C1. CASA LONGARAY. QUARTO IANE. INT. DIA.
CAM dentro do buraco onde Christian escondeu o colar a 10 anos atrás, só vemos o rosto dele olhando para dentro, enfiando a mão e não encontrando nada, apenas teias de aranha. Aparece a cabeça de Liége junto, tentando olhar para dentro.
CHRISTIAN —— Nada! Não tá aqui!
LIÉGE —— Sai daí, deixa que eu procuro. Homem tudo igual, nunca encontra nada! Deixa eu dar uma olhada. Que nojo, teia de aranha.
CHRISTIAN —— Não tá, não é possível. Onde foi parar? Quem será que//
Liége começa ficar visivelmente nervosa.
LIÉGE —— Essa casa foi feita há 10 anos, como você queria que ninguém encontrasse? Meu Deus, estamos… estamos perdidos; agora aquele cara vai acabar com a minha vida, agora… agora…
CHRISTIAN —— Não vamos se desesperar que vai ser pior! Alguém mexeu aqui?
LIÉGE —— Nós compramos essa casa já pronta, como vou saber? Dês do tempo que estamos aqui, ninguém mexeu nessas tubulações, só pra fazer manutenção, mas foi só nos comandos, lá no térreo, não me lembro se alguém entrou aqui. Provavelmente não, porque minha mãe saiu desse quarto poucas vezes.
CHRISTIAN —— Não é possível…
LIÉGE —— (nervosa) Esse colar era nossa salvação. Era última chance, você não tem noção disso?
CHRISTIAN —— Vamos tentar se acalmar.
LIÉGE —— Minha família, Christian! Minha família está correndo risco dessa vez, minha família, não sou só eu! Eu jamais me perdoaria…
CHRISTIAN —— Por esse motivo, por essa razão que você tem que ser fria, ser calculista… Eu te conheço, Liége, você não é uma ovelhinha indefesa.
LIÉGE —— Você não tem dimensão da coisa.
CHRISTIAN —— Tenho! Tenho sim! Mas também tenho dimensão de quão esperta você é, já escapou de piores coisas do que essa. Eu tenho certeza que essa você vai conseguir tirar de letra. Qual é?! Vai se entregar logo agora, vai esmorecer? Essa não é a Liége que eu conheço.
LIÉGE —— (breve desabafo) Eu tô cansada. Cansada de tudo isso… todo dia é isso, vou ter paz só no dia que eu morrer. Parece que todo dia eu tenho que lutar pra sobreviver.
CHRISTIAN —— Eu sei como é, Liége. Meus dias na cadeia foram assim. Eu cheguei a ser torturado por muitas vezes, só pra entregar esse lugar, só pra eu dizer que o colar estava escondido naquele buraco. E no fim… Do que adiantou todos esses anos tomar na cabeça? … nada.
LIÉGE —— Acredita em castigo? Estamos sendo castigados. Aqui se faz, aqui se paga. Eu aprontei e apronto muito com meu marido, que é um bom homem, amo ele. Por isso estou sofrendo tanto, por isso estou carregando minha cruz. Você também. Não adiante eu ficar culpando você por isso tudo, eu tenho culpa também.
Damos um tempo para eles respirarem, pensarem um pouco no próximo passo.
CHRISTIAN —— É assim? Vamos entregar os pontos?
LIÉGE —— De onde vamos tirar 5 milhões? Nem se a gente assaltasse os bancos desse cidade, a gente conseguiria juntar 5 milhões!
CHRISTIAN —— (uma ideia) É, os bancos eu não sei, mas o museu sim.
LIÉGE —— Peraí…
CHRISTIAN —— Tem dois quadros naquele museu valiosíssimos! Um vale 2,5 milhões e o outro 1 milhão. Se a gente roubasse os dois…
LIÉGE —— Peraí… Você quer assaltar o museu? Não…
CHRISTIAN —— Pensa, se a gente roubar os quadros a gente consegue quase a grana, sei lá. Entrega como parte e diz que depois a gente dá o resto, enrola ele. É muito dinheiro que talvez ele nem//
LIÉGE —— Para! Tira essa ideia estupida da cabeça! Você quer ser preso?
CHRISTIAN —— Você prefere morrer? Eu vou precisar que você me ajude!
LIÉGE —— (assustada) Nem pensar!
CHRISTIAN —— Não vou poder fazer sozinho!
LIÉGE —— Meu Deus, isso é loucura! Isso não é assim, precisa de um plano!
CHRISTIAN —— Eu vou falar com o Darwin! Nós vamos roubar aquele museu! Como nos velhos tempos!
LIÉGE —— Eu nunca roubei nada!
CHRISTIAN —— Eu vou te ensinar! Eu vou falar com o Darwin! Ele vai pirar!
Christian sai correndo. Liége incrédula com a situação, ela acha que não vai dar certo.
LIÉGE —— É loucura, ele tá maluco.
Liége olha para o buraco na parede.
LIÉGE —— Nem sei mais o que é e o que não é loucura.
ABERTURA
Narrador —— Mentir para mentiroso.
C2. BARRACO. INTERIOR. DIA.
Darwin e Lorelaine estão de saída.
DARWIN —— Hoje a gente abre aquele armário, nem que seja com um pé-de-cabra.
LORELAINE —— Eu distraio o segurança e vo//
Entrar Christian deixando os dois assustados. Eles disfarçam a conversa. Christian não percebe porque chega animado.
CHRISTIAN —— Darwin! Precisamos conversar! Oi, Lore!
DARWIN —— Depois, estamos de saída.
CHRISTIAN —— Não, não! É urgente! Caso de vida ou morte! Preciso da sua ajuda.
Darwin e Lorelaine se entreolham.
C3. HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. DIA.
Como se fosse um vampiro levantando do caixão, Iane arregala os olhos e se senta na cama.
IANE —— Eu vou matar a Liége!
Iane começa a tirar as coisas que estão grudadas nela. Vem uma enfermeira e segura ela. Iane se debate desesperada.
IANE —— Sai! Me larga! Eu quero embora! Me tira daqui! Chama aquela piranha da minha filha! Liéééége! Me tira daqui! Desgraça! Me laaarga!
C4. BARRACO. INTERIOR. DIA.
Darwin já está por dentro da ideia de Christian de roubar o museu. Lorelaine saiu do ambiente.
DARWIN —— Você comeu cocô?
CHRISTIAN —— Eu preciso levantar essa grana até o final de semana, cara!
DARWIN —— Isso é maluquice, Christian! Você não tem aparelho, você não sabe como tá a segurança do museu, você não tem nada, você tá destreinado… Nem pensar! Você vai acabar se fodendo!
CHRISTIAN —— É minha única saída, velho!
DARWIN —— Christian! Sai dessa cidade, aproveita, FOGE!
CHRISTIAN —— Eu não posso deixar que matem aquela família, Darwin! Se eu me mandar eu vou tar cavando a cova deles!
DARWIN —— Caralho, como você foi se meter nisso?! Não, não! Pensa em outra coisa, sei lá! Agiota… alguma coisa!
CHRISTIAN —— Que agiota tem 5 milhões pra emprestar, maluco?
DARWIN —— 5 milhões? Meu Deus, velho… vocês… vocês tão doido. Pior ainda foi o Valdivea acreditar que você teriam 5 milhões!
CHRISTIAN —— Você vai me ajudar ou não?
DARWIN —— Christian, tem que ter outro jeito, mano, eu não posso ir em cana…//
CHRISTIAN —— Vai me ajudar ou não? Mano, eu não posso perder tempo! Fala!
Darwin hesita, e vira o rosto. Christian entendeu o recado.
CHRISTIAN —— Legal. Tá de boa. Eu me viro sozinho.
Christian vai virando as costas e Darwin o chama.
DARWIN —— Christian, Christian, espera!
CHRISTIAN —— (se faz de vítima) não, cara, eu entendi, na verdade eu nem deveria ter te pedido isso. Foi mal!
DARWIN —— Christian! Fica quieto, senta aí, por favor.
CHRISTIAN —— Mano, eu não tenho tempo pra//
DARWIN —— Eu acho que eu tenho a solução.
CHRISTIAN —— Qual?
DARWIN —— Senta.
Eles sentam um de frente do outro.
DARWIN —— Ela vai me matar.
CHRISTIAN —— Ela quem?
DARWIN —— Só escuta! No dia que o Iuri veio aqui em casa, fez a zorra atrás do colar. Maldito colar que essa hora só Deus sabe onde anda. Enfim, ele deixou cair um caderno, um caderninho, aqui, na sala. Eu achei, e tinham várias anotações dele. Com códigos e coisas e tal. E aí, eu e a Lorelaine descobrimos em uma das páginas que não estava escrito claramente, mas em código, em desenho, e a gente suspeita que têm diamantes escondidos num dos armários da rodoviária de Miripituba. Quando você chegou hoje, justamente a gente estava indo lá ver se conseguia os diamantes… e você veio com uma história dessas e… e aí, eu … porra, fala alguma coisa..!
Christian fica olhando fixamente para Darwin, isso deixa Darwin ainda mais nervoso.
CHRISTIAN —— Mentiu pra mim..?
DARWIN —— Christian, eu…//
CHRISTIAN —— FILHO DA PUTA!!!
Christian voa no pescoço de Darwin, e os dois saem no chão, derrubando a poltrona ou cadeira tudo.
C5. HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. DIA.
Liége diante de Iane soltando fogo pelas ventas.
IANE —— Minha vontade é de matar você por me trazer pra esse lugar! Você, mais do que ninguém, sabe muito bem que eu não saio de casa!
LIÉGE —— Eu precisei que a casa ficasse sem ninguém. Eu sabia que a senhora não ia concordar.
IANE —— Como é que eu vou ter confiança em você depois de você ter me dopado e ter me registrado nesse hospital?!
LIÉGE —— Meu Deus do ceú! Sair de casa, registrar em hospital… Parece que cê tá fugindo de alguém, quê que é isso? Qual é a tua mãe? Que tanto medo você tem de sair de casa?
Nesse momento, entrar Giovanni com o médico.
GIOVANNI —— E aí?! Eu trouxe o doutor.
MÉDICO —— A dona Iane perdeu os sentidos por tomar em excesso o remédio que ela usa para dormir. Não foi algo tão grave. Logo ela poderá ir pra casa, e tomar mais cuidado com esse tipo de medicamento.
LIÉGE —— Ah, que bom. Pra mim foi um grande susto. Viu mãe?!, a senhora tem que se controlar!
Iane com uma cara de raiva.
IANE —— Pra casa. Agora!
C6. CASA LONGARAY. QUARTO IANE. INT. DIA.
Liége empurrando Iane na cadeira de roda pra dentro do quarto.
LIÉGE —— Pronto. Chegamos. Eu vou descer, eu ainda tenho que/
IANE —— Nem pense sair desse quarto sem antes me dizer o que está acontecendo.
LIÉGE —— Mãe, o assunto é sério, eu tenho que resolver/
IANE —— Feche a porta.
Liége fica temerosa.
C7. BARRACO. INTERIOR. DIA.
Darwin com gelo na testa. Lorelaine amparando-o. Christian se sentindo traído pelos dois, indignado.
CHRISTIAN —— Traição! Traição pura! É isso que estou sentindo de vocês dois!
LORELAINE —— Ei, você não é Santo do Pau Oco! Você também mentiu pro Darwin, tá esquecido? Disse que o Iuri tinha ido embora com o colar, quando na verdade ele já tinha ido dessa pra melhor!
CHRISTIAN —— Eu menti pra proteger, não queria ninguém mais envolvido nisso.
LORELAINE —— Claro, era conveniente, depois pegar o colar e ficar com a grana toda sozinho!
CHRISTIAN —— Não existe colar! Ele não tá mais onde eu deixei! … Olha, eu realmente gostaria muito de ter tempo pra ficar aqui discutindo quem traiu mais, quem traiu menos… Eu preciso salvar aquela gente!
DARWIN —— Você pode usar os diamantes.
LORELAINE —— O quê?!
DARWIN —— Nem todos, um fica com a gente!
LORELAINE —— Darwin, a gente nem sabe quantos diamantes podem ter. Pode ter dois, um, ou nenhum!
CHRISTIAN —— (metido) Ou pode ter vários, ninguém aqui sabe! Vamos lá! Vamos resolver isso de uma vez!
C8. CASA LONGARAY. QUARTO IANE. INT. DIA.
Liége deixou sua mãe a par de toda a situação.
IANE —— Cambada de idiotas. Vai ver que em 10 anos alguém não ia achar essa porcaria aí.
LIÉGE —— A única coisa que eu sei, é que eu estou perdida.
IANE —— Nem parece minha filha. Você tá sempre vendo o copo meio-vazio. Tem que olhar o copo meio-cheio, Liége. Prestar a atenção! Pensar grande!
LÍEGE —— Já pensei em tudo, já pensei em tudo. Nada parece ter um final feliz.
IANE —— Uma pessoa que vive fazendo merda nunca chega a um final feliz.
LIÉGE —— Você parece tão tranquila, como se soubesse o que fazer. O teu tá na reta também. Se tem uma ideia: fala logo, mãe!
IANE —— Hum… agora quer minha ajuda, hum… depois de ter me dopado… hum… agora quer minha ajuda…
LIÉGE —— Mãe… me poupa desse joguinho.
IANE —— Eu vou te dar uma ideia! Porque eu estou cansada dessa papagaiada toda!
C9. RODOVIÁRIA MIRIPITUBA. ARMÁRIOS. EXT. DIA.
Christian, Darwin e Lorelaine diante do armário 151.
DARWIN —— Tá aqui a mina de ouro!
LORELAINE —— De diamante!
CHRISTIAN —— Vocês estão tão convictos. Nunca ensinaram a não contar com o ovo no cú da galinha?
DARWIN —— Mina de ouro, diamante, de ovo, tanto faz. O importante é conseguir abrir isso. Abre isso de uma vez.
CHRISTIAN —— Cuidem aí, eu abro.
Darwin e Lorelaine olham em volta.
DARWIN —— Vai, vai…
Christian com uma chave especial enfia no buraco do cadeado, mexe um pouco, mexe mais, e nada.
LORELAINE —— Tá demorando demais.
CHRISTIAN —— Vocês estão dando muito na vista. Gente, isso aqui é um armário de rodoviária, não um caixa-forte do Banco Central. Ajam naturalmente.
Eles começam a assoviar. Christian revira os olhos; e consegue abrir.
CHRISTIAN —— Consegui.
Darwin e Lorelaine pulam em cima. Eles abrem o armário e tem uma pasta preta. Se entreolham.
DARWIN —— Vamos abrir!!
CHRISTIAN —— Não jegue! Aqui não. Vamos pra outro lugar!
Eles pegam a pasta, fecham o armário e saiam disfarçadamente.
C10. QUARTO IANE. INTERIOR. DIA.
Iane contou parte do seu plano para Liége.
LIÉGE —— Polícia? Você quer envolver a polícia nisso? Enlouqueceu? Tomou remédio demais no hospital…
IANE —— Não estou falando da polícia propriamente dita, estou falando do delegado Meier. Esse homem está de quatro por você, Liége. Inventa qualquer história pra ele, diz que estão te perseguindo, ou algo do tipo, se faz de donzela em perigo. Tenho certeza que ele vai fazer de tudo pra te proteger.
LIÉGE —— Mas se ele prender o Valdivea, ele vai contar tudo pro Giovanni.
IANE —— Dê um jeito que eles nunca se encontrem. Manter distância.
LIÉGE —— Arriscado. Arriscado demais.
IANE —— Prefere correr o risco de a tua família saber a verdade, ou correr o risco da tua família acabar sendo morta? … Agora, você tem uma escolha. Pensa, melhora esse meu plano. Você vai chegar a uma bela conclusão; … assim espero.
Iane deixa Liége pensativa.
C9. BARRACO. INTERIOR. DIA.
Christian, Darwin e Lorelaine. Os três diante da maleta que tiraram do armário da rodoviária. Nenhum dos três piscam.
CHRISTIAN —— Vocês tem certeza que não tinha mais nada dentro daquele armário?
DARWIN —— Tenho! Eu olhei.
LORELAINE —— Vamos acabar logo com essa agonia! Vamos abrir isso e ver o que tem!
CHRISTIAN —— (pega a mala antes) Calma, espera, espera! Antes de abrir, vamos fazer uma promessa!
DARWIN —— promessa? Que papo é esse de promessa?
CHRISTIAN —— Sim! Promessa! Que se tiver algum tipo de dinheiro, de grana alta vai ser pra ajudar a salvar a família Longaray!
LOREILAINE —— Ei, ei, eu não tive nada a haver com esse papo de salvador! Me tira fora dessa!
CHRISTIAN —— Que vergonha, não sente vergonha? Poderia ser você implorando pela vida dos seus filhos…
LORELAINE —— não põe meus filhos no meio desse sujeitada toda!
CHRISTIAN —— Só estou mencionando eles pra fazer você refletir um pouco nisso que você tá falando, sem coração! Se põe no lugar deles agora…
DARWIN —— Tá bom, tá bom… a gente promete, que a maior parte disso que tem aí, se é que tem, vai ser destinada a ajudar a família Longaray e blablabla… vamos ao que interessa! (pegar) Me dá aqui essa maleta.
LORELAINE —— Alegria de pobre dura pouco.
Darwin tentando abrir e não consegue.
DARWIN —— Não consigo abrir, será que eu tô nervoso?!
LORELAINE —— Não consegue abrir porque teve ter algum déficit, só pode ser. Me dá isso! (ela tenta, não consegue, olha direito pra maleta e vê) Ela tem uma senha. Precisa de uma senha pra abrir.
CHRISTIAN —— Sério?!
LORELAINE —— Eu disse que alegria de pobre dura pouco. E agora?
DARWIN —— A senha deve estar no caderninho. Vamos procurar.
LORELAINE —— Aquele caderno está cheio de números, vai demorar.
CHRISTIAN —— Tempo suficiente pra eu chamar a Liége. Ela precisa participar disso.
C10. CARRO LIÉGE. EXTERIOR. DIA.
Liége ao celular com Christian.
LIÉGE —— (cel.) Como assim, Christian? Que maleta? Tá bom, ao menos você tirou aquela ideia idiota de roubar o museu da cabeça. Tá bom, tô indo aí. Me passa o endereço por mensagem. (desligar/e ligar para Giovanni) Oi, amor. Eu vou ter que ficar até mais tarde, fiquei a tarde toda fora no hospital com a mamãe, vou adiantar algumas coisas. Isso, pede uma pizza pra você e pras crianças. Tá bom… (quase um sussurro) Eu te amo.
Liége desliga, suspira, põe aos mãos no rosto, cabeça. Dá a partida no carro, e sai com o carro.
C11. QUARTO ALEFF. INTERIOR. NOITE.
Aleff no quarto desenhando, cabisbaixo. Entra no quarto dançando alguma música do Kevinho. Rebolativa. Aleff vê isso e solta um risinho de canto.
ALEFF —— Que bobagem é essa? Perdeu o senso do ridículo?
THAILYZ —— Se pra conseguir um sorrisinho de canto de boca é preciso ser ridícula, por mim tudo bem. Qual é mano!? Sai dessa, cara. Olha só, esse final de semana sabe quem vai estar aqui dando um show em Miripituba? Kevinho!
ALEFF —— (desanimado) Como não vou saber? Na cidade toda só se fala nisso. Pra uma cidade pequena, com certeza é o show do ano.
THAILYZ —— Que desdém. Você é fã do cara.
ALEFF —— Eu curto muito. Mas tô sem vontade pra ir.
THAILYZ —— É a oportunidade única de sair da fossa e parar de pensar bobagem. Vamos ir sim! Papai já comprou ingressos pra todo mundo! Eu, você, o Chris, papai e mamãe…
ALEFF —— Mamãe? Ah! Jura!
THAILYZ —— Por incrível que pareça. Papai vai convencer ela a sair da toca. Assim como estou te convencendo a sair também! Vai ser muito bom, você não vai ficar de fora dessa, nem pensar! Vem! Vamos descer, papai pediu pizza!
ALEFF —— Vamos ao sacrifício, então…
C12. BARRACO. INTERIOR. NOITE.
Liége entrando no ambiente, olha tudo em volta. Lorelaine e Darwin em volta da maleta. Christian recebendo a visita.
LIÉGE —— Eu nunca tinha vindo pra esse lado da cidade.
LORELAINE —— (baixinho) Dondoca.
Christian faz as apresentações.
CHRISTIAN —— Vem. Esse aqui é o Darwin. E a esposa dele Lorelaine.
DARWIN —— (nervoso) É… muito prazer.
LORELAINE —— Você é a dita famosa? (analisa dos pés a cabeça)… hum… Eu achava que fosse mais alta.
LIÉGE —— Quer saber meu peso também? Eu acredito que não estamos aqui pra saber minha estatura.
LORELAINE —— Áspera… feito lixa de unha.
LIÉGE —— Quer um autografo?
CHRISTIAN —— Ê, ê… tô sentindo um climinha.
DARWIN —— Acho que encontrei uma coisa! Vamos tentar esses números. Tem números aleatórios no caderninho aqui. Na primeira página, nas duas do meio e na última. Vamos tentar esses.
CHRISTIAN —— Pode dizer quais.
Darwin vai dizendo os números e Christian vai pondo.
DARWIN —— 3. 5. 9. E 7.
LORELAINE —— Hum. Só número impar.
A maleta DESTRAVA assim que Christian põe o número 7. Todos se entreolham.
CHRISTIAN —— Darwin, se você fosse mulher eu te dava um beijo na boca!
DARWIN —— (brincar) Hum, só se fosse mulher..!
LORELAINE —— (dar um tapa na cabeça de Darwin) Mas te afirma, ô caganeira!
LIÉGE —— Vamos! Quero ver que tem aí!
Christian abre. Os quatros em cima da maleta. Revelamos a maleta recheada de dólares. Notinhas verdinhas. O brilho nos olhos de todos é visível. Christian tira de dentro de um pequeno compartimento um saquinho transparente cheio de diamantes pequenos. Todos ficam se olhando boquiabertos.
FIM DESTE EPISÓDIO