Ao entrar na sala, deparei com Lara alegre, muito diferente. Segurava nas mãos o equipamento. Abracei-a delicadamente e murmurei:

— Querida, por favor, esqueça isso.

Fitou-me com aquele jeito de menina e pediu:

— Amor, instale o eletrodo em mim.

Resisti. Pensei que tivesse se recuperado do trauma. Logo argumentei:

— Para quê? Esqueça.

— Por favor, coloque o eletrodo.

— Não acontecerá nada além de um sinal do seu próprio cérebro. Nem sei se funcionará. Deve estar descalibrado. Por acaso mexeu nisso sem eu saber? — Indaguei envolto num emaranhado de fios e cabos.

—Um pouquinho. Vamos lá, estou curiosa! — disse ela, aos pulinhos. Como era bom vê-la feliz!

— Curiosa com o quê? Nada de gracinhas. — E acabei contagiado por seu contentamento.

Instalei o eletrodo, liguei o equipamento, mas não me preocupei de ajustar a imagem. Ao me virar para acertar um fio do aparelho, uma voz:

— Papai, estou aqui.

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