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Segredos Mortais – Capítulo 16

Leiael suspirou apreensivo, sentindo que havia falado mais do que devia. Senti meu corpo transpirar friamente. Meu corpo ficou tão pesado que minhas pernas pareciam não suportar meu peso. Gabriele estava com os olhos arregalados olhando para mim, demonstrando uma culpa que me deixou ainda pior. Não sabia o que dizer e muito menos o que fazer. Deixei que meus joelhos tocassem o chão enquanto respirava a brisa fresca que sacudia meus cabelos. Com a visão turva observei o enorme grupo à frente, e eles pareciam se distanciar cada vez mais. Deitando minha cabeça para trás olhei para as nuvens escuras que se formavam acima de nós. Não era momento de explicações. Precisava tomar uma decisão.  Com os punhos cerrados contra o chão, dei um impulso me levantando. Ficando novamente em pé na frente de Gabriele.  Tirando o colar de meu pescoço coloquei em sua mão apertando seus dedos para que segurasse. Ela se recusou a pegar enquanto olhava de canto de olhos para Leiael.

– Desculpe, Lara. Eu não sabia que o colar havia sido consagrado por sua mãe. – Disse ela, quase que num sussurro. Apertei sua mão novamente olhando em seus olhos. 

– Eu acredito em você, teria feito o mesmo. Cumpra sua parte no acordo, entregue-o ao seu pai. – Falei para ela tentando parecer o mais segura possível. Mas observando Leiael completamente revoltado, confesso que fiquei receosa sobre estar ou não fazendo a coisa certa. Daniel fez sinal para que nos juntássemos a ele. Confirmo com a cabeça que já estamos indo. 

– Escute, precisamos ir, faça o que precisa fazer e esqueça isso. Precisamos estar com a mente vazia. Tudo que é nosso acaba voltando para nós. 

– Lara… Não faça isso! – Sussurrou Leiael segurando novamente em meu braço, dei um puxão me desvencilhando dele, rispidamente. 

– Sei o que estou fazendo. Precisamos ir. – Sai em direção aos outros e me juntei a eles, enquanto Leiael e Gabriele ficaram mais uns segundos conversando antes de virem atrás de mim.

Ao me aproximar do grupo vejo Daniel e Saulon conversando um pouco distante do grupo. Assim que me aproximo, eles se juntam a nós. Olho para eles encarando-os esperando as instruções.

– Que bom que aceitou se juntar a nós Saulon. Chegou a hora de vingar a morte de sua filha. – Falei encarando-o. Ele me encarava de forma estranha, como se estivesse surpreso em me ver.

– Você é tão parecida… isso é incrível. – Disse ele interrompendo sua frase. Dando um passo em minha direção, ele jogou sua capa para trás sem tirar os olhos de mim. Queria saber o que estava pensando, e soube, consegui ler seus pensamentos.

– Prestem atenção! – Disse Daniel em alto e bom som. Como já amanheceu temos uma vantagem sobre as criaturas. Não subestimem seus poderes. Nem todos são como nós, mas muitos dos híbridos mutantes são tão resistentes quanto vocês durante o dia. E não sabemos do que são capazes. Como Malcon relatou, muitos deles foram submetidos a experiências e torturas monstruosas, foram criados e treinados para nos matar, sem piedade. Nós somos seus piores inimigos. Portanto, tentem entrar e sair o mais rápido que puderem. E lembrem-se, usem o patuá com as ervas em último caso, não se esquecendo de manter distância. Alguns ingredientes entrando em contato irão enfraquecê-los. Alguma dúvida? – Perguntou Daniel olhando diretamente em nossos olhos. Todos escutavam atentamente, sem demonstrar nenhuma dúvida. Saulon olha para Daniel que não correspondeu o olhar.

– Tem mais uma coisa que precisam saber, principalmente os que vieram comigo. Posso sentir a presença de armadilhas em toda parte. Pregos de aço e sal estão espalhados na entrada e em várias partes do castelo. Fiquem atentos. 

– Zoraky já sabe que estamos aqui. É melhor irmos logo. Preparem suas armas e tentem acertar no coração ou decepem as cabeças das criaturas. Caso sejam mordidos apliquem imediatamente o soro. Disse Daniel nos entregando um cartucho com alguns tubos azuis. Heitor não expôs até então nenhuma reação anormal. Mas… caso percam o controle terei que matá-los. Sinto muito. Não são obrigados a usar o soro. – Disse ele.

– Lara, Gabriele, essas são para vocês. – Disse Daniel entregando quatro flechas para cada uma de nós. Dentro das flechas adaptei cartuchos com um soro que contém verbena, prata líquida e pó de aço. Elas são feitas de um metal mais resistente. Portanto, tentem acertar no coração. Confirmamos com a cabeça, observando Daniel e os outros olharem para cima. Várias criaturas voavam acima de nós em círculos, como se esperassem a ordem para atacar.

– Vamos nos separar em grupos. Sigam entre as árvores e tentem entrar pelo mar. Vão agora.

Enquanto corríamos entre árvores secas e ossos que estavam pendurados nelas, sentíamos que as criaturas nos acompanhavam. Duas delas passaram sobre nós em um voo rasante. Caí depois de tropeçar em um tronco que havia no chão. Senti Leiael me erguer enquanto Gabriele lançava uma flecha na criatura que virou poeira no ar.

– Isso! Um a menos. – Comemorou sua pontaria.

– Continuem em frente até chegar no mar. Eles não gostam de água salgada. Corram. – Gritou Leiael abrindo suas enormes asas e voando ao encontro das outras criaturas que nos seguiam. Alguns híbridos apareceram de trás das árvores, nos surpreendendo, dei um mortal por cima deles cruzando as adagas, decepando suas cabeças. Gabriele com sua boa pontaria transformou em poeira meia dúzia deles. Até então estava fácil demais. Parei, esperando Gabriele que vinha logo atrás de mim. Ela levanta o arco em minha direção lançando uma flecha que passa raspando meu ombro. Assim que olho para trás vejo a criatura tentando arrancar a flecha de seu coração enquanto queimava, se transformando em pó como as outras.

– Foi mal, precisa ficar mais atenta. – Brincou Gabriele parecendo se divertir com a situação. – Acabo de salvar sua vida, está me devendo uma. – Piscou ela sorrindo.

– Espero não precisar salvar a sua. – Falei andando atrás dela. O som das ondas parecia estar diante de nós. Assim que passamos por mais algumas árvores chegamos ao final do caminho. Diante de nós, um azul infinito rodeava as muralhas do castelo. O mar era a única bela imagem naquele lugar. Abaixo de nós, uma distância de quinze metros de altura nos separa das enormes pedras que estavam agrupadas, as ondas estouravam violentamente sobre elas levantando uma parede de água diante de nossos olhos. 

– É lindo, né? – Disse Leiael, parando ao meu lado.

– Conseguiu destruir aquelas coisas?

– Sim. Foi muito fácil. 

– Esse é o problema. Estou achando fácil demais.

– Algumas criaturas ficam vulneráveis de dia. Precisamos usar isso a nosso favor. O sol as enfraquece e a noite as deixam com força total, por isso precisamos sair daqui antes do anoitecer. Vamos! 

– Não tem como ir por aqui. Não estão vendo o abismo em nossa frente? Precisamos voltar. – Disse Gabriele. Eu e Leiael nos entreolhamos trocando sorrisos. Fui para o outro lado de Gabriele, passando meu braço entre o seu, enquanto Leiael fazia o mesmo.

Ela olhava nós dois, assustada.

– Não me digam que vamos ter que pular? Tenho medo de altura. Disse ela fechando os olhos. Sorrindo, eu e Leiael pulamos empurrando Gabriele. Enquanto caíamos ela gritou parecendo curtir o frio na barriga.

– Não me solta, senão vou matar vocês. 

Leiael me segurava pela cintura enquanto eu apertava a mão de Gabriele. 

– Solte ela. – Falou Leiael em meu pensamento. Abrindo as asas e dando um voo rasante na água. Olhei para ele negando com a cabeça. 

– Ok. Vejo vocês em breve. – Disse ele soltando nós duas. Nosso grito foi abafado quando caímos na água. Quando voltei à superfície pude vê-lo distante, voando em direção ao castelo onde algumas criaturas voavam em círculos aguardando para o ataque.

– Desgraçado! Por que ele fez isso? – Gritou Gabriele nadando em minha direção. Eu dei um sorriso em linha reta, franzindo minha testa.

– Aposto que você sabia. – Disse ela jogando água em mim, eu joguei de volta. – Vocês vão ver, vai ter volta. 

– Ah, vai dizer que não gostou nem um pouco? 

– Até senti uma adrenalina, mas se tem uma coisa que eu odeie mais do que essas criaturas nojentas, sem ofensa…  – Disse ela irônica – …é água fria. – Disse Gabriele fazendo um bico. Balancei a cabeça, desta vez sorrindo.

– Vamos entrar por trás do castelo. Precisamos nos apressar. Leiael vai atrair as criaturas para o outro lado. 

– Vamos. – Gabriele suspirou irritada com a água gelada, nadando até a encosta da muralha. Enquanto nadávamos podíamos observar alguns híbridos lutando sobre a ponte que dava para a entrada principal. Eles eram enormes e muito feios, pareciam uma espécie de morcegos gigantes, mas com uma fisionomia meio humana, ou melhor, uma rara semelhança. Após alguns minutos, nos esgueiramos entre umas pedras que ficavam próximas da parede exterior.Olhei para Gabriele pedindo que me seguisse. 

– Não, Lara. Vou me juntar aos bruxos e ao meu pai, precisamos nos unir para fortalecer ainda mais nosso poder. Siga daqui sem mim. Tome cuidado. Logo, Leiael deve encontrar você.

– Ela está certa, Lara. Entre pelo túnel, logo te encontro. – Disse em meu pensamento. Olhei para Gabriele sem esconder minha preocupação.

– Se cuida, ok? Boa sorte. 

– Para você também. – Observei por alguns segundos enquanto ela seguia em direção à ponte, indo ao encontro de dezenas de híbridos que lutavam com alguns bruxos. Ela puxou seu arco e suas flechas das costas, atirando algumas flechas em direção aos vampiros.

Assim que mergulhei por baixo de um eixo de ferro que estava preso entre as paredes, senti algo passar por mim tão rápido que não consegui identificar. Virei-me rapidamente de um lado para o outro tentando evitar um ataque surpresa. Mas não havia nada.  Assim que subi até a superfície, percebi que estava dentro do que parecia ser uma caverna subterrânea. Era fria e sombria. Havia uma espécie de escadaria entalhada na parede, sendo que alguns degraus pareciam completamente destruídos.  Enquanto observo melhor o interior do túnel sinto algo me puxando para baixo, querendo me afundar. Tentei gritar enquanto me debatia, mas a água abafava minha voz. Puxei as adagas ficando atenta à espera da criatura. Distante de mim vejo algo se aproximando rapidamente, não consegui ver o que havia me puxado e nem entender porque havia me soltado com a aproximação da…  forcei meus olhos tentando identificar o intruso, e assim que ele se aproxima o reconheço.

– O que você está fazendo? – Pergunto guardando as adagas e dando um soco em seu peito.

– Você me bate por eu salvar sua vida? – Pergunta Leiael, sarcástico.  Olho para ele enfurecida.

– Quem disse que salvou minha vida? O que quer que tenha me puxado correu com medo de minhas adagas, não de você! 

– Ok… Não temos tempo para discutir isso, mas… – Dei outro tapa nele, desta vez no braço, impedindo-o de continuar. 

– Hei, bater em anjo é pecado, sabia? – Disse ele jogando seus cabelos molhados para trás. 

– Espere aqui. – Disse ele entrando em um buraco que havia na parede. Enquanto ele sumia parede adentro, desaparecendo na escuridão, observava alguns e escritos e desenhos cuneiformes entalhados numa espécie de arco que estava mais à frente. A grafia parecia bem antiga, mas entre elas, eu consegui identificar duas palavras: Lara Sams. Senti um arrepio em minha espinha. Já havia passado tempo suficiente para Leiael ter voltado, precisava achar Adele, os gritos e estouros pareciam estar cada vez mais perto. Podia sentir a terra cair sobre minha cabeça enquanto as paredes tremiam com as explosões.

– Leiael? – Chamo por ele com o pensamento. Equilibrando-me sobre algumas pilhas de tijolos até chegar a uma segunda passagem. Desta vez, ao longe havia uma luz que piscava sem parar. Antes de entrar volto à passagem que Leiael seguiu e da qual não saiu. Olho atentamente tentando ver alguma coisa. 

– Leiael? – Chamo por ele, novamente. Como um fantasma ele aparece em minha frente. Com o susto me desiquilibro, sentindo meu corpo cair. Instintivamente fecho meus olhos esperando meu corpo entrar novamente em contato com a água gelada, mas sinto duas mãos segurando minha cintura enquanto apenas as pontas dos meus cabelos tocam a água. Abro meus olhos observando uma fileira de dentes alinhados, um par de olhos azuis e um peito nu e molhado à minha frente, quase colado ao meu corpo. Suspiro sentindo meu rosto se transformar em uma careta. 

– Mal começamos a batalha e já é a segunda vez que a salvo. – Disse ele me puxando para perto de seu corpo, arqueando as sobrancelhas.  Empurro Leiael para trás, encostando-me a parede. 

– Por que demorou? O que tem lá dentro? – Perguntei torcendo meu cabelo tirando o excesso de água. 

– Não tem nada, é uma passagem sem saída. – Disse ele seguindo em frente.

– Se não tem nada por que demorou? – Perguntei desconfiada, seguindo- o.

– Estava tentando achar alguma passagem secreta. – Disse ele pulando para o outro lado indo em direção das escadas.

– Hei, tem uma outra passagem aqui e uma luz parece estar piscando ao fundo.

– Você só me diz isso agora? – Disse ele pulando de volta parando ao meu lado.

– Não mandei você pular para o outro lado. Você está bem engraçadinho, hoje. Vamos! – Falei empurrando-o para dentro da passagem.

– E você está bem agressiva. Isso porque nem nos casamos, ainda. – Ignorei suas palavras balançando a cabeça irritada com seu deboche. 

Enquanto adentrávamos o subterrâneo do castelo um som arrepiante nos fez parar.

– Sei que você está aí. Escondida como um rato desonrando seu sangue.

– Se você fugir o sangue de sua prima escorrerá pelo esgoto, servindo de alimento para os ratos. E você terá que viver com o sangue dela em suas mãos. – Assim que ameaço ir ao seu encontro, Leiael me segura levando sua mão em minha boca.

– Calma! Você está maluca? Se você aparecer colocará tudo a perder. É isso que ele quer, ele quer desestabilizar você. Vamos salvá-la, mas precisamos pensar em alguma coisa antes de atacar, já que fomos traídos. Esse é só mais um de seus jogos doentios. Ele consegue sentir nossa fraqueza e usá-la contra nós. Aja o que houver, não deixe que ele perceba suas fraquezas. Entendeu, Lara? – Instruiu Leiael, preocupado. Afirmei com a cabeça torcendo para conseguir.

Ele me envolveu em seus braços apertando-me contra seu peito. Mesmo sem querer dar atenção a suas palavras, sabia que estava certo.

     O silêncio que pairava era mais assustador do que as paredes que cercavam o castelo. Milhares de crânios esculpiam as paredes desde a entrada até os portões principais. Não queria imaginar o que iríamos encontrar lá dentro. Após seguirmos pela passagem e subir algumas escadas, saímos em um quarto, onde apenas uma pequena janela com grades permitia a entrada do ar.

Aproximei-me da pequena janela observando a movimentação dos híbridos espalhados na frente do castelo, defendendo-se dos ataques. Do outro lado mais afastado, vi Gabriele se esgueirando pelo muro que dava para o calabouço onde Adele provavelmente estaria, conforme o que Malcon nos falou. Mas não acreditava nisso, já que alguém havia avisado a Zoraky da nossa chegada. Seu pai Saulon e outros bruxos a seguiam. Adar e Din voavam sobre o castelo entre as nuvens sondando a movimentação. 

     – Vem, tive uma ideia. – Disse Leiael se esgueirando por um enorme corredor. Em sua mão ele segurava uma enorme espada, sua empunhadura era dourada e duas asas com uma espécie de garra ficavam logo acima de sua mão. 

     – O que você está fazendo? – Perguntei seguindo-o, abaixada. 

     – Adar falou que os híbridos estão se posicionando do lado leste do castelo, talvez por aqui possamos ganhar tempo para achar Adele. 

     – Você está brincando, né? Acredita mesmo que Adele está sozinha? Zoraky deve estar com ela pendurada em seu pescoço, usando-a como escudo. Pede para Din tentar localizá-la, ele não tem o poder de visão?

     – Sim, mas não no presente, ele só pode ver o que já aconteceu. – Disse Leiael, desta vez descendo uma enorme escada.

     – Quanto tempo depois do acontecimento ele pode rastrear? – Perguntei a ele por pensamento, observando sombras se aproximarem de uma entrada mais à frente.

     – Algumas horas, Lara.

     – Quanto? – Perguntei exaltando a voz no impulso.

     – Quieta. Quer que eles nos encontrem. – Disse ele colocando a mão em meu peito, parando-me.

      – No mínimo, uma hora. 

     – Isso é o suficiente para sabermos onde, pelo menos, ela estava e se há alguma entrada próxima, se ela foi retirada de onde estava não terá ninguém de guarda. A passagem estará livre. Pergunte a ele sobre Gabriele e os outros. – Ele seguiu por uma passagem estreita que dava em um túnel escuro e cheio de ossadas espalhadas. Parecia uma cripta. Assim que entrou no túnel escuro me colocou contra a parede colando seu corpo no meu, aproximando-se de meu pescoço.

     – Não invente de dar uma de heroína. Se algo acontecer a você nunca me perdoarei. Não esqueça que não vivo sem você. – Senti sua boca escorregar pelo meu pescoço até meu ombro e subir lentamente até o canto de minha boca. Encostando sua testa na minha ele prosseguiu.

      – Não se esqueça das palavras de Din, se você se perder em seu ódio perderá sua alma, sua identidade, se tornará como eles, demônios sem alma. 

     – Não vou esquecer, prometo. – Respondi levando minha boca em direção a dele. Podia sentir meu sangue pulsar em minhas veias, e o calor de seu corpo parecia um imã que me atraía, sem controle. Mas,um grito agudo ecoa pelo túnel, nos afastamos. 

     – O que é isso? – Pergunto olhando para o interior do túnel.

     – Não faço ideia, nunca ouvi nada parecido. – Seguimos andando em frente. Crânios e outros ossos humanos estavam por todo lado. Após passarmos por outros túneis, avistamos uma porta de ferro com um enorme cadeado trancando-a.

     – Que entrada é esta? – Perguntei observando Leiael parar na frente da porta e pegar no cadeado.

     – Deve ser uma das entradas dos calabouços, já que estamos no subterrâneo.

     – Não faça barulho. – Falei observando ele forçar o cadeado com as mãos na tentativa de abri-lo. Ele me olhou repreendendo-me.

     – Tente falar mais baixo. Por aqui é melhor. – Sussurrou ele em minha cabeça.

     – Ok. – Respondi por pensamento. Estava aflita com o silêncio que nos rondava. Estava quieto demais. Fechei meus olhos tentando localizar Gabriele e os outros, enquanto levava a mão no peito para segurar o colar que Daniel me deu. Não encontrando nada, lembrei que estava com Saulon. Torci para não precisar dele. O barulho do cadeado se partindo despertou minha atenção.

      – Vem, Lara. Precisamos achar Adele o mais rápido possível.  

      – Espera. – Falei fechando meus olhos encostando-me na parede gélida do túnel. 

Gabriele e os outros estavam dentro do castelo entrando em um quarto depois do outro e todos pareciam vazios. No segundo andar, pude ver Heitor e alguns híbridos da aldeia lutando com alguns vampiros. Tentei ir mais além e achar Zoraky e Adele, mas…

     – Lara! – Gritou Leiael em meus pensamentos. – Precisamos ir. O que você está vendo?

     – Precisamos tirá-los daqui. Zoraky preparou uma armadilha, o castelo está vazio. Só tem alguns vampiros lutando com os híbridos da aldeia.

     – Impossível. Para onde ele iria? – Senti um som agudo perfurar minha cabeça. Levei a mão tentando conter a dor insuportável enquanto sentia Leiael amparando meu corpo.

     Lara, se você quiser ver Adele viva, venha sozinha, estamos na torre. Tem uma coisa que eu quero, traga-a para mim e entregarei Adele para você. Se alguém interferir arranco o coração dela.

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