Você está lendo:

Segredos Mortais – Capítulo 15

A sua desobediência às ordens de Zoraky, às ordens do clã, o levaram para o cativeiro. Um orgulho profundo havia crescido dentro de seu peito. O sentimento de raiva que alimentava contra Zoraky o manteve forte durante todos os dias em que estivera no cativeiro. Foi o orgulho e o amor que o fizeram resistir a tudo que passou nos confins daquele castelo decrépito.

Malcon, era o único que tinha passe livre para fazer o que quisesse sob as ordens de Zoraky. Ele ia e vinha como um mensageiro entre os clãs; matava e mandava matar, tudo sob o regime do clã e para o clã. Eu sabia que ele odiava o regime a que servia, mas não tinha coragem para se rebelar… até hoje.

Após quase três horas, nos aproximamos de Svevo. Na estrada era visível a monstruosidade que existia lá. O lugar parecia morto, as árvores estavam secas e crânios estavam pendurados em seus galhos, assim como na encosta da estrada onde estacas sustentavam esqueletos e crânios que decoravam as proximidades do castelo, dando uma imagem de entrada para o inferno.

Malcon abriu o mapa mais uma vez sobre a terra mostrando-nos os túneis subterrâneos que haviam no castelo, e que eram usados para surpreender os inimigos em batalhas. Os túneis tinham saídas para o mar, e de acordo com nosso plano, eles seriam nosso ponto de entrada. 

Os paredões de pedra ao seu lado pareciam enormes muralhas com mais de dez metros de altura. Podíamos ver seus topos como enormes icebergs. 

Não eram mais usados fazia alguns anos não. Tínhamos um bom plano de ataque. Porém, ao avistar ao longe algumas criaturas voando em nossa direção, percebemos que Zoraky havia descoberto nossa estratégia antes mesmo que pudéssemos chegar aos arredores do castelo. Sua primeira ameaça nos deixou com os nervos rígidos. Um grito ecoou pelo quarteirão inteiro.

A alguns metros da entrada do castelo de Zoraky um enorme grupo estava a nossa espera. Provavelmente era o pai de Gabriele e seus servos. O carro parou logo atrás da fileira à nossa frente.  Assim que tento sair do carro sinto uma mão segurar meu braço. Era Gabriele que me olhava aflita. 

– O que houve? Precisamos nos juntar aos outros para iniciar a invasão, o sol já está nascendo. Ela levou delicadamente as mãos sobre seus olhos escondendo-os. Uma aflição tomou conta de mim. Nesse momento ouvi uma batida no vidro. Assim que me virei, vi Leiael, Din e Adar esperando que saíssemos do carro. Observando a aflição de Gabriele faço um gesto com a mão pedindo que sigam. Sem protestar Din e Adar seguiram e foram se juntar aos outros, mas Leiael permaneceu parado ao lado do carro. 

– Espera um minuto Gabriele, já volto. – Disse passando a mão sobre sua perna, saindo do carro.

– O que foi? Por que não se juntou aos outros? Eu já vou, só preciso falar com Gabriele. Ela não parece muito bem, deve estar nervosa com o que teremos que enfrentar daqui alguns minutos.

– Não, Lara. Não aceite o que ela vai te pedir. – Ele disse em minha mente.

– O que? – Respondi espontaneamente em voz alta. Ele colocou seu dedo indicador sobre meus lábios pedindo que eu ficasse em silêncio, e em seguida apontou para sua cabeça. Fale comigo só por pensamento, por favor. Pediu ele.

– Mas por quê? – Perguntei encarando-o. – O que está acontecendo? Não aceitar o que? O que ela vai me pedir? O que você sabe? – Perguntei irritada. Ele me puxou pelo braço me afastando do carro. 

– Me escute. Gabriele fez um acordo com o pai dela para que ele aceitasse se juntar a nós, e você não pode aceitar, de jeito nenhum, o que ela vai te pedir. Está me ouvindo, Lara? – Disse ele me sacudindo, falando alto o suficiente para despertar a atenção de Gabriele, que saiu do carro e veio até nós. 

– Eu ia falar para ela Leiael, não precisava se meter, eu jamais faria alguma coisa sem falar com ela antes. – Disse Gabriele se aproximando de Leiael, enfurecida. Ele a empurrou para trás mudando a cor de sua íris de azul para um negro sombrio.

– Você já fez sem falar com ela. Como você faz um acordo com quem quer que seja prometendo algo que não é seu? – Disse ele dando dois passos em sua direção. Após olhar para mim, Gabriele abaixou a cabeça ficando de costas.

– O que está acontecendo? Dá para me explicar e parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? – Falei olhando para Leiael, que, nervoso, passava a mão sobre seus cabelos.

– Vamos, Gabriele. Você vai contar ou prefere que eu conte? – Disse ele impaciente. Percebi Gabriele respirar fundo enquanto ficava de frente para mim.

– Não sabia o que fazer, achei que não teria problema. Aliás, como você é uma vampira poderosa, não precisa de talismã. – Disse ela insegura. Sem ter certeza de suas palavras.

– Talismã? Do que você está falando?

– Ela… 

– Cala a boca. – Gritou ela interrompendo Leiael.  Deixe-me falar, você já se meteu demais onde não foi chamado! – Disse ela rangendo os dentes.

– Meu pai pediu que entregasse a ele o colar que Daniel lhe deu, em troca, ele se uniria a nós invocando os feiticeiros mais poderosos de nossa fraternidade. Não achei que isso pudesse trazer grandes consequências.  Leiael andava de um lado para o outro com as mãos na cabeça, revoltado. Num impulso ele se lançou parando em frente a Gabriele.

– Você tem noção do que você fez?  Você tem noção do risco em que você colocou a Lara? – Perguntou Leiael. Gabriele olhou para mim insegura.

– Calma, Leiael! O colar não tem tanto valor assim para mim, sei me proteger sozinha. – Ele balançou a cabeça segurando meus braços enquanto encarava meus olhos. 

– Você não sabe o que está dizendo, Lara. Você sabe quem consagrou esse colar? Você sabe de quem era esse colar? – Perguntou ele empurrando-me para trás, dando as costas.

– Daniel falou que foi uma feiticeira muito poderosa e que ela era uma grande amiga dele. – Falei olhando para Gabriele que tentava evitar que uma lágrima escorresse pelo seu rosto. 

– Lara, pelo amor de Deus. Estamos prestes a enfrentar uma criatura que tem o poder de dominar os demônios. Por que você acha que Daniel te daria um colar e pediria para você nunca o tirar do pescoço? Esse colar te protege mais do que você imagina. Daniel não lhe deu, ele simplesmente lhe devolveu. Esse colar sempre foi seu desde que nasceu, ele foi feito para você. Ele foi feito por sua mãe, Lara. 

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo