DIGA-ME COM QUEM ANDAS

 

C1. ESTRADA. EXTERIOR. NOITE.

Nenhuma movimentação. Tudo escuro. Começa a tocar a música Jerry Smith & MC Nando DK —— Nossa Que Absurdo. De longe, aparece farol de carro, vindo em alta velocidade. À medida que vai se aproximando a música de fundo vai aumentando. Até ficar no ponto certo. O carro passa voando, passa tão rápido que não conseguimos ver quem está de pé no teto solar do carro com os braços abertos.

C2. CARRO. RUAS MIRIPITUBA. EXTERIOR. NOITE.

(Sonoplastia: música da cena anterior continua)

CAM objetiva do carro.: do lado da roda, andando pelas ruas. Faz manobras arriscadas, de um lado, e de outro. Cantando pneu. Rodopiando na pista. Ouvimos um barulho de batida de carro. Escurece a tela. Fim da música.

Abre em um zoom no farol do carro quebrado. Ouvimos a música bem baixinha, abafada com o barulho de uma discussão e gritaria.

Escurece tela: ouvimos um tiro; e um choro de criança.

ABERTURA

Narrador —— Episódio: Diga-me com quem andas.

C3. CASA LONGARAY. SALA. INT. NOITE.

Dando continuidade a última cena do episódio anterior. Del. Meier presente na casa de Liége, acabou de afirmar que já a conhecia. Liége sem jeito, e Giovanni curioso. Thailyz por perto, de fone, fora do assunto.

LIÉGE —— Pois é, eu não me lembrei. Eu… tinha me esquecido, que… que tinha sido o senhor que foi me atender lá, ontem. Quando acharam que a loja estava sendo assaltada. Não é mesmo?

GIOVANNI —— Ah, então foi o senhor que ajudou a Liége com a tentativa de assalto na loja dela, essa madrugada?

Meier hesita um pouco, pensando se vai falar a verdade ou entrar na mentira com Liége. Giovanni virado para Meier, não vê Liége fazendo uma cara de como se estivesse pedindo ajuda.

MEIER —— (relutante) Pois então.

GIOVANNI —— Bom, bom tê-lo. (virado p/ Meier) Bom ver que essa mera cidadezinha conta com uma patrulha eficiente.

Liége por trás de Giovanni agradece Meier.

GIOVANNI —— (cont.) Hoje em dia, com tanta violência, não é mesmo?! Não sabemos se vamos voltar pra casa, ou se voltaremos inteiros.

LIÉGE —— Giovanni, não fala besteira.

GIOVANNI —— Não é besteira! Confere comigo, delegado! Não é verdade que o índice de criminalidade de Miripituba vem crescendo a cada ano? Não é?!

MEIER —— Verdade. (indireta a Liége) Mais ainda são os casos solucionáveis. Que nos deixam ainda mais surpresos.

GIOVANNI —— (interessado) Ah é?! Me diga um.

Celular de Giovanni toca.

GIOVANNI —— Ih. É o Nogueira, deve ser pra falar do processo. Eu preciso atender, me desculpe. Com licença!

MEIER —— À vontade.

Giovanni sai da sala para atender, e Meier aproveita que Thailyz está com fones de ouvido para saber de Liége o que está acontecendo.

MEIER —— Alguma explicação?

LIÉGE —— (implorar/sem muito escândalo) Me perdoa, me perdoa. Eu não consegui falar a verdade ainda pra eles.

(esse diálogo deve ser contido, nunca esquecendo a presença de Thailyz)

MEIER —— Você tá mentindo. Tá mentindo pra mim!

LIÉGE —— Eu não tô mentindo! Eu tô apenas preservando minha família. Eles são//

MEIER —— (corta irritado) Você quer que eu acredite que está fazendo todo esse circo por causa da cachorra? (controlado) Tem coisa muito pior por trás disso, eu sei.

LIÉGE —— (coitada) O que eu tenho que fazer pro senhor acreditar?

MEIER —— Começa me falando a verdade!

LIÉGE —— (insistir) Essa é a verdade!

Meier chama por Thailyz, concentrada no celular.

MEIER —— Mocinha! Mocinha… oi. Desculpe, atrapalhar aí. Mas como é o nome da cachorra de vocês?

THAILIZ —— (estranha) Cachorra? A gente não tem cachorra. Na verdade, eu sempre quis ter um cachorrinho, mas minha avó diz que é alérgica. Por isso, nunca pude ter.

MEIER —— Hum. Me enganei, achei que tinha, obrigado.

Thailyz volta aos fones. Meier olha para Liége, que ficou ainda mais tensa.

MEIER —— (abrindo os braços) E aí?

Liége solta um pigarro.

LIÉGE —— Isso é legal? Entrar na minha casa, interrogar a minha família indiretamente? Nos trâmites legais isso não é correto.

MEIER —— Você mente pra sua família e sou eu o incorreto? Você deve ter um motivo muito forte pra estar nesse estado. Eu vejo que você está uma pilha.

Liége tenta esconder as lágrimas; fungando.

MEIER —— Já que você prefere tudo certo. Eu vou atrás dessa história, nos trâmites legais. Aguarde.

LIÉGE —— (antes de Meier sair) Escuta!

Ela vai até a porta com ele.

LIÉGE —— Apesar de tudo, eu quero que você saiba que… que eu sou uma mulher honesta. Que não fiz nada de errado. Um dia… você vai me entender.

Meier a encara e sai. Ela fecha a porta. Ela caminha até o meio da sala, senta no sofá. Thailyz solta uns risinhos.

THAILYZ —— Ai, Christian é tão fofo. Olha os desenhos de coração que ele fez pra mim, mãe!

Liége olha aquilo, e cai em lágrimas. Thailyz fica surpresa.

LIÉGE —— Desculpa! Desculpa…

Liége pega sua bolsa e vai para seu quarto, com pressa. Thailyz fica sem entender.

C4. CASA LONAGARAY. QUARTO CASAL. INT. NOITE.

Liége entra, ainda atordoada com tudo que está acontecendo na sua vida. Tocar seu celular, ela abre a bolsa e pega e vê que é Leonard. Chega lhe dá um desanimo. Respira fundo e atende.

LIÉGE —— (cel.) Oi!

LEONARD —— (cel.off) Eu quero te ver!

LIÉGE —— (cel.) Amanhã! Na hora do almoço/

LEONARD —— (cel.off) Não, eu preciso de você, eu preciso sentir você. Sentir que você me ama. Hoje!

LIÉGE —— (cel.) Não! Meu marido já está em casa.

LEONARD —— (cel.off) Enrola ele. Ele é trouxa, cai em qualquer coisa.

LIÉGE —— (cel.) Vamos fazer assim, não vai trabalhar amanhã. Deixa acalmar as coisas por lá. Amanhã, eu saio no meio-dia, digo que não vou voltar mais. E a gente passa a tarde juntos, que acha?

LEONARD —— (convencido/cel.off) Tá bom. Amanhã. Tá bom.

LIÉGE —— (cel.) Eu tenho um monte de coisa pra fazer ainda, acabei de chegar.

LEONARD —— (cel.off) Ok. Só diz que me ama.

LIÉGE —— Eu te amo. Boa noite!

Liége desliga.

C5. CASA LONGARAY. QUARTO IANE. INT. NOITE.

No BANHEIRO do quarto. Iane tomando banho em sua banheira. Liége próximo dela.

LIÉGE —— (desabafando) Não tô aguentando mais. É bombardeio de todos os lados. Eu não tenho um momento de paz. A minha válvula de escape se tornou um maníaco obcecado.

IANE —— Esse cara é o menor dos seus problemas, você ainda não se ligou que a polícia tá na tua cola?

LIÉGE —— Acho que eu sei como lhe dar com esse delegado. Logo-logo ele vai sair da minha cola.

IANE —— Ao menos o tonto do seu marido não desconfiou de nada?

LIÉGE —— Não. Não chama ele de tonto.

IANE —— (surpresa) Que foi? Defendendo ele agora?

LIÉGE —— Eu já enganei demais o Giovanni, ele não merece isso.

IANE —— É, crise de consciência é foda.

LIÉGE —— A gente transou como há muito tempo a gente não havia transado.

IANE —— Ah, me poupe…

LIÉGE —— Desculpe, eu só estou querendo dizer que ele fez com que acendesse de novo o que eu sentia por ele no início. Até isso tá me deixando confusa.

IANE —— Você tá ouvindo o que você tá falando? Liége, você não precisa mais de amante! Acaba com esse problema, larga esse cara de mão. Pula fora.

LIÉGE —— Eu tenho medo, medo! Medo que ele faça alguma bobagem, ele tá louco.

IANE —— Mata ele! (brincar) Você já é quase uma profissional!

LIÉGE —— Eu vou fingir que não ouvi isso. Vai. Sai daí, vou te tirar daí. Já lavou essa ameixa seca tempo demais.

C6. CASA LONGARAY. CORREDOR. INTERIOR. NOITE.

Liége saindo do banho. Aleff encontra com ela no corredor.

ALEFF —— Oi, mãe! Eu preciso que a senhora autorize meu passeio na escola pro//

LIÉGE —— Ai, Aleff, eu tô sem cabeça pra isso. Seu pai não pode fazer?

ALEFF —— Pode, mas o papai tá sempre ocupado, a senhora também, há muito tempo que a senhora não…

LIÉGE —— Aleff, você não tá grandinho demais pra ficar com essas picuinhas na nossa volta? Por favor, eu tô cansado. Amanhã a gente fala sobre isso. Boa noite!

ALEFF —— Amanhã, amanhã, depois, depois. Eu sempre em segundo plano.

LIÉGE —— Dá um tempo pra minha cabeça!

Liége entra em seu quarto; sem dar mais ouvidos a ele.

ALEFF —— É sempre assim. Eu devia … Quer saber? (pegar o celular e mandar um áudio p/ alguém) Fala aí, Urubu! Irmão! Qual vai ser daquela banda de hoje? Partiu confirmar minha presença, mano?! Hoje o bagulho vai ser crazy!

Aleff desliga o celular, e sai do corredor fazendo passinhos de funk.

(AS LOCAÇÕES PARA OS EVENTOS DAS CENAS DE 07 A 11 DEVEM FICAR SOB CRITÉRIO DA DIREÇÃO, PORÉM TEM QUE REPRESENTAR UM LOCAL FORA DA CIDADE AMBIENTADA)

C7. LOCAL ABANDONADO. EXTERIOR. NOITE.

Encontro de carros tunados. Luzes piscando, carro com alto-falante enorme e potente tocando: Kevinho e MC Davi —— Elas Gostam. Homens e mulheres jovens.

Os homens vestidos com roupas largas, bermudas, óculos (mesmo de noite), toucas, alguns de moletons (mesmo com calor), outros com camisa de times, dos mais variados. As mulheres todas de pernas de fora, decotes enormes, todas bem “rebolativas”. Na farra rolando: vodca, cerveja, energéticos, e outras drogas ilícitas que ainda não revelaremos. As meninas todas aparentando serem jovens, dançando a música.

Um carro preto chegando ao ambiente, bem devagar, fazemos um breve mistério até o carro estacionar em algum ponto. Desce do carro preto misterioso: Daninho (que estava dirigindo), Urubu (que estava no banco do carona), Aleff (no banco de trás). Todos amigos de Aleff. As garotas se aproximam deles.

URUBU —— Que isso, maluco?! Oi, lindas…

ALEFF —— Mano, isso aqui tá debochado!

URUBU —— Não viu nada, tio! Nem começou… Se liga, se liga, se liga…!

Urubu aponta para dois carros, um do lado do outro. Roncando seus motores, um tem suspensão a ar e fica quicando.

URUBU —— Tu que não sabe, Aleff!! Fica por perto, isso aqui às vezes dá um B.O. fodido. Os caras se pegam no pau, e sai negada correndo pra tudo quanto é lado!

ALEFF —— Ih, meu, para! Disso aí, eu tô ligado. Fica sussa! Eu me cuido. Eu quero curtir!!

Daninho, que se afastou, chega até eles servindo uma mistura de vodca e energético.

DANINHO —— (distribuir p/ eles) Tá na mão, rapaziada! Vamos beber!

Todos bebendo, inclusive as garotas.

C8. LOCAL ABANDONADO. EXTERIOR. NOITE.

Trocar a música para: MC L Da Vinte e MC Gury – Parado no Bailão. Takes deles dançando; alguns fazendo passinhos; mulheres rebolando, bebendo e bebendo.

C9. LOCAL ABANDONADO. EXTERIOR. NOITE.

Aleff beijando uma garota, ao lado Urubu dando risada com alguns amigos, e Daninho meio tonto de tanto beber. Um rapaz se escora no capo do carro de Daninho, ele resolve tirar satisfação.

DANINHO —— Ô pau no cu! Se afasta do carro, filho da puta! Quer apanhar, otário!?

Daninho vai bater no rapaz, Urubu vai apartar a briga. Aleff fica atento na situação.

URUBU —— Desencana, mano! Deixa o cara…

DANINHO —— Esse merda veio aranhar meu carro, Urubu! Carro não é nem meu, do meu pai!

URUBU —— Tô ligado, mano… Não esquenta. Olha aqui, não deu nada no carango, mano! Calma! (p/ outro) Vaza maluco! (p/ Daninho) Relaxa, mano.

Aleff aproxima-se da movimentação. O cara que estava escorado no carro de Daninho mostra o dedo do meio p/ ele. Daninho enfurecido, tira uma pistola preta que estava escondida na sua cintura. Urubu rapidamente pega em seu braço, segurando-o.

URUBU —— Que isso, mano?! Para, abaixa esse negócio! Não vale a pena, feio! Não vale a pena… Me dá isso aqui, tu já tá chapadão, não faz merda, mano! Me dá isso aqui… (pega a pistola) Relaxa, mano! Deixa esse pau no cu pra lá, mano! Vai estragar a banda, vai?

DANINHO —— Vou matar esse otário, mano! Vou matar.

Urubu passa a pistola para trás, e quem está atrás deles é Aleff que fica surpreso. E não sabe o que faz…

URUBU —— (P/ Aleff) Esconde essa merda!  

DANINHO —— Vou pegar ele. Vou pegar! Olha o carro, olha o carro.

URUBU —— Daninho, não deu nada no carro! Relaxa, mano.

Aleff nervoso, escondendo a pistola na mão por baixo da roupa. Vai até o carro, abre a porta do carona, abre a porta-luvas e deixa a arma ali dentro. Fecha. Tira o suor da testa. Quando se levanta, Urubu está atrás dele, fazendo-o levar um susto.

ALEFF —— Caralho, irmão!

URUBU —— Onde tu deixou?

ALLEF —— No porta-luvas.

URUBU —— Tá na mão. Deixa ali. O Daninho quando se chapa, sai fora da casinha.

ALEFF —— Aquela merda tá carregada?

URUBU —— Não sei, acho que tá sem pente, talvez seja só pra assustar. Vem… vamos ver uns rabos por aí.

ALEFF —— Cadê o Daninho?

URUBU —— Se perdeu por aí! Vamos se perder por aí também! Partiu! Para de tremer, maluco!

Urubu arrasta Aleff para as garotas.

C10. LOCAL ABANDONADO. EXTERIOR. NOITE.

Rolando a música: Abusadamente —— MC Gustta e MC DG. Aleff no meio de duas garotas dançando essa música, coreografia original da música. Ficamos um tempo nele dançando e imagens sobrepostas dos que estão em volta.

C11. ESTRADA. EXTERIOR. NOITE.

Tocando: Jerry Smith & MC Nando DK —— Nossa Que Absurdo. O carro de Daninho andando a toda pela estrada. Daninho dirigindo, Urubu do lado, no banco de trás está Aleff. Estão cantando a música. O carro em ziguezague na pista. Correndo!! Fazendo ultrapassagens arriscadas; Urubu passa para Daninho uma long neck, ele bebe dirigindo. Urubu dando risada de Aleff fumando maconha, e tossindo. Dá risada. Aleff abre o teto solar do carro e se levanta e dá um grito:

ALEFF —— NOOSSA QUE ABSURDOOO!!  

No interior do carro, Daninho dirigindo, pega um capsula com pó branco dentro, abre, põe entre os dedos e cheira. Aleff bem animado dando gritos de pé no teto solar. O carro passa voando na pista.

C12. CRUZAMENTO DE MIRIPITUBA. EXTERIOR. MADRUGADA.

Carlos parado no semáforo vermelho com seu carro. O carro de Daninho aparece fazendo manobras, o sinal para ele se fecha. O carro de Carlos arranca; e o carro de Daninho vem com tudo pra cima; Daninho ao ver gruda os pés no freio. Carlos ainda vira a direção, mas o choque entre os carros acontece. Susto entre todos. Mas a batida não é tão forte. Apenas danos materiais. O carro de Daninho quebrou a sinaleira e o para-choque; o de Carlos não nos interessa. Daninho com os olhos arregalados, respirando forte.

URUBU —— Caralho!!

DANINHO —— Desgraçado… vou matar ele!

ALEFF —— Calma, cara, você que se atravessou no vermelho!

Daninho, Urubu e Aleff descem do carro, e vão olhar o estrago. Daninho mãos na cabeça!

DANINHO —— Não, não, não, não… meu pai vai me matar!

ALEFF —— Só fala em morte.

Carlos aproxima-se deles.

CARLOS —— (preocupado) Vocês estão bem?

DANINHO —— Bem é o caralho, eu vou te quebrar, desgraçado!

URUBU —— (p/ Daninho) Calma, irmão! Olha o tamanho do cara! 

Carlos é fortão de academia. Grande e forte. E não gostou nem um pouco da grosseria do maloqueiro.

CARLOS —— Cala essa tua boca, arrombado! Você que atravessou no vermelho!

DANINHO —— Vou te quebrar!!

Urubu segura Daninho. Aleff de longe, não sabe o que faz, vai até o carro pegar seu celular. Carlos chama pra briga.

CARLOS —— (posição de luta) Vem otário! Vem. Quebro vocês todos!

DANINHO —— (refere-se à pistola) Cadê meu bagulho? Cadê meu bagulho?

Carlos vai para o seu carro. Urubu tenta controlar Daninho. Carlos volta com uma chave-de-roda.

CARLOS —— Vem, seus otários!

URUBU —— Ê! Se acalma aí, parceiro!

CARLOS —— Cala boca, seu merda! Vem aqui!

Carlos começa a correr atrás deles. Daninho tenta enfrentar.

DANINHO —— Vem na mão, vem na mão!

Carlos atira a chave-de-roda longe, e ele e Daninho saem no soco. Urubu ajuda Daninho. Fica dois contra um. Carlos se dá bem, distribui socos nos dois. Aleff aproxima-se para ajudar seus amigos. Carlos pega a chave-de-roda. Carlos vê Aleff.

ALEFF —— Calma aí, cara, eu não quero confusão!

CARLOS —— Eu estava de boa, na minha. Vocês vieram pra cima. Agora, eu quero confusão! Um filhinhos de papai que sai pra encher o cu de droga e infernizar a vida dos outros! Hoje vocês vão aprender uma lição, a lição que pai de vocês devia dar!

Aleff olha para Urubu no chão, ele faz sinal da pistola. Aleff relutante, corre pro carro.

CARLOS —— Corre não, bichinha!!

Aleff abre a porta do carro, Carlos chuta-a fechando-a. Aleff corre em volta do carro, Carlos aproveita e acerta o carro com a chave-de-roda, quebrando janelas e espelhos.

CARLOS —— Vem aqui, seu bostinha, vem aqui! Só falta você tomar uma surra! Vem aqui!

Aleff consegue entrar no carro, Carlos entra atrás, pega Aleff. Aleff com medo começa a se debater, Carlos acerta um soco nele; Aleff se enfia mais no carro, abre o porta-luvas, pega a pistola.

ALEFF —— (aos gritos) Se afasta de mim! Se afasta de mim!    

CARLOS —— Bichinha!! Vou te quebrar!

Carlos pega na arma; ouvimos o tiro.

Urubu e Daninho se entreolham.

Dentro do carro, Carlos olhando para Aleff parado. Respiração ofegante de Aleff. Carlos sai do carro, devagar. Com a mão no peito. Sangue nele. Crise de asma em Aleff, tira do bolso sua bombinha. Usa-a. Carlos caminha tateando. Aleff sai do carro com a pistola em mãos.

ALEFF —— Eu… eu não queria… eu…

Daninho corre até Aleff; pega a pistola de sua mão.

DANINHO —— Como que você..? Isso aqui não tava carregado. Não tinham nem pente!

URUBU —— Devia ter uma bala no coldre.

DANINHO —— VAMO VAZA! Vamos! Entra, entra no carro!

ALEFF —— (nervoso) Não.

URUBU —— Cala boca, filho da puta! Tu atirou no cara! Vamos embora!

DANINHO —— (se apressa) Vamo! Vamo! Vamo!

ALEFF —— Não, eu vou ajudar ele!

Urubu puxando Aleff.

URUBU —— Vamos embora, Aleff!

ALEFF —— (se solta de Urubu) Não caralho!

Daninho liga o carro.

URUBU —— Foda-se!! Vamos embora…

Daninho e Urubu fogem do local. Carlos cai de joelhos antes de chegar ao seu carro. Aleff chega até ele.

ALEFF —— Calma, cara. Eu vou chamar ajuda!

Carlos puxa Aleff, fazendo-o cair escorado na porta do carro.

CARLOS —— Meu… meu… no… carro.

Carlos cospe sangue, cai pro lado.

ALEFF —— (trêmulo) Calma, cara! Não morre! Não morre!

Pessoas chegam perto.

ALEFF —— Chamem a ambulância! Chama logo.

Alguém já está ligando. Aleff tentando animar Carlos. Carlos aponta para seu carro.

ALEFF —— Vai ficar tudo bem… tudo bem.

CARLOS —— carro, meu…

Carlos morre nos braços de Aleff.

ALEFF —— Não, acorda… fica acordado!

Aleff checa a pulsação e constata a morte. Aleff não se aguenta e cai em prantos; chorar.

ALEFF —— Merda.. não pode ser. Não tá acontecendo. Ele morreu.

Ouvimos um choro de criança. Aleff se levanta, com cuidado, olha para dentro do carro de Carlos; e vê uma criança sentada numa cadeirinha chorando. Aleff entra em choque, se escora na porta do carro, com as mãos nas duas orelhas; olhos fechados como se não estivesse acreditando no que está acontecendo, como se fosse acordar de um pesadelo. Abre os olhos, e o homem está realmente morto na sua frente, choro da criança como fundo musical.

 

FIM DESTE EPISÓDIO

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