentro do porta-malas.

IANE —— Como saíram dessa?

LIÉGE —— Fingi que estava tendo um treco, ele acreditou e me levou pro hospital.

IANE —— Meu Deus! Que loucura…

LIÉGE —— Quase que nessa história acontece outro homicídio. Porque o idiota do Christian já ia sacar a arma pra acertar no velho. Aí a merda ia estar feita. Meu Deus, que sufoco!

IANE —— E onde esconderam o presunto?

LIÉGE —— Shiuu… fala baixo. Eu não sei. Ele se livrou, também nem quis saber. Amanhã falamos sobre isso. (antes de sair) Olha aqui, para de atazanar o Giovanni. Ele tá enchendo meu saco com isso.

IANE —— Teu marido tá doido. Eu não fiz nada e ele chegou aqui com dez pedras na mão.

LIÉGE —— Dá um tempo pra ele, tá?! (zombando) Não sei, eu acho que ele tá revendo sua ideologia. Tá paranoico.

IANE —— É aí que mora o perigo. Não subestima esse homem. Quando menos você esperar ele vai te surpreender!

LIÉGE —— Giovanni..? Não…

C4. CASA LONGARAY. QUARTO CASAL. INT. NOITE.

Liége entra no quarto, já de banho tomado, roupas de dormir. Ela encontra Giovanni na cama só de cueca, fazendo menção ao sexo.

LIÉGE —— Giovanni..?

Giovanni se levanta e vai a sua direção.

GIOVANNI —— Eu já me diverti com as crianças. Fiz meu papel de pai. Agora… quero fazer meu papel de marido.

Giovanni beija Liége, que tenta escapar.

LIÉGE —— Giovanni, por favor… hoje… justo hoje, eu não tô…

GIOVANNI —— Não, nada de desculpas…

LIÉGE —— Hoje o dia foi péssimo. Eu não tô no clima.

Giovanni vai falando e beijando seu pescoço; sedutor.

GIOVANNI —— Que clima, Liége?! Clima é a gente que faz… hum… teve um dia cheio, quero que relaxe.

LIÉGE —— (resiste) Não, por favor… não. Para. Para, para, para…

GIOVANNI —— (se afasta irritado) PORRA! Que saco, Liége! Eu tentando mudar! Eu tentando fazer as coisas melhor! E você// Ah! Tá difícil… tá muito difícil.

Giovanni vai para um canto, Liége começa a chorar.

LIÉGE —— Desculpa. Desculpa… Eu tô vendo que você não é mais o mesmo.

GIOVANNI —— Eu tô tentando, tô tentando. Desculpa, desculpa por ter tentado. Não vou forçar. // Me sentido envergonhado. Ridículo.

Liége limpa as lágrimas e sai do quarto.

C5. CASA LONGARAY. BANHEIRO. INT. NOITE.

Liége entra e se escora na pia, se olha no espelho. E chora. Chora bastante, coloca as mãos no rosto.

LIÉGE —— Merda… merda.

Tocar como FM: Gotan Project – Santa Maria.

Liége se vê no espelho. Seu rosto avermelhado por causa do choro. Fica olhando fixo para seus olhos. Aproxima-se vagarosamente do espelho. Afasta-se. Vira o rosto para se enxergar de perfil. Faz o mesmo para enxergar o outro lado do rosto. Lava o rosto. Seca levemente com uma toalha. Bagunça os cabelos procurando ficar sexy.

LIÉGE —— Foda-se!

C6. CASA LONGARAY. QUARTO CASAL. INTERIOR. NOITE.

Sonoplastia: música da cena anterior continua viva nessa. Giovanni já deitado, de pijama. Liége entra no quarto e se escora na porta; a tranca. Chamou a atenção de Giovanni que estranha Liége.

GIOVANNI —— Liége..? Que foi?

LIÉGE —— Vem… me fazer mulher.  

GIOVANNI —— O que? Você não disse que estava sem clima?

LIÉGE —— (rasgando suas roupas) Clima é a gente que faz! Vem. Vem!!

Liége pula encima de Giovanni. Beijos e beijos. Eles se esfregam. Liége tira a camisa de Giovanni.

GIOVANNI —— Nossa, que fogo. Faz tempo que…

LIÉGE —— Cala boca. Cala a boca e me come!

Giovanni é tomado por uma excitação e se vira deixando Liége por baixo e beija a por inteira. Liége acha estranho seu desempenho, e nunca imaginaria seu marido…// Liége solta um gemido muito alto// que isso, gente?… Giovanni está fazendo sexo oral nela. Ele puxa ela com força. E a vira de bruços. E se joga pra cima dela, e fala em seu ouvido:

GIOVANNI —— Mulher minha tem que ser assim: uma dama pra sociedade e uma puta na cama! … Hoje eu vou te devorar!

Giovanni pega ela pelos cabelos e beija seu pescoço. O sexo rola intenso entre esses dois. Encerrar a música.

C7. BARRACO. INTERIOR. NOITE.

Darwin ansioso em saber o que aconteceu. Lorelaine de canto, apenas ouvindo. Christian termina sua explicação.

CHRISTIAN —— … e foi embora.

DARWIN —— Foi embora? Assim, simplesmente pegou o colar e foi embora? Você todo torto, como se levasse uma camaçada de pau. Conta outra, mano?!

CHRISTIAN —— Antes de eu encontrar o colar, o que não foi fácil, a gente brigou. Ele queria matar toda família. Eu fiz ele prometer que ia machucar ninguém. Caso contrário não diria onde estava o colar.

DARWIN —— Hã?! E aí, ele prometeu?!

CHRISTIAN —— Me encheu de soco e chute, mas por fim, acabou cedendo.

DARWIN —— Então, acabou o pesadelo?

CHRISTIAN —— É, pode se dizer que sim.

Darwin e Lorelaine se entreolham.

CHRISTIAN —— (cont.) Eu preciso de um banho e me deitar. Tenho que resolver algumas coisas amanhã. Eu e a Thailyz a gente../

DARWIN —— (corta) Que? Você ainda vai continuar frequentando a família?

CHRISTIAN —— Claro, eu não posso simplesmente desaparecer.

DARWIN —— A dondoca vai te aceitar como sogra depois de tudo que aconteceu?

CHRISTIAN —— Pra ela aquilo que aconteceu ontem foi apenas um assalto. Eu disse que tinha dado uma joia que ia dar de presente pra Thailyz e ele foi embora. Elas caíram. A Liége não quer me ver nem pintado de ouro. Eu só vou voltar lá pra… pra encerar meu relacionamento com a Thailyz. Só isso.

DARWIN —— Ela não sabe teu nome completo, ela não sabe onde você mora, não sabe como vive e nem o que viveu. E você ainda está preocupado que ela fique dois ou três dias chorando, ouvindo músicas melosas e comendo sorvete de chocolate? Ah, mano, me poupe… você não tem mais com que se preocupar?

CHRISTIAN —— Eu não sou desumano. Eu sei o que é ser rejeitado. Dá licença.

Christian sai do ambiente. Lorelaine se aproxima de Darwin.

LORELAINE —— Ele tá apaixonada por ela.

DARWIN —— Christian apaixonado pela balofa? Não pode ser… Como que ele foi se//

LORELAINE —— (corta) Essas coisas a gente nunca sabe como acontece. (indireta) Eu sou a prova viva disso.

DARWIN —— Que cê quis dizer com isso?

LORELAINE —— Esquece. Voltando ao assunto. Eu acho que ele não contou toda verdade, não. Se é que ele tenha falando alguma verdade.

DARWIN —— Parafuso que estava solto caiu no bueiro! Cê tá maluca! Christian nunca mentiria pra mim. … Eu acho. Acha que ele tem motivo pra mentir?

LORELAINE —— Pra te proteger ou pra te trair.

Loreleine conseguiu plantar uma sementinha da discórdia na cabeça de Darwin, deixando-o cismado.

FADE OUT

C8. LOJA MASCULINA. SALA LIÉGE. INT. DIA.

Liége entra no escritório, seguida por Anna, uma das vendedoras da loja. Liége vai largando suas coisas e se acomodando em sua mesa.

LIÉGE —— Não sei como uma cidade pequena como essa consegue ter um trânsito tão lento.

ANNA —— Também não consigo me acostumar com essa calmaria.

LIÉGE —— Que temos pra hoje?

ANNA —— Chegou nosso carregamento de cuecas. Bem menos do que pedido.

LIÉGE —— Hum, é o Matheus já tinha me avisado. Quero ver se no boleto que ele me enviar vai vir menos.

ANNA —— Fora esse problema, nosso amigo Leonard está impossível hoje. Não sei que aconteceu com aquele moço; tá com péssimo humor.

CAM mostrar celular de Liége com 19 chamadas perdidas de Leonard.

LIÉGE —— Posso imaginar.

Pelo vidro da sala elas o percebem se aproximando.

ANNA —— Falando no diabo. Boa sorte!

Leonard entra na sala, Anna aproveita para sair.

LEONARD —— É bom sair mesmo. Não quero correr risco de ninguém me segurar!

LIÉGE —— Que histeria é essa, posso saber?

LEONARD —— (rude) Você quer me deixar louco, não é?! Você quer me deixar louco! Só pode ser! Você sabe que eu não lido bem com rejeição, Liége! Você sabe bem disso.

LIÉGE —— Eu não rejeitei você…//

LEONARD —— (gritando) Não mente pra mim sua piranha maldita!

LIÉGE —— Ei!! Não grita! Sem grito. Que isso? Tá em casa?

LEONARD —— Escuta aqui, você acha que eu sou algum otário? Você acha que acredito nesses contos que você fala. Comigo não! Eu te conheço.

LIÉGE —— Não percebeu ainda que você está me ofendendo? E pior ainda, sem motivo algum!

LEONARD —— (revoltado) Sem motivo? Como sem motivo? Eu te liguei milhões de vezes, Liége! Milhões! Naquela nossa hora marcada, na hora que o corno não tá em casa, e você simplesmente rejeitou, não atendeu, me fazendo passar a noite toda rolando na cama imaginando as piores orgias que você poderia estar no meio!

LIÉGE —— Para! Você tá maluco. Tá perdendo a noção. Se você continuar assim, eu vou ser obrigada a//

Antes que ela termine de falar, Leonard pega ela pelo pescoço, mas não apertar, segura sua cabeça, com suas mãos mais próximas das orelhas dela, Liége completamente assustada, clima tenso, ele com um olhar bem psicopático, olha bem dentro dos olhos dela.

LEONARD —— Não termina essa frase, porque eu não sei o que eu sou capaz de fazer.

Liége segura seus braços.

LIÉGE —— Leo… por favor.

As lágrimas escorrem pelo rosto de Leonard.

LEONARD —— Eu te amo tanto, amor.

LIÉGE —— Não faz nada que você possa se arrepender depois, não faz.

LEONARD —— (soltar um suspiro trêmulo) Tô com ódio, raiva, amor… uma mistura de sentimentos. Tudo que eu mais quero nessa vida é você, não me tira os únicos momentos que tenho com você.

LIÉGE —— Tá bom, Leonard… Tá bom. Se acalma.

LEONARD —— Diz que me ama.

LIÉGE —— (rápido) Eu te amo!

LEONARD —— Não! Não! Não da boca pra fora. Com sentimento, com querência, e com verdade. Eu preciso saber se você me ama.

Liége olhando pra ele, hesita um pouco, ele ainda não a soltou.

LIÉGE —— (olhando bem pra ele) Eu te amo!

Leonard olha bem para ela, e a solta. Se afasta andando de costas, Liége não contém as lágrimas também. Leonard de repente dá um muro num porta retratos pendurado na parede, gritando: MENTIRA! Liége leva um susto com isso e se afasta. Ele aponta o dedo pra ela, com a mão sangrando.

LEONARD —— Mentira!! Você não me ama mais. Você não me quer mais. …Mas você vai querer.

Entrar Anna com um segurança.

ANNA —— Que tá acontecendo aqui gente?

Liége contém o escândalo:

LIÉGE —— Nada, nada! O Leonard não tá bem, ele tá com problemas em casa. Tá nervoso, se machucou. Ele vai pra casa, resolver esse problema. E quando achar melhor, ele volta. (ao amante) Tá bom, assim, Leonard? Eu te entendo, eu te compreendo, eu quero que você vá pra tua casa, pensa melhor nas coisas, e mais tarde tudo se resolve. Mais tarde!

LEONARD —— Entendi.

Leonard sai da sala. Juntou alguns curiosos na porta, que saem baratinados. Anna agradece o segurança, e fica sozinha com Liége.

ANNA —— D. Liége, a senhora tá bem?

LIÉGE —— Não. Não tô bem, mas tenho que estar, problemas aqui, problemas em casa. Tudo isso faz parte.

ANNA —— Se quiser desabafar. Eu//

LIÉGE —— Agradeço demais, Anna. Demais mesmo. Mas tudo que eu quero agora é esquecer, pelo menos um pouco, tudo isso que tá acontecendo. Foco no trabalho.

ANNA —— Tá certo. Eu arrumo essas coisas aqui.

LIÉGE —— Obrigada.

Liége apoia os cotovelos na mesa, e mãos na cabeça, suspirar. O celular de Liége toca, é Christian chamando.

LIÉGE —— Ah, não… agora não.

Liége desliga a chamada. Imagem da cena 1 deste episódio aparece, revelamos então o local com cacos de vidro do porta-retrato e o sangue no chão de Leonard. 

C9. DELEGACIA. SALA MEIER. INT. DIA.

Meier tomando café, Roger e Bryan presentes na sala também.

ROGER —— Sacanagem! Maior sacanagem.

MEIER —— Não mandei o homem sair do carro!

ROGER —— Eu estava morrendo de fome. Fazia duas horas esperando e eu com a barriga roncando.

MEIER —— Queria que eu ficasse esperando a donzela voltar? E perder eles de vista.

BRYAN —— Fiquei sabendo que o senhor foi parar até no hospital com ela?

MEIER —— Eu fui idiota, muito burro, aqueles dois me enrolaram muito bem. Eu devia ter visto o que tinha naquele porta-malas.

ROGER —— (p/ Bryan) Fazia tempo que um corpinho não agarrava ele, que ele ficou todo errado.

Risos deles.

MEIER —— (P/ Roger) O homem tenha mais respeito comigo que eu arranco esse teu topete com apenas um puxão!

ROGER —— Desculpe, desculpe!

Meier não se conforma com sua burrice.

MEIER —— Arrependido, arrependido!

BRYAN —— Mas tem uma maneira bem fácil de descobrir se tinha ou não um cachorro morto naquele porta-malas.

MEIER —— É mesmo? Pois então, diga logo…

C10. MIRIPITUBA. CIDADE. EXTERIOR. ANOITECER.

Tocar Maroon 5 – Sugar. A tardinha se acabando, dando espaço para a lua abrilhantar a noite de Miripituba. Mostrar alguns lugares turísticos da cidade, como bares, restaurantes, pessoas passeando na rua. Na porta de boates, dando risada, se divertindo.

C11. MIRIPITUBA. MIRANTE. EXTERIOR. NOITE.

Música da cena anterior continua. Christian de fone de ouvindo, ouvindo a música. Ninguém em volta, ele está dançando, sem pretensão alguma de querer dançar bem. Apenas espairecendo. Se deita no gramado. Mexendo apenas a cabeça no ritmo da música, de olhos fechados como se estivesse entendendo a letra. (mas não)

C12. MIRIPITUBA. PRAÇA. EXTERIOR. NOITE.

Música continua… Leonard sentado em um banco de praça, com a mão enfaixada, pensativo. Olhando para o vazio, damos um tempo nele. De repente, ele se levanta e sai andando.

C13. CASA LONGARAY. QUARTO THAILYZ. INT. NOITE.

Música ainda não parou de tocar. Thay está frente ao espelho, conferindo sua silhueta. Aperta a barriga para ver como fica. Campainha toca.

C14. ESTACIONAMENTO. EXTERIOR. NOITE.

A música encerra nessa cena. Liége chega até seu carro. De longe, Leonard aparece.

LIÉGE —— Leonard, por favor…

LEONARD —— Calma. Não vou te fazer nada. Não se preocupe. Não fica com medo de mim, não. Eu fui rude. Eu me excedi.

LIÉGE —— Você… me deixou apavorada, eu nunca tinha te visto daquele jeito.

LEONARD —— Eu peço que me perdoe. Eu não quis, eu nunca quis que/

LIÉGE —— Leo, aqui não é lugar. Eu tenho que ir pra casa. Agora, que você tá bem, se acalmou, eu também vou ficar bem e também vou ficar calma. Vai pra tua casa, eu vou pra minha. Amanhã a gente conversa melhor. Como está a mão?

LEONARD —— (mostra) Tá bem.

LIÉGE —— Que bom.

LEONARD —— Você me perdoa?

LIÉGE —— … Claro.

LEONARD —— Me beija?

LIÉGE —— (incomodada) Leonard, aqui…

LEONARD —— Aqui! Mostra que me ama.

LIÉGE —— Alguém pode ver e //

LEONARD —— Mostra que o nosso amor está além disso. Me beija aqui.

Liége olha para os lados, aproxima-se dele. Dá um beijo rápido. Ele a puxa novamente e dá um beijo mais longo. Ela se afasta.

LIÉGE —— Chega! Tá bom, agora?

Liége entra no carro. Leonard se aproxima da janela do carro. E diz pra ela sem som:

LEONARD —— Eu te amo!

Liége engata a ré e sai com o carro, Leonard fica olhando ela partir, dessa vez com um sorrisinho.

C15. CASA LONGARAY. FRENTE. EXT. NOITE.

Liége estaciona o carro. Seu celular está tocando, é Christian chamando. Ela atende.

LIÉGotan Project – Santa MariaGE —— (cel.) Será que eu não posso ter um momento de paz?

Alternar com.: MIRANTE. EXT. NOITE. Christian sentado, ao celular com Liége.

CHRISTIAN —— (cel.) Você me evitou o dia todo. Precisamos falar sobre o corpo.

LIÉGE —— (cel.) Eu não estou com cabeça pra isso. Eu tive um dia estressante no trabalho, eu preciso de paz. Você pode resolver isso sozinho. A única coisa que eu quero é chegar em casa e tentar esquecer isso tudo, pelo menos por enquanto se não eu vou enlouquecer! Enlouquecer! Você pode fazer isso pra mim, hoje?     

CHRISTIAN     —— (hesitar) De amanhã não passa.

Liége desliga o celular, e desce do carro.

C16. CASA LONGARAY. SALA. INTERIOR. DIA.

Liége entra em casa. Thailyz no celular sentada no sofá; tem movimentação na cozinha.

LIÉGE —— Oi, Thay.

THAILYZ —— Oi, mãe.

LIÉGE —— Tudo bem por aqui?

THAILYZ —— Tudo certo!

LIÉGE —— Que ótimo, tudo que eu precisava era de um final de dia tranquilo em casa.

THAILYZ —— Papai já chegou.

LIÉGE —— Ah, que bom. Onde ele tá?

THAILYZ —— Tá lá na cozinha com um senhor que chegou aí. Ofereceu um café pra ele. Ah, olha eles vindo ali.

Vindo da cozinha Liége vê Giovanni e o delegado Meier. Liége gela na hora quando vê o velho de bigode.

GIOVANNI —— (p/ Liége) Ah! Amor, bem que eu ouvi a tua voz. (beijo) Esse aqui é o delegado Meier. Dá 1ª delegacia de Miripituba.

MEIER —— Já nos conhecemos. Olá, D. Liége.

GIOVANNI —— Ah, é mesmo? Se conhecem de onde?

MEIER —— Ué! A senhora não contou a eles?

Ficamos com Liége engolindo a seco.

FIM DESTE EPISÓDIO

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